Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

28.9.10

Praça da Luz - Macaé - suas histórias nas vidas alegres de uma geração que se esvai no tunel do tempo



Antes de ser o local onde está o COLEGIO ESTADUAL LUIZ REID ali era a famosa Praça da Luz (devido ter o local onde ficava o pequeno aparelho que abastecia a "pequena e tímida Macae dos anos 40. Era uma Praça cercada de belas e robustas àrvores e casas antigas todas em forma de Chácaras onde viviam várias familais antigas de nossa história. Era um caminho movimentado que levava e trazia centenas de moradores até a Estação da Leopoldina em busca de viagens ou chegadas. Muitos se abrigavam nas solenes sombras de Mangueiras, Oitis, Jaqueiras e muita Macaba Doce - que deu origem ao nome de Macahe. Havia um campo de futebo onde as crianças e semi adultos jogavam suas peladas, esticavam suas "setas" em busca de Rolinhas, colocavam os Coleiros e Papa-Capin em pregos, préviamente colocados, na busca de algum "virando" ou outro de "Ponto". Nesta Praça havia uma história que assombrava alguns medrosos moradores devido ter sido ali o Enforcamento de Mota Coqueiro, um rico Fazendeiro de Macabuzinho que tinha assassinado, pondo fogo numa casa, onde morava a familia de uma mulher que tinha como amásia. Diziam até que ele tinha "rogado" uma praga, jurando inocência à frente do Carrrasco, que "Esta cidade se tornará maldito e não terá progresso durante 100 anos". Disse isso e, 3 segundos, seu corpo ficou pendurado, estremcendo até a morte...

AS PESSOAS QUE BATEM NAS PAREDES DA MEMÓRIA.

Voltei, os 7 anos do Rio de Janeiro, Del Castilho para Macaé e fui morei na Rua da Estação, na casa de uma prima de minha avó que eu chamava de Tia Domingas Almeida. Esperávamos desocupar a casa da Rua do Meio pois estava alugada a uma familia amiga. Lá moravam Jacy Siqueira, ferroviário, seus pais e um irmão de nome Abiacy Siqueira que foi me comtemporâneo no Colégio Luiz Reid. Jacy foi que fez a minha cabeça para ser Vasco da Gama. Era um tempo bom para nós vascainos dos anos 46 em diante. Tri-Campeonato, Ademir, Barbosa, Augusto, Wilson, Maneca, Tesourinha, Heleno, Ely, Danilo, Jorge, Ipojucan figuravam nas meus "Jogos de Botôes pelas Varandas". Não havia televisão e a gente imagina as jogadas que Jorge Curi e Mario Vianna iam falando nos lançes mais perigosos. Pela manhã iamos fazer, em folha de papel dos nossos diversos colégio, os desenhos dos jogadores e como tinham sido os gools.

Lá pude ter novos amigos. Ia muito na casa de Conceição Prata e Isolino Almeida, outros primos, e fazia meu ponto de criança curiosa numa relojoaria do Manoel Relojoeiro, que trabalhava ao lado de Seu Farias, pai de Rosane e Renê, Arquimedes e Sady Curvello meus amigos dessa Rua.

Sempre que podia ficava na varanda do Dr. Rodolfo, um advogado alegre, pai de Roberto, outro Rodolfo e, também pai de umas meninas simpáticas que sempre estavam alegres e felizes.

Uma delas veio a se casar com um ex colega de terceiro ano do SENAI Luiz Jorge que era irmão de Binho Ramalho meu colega de turma. Ruth ainda mantém a simpatia que tinha nos anos de sua infância na Rua da Estação.

O velho Advogado sempre mexia comigo pelo meu modo de sentar e cruzar duplamente as pernas. Do alto de uma varanda alta que dava para se ver a Rua, sentia-me grande ao olhar as centenas de pessoas que passavam vindos da Estação. Passei algum tempo de minha vida nesta casa Brincava com os filhos de um caçador que morreu numa caçada de nome Arquimedes, com alguns amigos, “Maçã”a que me colocou o apelido de “Pinguin” e que nunca mais tive noticias, tinha ainda Virley e os filhos de Dona Arlete Pinto que sempre estava pronta para uma simpática atenção a todos com seus deliciosos doces e salgados.

Mais ao longe Sady e outros. Havia os maiores “Manoel Boca Larga”, “Tochinha”, “Vanir Vaca Brava”, Mardone. Flankilin Vieira, “Mirrolo”, Leone, “Paulinho Cabeção”, “Carlinhos Butuca” irmão de Décio, Cosme e Damiao, “Paulo Cabeção” da Boa Vista. que já dominavam as esquinas da Praça da Luz, onde hoje é o “Colégio Estadual Luiz Reid” d e que foi palco do enforcamento de Mota Coqueiro nos tempos de meus avós.

Essa turma da Praça da Luz vivia em constantes brigas e provocações com a turma da Rua do Meio , dos Cajueiros e da Boa Vista.Como eu era nascido na Rua do Meio, tinha estudado com Virley e Carlinhos Butuca na escola isolada, tinha transito livre nas duas galeras e me dava bem nas paradas.

As peladas da praça da Luz eram famosas. Mardonio, Tochina, Buruca, “Alan Birosca”, Fernando Valença, “Itinho Cabeludo”, Victor Hugo que mais tarde foi para o Rio e é pai de uma artista de nome Maiteé Proença que tem os olhos iguais a dona Hebe e dona Lia irmãesirmãs dele.
Moradores das antigas nem precisavam sair de casa para os embates infantis. Silvio, irmão de Elso que se casou com a minha amiga Marlene Tudesco, só ia para o trabalho no Unibanco depois de conferir o resultado do bicho. Lá ia ele, pelas calçadas da Rua Silva Jardim no seu caminho diário. Cumprimentava o Caio Gomide, irmão de Paulinho Gomide e seguia em frente. Ao cair da tarde era comum a presença de Vovô, irmão de Arthur e filho de Dona Domingas no caminha sereno , pisando macio e curtindo o Por so Sol, com suas hiastórias e havidos durante a semana...

Abelardo Agostinho, “Birosca”, Mirian Almeida misturavam as essências da Bôa Vista, Praça da Luz e Rua do Meio em constantes e harmoniosas brigas que rolavam nos dias de caçadas, jogos de bolinhas de gudes e Papão nas empoeiradas e salutares ruas de Macaé.
OS PRIMEIROS JOGADORES DE PELADAS NOS ANOS 30 E 40 NA PRAÇA ONDE FOI ENFORCADO MOTA COQUEIRO.
Muitos vultos de nossa História que passo a citar neste texto, em quase sua totalidade, deixaram suas pegadas nas nossas ruas e partiram. È uma homenagem que faço a estes velhos habitantes da PRAÇA DA LUZ e suas inesqueciveis peladas,
Os irmãos Tavares, Waldyr e Zé, Tavarinho, Eloisa, Maria de lourdes, nossa grande nadadora foram fontes de busca em minha pesquisa. Waldyr e Zezinho fincaram marcas em nossa cidade. Assim como Seu Adelino e Dona Lecy pai do Franklin Vieira. Como deixar de lembrar de Dona Caçula, cujo nome era Corália e que foi pioneira na feitura de belos e deliciosos pratos de nossas saudades e paladar?
Era na Praça da Luz que, aos primeiros Raios de Sol as pessoas começavam a chegar.
"Tochinha" que tinha o apelido de "Tocha" devido sua rapidêz no correr, seus irmaõs Ernestinho e Zé Domingues, Zé Carlos Monteiro, Ereny, Pedrinho e Wilmar, filhos do meu amigo Jorcelino Monteiro que tive a honra de ser colega dele como veraador nos anos 60, Morvan Vieira, Justino, Jarbinha, Cacau Vieira, Ito Vieira, Franklin (de Dona yaya Vieira), Nive e Humberto filhos de Chico Antonio, vinham antes mesmo do Nascer do Sol, uns batendo bolas de meia e outros com seus comentários do dia anterior. Bonga (josé Climaco da Silva), seu irmãos Cecé, Sebastião e Sylvio, chegavam em companhia de Zézinbo Crespo, Zózimo, e os Almeidas Zezo, Nelinho, Merinho, Lélio, Nilson e Ênio. Eles vinham da região da Estação da Estrada de Ferro leopoldina onde habitavam.
Luiz Xote e Elestão, um dos mais ferrenhos brigadores cujo pai, Flamenguista Roxo, tinha uns 12 filhos e todos com nomes dos jogadores do flamengo. Elestão tinha o dom "de acabar com algumas peladas na briga".
A chegada de outros jogadores de pelada eram por volta das 7 hs da manhã. Vanir Vaca Brava, Cuca (dono da Bola),Luiz Carlos Franco, Alan, irmão de Arthur e Almir, Zé Msathias Netto e Ignácio Heleno, Nilo Fabiano, Aderval Mathias, Abelerdo Agostinho e Waldyr Tavares que disputavam os olhares da linda Atalídia que morava ao redor ds Pça e sempre estava vendo das jogadas e os jogadores.
A chegada, aos 9 oo hs de outros peladeiros, como Cláudio Upiano Itagiba (goleiro), Lineu Borges, Juarez Chaloub, irmão de Suraya e que era um bom jogador de canhota, sempre escalado, Geraldo "vira bosta". Enitinho Vieira, jovem ceifado da vida num atropelamento no Viaduto, ficava horas e horas se deliciando com as jogadas dos mais velhos, quem sabe, "esperando o seu dia que não veio". Cercado de meninos e meninas que torciam para as boas jogadas...
Muitos ficavam na espera de entrarem nos jogos, apesar de bons de bola. Eram eles, Ary Goteira, Renato Pinheiro, Almir e Glimando Tolizano. Sempre saudado como bons e assiduos jogadores os irmãos Salvador "Dodô" e Gilberto Batista, Zé Neves, Jociene e "Sorriso"...
"Do Bom Futebol" de Dodozinho Hipólito ficaria a lembrança dos Antigos jogadores do Flamengo, os irmãos Sá, Floriano, Armandinho e Lulú Solon que iniciaram suas jogadas na Praça da luz onde hoje temos o Colégio Estadual Luiz Reid...
Sem esquecer as presenças de Tião Lopes, Luiz Correa Lemos, Kelinho Viana, Jurandyr Viana, Djalma e Alcides. Cercados sempre com a presença alegre e cheia de histórias de "Tião Manjuba", Mirian Almeida e "Aroldo Carniceiro"...


