Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

25.1.10

Duas histórias de nossa região de petróleo. JOSE OLIVEIRA e CÉLIO PIMENTEL FERRAZ...



Os acordes da comunicação " de ouvido em ouvido" quem dão conta das nóticias "boca a boca" que correm as ruas de nossa região de petroleo dão conta de duas mortes havidas nos últimos dias. Ambos no clarear dos 80 anos, em sua maioria, vividos em nossas velhas esquinas e vielas de grandes histórias contadas. (foto da Palmeira Imperial que está plantada no Sitio Rancho O REBATE onde edito o jornal. Palmeira doada pelo meu primo e paisagista Ruy Pinto da Silva e plantada pelo meu filho Luis Cláudio e Sergio Correa da Silva - Serginho Pé de Pato ).
CÉLIO PIMENTEL FERRAZ - o CPF - e JOSÉ OLIVEIRA - Filho da inesquecível Julita Oliveira. Célio dedicou sua vida a serviço da Assistência Médica. Servidor Exemplar do SAMDU, foi fundador do órgão, na então Praça verissimo de Mello. Contemporâneo de "Seu Aloisio Andrade do Hospital e de José Passos Jr. Fomos amigos e trabalhamos juntos no Ministério da Saúde. Casado com a mais linda morena dos anos 60, Iracema, foi sogro de Samuel Marques, o bom "Samuca do Chaplin's".
José oliveira teve uma longa vida de trabalho na Estrada de Ferro Leopoldina. De uma geração a frente da minha, pude observar a admirar sua luta em favor de seus colegas nos anos 50. Ainda menino, cursando a Escola Ferroviária SENAI 8-1, eu, com apenas 13 anos, aprendi a admirar sua vida funcional. Filho de Dona Julita Oliveira e tendo como irmão o meu contemporâneo de Senai, Jonathan Oliveira, as nossas histórias se confundiam, no atabalhoar da vida calma de uma cidade alegre e feliz de nome Macaé, no Norte do Estado do Rio de Janeiro.
Montado em sua bicicleta Monark, tendo sempre a companhia de vários Ferroviários, a pessoas que admirava as longas conversas deles, divinamente ornadas pela sombra de uma Amendoeira no Bar Mocambo. Era ali que estes homens, descansavam do almoço e esperavam o "Buso" de 15 para meio dia tocar.
José se destatcava dos demais ferroviários. Não só pela simpatia como pela maneira educada de falar com os mais novos. Tinha sempre um sorriso que vinha seguido de uma fala sincera a todos que procuravam se acercar dele.
Era comum a todos nós, alunos do Senai, criarmos afetiva relação com os mais velhos. Os afagos eram como a presença do "tio" que hoje nossos filhos e netos falam ao se dirigirem a um de nós.
José Oliveira e Célio Ferraz deixaram a marca de suas existências. Não só nas Ruas Empoeiradas que pisaram, como também nas presenças em toda a nossa comunidade.
Estive com Zé Oliveira, a uns 6 mêses, no BB na fila do idoso. Tivemos alguns momentos em frases curtas. Eu perguntando pelo seu cunhado Waldyr Tavares, meu companheiro de Liga Operária e ele querendo saber como estava O REBATE.
Célio, numa de minhas idas a Justiça Federal para dar entrada num processo, conversamos muito. Lembramos de nosso tempo de PU, de minha candidatura a Prefeito em 1970 onde ele, Zezé Tatagiba e Fernando Cocó, dirigiam o velho Wolks que pecorria toda a extensão de nosso municipio em busca dos 1836 votos que tivemos...
Célio não deve ter recebido, como eu ainda não recebi, os nossos direitos na Paridade com os da Ativa.
Em nome de O REBATE jornal de 78 anos de Histórias em nossa região, faço este registro da presença destes vultos de nossa vida para que, gerações futuras, quando acessarem o busca do Google mundial, possam saber que estas vidas não foram em vão. Saberão que a luta de Zé Oliveira e Célio Ferraz terão seguimento em tantos que tiveram a honra de conhecê-los e admirá-los.
José milbs de Lacerda Gama editor de O REBATE e memorialista)..
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17.1.10

Eduardo Serrano, prefeito gay dos anos 60. Região de Petróleo e suas histórias...





