Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

9.2.09

"SEU PEPEU"DA RUA DA IGUALDADE





Faiscas de Memória:


"SEU PEPEU"DA RUA DA IGUALDADE QUE BATE EM SUA PRESENÇA NA REGIÃO DE PETRÓLEO


A existência dos mestres tem lugar reservado na criatividade humana. Não sei se tudo que bate nas escolas fazem parte do aprendizado ou se este nasce com as essências humanas em certos setores da vida humana. Havia na cidadezinha de Macaé, norte do Estado do Rio de Janeiro, um homem, carinhosamente chamado de "Seu Pepeu". Morava numa Rua de nome Igualdade, local onde no seu final, quase chegando a uma Praia de nome Imbetiba - tinha 3 Cemitérios. Este senhor, de olhar manso e téz morena, queimada pelo Sol, tinha uma pequena loja que ficava na entrada de sua residência. O nome desta encantamento comercial e puro, era A GAROTA. Neste local este simpático senhor vendia pequenos objetos de uso das pessoas em suas casas e de coisas do desejo infantil como balas, bolebas e outras belezas do ornamento mental das crianças dos anos 40, 50 e 60.
Não tinha nenhum desejo, este alegre homem, de fazer concorrências comerciais com os chamados "Comerciantes da Rua Direita", nome que era dado a Av. Ruy barbosa, point da linda cidadezinha de Sol e Mar.
Sua presença nesta Rua periférica da cidade, fez com A GAROTA estivesse sempre na cabeça dos poucos e sadios moradores da cidade. Abria seu comércio e lá estavam as pessoas de vários regiões pedindo alguma coisa que faltavam em seus desejos. Uma agulha de máquina de costura, alguns novelos de lâs, panos de todas cores, dabáes (que as senhoras punham nos dedos para costurarem calças de panos mais duros), alfinetes e tudo que podia ser encontrado era lá em "Seu Pepeu" que as pessoas achavam.
Um Mestre que criava seus filhos e ainda tinha tempo para se dedicar a Obras de Caridade no Centro Espirita Pedro e no Lar de Maria. No Centro Pedro fazia parceria espiritual com os iluminados Peixotinho, Pierre e outros. No Lar de Maria era com o Vovô Edibaldo, Peixotão pai do Zé Peixoto e tantos outros dedicados benfeitores do bem.
Como que este homem encontrou forças para tirar de uma simples abertura em sua casa o sustento de uma prole grande não é mistério para quem sabe que as coisas da criatividade humanna nasce sem que seja preciso adaptação em escolas.
Sou contemporâneo de Elmo Mendes, seu filho, onde fizemos parte do Primeiro Grupo de Escoteiros e estudamos juntos na Escola Isolado I que funcionava em frente, onde hoje é o Banco do Brasil, fico imaginando como seria hoje a presença de "Seu Pepeu" ministrando aulas de como se consegue dibrar as dificuldades do mundo comercial com a tenacidade, honestidade criatividade que nortearam sua existência na região de Petróleo.
Uma Rua da Igualdade que bem mereceu ter como um dos seus vultos mais queridos o homem desta Faisca de Memórias. Nos anos de 1996 uma de suas Bisnetas ocupou o cargo de Secretária de Educação no Governo de Carlos Emir e, a pedido do meu amigo e colega jornalista Paulo Sérgio Carvalho, editou meu livro CABE.LOS BRANCOS num resumo de alguns textos meus no jornal O REBATE que circulava em papel sob a direção do Paulo.
Hoje soube que esta mesma Bisneta, Marialva gentil está prestando seus valiosos serviços a macaense e educadora Marilena Garcia na Secretaria de Educação.Penso no resgate de vultos de nossas ruas que estão indo para o esquecimento...
Jose Milbs de Lacerda Gama editor de www.jornalorebate.com

1.2.09

QUE SAUDADE DE MEU JACAREZINHO, AOS 12 ANOS E DE MEU DEL CASTILHO COM 5 ANINHOS...


Como estarão estes meus lindos bairros de infâncias no Rio de Janeiro de antanho?.
Que fim levou os meninos e meninas que saudavam a Maria Fumaça e os Cavaleiros que seguiam, nas estradinhas, ao longo da via férreia? (José Milbs, editor de O rebate )


UMA INFÃNCIA FELIZ EM DEL CASTILHOS...


RIO DE JANEIRO DEL CASTILHO



Antes de ir para o colégio primário, aos 5 anos fui morar com minha avó e mãe no Rio de Janeiro. Lá já moravam meus tios Doca e José de Moura Santos, com meus primos Mathias, Nelson, Maria Clyce, Eliete e Therezinha. Foi uma infância curta de vivências em Del Castilho, um bairro bem calmo do Rio. Minha avó ia de trem até o Meyer e nós íamos juntos.