Enquanto os maiores jogavam os menores ficavam nas bolebas, triângulos e piques por entre árvores frondosas que iam até a Chácara de dona Yaya Vieira do outro lado onde hoje tem a “Fafima”. Havia também a presença de velhos malandros das noitadas que aproveitavam a brandura do Sol da Tarde para esticarem pernas sob os grandes troncos das árvores centenárias da Praça da Luz. Dentre eles, o famoso "Sarta N'agua" este apelido ele ganhou na Sinuca de Seu Tebet, na Ruy Barbosa, esquina com Marechal Deodoro. Contam que ele "queimou um longo baseado" na Rua Pres. Sodré com alguns antigos praças (como eram chamados os usuários da época). Cabeça feita ele sobe as escadarias da sinuca. Estava havendo um "bolo" de 200 numa mesa e vários outros em outras mesas. Casa cheia, silencio total nas articulações de mãos que dariam as tacadas. 5 famosos sinuqueiros da velha guarda estavam neste "bolo". Turrinha, Justino, Vaval, Jorge Mistral, Levy, Arthur, Neri e outros. Jorge - O sarta N'agua esta ali como se não estivesse. Deveria estar num "bode". Derrepente ele dá um grito que toma toda geografia da Sinuca e até acorda Camil Tanus que cuchilava num balcão,
"Sarta n'agua mormão. Ele deveria esta numa onda braba e na beira de algum mar. Dizem que ele queria dizer: Salta na Agua, meu irmão. Mais devido a sua nenhuma cultura, saiu o "Sarta n'agua"...
Para que se tenha uma idéia da altura do "berro de Sarta n'agua, até o Carteado que era jogado na outra extenção da escada foi ouvido. Didi Caetano, Cláudio Ulpiano, Iltamir, Antonio Carlos Capitão, "Comandante, Conceição, Waldeci, Bill, Frota e outros que esperavam Alvinho Paixão corta o baralho para uma nova "Campista" e um "21". levantaram da mesa pensanto até que era alguma onda real vindo da Rua da Praia na ressaca de Abril.
O Apelido pegou em Jorge como pegou em "Bença Mamãe", "Florzinha", "Papa Lambida", Papão", "Nenen Pé de Bicho", "Boca de Sargo", "Diabo Comendo Mariola", "22" e outros que deixaram marcas em suas passagens nesta vivida cidade de Sol e Mar...


Meninos que moravam na Praça Washington Luiz vinham apadrinhados por Ivair Borges que trazia Iney e Paulinho com suas vontades de vôos mais longos que os que tinham nas suas ruas periféricas.
Chegar a outras Praças, jogar bolebas com outros meninos eram conquista que se revessavam nas amizades que teriam seguimento nas Matinés dos Cines Taboada e Santa Izabel.
Muitos destas amizades, forjadas nas livres peladas das nossos Praças se imortalizaram e hoje são recordadas com alegria com filhos e netos. Quem não torçeu para os mocinhos ou para alguns bandidos nos faorestes das sessões das 3as e 5as. nos anos 50,60 e 70?
Quem não trocou figurinhas com Lalá, "irmão de Boca de Bagre", " Bolo Grosso" ou "Chico Gigi"? Quando eles chegavam, braços cheios de gibis novos e velhos, figurinhas carimbada todos se acercavam na troca de um Rock Lane por um tio Patinhas e assim por diante...

A casa do seu Rubens Marques, pai de “Samuel, do Chaplin”, ficava onde ainda é. Samuel era amigo de meu filho Luís Cláudio e seus filhos Bruno e Andrei, de Zé Paulo. “Cassinho” filho de “Aryzinho” e Lucas de “Guto” Sardinha completam a infância de Zé Paulo na Vila onde morei nos anos 80.
VISITA DE SAMUEL DO CHAPLINS
Sempre que Samuel vinha no meu sitio com Geraldo “Asa Branca”, filho de Jayme Franco, eu gostava de brincar com os desejos de “Samuca”. Eu Sabia provocar seu sorriso de menino, ao mexer em sua AINDA TENRA malandragem escondida. no Sitio tinha um Galo de Pescoço Pelado que sempre que Samuel vinha ele o rodeava cantando e cocoricando. Ele gostava do Galo e eu disse que o galo era dele. Ao querer levar o galo, com intuito que eu já sabia ser uma panela, cortei o seu barato dizendo: disse.
- Este galo, “Samuca”, é seu. Mais ele vai fica aqui no Sitio esperando sua visita. Sempre que você vier ele esta ai sendo cuidado . “Se puder traga sempre alguns milhos que ele gosta”. Ele ria de soslaio, Catucado por Marcioney. Seu sorriso puro de menino, saído das poeiras da Praça da Luz, contaminava a conversa e, meso sabendo estar sendo enganado no meu 171 caseiro, ele se sentia bem e aprimorava sua malandragem... Olhava para Asa Branca, catucava Tuca e Marcioney e sentenciava, ainda com a gargalhada por terminar.
- ”Milbs é muito forte. Bem que Marcioney dizia”.

As crianças da Praça da Luz esticavam visgo e caçavam os papa- capins de ponto que vinham da mata onde hoje tem os Bairros Miramar e Visconde. O cheiro de mato ainda vem nas narinas, quando este fato é escrito.Vem como uma recordação auditiva que rompe a sonoridada do vento e entra pelas narinas. Como se fosse uma " existente havida" e que nos faz reviver. Estes momentos memoráveis...
A Vala que margeava a Linha dos trens da Leopoldina era cheia de peixes, Muriongos, Ciris,Piabas (grandes e pequenas), Camarões Pitu que a gente pescava ao amanhecer e ao cair das tardes amenas...

A manta de Coleiros chegava e, com ela, os Tizius e Cambaxirras avisando que era chegada a hora das armações de alçapão e redes. José Carlos “Preá”, “Pão Mineiro” da Bicuda Grande já estavam com suas gaiolas vindos da direção do Mathias Netto. Passavam pela esquina do futuro “Caixote”, onde Eraldo abriria sua venda, e caminhavam a passos largos para a Praça da Luz.

Ricardo Madeira ia somente para expôr seu Avinhado, caçado nas Cercas que circundam o Forte Marechal Hermes, e expropiar alguns frutos na Chácara de Chico Lobo e Dona Yayá Vieira. Enquanto isso Geraldo Asa Branca ia mostrando o novo Papa Capim que Jayme Franco seu pai, tinha trazido de Rio Dourado e que cantava de mão. Era um Larangeira que tinha sido criado num ninho nas belas margens das nascentes de Cachoeira de Macaé...

Era mais ou menos assim as convergências desta infantil vida nos tempos das Ruas Empoeiradas. Acho que todo Socialismo tem que ser cimentado no afetivo puro que brota da alma humana. Partindo da beleza do afeto a coisa chega naturalmente...

As crianças, criadas na Era Televisão, creio, perderam o sentido da realidade natural. Uma cultura voltada a adaptação dos novos tempos não recriam o belo. Adapta-se ao feio, ao terrível mundo da massificação. Não sei onde isso vai levar a humanidade. Ainda mais tendo como dono da comunicação do quilate dos que editam as Tvs. Brasileiras nestes anos de 2000. São demonios que falam em deuses, que negam o vicio o os promovem em orgias sexuais de novelas e textos de apelo anti moral. Destruidores de infâncias.