Política de Macaé anos 50/60:

TINOCO, LUIZ PINHEIRO e EDUARDO SERRANO

JOSÉ MILBS

Na época do governo Eduardo Serrano havia uma convergência natural para unificação correntes da eleite macaense com o fim de cassar o mandado do prefeito Eduardo Serrano que mudaria a história de Macaé. Sexualidade livre, liberdade sexual assumida morador de favela, assistencialista nato, malandro, criado nos submundos da vida social de Niteroi e, ainda por cima, com altos salários de membro do Poder Judiciário. Assim era Eduardo Serrano, solteirão,que desbancaria tods a elite de Macaé nos anos de 60, quando, ser "viado" não era moda nos mandatos politicos.


Era uma época em que o Governo do Estado, representado pelo PTB, liderado pelo então Governador Roberto Teixeira da Silveira. Em Macaé o filho do ex-senador Tarcísio de Miranda,Gerson Miranda o Mirandinha - objetivava cortar a liderança de Serrano, vindo de um pequeno PR, para assumir o mando político.

Aproveitaram o descontentamento dos estudantes da FEM, que tinham suas bicicletas apreendidas e entraram de carona na revolta popular/estudantil que faziam passeatas, ameaçavam depedrações e exigiam de volta as bicicletas.

Serrano tinha derrotado todo o monopólio eleitoral e, sósinho, teve mais votos que todos os partidos juntos. Derrotou Elias Agostinho, Gerson Miranda, Antonio Benjamim r toda uma elite que vinha se elegendo com o aval de Amaral Peixoto e Roberto Teixeira da Silveira.

A luta a favor ou contra Serrano era intensa. Poucos ficaram ao seu lado. Carlos Augusto Tinoco Garcia que o defendia e acusava de hipocrisia quem falava na sexualidade de Serrano, era um dos poucos corajosos na época Parecia que Tinoco estava vendo o início deste século a a liberdade social e sexual ser normal.Que diria o velho Tinoco desta Câmara de Macaé mesclada em sua sexualidade?

Tinoco sempre esteve a frente de seu tempo. Outros que não se deixaram levar pelo poder foram Luiz Pinheiro, que era vereador, Motinha, Mauro Rodrigues, Filhinho Monteiro e alguns que não me recordo. Filhinho enfrentava e brigava no "Belas Artes".Motinha nas ruas e Luiz Pinheiro da Tribuna da Câmara. Pinheiro teve sua casa cercada, foi ameaçado, teve seu mandato quase cassado e resistiu bravamente. No "front" do "Morro do Carvão" Serrano resistia com apoio de seus amigos fiéis. Dentre outros Lealdino Magalhães e toda a familia de Waldeir.

Luiz Pinheiro era um dos poucos homens idealistas que Macaé teve no século passado. Trabalhou comigo no "O REBATE" e descende de uma das mais tradicionais famílias de Macaé. Sempre dizia que vivia de um salário pequeno como Funcionário Publico Estadual, tinha uma grande prole, mais não ia capitular. Era um bravo.

Perguntado depois porque não tinha sido agradecido por Serrano, que apoiou outro candidato na eleição seguinte ele, com sua calma e olhar fixo na certeza do real, disse:
"fiz a minha parte".Faz falta homens como Luiz Pinheiro.As poucas vezes que tenho ido na cidade me encontro com alguns de seus filhos e relembramos momentos histórico de uma cidade que morre a cada esquecimento.

