DE ROLDÃO PEREIRA, BACELLAR E A VIDA BOEMIA NA REGIÃO........................................ José Milbs
BINHO BACELLAR
Celso Rubens de Campos Bacellar
Nas aulas noturnas do Ginásio Macaense, que era de ensino particular mantido por uma Fundação, comecei a ter novos amigos. Diferentes dos de infância ou do SENAI. Embora estes continuassem sendo parte da harmonia afetiva de minha existência macaense, outros passaram a habitar meu mundo. Celso Rubens de Campos Bacelar era irmão mais novo de Bebeto, do mesmo sobrenome desse meu colega de SENAI e de estripulias no “Bar Mocambo” de Seu Nicomedes.
Era neste bar, deste homem lindamente gentil que a gente escondia as roupas nas matanças de aulas e fazíamos nossas primeira investidas na marginalidade pura de uma cidade ainda pura...
O pai de Binho e Bebeto era o vereador Jayme Bacellar, que como Chefe da Estação, tinha sido eleito vereador por dois mandatos. Seu Jayme Reunia em sua casa, na rua Júlio Olivier, perto da Rinha de Galo, expoentes da vida social de Macaé como Roldão Pereira que foi brutalmente assassinado em frente a sua casa por Jamil da Rodagem, bairro de Carapebus, Jamil foi preso, condenado, cumpriu pena e foi posto em liberdade.
Roldão era de uma das mais tradicionais famílias macaenses do final de século. Irmão de Nilton Carlos jornalista internacional e ex repórter do “O REBATE” nos anos 40, Sua morte trouxe grande comoção para toda a comunidade, que exigiu justiça.
II
Com Binho Bacellar comecei o que se chama hoje dia de “colar com fulano”. Colamos um no outro e daí formou-se uma amizade muito bonita. Cinemas, bailes, o primeiro chope, a primeira namorada enfim errávamos juntos e juntos sempre saíamos de casa.
As vezes tinha que sair de noite para as fugidas da juventude numa cidade ainda tímida e pura. Era Alan Guerra, o “Birosca” juntamente com Ferdinando Agostinho que tinham de ir pedir a minha avó para eu ir e se comprometiam em me trazer de volta antes sempre das 22 horas. Minha avó, nem de longe imaginava que Alan tinha sido expulso de Macaé pelo Delegado Jonathan Desertos Bastos como pessoa não grata a nossa comunidade. Valia mais que uma intespestiva ação de um policial desprovido de senso de humor a historicidade de Alan como membro de uma das mais ilustres familias da região.
Alan cumpria direitinho a intimação até porque como sobrinho do Camilo Nogueira da Gama tinha crédito na família.
Mais tarde Birosca escreveu no jornal que dirigi. No “O REBATE”. Tinha a coluna “Desfolhando a Margarida” e juntamente com Armando, Luiz Pinheiro, Osmar Sardenberg, Lecino Mello, Euzebio Mello, Padre Nabais, Padre Armindo, Pastor Edmundo, Dilton Pereira, Jairo Vasconcellos. Tonito Parada, Álvaro Bastos, Tem Mello, , Mirto, Cláudio Upiano e outros formavam a equipe mais eclética e democrática da imprensa macaense. Esta tônica era a essência cultural do “O REBATE” no final da década de 60 até meados dos anos 70.
Esta turma de Ferdinando e Alan está uma geração a frente da minha mais suas histórias e feitos correram gerações e muitas delas ainda fazem partes de belíssimas gargalhadas de fazerem balançar e tremer dentaduras reluzentes.
III
Contam que no trecho da rua Conde de Araruama até a Marechal Deodoro tinha um correr de casas com telhadas interligados. Brabinho e Abelardo estavam procurando pombos quando Brabinho desabou onde era a Fabrica Lynce, de Lacerda, e caiu dentro do tonel de cachaça Itaquira que tinha acabado de chegar de Carapebus, para distribuir.
Ferdinando inventou que havia defecado no tonel e o caso ficou sob suspeita até hoje. Quase que Antenor teve de se haver com Elias para ressarcimento.
Quando contei este fato a meu filho Luís Cláudio ele falou que deveria haver algo genético neste tipo de tombo furtivo porque o Cássio, filho de Brabinho e seu colega de Colégio no Luiz Reid, também caiu do telhado do Luiz Reid nos anos 80. Quando ele, “Xereleco” e André Peixoto procuravam fugir das aulas. Foram acusados injustamente de tentarem furtar o bar de João Machado irmão do Flaubert...
IV
Havia um Café onde depois foi feita a “Sorveteria Vem Cá” de Elísio e Casimiro Abreu. Neste bar tinha um garçom feio, com olhos esbugalhados, revezados para o centro da testa de onde convergiam uma morbidez de fazer inveja os personagens de Dante. Este garçom era chicoteado por Célio Ferraz, Birosca, Ferdinando e Brabinho. Engolia a seco por que havia, como hoje ainda existe, um certo respeito por gente enturmada.
Passados 40 anos, um dia o Célio estava num bairro de Caxias, tomando uma cerveja numa esquina, quando viu um vulto de óculos escuros, um grande rádio de pilha tocando música rancheira e com uma roupa totalmente identificada com o personagem de sua juventude. Quando ele chegou mais perto não havia dúvida. Era mesmo o Garçon “Puaba”. Célio, mirando o personagem e apontando para Ferdinando brada nas alturas: ........Puabaaaaa... Incontinente recebeu a chegada do velho garçom bem perto de seu rosto que sentenciou algo que devia estar engasgado em sua garganta. ///Puaba é a puta que o parillll. Célio entendeu e, depois de um intervalo onde o afeto suplanta as diferenciações de credo, religião e política, abraçaram-se longamente.
Naqueles anos 40, Manoel Maia vendia Caqui, Bueno Agostinho trabalhava ensacando Sal na Rua Sacadura Cabral no Rio de Janeiro e Dodô do bicho trabalhava na Fábrica de Sandálias de Landor Pereira, pai de Fred e Fernando. As nossas ruas tinham em suas poeiras as verdadeiras essências de suas histórias.
Jonas Willeman, Zé Baiaco, Baiano Leiteiro eram vistos em nossas esquinas da vida com suas alegres falas e sorrisos nossos...
(trecho do Livro O Pinguin da Rua do Meio)
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