Ainda aos 7 para 8 anos, cortava os meus cabelos loiros com seu Senízio Vieira que, além de barbeiro era médico espiritual com suas consultas e aconselhamentos. Dona Sula e Simonides completavam a alegria do conhecimento familiar. As vezes cortava o cabelo com Fábio na praça do Século onde seu vulto esguio e alegre sempre tinha algo novo para contar sobre Macaé e sua Gente. Outras vezes com Fanor, Cheiroso, Luiz ou Philadelpho na Rua perto do
O REBATE de Milton Madureira e Jorge Costa.

Na rua da Estação morei um pequeno e proveitoso tempo dos 7 até os 9 anos, se não me engano. Seu Isolino que era casado com minha prima Conceição Prata me levava em seu sítio, onde andei pela 1a vez a cavalo. Com ele eu aprendi muita coisa bonita de interior. Falava de suas andanças a cavalo até Rio Dourado, Professor Souza e Casimiro. Era um homem calado, mas comigo sempre estava rindo. Eu gostava muito era de conversar com Eny e Zilca suas filhas mais novas já que a mais velha quase não tinha tempo. Zézo era com quem eu mais gostava de brincar. Falava engraçado e quando não se fazia entender sorria com a gente...
No quintal de Tia Conceição tinha todo o tipo de fruta. Ela era uma doce mulher. Sempre alegre, por detrás de seus óculos brancos e de uma cor alva e divina.
Nunca vi essa mulher triste. Vinha sempre me receber, até mesmo depois de bem velhinha, com o mesmo olhar de santa que notabilizava sua existência de mãe e mulher. Engraçado que toda vez que eu chupo manga rosa, abio e caranbola me vem a mente seu quintal, sua escada da cozinha e seu belo cachorro.
Será que todos são assim como eu nas recordações infantis? É uma dúvida do” autor que vus fala”...
Na varanda, após entrar pelas escadas e chamar numa porta sempre aberta, tia Conceição Prata vinha me receber e já me levava para a cozinha, sempre cheia de doces, frutas e comidas maravilhosas.C riou uma filharada e deixou marcado em Macaé a cimentação de sua vida.

Tia Conceição Prata era sobrinha de Tia Chiquinha Prata, Alvina Prata e Nizinha oriundas nossas raízes de Carapebus, do lado de minha avó materna de nome Dona Inhasinha Lacerda, cujas presenças vivas eram sempre contadas pelo meu primo Elbe Tavares de Almeida em seus textos no O REBATE dos anos 60 na coluna CARAPEBUS E SUA HISTÓRIA...


Chiquinha Prata tinha ido morar no Rio onde criou os filhos Ary Prata Sodré, Pratinha, Ayres, Arina, Alvina e Loica. Sempre vinham passar ferias em Macaé onde se dividiam alguns na casa de Alvina outros na casa de minha avó Nhasinha na rua do Meio. Alvina morava na praça onde hoje tem o hotel de Marlécio e Lourdinha.
A pouco menos de um ano para terminar o século, recebi no sitio, a visita de Ary que veio ver minha mãe Ecila. Hoje afirmo que eles estavam se despedindo deste mundo. Ele era, nesta época Tesoureiro da Congregação Baptista do Brasil e foi deliciosamente belo ver as recordações que ele e minha mãe iam revendo de suas infâncias em Macaé e Carapebus. Como observador pude quardar os seus belos olhares de alegres e festivas recordações e fui quardando estes momentos para pode hoje terminar este texto na certeza de que presto uma grande homenagens a minha velha Macaé e seus vultos históricos...
JOSÉ MILBS, NÃO SEI COMO COMEÇAR, 1° PELA EMOÇÃO, TALVES UMA SENSAÇÃO DE QUE SEU EU PUDESSE VOLTAR O TEMPO E AO MESMO TEMPO DE AGRADECIMENTO, A DEUS POR TER DADO AOS MACAENSES UMA PESSOA COMO VOCÊ QUE FOI CONTEMPLADO EM SER ESCOLHIDO PARA TRAZER A MEMÓRIA FATOS REAIS QUE NUNCA VAI SER APAGADO NA VIDA DAS GERAÇÕES DOS MACAENSES.
VOU ME APRESENTAR; EDSON FANOR NEVES NASCIMENTO, MEUS AVÓS PATERNOS: JOÃO PINTO NEVES / BELMIRA DA CUNHA NEVES (MAEZINHA), AVÓS PATERNO JOSÉ DE SOUZA NASCIMENTO E EDITH NVES NASCIMENTO. TALVES MEUS PRIMOS NASCIDO NA PRAÇA DA LUZ SEJAM CONHECIDOS SEU PAULINHO (ELEFANTE) E EURÍZIO, A FAMÍLIA DOS MEUS AVÓS PATERNOS FORAM UNS DOS FUNDADORES DA NOVA AURORA, E PEÇO UMA AJUDINHA SUA, SE POR VENTURA VOCÊ TIVER ALGUMA LEMBRAMÇA OU CAMINHA QUE ME LEVE A TER INFORMAÇÕES DOCUMENTO ETC, QUE POSSA LEVAR-ME AOS MEUS ANTECESSÓRES, AGRADEÇO.

MEU E-MAIL: edonfanor@bol.com.br
2:37 AM

José Milbs de Lacerda Gama, editor de O REBATE e de www.jornalorebate.com

27.9.10

FALAR DE MACAÉ NOS ANOS 20/30 e 40 É FALAR NOS PERLINGEIROS...



Recebi, hoje, via Face=Book, no meu Mural este texto do velho amigo Zé Perlingeiro:
Caro Milbs
Não sei se você vai lembrar.
Esta era a casa na Rua Cej, Amado 7 onde nasci em 1939/
Residencias dos Perlingeiro.
Depois foi a Clinica do Dr. Everest e hoje funciona alguma
coisa da UNIMED.
A uns 6 anos atras, passei por lá e ainda existia um pé de
carambola que ficava junto a garagem da de casa, no terreno
onde minha mãe tinha a horta dela.
As pessoas ficaram olhando para mim, pois eu desabei de
chorar.
Tenho certeza que você vai lemvrar desta casa. No muro
estão minhas irmãs, Aonia e Armia.
Um grande abraço e obrigado pela emoção que você esta me
proporcionando.
Zé Perlingeiro
ABRO MEU ESCANINHO DE MEMÓRIAS E, CATUCADO PELA SUA AFETIVIDADE DE VELHO AMIGO, FIZ ESTE TEXTO.
As Ruas Coronel Amado, Antero Perlingeiro, Velho Campos, Franscisco Portela e outras que marcam as histórias de nossas casas antigas, com calor humano, suas Cadeiras nas Calçadas e um forte cheio de Café Torrado e moido ao cair da tarde, fazem parte de recordações que tingem de arrepios os mais sisudos dos setentões que ainda habitam este belo mundo real...
Macaé tem muita história que poderia estar sendo passanda para nossas gerações de filhos e netos. Não sei ainda se isto será possivel devido ao mundo virtual que toma canta dos momentos de folga das mentes puras de nossos jovens em formação. Eu aqui vou fazendo a minha parte como posso, gratuitamente no virtual, passando de graça o que recebi de graça que é a inpiração de rever belos momentos de nossa cidade.
Meu avõ Mathias Lacerda foi contemporâneo de seu Antero Perlingeiro, Julio Olivier, Miranda Sobrinho e Custódio da Silva. Por sua vez, minha mãe Ecila foi amiga do Aérton, de Aonia e Armia, minha avó Alice Lacerda foi amiga de Dona Jandyra e eu, com muita alegria fui do Zé Perlingeiro, nos bons tempo em que as ruas eram belamente de chão batido e a gente ia, por este mundo livre, jogar nossas Peladas, Papão e Caçar Passarinhos com as setas penduradas no pescoço com as tradicionais marcas que contavam as aves abatidas. Maldade das crianças ou apenas afirmação infantil? Fato real é que este nosso mundo está deixando para trás as oportunidades de passar para as novas gerações estes momentos de encanto que se perdem nas nossas esquecidas memórias...
As casas antigas e belas deram lugar a nova arquitetura, cimentou as vielas, derrubaram as flores dos jardins, tombaram e queimaram centenas de árvores mais não conseguiram destruir a Saudade... A Saudade que veio com as lagrimas do meu amigo Zé Perlingeiro que pode rever, por entre as grades do local onde morou, indo como um fiapo de Sol que entra pelas gretas das portas das masmorras, até chegar ao seu lembramento, E ele voltou de fato a sua origem. Voltou ao local sagrado de toda criação humana que o é aconchego do lar... O Pé da Carambola, de Tamarindo, os Pés de Oitís, as Jaboticbas, os Abius, os Araças e por que não as Pitangas do velho Campo de Aviação. Todas estas belezas destruidas voltam ao tempo e o cheiro, confesso, volta também até nossas narinas com a saudade que nem a morte conseguirá destruir...
Aérton foi, como todos os Perlingeiros, um apaixonado por Macaé. Por suas mãos amigas tive a honra a a felicidade de ser o PRIMEIRO MACAENSE A SAIR NA TV NOS ANOS 60. Faço isso de público porque estava devendo este provilégio ao Aérton. A Rua Hilário de Gouveia era onde eu ia sempre papear com ele. Havia um programa na TV TUPI de nome Almoço com as Estrelas. Era dirigido por Aérton. Era um sucesso de audiência. Neste tempo eu, ainda menino de 17 anos, morava na Hilário, frequentava o EDIFICIO CAMÕES, ia nas noitadas do Bolero, Alcazar, Zepellin, Antonuis's, Bola Preta, Ponto Azul (Lapa) e alguns inferninhos da Pça. Mauá.
Durante o dia, sem muito para fazer a não ser um espreguicar após o almoço, ia para o Escritório do Aerton que ficava depois da Barata Ribeiro. Alegre, sempre acompanhado de lindas mulheres ele chagava a gente ia conversando sobre as coisas de Macaé e Nossa Gente. De Vês em quando quem vinha aumentar as saudades da terrinha era o Paisagista Ruy Pinto da Silva e os amigos Dodão, Pedro Paulo Vianna e Lucas Vieira...
Num desdes dias, o Aérton me sai com este convite: -
Zé, quer almoçar hj comigo?. Aceitei.
- Saimos do Prédio da Hilário, passamos pela antigo Segundo Distrito Policial e entramos no carro. Antes ele deu as tradicionais baforadas no seu nariz que era para o deixar mais falante. Meu amigo sofria de uma asma - que nem o Dr. Julio Olivier, amigo de seu pai Antero conseguiu curar - dizia ele rindo...
Entramos na Urca, escionamento da Tv Tupi e lá estou eu tremendo com se estivesse num geladeira, cercado de mulheres bonitas, artistas de todo o tipo. Sorte minha é que sentou ao meu lado O Evaristo, famoso jogador do Flamengo que, também encabulado pelos holofotes dividiu comigo a descontração. Evaristo havia chegado do exterior naquele momento...
Aérton me fez perder a fome neste dia. Parecia que ele tinha "armado" tudo para falar de Macaé o tempo todo. Quem disse que se como neste tipo de programa, desminto . Sai dalí e só matei a saudade do chopp de colarinho quando me vi sentado no Alcazar na Avenida Atlântida, esperando alguns amigos do "Camões", dentre eles O Camilo e o Réco, para o planejamento da noite...
Zé Perlingeiro estudou em Macaé e hoje reencontro com ele, via FACE-BOOK onde habito virtualmente um mural para divulgar nosso velho e aguerrido O REBATE de 78 anos. Alí eu pude encontrar o Zé e abrir este escaninho fechado que estava adormecido na cama macia de minha memória...
Imagino como foi dificil para ele conter as lágrimas ao rever esta bela casa onde morou e viveu seus familiares. Para as gerações que chegam, deveria ser obrigação de todos os Prefeitos e governantes, exgir que, as fotos das velhas casas, ficassem gravadas nas plantas das futuras edificações. Seria uma maneira gentil de dar seguimento as SAUDADES dos que passaram por nossa cidade e poder delinear fatos e coisas com seus filhos e netos...