Eduardo Serrano mas tarde se casou com Cacilda, irmã de Waldeir, do Morro do Carvão, mudou-se para Niterói onde faleceu. Waldeir e Cacilda eram parte integrantes da história política desta época, pois moravam no "Morro do Carvão" de onde Serrano tinha seu QG eleitoral, e de onde venceu todas as oligarquias da época.

Ultima vez que vi Waldeir ele dirigia um movimento de apoio a Aidéticos, ele era portador do vírus, e brigava pela não discriminação.

No inicio deste Século eu estive com ele, distribuindo seu "jornalzinho" e recordando as histórias que vivemos juntos nos anos 70. Eu como candidato a prefeito pelo MDB e ele candidato a vereador.

Quando mandava esta cronica para o www.jornalorebate.com soube que Waldeir havia falecido.

O Morro do Carvão, atual "Alto dos Cajueiros" tem uma estrela a menos a brilhar no seu "Chão de Estrelas."

Recebi hj email do meu amigo e jornalista Alessandro Barreto, filho do saudoso Barretinho da Rua do Meio.
"Querido Zé Milbs.Lendo sua matéria sobre Eduardo Serrano,lembrei-me do meu saudoso Pai.Papai sempre falava de Serrano em casa,dizia que era um homem,que era mais homem do que muitos homens.De honra,palavra e atitudes,nunca deixou um funcionário da prefeitura sem receber.O Elias Agostinho deixou muito chefe de família a ver navios.Sobre o nosso amigo Waldeir e sua irmã Cacilda,tirei muita onda com os dois.Tempos maravilhosos do antigo Mocambo,sempre encontrava a Cacilda na rua direita.Depois,soube através dos seus filhos que tinha falecido.Waldeir malandro bom,tempos bons,que não voltam mais,infelizmente.Abraço fraterno.Alessandro Barreto".

8.1.10

Gente do belas Artes:Mangueira, o Velho Maia, o irmão gordo de Mangueira, Zé Clímaco, Carlos Augusto Garcia, José Lyra Madeira, Ruy Figueiredo Borges,






AINDA VIVE O CACIQUE TAMOIO,
OU SERIA URUTU?


Ubirajara Barbosa Barreto eu conbeci o pai dele o sr. José da cunha Barreto. Não sei muito das origens do pais e avós do seu Barreto mais afirmo que sao de alguma tribo de nossa regiao. A minha origem eu sei que vem dos Urutús, tribo extinta dos sertões de Carapebus e Capelinha do Amparo. Dizia meu primo Ruy Pinto da Silva, irmã de Talita e companheira do Bira, que estes nossos antepassados eram antropofados e comiam os invasores franceses quando da nosso colonização nos idos de 1500.

Bira Barreto tem tudo para eu afirmar que nele corre este sangue. Em Talita eu sei que corre. Durante toda a sua vida, Jajara (a quem dedico uma profunda amizade e respeito, nao fez outra coisa que nao fosse se "embrenhar nos matos". Desde a Macaé bocólica e pura dos anos 30, onde ele "matava toda sorte de bichos que caçava com seu pai para alimentar a boca de 11 irmaos e dezenas de primos. Este meu amigo sempre foi um destruidor de espécies. Claro que nesta época tudo era permitido. Passarinhos, ele trazia nas fileiras de seu bornal e vários bichos "comíveis e papáveis eles os traziam aos montes para sua morada na Rua da Boa Vista onde também morava meus avós Mathias Lacerda e Alice Quintino de Lacerda. Jajara só nao sabia era pescar. Isto ele aprendeu comigo, numa linda tarde de verao quando eles e seus irmaos mais novas tentavam pegar robaletes na Ponte do Rio Macaé. Eu cheguei, como quem nao queria nada, peguei o caniço das mãos de Paulinho e, jogando ao Rio, trouxe um grande Robalo. O peixe devia estar de boca aberta esperando a isca. Jajara, uns 10 metros a minha frente vem correndo, como se não acreditasse na algazarra que faziam os "pescadores da beira do Rio". Vira-se para mim e pergunta: como foi isso? Que voce fez? Eu, que sempre estou com meu humor aflorado e, sebendo da religiodade Batista do Bira, respondo sem dar tempo dele nem olhar o bicho que estrebuchava ao chao: Eu fiz a oraçao do pescador. E, rindo fui falando: Senhor, fazei que eu pesque um peixe tao grande, tao grande que quando tiver que contar as pessoas, não precise aumentar o tamanho...