Era uma época de Guerra. 1943/44. Havia “blecaute” que a gente curtia a hora que chegava. E lembro que as l8 horas todo mundo se recolhia com receio de bombas. As crianças viviam tensas e os adultos preocupados.

As tardes eram de soltar balões num Campinho, que tinha perto da linha do trem de nome Maria Fumaça e, soltar pipas e balões...

Del Castilho era uma espécie de Subúrbio bem suburbano. As pessoas se conheciam, igual em Macaé. Um bairro afetuoso e que marcou muito minhas primeiras passadas na estrada da vida. Tinha vontade de voltar para ver como estão as ruas empoeiradas e lindas de minha infância lá.


Um dia, nos anos 90, conversando sobre isso com meu primo Nelson Lacerda Santos, ele falou que teve esta mesma idéia. Voltou a Del Castilho e ficou decepcionado. Tudo diferente e não viu nada que pudesse ser o belo de nossas infâncias.Haviam outras pessoas no lugar das antigas pessoas. Tipo qualquer cidadezinha de todas as infâncias vividas...


.Foi lá que aprendi a soltar pipas que chamávamos de Estrela. Os primeiros Balões e a correria quando caiam nas proximidades dos morros.

Nos campinhos, por entre dormentes de via férrea, entre um apito e outro da “Maria Ffumaça” e os “blecauts” das noites tardes do inicio dos anos 40 em plena 2ª guerra que foi que comecei a caminhar com meus próprios pés em andanças longe dos olhares vigiativos de mãe, tias e avó.

Não me lembro de nenhum amigo, mais tive muitos, neste Bairro que recordo com saudades.

As vezes fico pensando que as mudanças na vida fazem com que tudo fique girando em torno do momento. Foi assim nesta minha passagem por este subúrbio do Rio onde a volta para Macaé deve ter interrompido uma existência que seria totalmente diferente se lá tivesse ficado.

Os destinos são feitos assim e nele é que fixa a existência humana sem que tomemos pé de sua trajetória...

Um favelado levado para um reino se torna aristocrata ou chega a rei. Um rei levado para uma favela será favelado. Disse em livro um poeta de esquina. O destino trocado pode determinar existências trocadas. Foi assim nos covardes aprisionamento de Negros na África, transformados em escravos, e assim o é na diferenciação social que o sistema nos impõem...

Não sei como está hoje o bairro de Del Castilhos sem a “Maria Fumaça” e sem seus campinhos das peladas em bola de borracha ou de meias e os triangulos das bolebas e papão... (José Milbs)


Postado por José Milbs à s 15:03

5 Comentários:Não tem por onde, Milbs, ler sua crônica e ficar indiferente. Agora mesmo, trato de arrumar as minhas "as malas" e me mandar pro meu interior. Mas, vou desistir. Vou, por que o sofrimento é maior.

O real só existe em nossos arquivos. É do nosso `EU´ congelar no freezer do inconsciente as coisas boas e más também.

Parabéns pela crônica.

Um grande abraço
AS

Por Airton Soares, Ã s 1:17 PM

Em tempo: onde se lê "Vou, por que...", leia-se "Vou, porque...."

Por Airton Soares, Ã s 1:19 PM

Caro José Milbs - não podia passar em branco e não falar alguma coisa. Mas vc como escritor, a gente já percebe um trabalho recheado de qualidades diversificadas. Gostei do texto, principalmente porque todos nós temos lembranças que por demais tão boas e outras até mesmo ruim. Mas esse texto é o tipo daquele que a gente começa a ler e vai até o fim, pq a leitura dele nos leva pra isso. Parabéns!! Gilson Pontes

Por Gilson Pontes, Ã s 5:14 PM

grande ze milbs,
como sempre leio e releio os seus textos e muitas vezes copio e envio para os meus amigos, a fim de divulgar as bonitas historias da nossa querida macaé. voce está de parabens...
kaká

Por Anônimo, Ã s 11:52 AM

Caro amigo,

Também tive o privilégio de passar a minha infância em Del Castilho, só que um pouco depois da sua época, entre os anos 60 e 70, mas vivenciei tudo isso que você relata. Estudei no colégio primário Manoel Bonfim (excelente colégio), soltei pipa, corri atrás de balões (inclusive foi lá que aprendi a fazer balões e pipas). Dia de São Cosme de Damião, nem almoçava e nem jantava de tanto doce que comia. Puxa! que saudades daquela época. Estive lá a 2 anos atrás, que decepção, era melhor não ter ido e ficar com as recordações daquele lugar tranquilo e feliz.

Por Jose...