Caro Milbs
Não sei se você vai lembrar.
Esta era a casa na Rua Cej, Amado 7 onde nasci em 1939/
Residencias dos Perlingeiro.
Depois foi a Clinica do Dr. Everest e hoje funciona alguma
coisa da UNIMED.
A uns 6 anos atras, passei por lá e ainda existia um pé de
carambola que ficava junto a garagem da de casa, no terreno
onde minha mãe tinha a horta dela.
As pessoas ficaram olhando para mim, pois eu desabei de
chorar.
Tenho certeza que você vai lemvrar desta casa. No muto
estão minhas irmãs, Aonia e Armia.
Um grande abraço e obrigado pela emoção que você esta me
proporcionando.
Zé Perlingeiro

Coronel Amado 7 . esquina da Francisco Portela. Em frente ao Hotel de dona Ursulina lembra? Era uma espanhola famosa na cidade.
Cara , preciso ir a Macaé para conversar com você.
Reunir uma turma boa e bater um bom papo.
Um grande abraço
José Perlingeiro

26.9.10

Seria eu um Poeta sem Saber sê-lo? Num canto da cidade os donos das construções e seus jagunços festejam mais uma grandiosa obra, inaugurada


SUOR, LÁGRIMAS E SAUDADES



Crônicas de José Milbs
José Milbs | Publicado originalmente no jornal A Nova Democracia
Qui, 19 de Novembro de 2009 12:26

O sol permanece escondido entre os raios de Lua que teimam em reinar no amanhecer da cidade. O dia ainda nem começou, quando centenas de homens deixam os alojamentos e caminham com destino à obras que lhe fornecerão "o pão de cada dia". A barriga ronca, o hálito diz da precariedade da dentição o e os braços se erguem num espreguiçar que deixa à mostra a musculatura rígida feita de pancadas de estacas e levantamento de sacos e mais sacos de cimento.

Sorrisos trocados com companheiros, olhar escantilhado para os lados em busca de capacete e roupagens coloridas com os logotipos de empresas tercerizadas fazem a rotina destes homens cujas rugas na face dão conta dos anos em que servem de "mão-de-obra", deixando transparecer o belo olhar infantil que brota na universal identidade com seus companheiros de labuta.


O ranger da porta, feita de restos de taipas de outras obras e a tramela fixada ali com carinho e arte, deixa entrar os primeiros raios de sol que, como que pedindo licença, começa a esquentar as entranhas do alojamento. Os beliches, com esteiras abertas pelos anos de uso, deixam à mostra o madeirame duro que se faz de estrado.

Rostos lavados em vasilhames, bochechos e abrir de bocas são as primeiras identidades desta universalidade humana. As xícaras de alumínio, algumas já amassadas pelo uso antigo, recebem os lábios sedentos de sede e fome destes homens que partem para as obras da construção civil nos luxuosos bairros da cidade de Macaé, estado do Rio de Janeiro, arrotada pelo monopóio dos meios de comunicação como a "capital do petróleo" e a "melhor cidade para se viver, morar e trabalhar".

Ainda com o estômago embrulhado pelo alimento do dia anterior, eles sorriem entre si, falam, em seu linguajar alegre e partem para a luta. Assobios, cantigas, versos ao vento e, sei lá onde tanta pureza brotando da brutal vida que a sonorização dos versos e cânticos, penso, os elevam ao patamar dos pássaros.

Uns fumam, outros biritam. Uns falam de mulheres, outros de religião. Todos, no entanto, arquejam no andar e deixam à mostra a incerteza do dia seguinte. Se a fome aumenta, engolem o último pedaço de pão comprado no mercadinho perto do alojamento. Se sentem sede, bebem da água encanada. "Barrigas vazias são tambores da revolução", dizia Adão Nunes que, nos anos de sua militância ainda acreditava no parlamento. Os tempos passam, outras barrigas batem tambores em outras fomes.

A construção civil não pode parar. Hotéis de luxo para abrigarem os patrões do patrão. Suas carteiras de trabalho não pesam mais em seus bolsos. Elas foram requisitadas pelo jagunço das empreiteiras e viajaram para outros estados para serem "assinadas".

A fachada da obra tem nomes suntuosos de conhecidas empresas no ramo nacional. Publicidades são feitas em seu nome, jantares e reuniões idem, retratos e visitas caritativas em clubes sociais também. Colorida e iluminada, a fachada das obras ostenta o nome de socialites famosos, com suas caretas famigeradas e seus cabelos pintados que deixam transparecer o olhar cruel de quem enriqueceu à custa do sacrifíio de homens e mulheres indefesos e puros.

A mais-valia astronômica que esses cafajestes da construção civil embolsam é tão monstruosa que eles abrem hotel em cima de hotel, como se estivessem construindo barquinhos de papel. Fazem edifícios com andares em local antes proibidos e em praias que terão seus dias finitos pelas sombras que, por certo, virão em pouco tempo.

O bolso vazio do traseiro que não tem mais a carteira de trabalho é preenchido com papéis e anotações. Uma espécie de diário onde se pode ler, em alguns "garranchos" gramaticais, anotações de dias, horas, sábados, domingos e tardes noites de extras.

O jagunço que pegou as carteiras fala grosso. Gesticula em gestos brutos sem saber que põe para fora sua homoxessualidade reprimida. Fala com os trabalhadores como se estivesse em campo de batalha e dando voz unida. Diz-se assessor do dono do hotel e que as carteiras irão chegar de São Paulo em menos de 3 meses. Os operários se olham em silêncio. O último que ousou desafiar este monstrengo em forma de humano foi despedido e está passando fome nas ruas empoeiradas dos bairros periféricos de Macaé. Quer voltar para o Maranhão e está esperando ser atendido pela assistência social.