Dai para frente, toda vez que a gente se encontra ele, com seu olhar de pequeno pescador, me olha e rimos...

Sua filha Claudia esteve em mimha casa a poucos dias em companhia de Gizele Santos. Fazia levantamentos sobre ex-prefeitos e dei alguns informes. Gostaria muito de escrever sobre as histórias das antigas caçadas macaenses, falar no dr. Faustino Marciano de Castro e tuda a sua turma de "mentirosos caçadores", no velho José da Cunha Barreto e suas longas histórias na cadeira de balanço da sua casa na Av. Ruy Barbosa, enfim, trazer para O REBATE on-line estas passagens lindas da vida de uma cidade que está mais do nunca fortificada com a presença de Petroleiros que se misturam aos Ferroviarios,forjando uma raça alegre e cheia de bons frutos.
Quem sabe um dia edite o PINGUIN DA RUA DO MEIO...

QUANDO MORRE UM INDIO GOITACÁ

Foi nesta época de uma alegre e pura maldade que aportou em MACAÉ, vindo dos Campos dos Goytacazes, um vulto alto, esguio e bem falante. Trazia uma esposa de pele clara e formação educada, que foi tomando conta da comunidade pelos dotes de mulher, diferente no trato e no vestir. Era a esposa de seu Otavianno , com dois enes como ele gostava de dizer, Canella.

Canella foi se adaptando as maneiras macaenses e, como bom índio Goitacá, foi montando sua tenta e abrindo seu espaço.

Dono de uma grande verbosidade e de uma cabeça a frente de seu tempo ele visualizava a cidade com 50 anos a frente e foi cimentando suas idéias e adquirindo imóveis onde, as pessoas davam ou vendiam "a preço de bananas, como se diz nas rodas lindas das noites enluaradas dos sertões brasileiros.

Canella ocupou toda orla da Praia Campista onde é hoje o trevo da Petrobrás e foi loteando por sua conta e risco onde hoje fica os altos da LAGOA DE IMBOASSICA. Sempre na sua Brasília amarela que parecia projetar os futuros mamonas.

Vinha e ia sempre de sua casa para o Bar e restaurante Belas Artes trocar idéias e fazer negócios. Foi lá que eu conheci este malandro nato que muito me ensinou nas artimanhas da vida. Eu com pouco mais de 40 anos e ele beirando os 98 anos.

Sua mesa estava sempre cheia de gente. Mangueira, o Velho Maia, o irmão gordo de Mangueira, Zé Clímaco, Carlos Augusto Garcia, José Lyra Madeira, Ruy Figueiredo Borges, José de Mattos, Leandro Soares, Aloísio da Vassoura, Gerson Miranda, Juventino Pacheco, Faustino Marciano de Castro, Filhinho Monteiro, Carlos Maia, Manoel Maia, Alvinho Paixão, Antão Freitas, Alcebíades Azevedo, Ruy Moutinho de Almeida, Paulo Rodrigues Barreto, Roberto Moacyr, e outros que me fogem a memória.

Canella ia transferindo para todos suas experiências campistas e conquistando os espaços na cidade e formulando idéias de vendas e compras, já que a maioria das pessoas estava mesmo acomodada em sair de casa, abrir o comércio, fechar as l7 horas, tomar um banho e ir para a rua trocar idéias ou falar da vida alheia em longas fofocas interioranas que eram um dos motivos maiores para que as longas conversas tivessem sentido.