- Ele mesmo disse - falam quase balbuciando - que o maranhense já viu várias vezes o jagunço tomando chope com o pessoal da prefeitura.

Todos os operários foram pinçados fora de Macaé. Uns vieram do interior da Bahia, convidados por outro jagunços, que se diz dono de empreiteira e que assinou mais de cem carteiras de trabalho. Outros foram trazidos do Maranhão, cidades bem do interior. A maioria trouxeram de São Paulo e Minas.

O jagunço que se diz empresário e recolheu as carteiras sumiu das obras. Dizem que foi para São Paulo. Lá uma outra obra, precisamente em Bauru, deixou centenas de operários sem receber. Como eles eram, a exemplo dos daqui, de outros estados, não ficam para "por no pau estes canalhas". Precisam viver e partem para outra.

Num canto da cidade os donos das construções e seus jagunços festejam mais uma grandiosa obra, inaugurada com a presença de todas as autoridades civis, militares e eclesiáticas do município.(José Milbs de Lacerda Gama, editor de O Rebate, cronista e jornalista macaen se)

Comentários

José Carlos P. Bruno 25-09-2010 21:57
Zé Milbs, cinzel do Zé Ramalho...
Eh, ôô, vida de gado!!
Recebe o abraço de mais um Zé...
Em sua poesia admirado!!
Sonia Santos 25-09-2010 15:39
Boa tarde José Milbs! Seus textos são de uma beleza impresionante, além de super importante para o nosso crescimento.
Simplesmente impecável. Aplausos! Ótimo final de semana. Abraço carinhoso.
ana kaye 02-09-2010 15:45
Gostei muito desse seu texto, é a rotina implcável do dia à dia do povo brasleiro , que ainda sem lenço, sem documento... sem dente e de bolso vazio, tem orgulho de sorrir sem medo de ser feliz!!! parabéns josé Milbs
0 meu zé,eu queria um pouquinho 22-11-2009 07:28
:P :D :-) :twisted: :wink: :lol:
Carlos Sotreiro 19-11-2009 21:57
José Milbs semprer atualizado aos 70 anos. Grande milbs. Abs de Sobreiro Buenos ayres Argentina...

19.9.10

ANOS 62 E 70: DOIS ENTÃO JOVENS ROBERTO MOURÃO E JOSE MILBS SÃO DERROTADOS NA PREFEITURA DE MACAÉ POR ANTONIO CURVELO BENJAMIN...


PINGOS DE MEMÒRIA
(foto da então virgem, bravia e bela PRAIA DE IMBETIBA dos anos 50, com suas Areias Monazíticas e Reluzentes)
Duas histórias parecidas tiveram destaque em Macaé nos anos 60/70. Ambas foram na disputa eleitoral para a Prefeitura de Macaé, cidade situada ao Noroeste/Norte do Estado do Rio de Janeiro, hoje Capital Brasileira do Petróleo.
A cidade ainda engatinhava no progresso e tinha suas Ruas sem calçamentos, vivendo de de Pesca, Turismo e um tímido Comércio.
As atuais cidades de Carapebús e Quissamã eram, respectivamentes, terceiro e quarto distritos. Dominava a política uma elite bem sólida que não permitia a chegada de nada que viesse a catucar seus poderes e mandos. Vencia às eleições quem tivesse acesso e votos nos distritos onde ainda imperava os votos de gratidão, cabresto e vigiamento de jagunços que eram useiros e veseiros de comandar os velhos "currais eleitorais" que predominavam. Alguns oriundos das Fazendas e outros dos remanescentes das Usinas e seus Senhores que, ditavam os destinos de Macaé. Os votos de Macaé e da Barra do Rio Macaé tinham o mesmo peso da soma dos votos dos Distritos. dai que os "velhos politicos de antanho" faziam suas articulações sempre com a "cabeça de chapa" em Macaé e os vices no interior. Técnica que era invencível e que dominava a politica macaense.
Em 1962, o então jovem Professor Roberto Mourão, de origem simples, com vasta liderança no Bairro de Aroeira, foi lançado como candidato a Prefeito pelo então PSB, partido que tinha como Presidente o bravo e aguerrido Vereador José Calil Filho que abriu mão de sua candidatura natural e apoiou o jovem Professor Mourão. O Vice da chapa veio da Região da Serra na pessôa integra do respeitado Farmacêutico Senhor Lauro.
Uma pequena coligação com o MOVIMENTO NACIONALISTA DO MARECHAL LOTT, elegeu 3 vereadores: José Calil Filho, Roberto Ramires da Costa e Walter Quaresma.
Mourão vence em quase todas as urnas da cidade de Macaé e na Barra. Quando começa as apurações nas urnas de Carapebus, Quissamã, Glicério e demais distritos, a grande votação obtida na cidade, foi dando lugar a chegada vitoriosa de Antonio Curvelo Benjamin que vence com a pequena margem de 130 votos. Os anos passam...
Em 1970, eu exercia o mandato de Vereador e Cláudio Moacyr a Prefeitura. Era a época do voto de legenda e sub legenda. Haviam 6 candidatos. 3 de cada partido. No MDB, depois de uma articulação e costura que Eu, Cláudio, Iltamir, Calil e outros, estavámos preparando desde 1965, no objetivo de uma candidatura diferenciada para tomada do poder munucipal, meu nome surge como candidato pela Legenda principal do MDB e mais dois nomes nas Sub-Legendas. Alcides Ramos numa sub e Gerson Miranda noutra.
Alcides viria para dividir o eleitorado de Quissamã e Mirandinha para somar votos nos outros distritos já que tinha exercido o mandato de Prefeito na cassação de Eduardo Serrano nos anos 59/60, creio eu...
Impasse criado dentro do MDB:
Alcides não aceitou a Sub legenda e ameaçou não ser candidato. Nesta altura a ARENA já tinha os seus 3 candidatos. Antonio Curvelo Benjamin (tendo como vice o lider politico de Quissamã, Amilcar Pereira da Silva), Dr. Manoel do Carmo Lousada e o Dr. Edwin Waytt. Se Alcides saisse, "aí que a Vaca ia pró brejo como falou Iltimar e Calil". Cláudio me chama no "Café e Restaurante Belas Artes" com a peoposta de eu abrir mão da Legenda para Alcides. Chamo meus candidatos a vereadores Armando Barbosa Barreto, Edson Luiz, Lealdino Magalhães e o nosso querido e corajoso Vice Jodyr Souto Corrêa. Não adiantava brigar. Era aceitar ou perder de lavagem...
Saimos, eu, Alcides e Mirandinha contra Benjamin, Manel e Waytt. Na soma dos votos, mais uma vez a vitoria veio nos votos dos distritos. Perdemos por pouco menos de 200 votos e, mais uma vez, Antonio Benjamin vence as eleições. Armando Barbosa Barreto, Edson Luiz e Lealdino Magalhães são eleitos primeiro, segundo e terceiros suplentes respectivamente. Por pouco menos de 30 votos eles não chegam ao Legislativo Municipal.
Outras tentativas de eleição de nomes diferentes foram tentadas diversas vezes em sucessivas eleições por vários outros jovens dos anos 80 e 90.
Ronaldo Tanus Madeira, José Augusto Aguiar, Mirian Mancebo Reid, Marilena Garcia cujas histórias e lutas serão comentadas em outros PINGOS DE MEMÓRIA...
(José Milbs de Lacerda Gama, memorialista e editor de O REBATE www.jornalorebate.com

12.9.10

"Por um ninho que cai". Das saudades, dos bons ventos e uma reedição de meu texto poético dos anos 70...


Por um ninho que cai... ventos, ventanias, chuvas... PDF Imprimir E-mail
Crônicas de José Milbs
José Milbs
Qui, 06 de Agosto de 2009 12:47

Muitos textos que fiz se foram nas ventanias da vida. Muitos publicados no velho e resistente "O REBATE" no decurso destes 50 anos. "POR UM NINHO QUE CAI" foi um destes que deve habitar algum arquivo de alguém que gosta de guardamentos.

Falava às chuvas de inverno, ventos uivantes, balanceamento de árvores aqui do Sitio onde moro. Revia a luta de um casal de rolinhas que, aconchegados aos seus filhotes, fazia frente as trovoadas e relâmpagos que, abusando das forças maiores da natureza, objetivam jogar por terra os filhotes.

Debalde, falei da luta das Rolas. Uma rajada de vento, que até molhou as lentes de meus óculos, levantou e atirou longe os filhotes.

Não sei se rolinhas choram. Eu praguejei a natureza. Por que que logo os filhotes? por que não foi, com seu vento forte e seus raios, atingir quem mata Nascentes, Cimenta Rios e matam animais indefesos?

Neste meu texto POR UM NINHO QUE CAI falei também das gotículas das chuvas criadeiras de Agosto e final de Julho que faziam brotar as mais lindas sementes que ficam no chão...
Entendia, neste texto, o que era de fato a transformação do vital. Desde lindo circulo natural de vida e morte...

Hoje, meu filho Luís Cláudio me diz que um ninho tinha caido da soleira da casa onde habitamos. Dizia que neste momento se lembrou deste meu antigo texto POR UM NINHO QUE CAI publicado no velho "O Rebate" quando era em papel e que originou esta lembrança...

EU, POETA?

- Dúvida e Dúvidas...
Foram se os Cabelos Negros, vieram os Brancos...
Foram-se as dúvidas...
Vieram as certezas...
Na dúvida do nascimento do amor... A certeza do seu nascimento....
A existência das dúvidas em verdades vividas...
Haveria certeza nas dúvidas puras das infâncias?
Ou seria a 'duvida a eterna das nossas incertezas?

Comentários:

ana kaye 12-09-2010 02:45
Alô José: boa noite!! aqui estou eu fuçando esse jornal que realmente arrebenta. Mas falando nisso, quem arrebenta o nosso peito é vc , com essa pérola de crônica!!! vc realmente está encantado por Shaman Andréa, gostei demais dessa crônica!! parabéns, sensibilidade máxima!!! bjjjjjjjjjjs
Eliana Frantz 14-08-2010 05:00
Gostei muito.
Parabéns!
Ana Kaya :-)
Marisa M. Goelzer 27-06-2010 19:46
Amigo José Milbs
, Ilustre Poeta. Não obstante a distancia,sinto sua presença.Voce tem na fala uma fortaleza e a doçura dos anjos.Leio tudo que voce escreve e meu aplauso é eterno.Obrigada por tudo.Deus o ilumine sempre.
Marisa Marina Goelzer.

Neuza PINHEIRO 17-11-2009 15:12
Você é um poeta!!!
São seus cabelos brancos que transforma sua rotina em poesia,
São as certezas que as fazem belas, Na existência da dúvida e que fez nascer e crescer o verdadeiro , homem, jornalista e poeta José Milbs, Um grande abraço sua fã.
Neuza Pinheiro

11.9.10

Nos anos 70 foi o grupo MUTIRÃO que brigou. Hoje nasce o SOS Praia do Pecado

(Sobre as fotos: Nos anos de 1930, editado pelo idealismo de Milton Madureira e Jorge Costa, uma Gráfica e Tipografia O REBATE -( cópia ao lado que resistiu ao tempo, as piratarias, as tempestades, como o próprio jornal), situada na Ruy Barbosa, onde hj é o Edificio Don Pepe, mantinha a independência dos textos. Hj, um Kiosque com o nome de RANCHO DE O REBATE. no Novo Cavaleiro, onde resido, faz o mesmo para que O REBATE continue livre leve e solto.
José Milbs, editor desde 1966)...
O Rebate no www.jornalorebate.com
caminha alegre e feliz para os CEM ANOS em 1932. Quem viver verá...



Pela internet corre uma movimentação de jovens macaenses em defesa da Praia do Pecado que está com seus dias contados com Esgotos, Entulhos, Ligações de Tubulações que chegam até a atingir as PEDRINHAS. São especulações imobiliárias, ganância de gente de má índole, que podem estar comprando com grana alta, terrenos e doações de casas em Balneários de Luxo fora da cidade e, o que é pior, fazendo com que muitos de nossos jovens, indignados, sem ter como evitar esta degradação de nosso ambiente, sejam levados para a alienação pelas drogas, pelo fumo e pelo alcool. Pior que , esta camarilha "de autoridades sem dignidade", esquece que tudo isso que eles estão fazendo irá destruir a mente e a vida de seus próprios filhos e netos.
"O REBATE", nos anos 70, brigou pela PRAIA DE IMBETIBA. Nada adiantou, Hoje a Praia, que era a mais linda da Região de Petróleo e, única dentro do Perimetro urbano, virou uma Poça, uma canal onde boiam Cocô, Mijos Multinacionais, Plásticos e centenas de pedaços de Paus misturados com Òleo que cheira a distência e transformou este local, apenas em recordações. Que a PRAIA DO PECADO não seja isso daqui a 20 anos...
Muitos de meus textos estão ai no mundo virtual onde retrato este desmando que enriqueceu muitos vereadores, prefeitos e centenas de oportunistas que viviam e ainda vivem "nas abas do poder transitório".
Esta gente, escasteladas em mansões, compradas com o dinheiro fácil dos desvios de verbas, jamais pensaram em defender Macaé. Sempre se defenderam, encheram os bolsos e estão, comodamente em altos cargos ou aproveitando o dinheiro roubado em Casas luxuosas em cidades de veraneio.
Bolso cheios e cabeça atolada nos 'Uiskes" importados. Será que não pensam que "Um dia a Casa Cai?"...

NASCE UMA ESPERANÇA:
Ingrid B.Wyatt

Jovens de um movimento denominado "SOS PECADO" abrem perspectivas de luta. Estão se movimentando para denunciar o Fim da Praia do Pecado cujo nome "O REBATE", foi criado pelo nosso colunista Euzebio Luiz da Costa Melo em suas andanças e mergulhos nos anos de 1970.
O "Pecado" está com os dias contados como esteve a Imbetiba nos anos 70. O grupo de jovens está preocupado com a especulação imobiliária e com as dezenas de Boca de Entulho, Esgotos, Aguas Podres que, desde as PEDRINHAS caminham para as beiradas das praias e já podem serem vistas em toda a extenção da Orla.

Uma jovem, em Desabafo e num texto que lhe pedi, fala o que move o sentimento de uma geração que ainda pensa em ter uma Praia limpa e um local de Paz...
Eis o texto que a linda jovem Ingrid fez para sua estréia no O REBATE:

Olá José, aqui vai um dos meus textos!!

beijoss



CONSCIÊNCIA MACAENSE.

É em nome de muitos que expresso aqui minha indignação, de estar vivendo essa mudança decadente que Macaé vem sofrendo ao longo desses anos.

Em nome desses, que assim como eu cresceram aqui, e sentem dia após dia o sufoco de ver a paz dizer adeus de nossas vidas.

Macaé foi dominada por um estado ilusório de “progresso”, onde as pessoas se deixam contaminar pela famosa doença do mundo moderno: a cegueira.

Ninguém enxerga a realidade, estamos num breu só.

Por que ninguém vê que não vale à pena deixarmos que esse capitalismo selvagem invada nossas vidas de forma tão destruidora?

Macaé é rica em muitos aspectos, e possui capital suficiente pra ser uma cidade exemplar, principalmente quando se trata de sua preservação.

Mas a ganância que ronda o poder político local é monstruosamente predominante.

O petróleo foi a causa maior das mudanças da cidade, trazendo firmas e pessoas de todos os lugares atrás da mina de ouro.

Uma prefeitura digna se preocuparia em oferecer cursos profissionalizantes para a população local, e principalmente fiscalizar tais firmas para com suas obrigações em favor do município, principalmente com relação ao meio ambiente.

Mas isso não acontece.

Macaé cresceu desordenadamente em função do petróleo, sem que houvesse nenhum investimento em prol do cidadão e infra-estrutura da cidade.

Uma cidade que amamos muito, onde crescemos!

Onde um dia já vivemos em paz e podíamos desfrutar de nossas belezas naturais!

Podíamos tomar banho na lagoa de imboassica sem correr riscos sérios de saúde, sem falar na pesca que era rica e saudável.

Os projetos de tratamento prometidos pela prefeitura pelo visto foram apenas mais promessas!

E como se já não fosse suficiente, foi implantado recentemente um sistema de macrodrenagem onde as imundas águas da chuva que lavam toda a cidade corram direto pra lagoa, poluindo cada vez mais e levando a seu fim.

Em pensar que a praia do pecado era um local preservado, silencioso e pouco habitado.

Hoje é invadido por hotéis, prédios, e só se escuta o barulho infernal das continuas obras.

Quem frequenta sabe que continua lindo de se ver, mas quem ama sabe que não há natureza que resista a tanta invasão material e seus impactos causados.

Pobre do nosso pecado...um dia já foi respeitado.

E a praia dos cavaleiros? Chora o esgoto que corre por suas areias...

Por que somos obrigados a aceitar tudo isso?

Nossa natureza é o melhor que temos, e é o que garante nossa qualidade de vida em meio a esse caos urbano.

É onde praticamos esportes, nos proporcionando lazer e bem estar.

Além dessa degradação ambiental, existe ainda a violência gerada por uma enorme desigualdade social, onde uns morrem de fome e outros morrem de medo.

Esse medo, que já vem se tornando um pavor, de andar nas ruas de uma cidade onde há poucos anos atrás eram o quintal de casa, onde podíamos brincar livremente.

Hoje as ruas de nossos bairros são rodeadas de assaltantes, frutos dessa sociedade injusta e desigual.

E o sistema de transporte?? Péssimo!!

Quem não tem carro em Macaé vive a mercê de um sistema tenebroso e vergonhoso onde os ônibus são super lotados, e se perde mais de 40 minutos esperando por um.