Gargalhadas para lá, olhares de soslaio para ver se não vinham parentes das pessoas fofocadas e assim a vida de Macaé caminhava nos passos lentos nas tardes noites nativas. Igual a todas as noites em qualquer cidade de interior do Brasil.

O "cerzimento" do Café por Toninho, com sua tradicional educação e paciência, era apenas sentida quando trazia para a roda mais cadeiras com a chegada de Márcio Paes, Waldyr Siqueira e alguns galistas que cumprimentavam e iam direto para o reservado, para uma refeição maior.

No caixa, o português Dinis e sua meiga esposa dona Maria, já sabiam que quando a mesa ia ficando com poucas pessoas já se avizinhava um "beiço" (nome ou termo usado nas cidades da regiao do RJ que pode ser também Pindura) na despesa e, catucando com o olhar de além mar para "Toninho", dizia que era chegada a hora de fechar a roda, sob pena do pindura ser a melhor opção.

As vezes a animaçao das noites era incentivada por "Gabarito" que, muito doido, entrava porta a dentro e o bar se fechava mais cedo. Esta figura alegre, era um sisudo funcionário do DNOS, que, com algumas pingas na cachola, incorporava o "gabarito" dançando com pratos na cabeça, bulinando mesas, dando tapas nas cabeças das pessoas, enfim, coisa que todo bebum, com l m 50 de altura e pesando uns 48k, nao recebia outra opçao das pessoas senao um alegre até logo...

Dinis deixou a direção do Belas Artes e veio dona Maria e seu "Paco" que trouxeram com eles os seus filhos que se criaram junto com todos nós. Roberto, o mais velho se casou com a filha de Bráulio e Ceni e depois foi para Europa.

Dona Maria e seu Paco foram os mais pacientes de todos os proprietários deste famoso bar. Acho que só comparado a Dinys e Dona Maria.

Vez ou outra entrava no BELAS ARTES vindo do jogo de Carteado da Rua da Praia, Pantaleão Teixeira, "Djalma Maluco", Mascarenhas para comprarem cigarros e levar café nas térmicas para as rodadas de Campista, Cunca e 21, jogos que viravam a noite.

Alguns visitantes engraxavam sapatos com "Tiziu" ou com "Sapato Branco Jogou Poeira no Vento". Este era o apelido de Aminta que sempre trocava suas frases mais era entendido. Ele queria dizer que o vento tinha jogado poeira no sapato branco. "Aminta" fazia seu ponto de engraxate na loteria de seu Martins, outro campista que importamos.

Quando chegavam de viagens desciam dos ônibus para um cafezinho ou um simples boa noite. O "Belas Artes" era o lugar de destaque. Na estação os carregadores de malas requisitados eram "Nilo Pavão" ou "Coruja", o "Bença Mamãe"... "Coruja" tinha este apelido de Bença porque quando de um baile na Barra apagou a luz e ele agarrou a primeira mulher que estava na frente. A luz acendeu e advinham o porque do apelido?

Canella ia observando toda a movimentação e forjava suas idéias onde o primordial era adquirir áreas onde iria povoar uma Macaé que ele sabia ser de um futuro muito bom para seus objetivos financeiros.

Tinha suas preferências em amizades e eu, "Parodi", "Filhinho Monteiro," Omir Sá Rocha e Carlos Maia eram suas melhores escolhas. Criou um menino negro que era seu orgulho e alegrias. Vendeu parte do seu ultimo imóvel em frente a Lagoa mais separou um lote para "Sebastiazinho" que ainda lá reside.

Falava de suas andanças nas periferias de Campos e de seu irmão, Silvino Canella que se formou em medicina na Suíça. Já com seus 98 anos ele quis casar e o fez com dona Dinorah que infelizmente o colocou no Asilo onde triste e sozinho ele faleceu.