Perdemos a liberdade e a tranquilidade de viver numa pequena cidade da região dos lagos, onde o estresse e o terror já fazem parte do nosso cotidiano.

Tudo isso por quê?

Por causa da ganância e corrupção que nos rodeia ferozmente!!

Que progresso é esse?

Que progresso é esse que só traz violência, poluição e corrupção?

Deveríamos progredir sim, mas como seres humanos.

Deveríamos estar vacinados contra essa cegueira e ter a plena consciência de que estamos num verdadeiro caos, e precisamos de mudanças extremas.

Chega de alienação, precisamos nos conscientizar!!

Nossa natureza e nossa paz são as maiores riquezas que temos, que vem sendo brutalmente arrancadas de nós.

O que será daqui pra frente?

Será que precisaremos ir embora pra que nossos filhos tenham uma infância digna de ser vivida assim como tivemos?

Acho que o mínimo que todo cidadão merece de uma pequena cidade situada no litoral, é respeito e qualidade de vida.

Pelo menos isso, por favor!!

Quem ama Macaé, não só tem esperanças de uma nova consciência política que está por vir, mas acreditamos que ela já exista e gostaríamos de conhecê-la.

Ingrid B.Wyatt

Acrescento aqui dois dizeres de extrema importância para esse desabafo:

"Quando a última árvore tiver caído,
quando o último rio tiver secado,
quando o último peixe for pescado,
vocês vão entender que dinheiro não se come."
(Greenpeace)

"No mundo há riqueza suficiente para satisfazer as necessidades de todos, mas não para alimentar a ganância de cada um".

(Mahatma Gandhi)

8.9.10

DO BOM FUTEBOL PERDE GARFANTE BRANDÃO. VOU Á RUA DA BOA VISTA PARA RECORDAR FATOS E VIVENCIAS....

MORRE TIÃO LOPES, ADVOGADO E AMIGO DE TODOS OS MORADORES DESTA RUA.



AS FOTOS QUE ILUSTRAM ESTE TEXTO HISTÓRICO SÃO DAS AGUAS QUE MARGEIAM O RIO. DO CASARÃO MAIS ANTIGO DA RUA, HOJE DENOMINADA GOVERNADOR ROBERTO SILVEIRA, FOI ONDE RESIDIU ZULMIRA LACERDA QUINTEIRO, FILHA DA IRMÃ DE MEU AVÕ MATHIAS LACERDA,ONDE NASCEU MINHA MÃE ECILA LACERDA.
É uma pena que, além do aterramento do Rio Macaé que está totalmente poluido e afastado de suas margens por invasão e obras, o "Casarão de Zulmira Lacerda- Dona Pastora", onde depois morou Jayme Franco, pai de Luiz Geraldo Franco, o "Aza Branca", esteja totalmente desfigurado. Uma irresponsabilidade sem preço.

MEMÓRIA DA BOA VISTA

Rua Velho da Silva, Rua da Boa Vista e Rua Roberto Silveira deságuam no mesmo Rio e fazem a História de um local de grandes tradições na vida de uma cidade da Região de Petróleo do Rio de Janeiro.


Na verdade é uma Rua muito pequena, situada no paralelo do Rio Macaé. Começa e acaba neste banhado de belas histórias que fazem parte do lendário de Macaé, cidadezinha situada ao Norte do Rio de Janeiro onde nasci no ano de 1939.
São fatos reais que correm nas esquinas deste local e que são passadas de pai para filhos nos tradicionais bate papo nas Cadeiras que estendiam e se estendem pelo longo das Calçadas.
Se Antes era uma Rua tranqüila, com seu percurso todo feito sem calçadas, com suas casas, a maioria simples, com muros de carreira de Bambus, artesanalmente feitos por mãos humanas e carinhosas, com jardins cheios de Roseiras, Dálias e algumas fruteiras, rendeu-se a transformação que toda cidade teve que se render com a chegada do progresso.
Seus velhos moradores como Pastora, Dona Zulmira Lacerda Quinteiro, Jayme Franco, Dona Brandina, Dona Albertina Almeida, Seu José da Cunha Barreto, Seu Felix do Mercado, o Alegre e carinhoso Dunga, Seu Cid Antão, pai de Betto), Itinho Cabeludo, pai de Fanta, Dona Elisa Diniz e sua fiel negritude na busca dignidade genética, Seu Jorginho Célem, humanista, caridoso e de uma alma belíssima, o simpático e sempre gentil Seu Beze Mussi, pai de meu amigo Roberto Bueno de Paula Mussi, Seu Amaro Damasceno, inesquecível homem de retidão e caráter que nos legou o filho e meu companheiro de longas conversas, Jorge Arataka Rocha que herdou de sua mãe Dona Lolinha a simpatia e a memória de belas histórias e fatos havidos...
Este trecho histórico de Nossa Velha Macaé de Antanho se chamava Rua Velho da Silva em homenagem ao homem que traçou a Geografia desta cidade nos anos de 1800. Jorge Arataka, em depoimento ao autor, fez menção a este acontecimento e relata uma constatação histórica de que “não foi Luiz Belegard e sim o Velho da Silva que traçou nossas ruas e becos. Era um homem simples, como simples são os grande feitores de nossa historicidade.
A grandiosidade, fruto da criação POPULAR fez com que o nome deste local se transformasse em Rua da Boa Vista. Era uma homenagem ao Rio Macaé que, com suas marolas vinham bater nos quintais, sempre bem tratados e com frutas e árvores que se acostumavam às cheias e vazantes davam locais para a pesca em canoas e barcos. Dos quintais vinham Robalos, Sardinhas, Camarões de várias espécies, Caranguejos, Siris e Goiamuns. Todos eram os presentes que o Rio oferecia aos seus moradores pela ação de sua conservação sempre límpido e imponente. O Rio, dizia algumas de suas senhoras moradoras, sabia agradecer com frutos os benefícios que vinham da sua não poluição...
Dos mitos populares Rubens Corredor, um homem de estatura forte e musculosa que inventou uma maneira alegre se fazer presente aos encantamentos e brincadeiras das crianças. Sua atenção era não deixar ninguém ficar em sua frente. Corria e passava. Uma espécie de “pegadinha dos anos 50”. Daí nascia também o maldoso apelido de uma figura de nosso folclore, um alegre senhor que vendia papa de milho. A criançada, como eu todo local é criativa e de gnomos aflorados, logo criou: Olhe quem vem lá. É o Papa Lambida... Não sei se por que naquele tempo não havia ainda a tradicional Canela em Pó ou se o suor do próprio milho dava esta feição molhada. Fato é que esta “mentira criada pela criançada da Rua” veio ser um dos primeiros motivos para a origem da propaganda negativa que até hoje é usada nas Faculdades de Comunicação de todo o Brasil.
Uma Rua que Virou Governador Roberto Silveira nos anos 60. Numa homenagem ao meu amigo Roberto que inaugurou um feito inédito. Fiz seu comício de candidato ao Governo na Esquina com o Famoso Porto do Limão. Eu tinha 18 anos e foi o primeiro candidato a vereador a vencer a barreira do TSE que impedia menor de 21 anos se candidatar. Impugnado pelo TER, aconselhado por Roberto, Ruy Almeida, Juventino Pacheco e Luiz Gonzaga da Paiva Muniz, recorri e venci. Roberto se elegeu Governador e, desde então, todos os candidatos POPULARES fazem comício nesta esquina onde temos o Bar do tradicional Fernando que no passado pertenceu a Juventino Aguiar onde a presença sempre cordial de Antonio Brôa, Jurandi Mecânico, Roque irmão de Paulo Cabeção, Ormindo, ferroviário que ensinava pessoas a dirigir carros nos anos 50, e Zé Maria Lopes, irmão de Tião Lopes se revitalizavam em trocas de inergias positivas que só a amizade profunda e, saída das ruas, podem surtir efeitos positivos na alma humana...

Becy – Sarapua – Guruca, Milton Vaz, Seu Chico Boi (que trabalhava com boi e era assim chamado pelas longas boiadas que passavam pela Rua, ao entardecer, rumando para o Bairro de Aroeira, eram pessoas que soavam afetivamente nos toques lábias de centenas de macaenses que vivenciarem estes momentos de sublimação humana...
O Porto do limão é o prolongamento desta região. Hoje denominado Rua José Ribeiro mais que não se afastava da Rua. Seus seguimentos humanos eram como que uma só família...
Armando Magaldi,antigo barbeiro que fazia a “cabeça de todos” e ainda as cobriam com sua talentosa arte de consertar guarda-chuvas. Armando, Carlito Cruz, Seu Políbio –pai de Naná - , Pepenha de com seus quitutes maravilhosos, Dona Lidrogênia – Fifi - seu alegre esposo Jonas se uniam as artes do “BOM FUTEBOL” de Jurandi – Didi – e Garfante Brandão para perpetuarem a sina de que este "Porto do Limão" tinha os melhores de nosso futebol em alguns anos passados e era o prolongamento familiar da Boa Vista.

Sempre ligado a Cultura, onde passou por vários jornais locais como O REBATE e a GAZETA DE MACAÉ, o mestre dos mestres nas Artes Gráfica Maximiliano Lima e sua companheira Jovelina da Silva era o retrato da harmonia da convivência das cores da etnia nestes anos de encanto. Seu filho Almir da Silva Lima, ainda menino, era ouvinte constante do inesquecível Tôte Brandão, comunista convicto que a todos apresentava o "Manifesto" com sua elegência de marxista tradicional...
MORRE SEBASTIÃO LOPES DOIS DIAS DO INÍCIO DA PRIMAVERA DOS ANOS 2010...

Abalado por um grande período de grave enfermidade Sebastião Lopes faz sua passagem e deixa de luto uma gama de amigos e admiradores. Um jovem rebelde dos anos 40, ferroviário da Estrada de Ferro Leopoldina, um dos primeiros alunos da Escola Ferrovária do Senai, Tião Lopes, como era carinhosamento conhecido, fez seu curso Secundário no Colégio Estadual Luiz Reid e, logo em sequida foi cursar a Faculdade de Direito de Campos. Participou de várias gestões da OAB e sempre esteve ligado as transformações da cidade e um dos grandes desportistas.
Morador dos mais antigos da Rua da Bôa Vista e, ultimamente ligado ao Kardecismo onde era figura de respeitabilidade e afeto no CENTRO ESPÍRITA PEDRO local em foi reverenciado como um dos seus mais queridos irmãos de fe. Sobre sua vida, falaria melhor a sua fiel amiga Sabrina Herlander Salgado que, emocionada pela perda não escondia a tristeza que se misturava a certeza de que estaria no caminho dos iluminados. Sabrina, em nome de Centro Pedro fez, em preços e em orações a despedida de todos os que com ele conviveu. A vida continua e a História da Rua da Bôa Vista tem que continuar:

- O linguajar ameno de Sergipe, a fidelidade política de Luiz Pinheiro, as histórias da FEB contadas por José Clímaco da Silva, pai de Borito, as grandes senhoras: Dona Aurora, Dona Noca, Dona Sila, Marlene Valença, se juntaram a outras mais jovens moradoras como Nila Lacerda para formarem o saudosismo e a história que, creio, será continuada por outros que se aventurarem ao trabalho de pesquisar estes acontecimentos históricos desta região de Macaé, Estado do Rio de Janeiro.
Quem não tem alguma coisa para falar sobre Seu Podete, Elias e Fernando Valença,Baeca, Jair Lacerda, Seu Dodoclino Ribeiro Gomes, de Quito e seus irmãos e da covardia que foi feita com o meigo e querido Chicão?. Minha querida filha Lais chorou a morte deste jovem que a impunidade e a violência nos levou...
A primeira FABRICA DE FÓSFOROS, tinha o nome de VEADO e era nesta Rua de nome Boa Vista. E foi nesta rua que morou o famoso Farrula que foi o criador da Fábrica Lynce juntamente com Lacerda Agostinho...
Nascido e criado João Boca Preta (filho de seu Pedro barbeiro), correu mundo. Foi para O Rio de janeiro, onde no SESI fez história. Ele, Paulo Cabeção, Dudi, Célio e Paulinho irmãos de Didi, Antenor Valença, conhecido Barbeiro e pai de Baeca, Dona Tiuca e Antonio são vultos que deixam marcas indeléveis na história da Boa Vista e que são citados em todos os depoimentos que este “locutor que vus fala e escreve”, teve o cuidado de pesquisar, na companhia do companheiro de lutas Advogado/ferroviário Waldyr Tavares,contemporâneo de Wilson Valença e amigo fiel do Sebastião Lopes.
Foram horas de pesquisas, olhares, recordações que, se alguns fogem a nossa lembrança e não estão registrados, que seja feito por outros que se debruçarem na busca destas belezas humanas...
Lendas que correm de “Boca em Boca”, de “Ouvido a Ouvido”e espalhadas por “Cantos e Ventos” registram que ali existiu um tal de "Barão da Pôvoa" de nome Lazir que comandava a chegada de Escravos que ficavam nas Ilhas do Francês e Ilha do Papagaio para serem desovados pelo Rio Macaé. Esse "Barão" escravagista, amigo e seguidor do Barão de Cotegipe, tinha a missão de “Domesticar os Escravos Rebeldes”. Depois eram trocados na média de 4 por um "não domesticados". Relato feito pelo Jorge Arataka que se especializou nestas buscas em livros antigos.
Nos anos 50, esta Rua ficou famosa no mundo todo pela chegada da FÀBRICA BARILOCHE que tinha como diretores David, Mario Corral e outros argentinos. Trabalhei nesta Fábrica no final desta década com meus primos Waldyr Azevedo que era sócio de Mario e David e com meu outro primo Ruy Moutinho de Almeida. Esta Fábrica terminou mais nos deixou, com a presença, de uma das mais belas figuras de nossa história. A Dona Alba Corral, que se dedicou com amor a dezenas de causas de nossa comunidade e é uma das honras da Rua da Boa Vista nos dias de hoje...
De suas ruas empoeiradas e alegres se projetaram no conjunto da cidade de Macaé pessoas como Wilde Brandão e, Waldecy Brandão. Wilde no trato da arte e Waldecy como Vereador, secretário de Assistência Social e Advogado. Ambos meus amigos pessoais, cujo pai, Jonas Willemen foi colega de meu pai Djecyr como Sapateiro na Rua do Meio onde nasci...
Assim como a minha querida Amiga Marialva Rodrigues que habitou nesta Rua, ali também viveu meu saudoso companheiro de lides políticas nos anos 60, Antonio Carlos de Assis e Marilena Pereira Garcia que viria a ser Vereadora e líder política na região de Petróleo...
Ao final de minha visita a esta Rua no último feriado de 7 de setembro, Waldyr pediu que fizesse este final com 2 homenagens. Uma a Dona Altina - Parteira - que centenas de moradores da Região devem o nascimento, Inclusive do seu filho Ralf Oliveira Tavares que hoje esta com 61 anos. A outra, a familia Brandão pela perda prematura de umm dos mais perfeitos jogadores de nosso BOM FUTEBOL.
A morte de Garfante Waldir Brandão - deixa uma lacuna na vida de toda a comunidade da Bôa Vista e se estende a toda a região...
José Milbs de Lacerda Gama, editor de O REBATE e de www.jornalorebate.com


INEY BASTOS, GRANDE AMIGO E PESQUISADOR DE BELOS TEXTOS NA INTERNET, ESCREVE AO EDITOR DE O REBATE E FALA DO SENTIMENTO DE SAUDADE DE UMA CIDADE NOS ANOS DE LUZ
Iney Borges Bastos
para mim
Meu amigo Zé Milbs,

Meus parabéns por esta mensagem, Somente uma cabeça pensante igual a sua tem condição de guardar tantas reminiscências, todas muito gratas e interessantes. Meu abraço.
Iney.
Benigno da Motta Gomes:
GENRO DE TIÃO LOPES, EMOCIONADO, ESCREVE AO O REBATE E FALA DAS SAUDADES...
Recebemos:
Ao "O REBATE"
Faleceu sábado ( 25/09) o dr. Sebastião Lopes, cidadão macaense, esposo, pai, avô, bisavô e amigo muito amado, advogado ( ex presidente da OAB-MACAÉ) , ferroviário, ativista político, membro da Lira dos Conspiradores, espírita com grande destaque nos trabalhos em prol da doutrina e com serviços relevantes prestados ao município de macaé.
Tenho muito orgulho de ser seu genro e amigo:
Benigno da Motta Gomes.

COSTINHA, EX JOGADRO DA SELEÇÃO E AMIGO DE GARFANTE E TIÃO ESCREVE AO EDITOR MILBS E FALA TMB DAS SAUDADES

antenor costinha

para mim
mostrar detalhes 19:21 (9 horas atrás)

Este é um e-mail de pedido de informações via http://www.jornalorebate.com.br/site/ de:
antenor costinha <antenorsana@uol.com.br>

Milbs
Voce está igual a vinho. Quanto mais velho melhor.
Tião Lopes foi o melhor tecnico de futebol com quem trabalhei, nos juvenis do Ypiranga. Liberal, nada exigia de mim com relação a meu comportamento extra-campo, respeitando minha condição de amador. Porém, quando vestia a camisa rubro-negra macaense, tinha que jogar, e bem.
Garfante
Fui a Macaé fazer exame para renovação da CNH e, antes, dirigi-me ao Hospital para visitar Garfante. No meio do caminho encontrei Humberto Cure, que dissse-me que eu cheguei atrasado. Garfante tinha partido uma semana antes.
Enfim, vida que segue, como dizia o velho João Saldanha
Um abraço
Antenor Costinha diretamente do Sana, ainda não totalmente corrompida pelos politicos corruptos de macaé.