Um dia eu fui com Maia visitá-lo e não era mais o "Guerreiro Goitacá". Deitado numa cama , num quarto coletivo ele pedia para que lhe tirasse dali.

Sua mente ainda tinha a juventude que queria voar pelo mundo e criar suas próprias azas. Porém, a fragilidade do corpo não obedecia a jovem alma, e se quedava no canto. Omir Rocha, outro que comigo ia visitá-lo, tentou contato com um seu parente em Campos de nome Ari Canela, que não deu atenção ao fato. Este seu primo parecia ser um índio já escovado pelos homens brancos Era mesmo o fim que se avizinhava para o velho Canella.

Uma Irmã de Caridade , que nos recebeu quando de sua morte, perguntada de que teria morrido olhou para dentro de si mesma e balbuciou como que num final de prece.

Ele morreu de tristeza e solidão. Seu sepultamento tinha apenas eu, Carlos Maia, "Parodi" e Omir, precisamos de mais um para por seu caixão o que foi feito por um coveiro de plantão. Uma flor colhida no próprio cemitério foi colocada em sinal de beleza na despedida deste mestre, filósofo, empresário, grande boêmio, campista e excelente amigo.

Tem gente que nasce com determinadas estrelas. Tipo assim uma figura carimbada pela criação. Nunca deixam dinheiro nem heranças. Me fazia lembrar o velho GANDHI e sua frase belíssima:

"Cada dia a natureza produz o suficiente para nossas carências. Se cada um tomasse o que lhe fosse necessário não haveria pobreza no mundo e ninguém morreria de inanição".

Canella era uma destas figurinhas que tivemos em nosso álbum. Quando ele morreu, as vésperas da primavera eu, ainda tendo acesso a imprensa, fiz uma crônica que terminava dizendo que ele ia com sua essência estrumar a terra da primavera que ele não ia ver.

Uma de suas mais importantes observações de vida foi me revelado . Ele estava já no seu final e me chamou num canto e falou. Meu amigo, acho que estou terminando meu filme. Perguntei rindo, que filme Canella? e ele , sério,. com seu olhar penetrante de cacique Goitacá, sentencia, acho que está acabando meu filme na cabeça, não sonho mais como antes eu sonhava, e acordo muito na noite, e as cores dos meus sonhos não estão mais nítidas, e, olhando me, perguntou como se tivesse já afirmativa resposta, será que temos dentro de nós um filme igual no cinema?

Era mesmo o fim de seu filme, pensei. Ri e desviei a conversa pedindo um chope. Canella sempre dizia que sua avó tinha sido pega a laço nos sertões de São João da Barra e que não se adaptando a vida civilizada (???) suicidou-se.

Era mesmo um índio Goitacá o meu bom e velho amigo Canella.
Texto de crônicas do Livro LUAR DE IMBETIBA que está on-line no O Rebate.

4.1.10

O CHORO EMOCIONADO DE IZAAC AO SABER DA MORTE DE NOSSO NILTINHO O ARTISTA DOS ANOS 70....




Não sei se as pessoas que habitam a Região de Petróleo e que tenha uns 40 anos apenas, tenham conhecimento da presença, em nossas vidas, de um jovem menino dos anos 70. Nilton Carlos Curvelo Costa era um anjo que veio morar na terra. Criador de lindas telas ele era uma presença constante na Redação de O REBATE no final dos anos 60 e inicio dos anos 70.
Com Cláudio Upiano ele fundou a Livraria Saber. mais preferia mesmo era ficar nas oficinas do jornal onde, em centenas de resmas de papel, escolhia algumas para fazer seus desenhos que iam se acumulando em toda a extensão da oficina e da redação. Niltinho foi um dos mais consagrados criadores de artes de nosso tempo. Elogiado por pelo Mestre português Waldemar da Costa e de outros mestres no trato com o pincel.
Era meu fiel companheiro em minhas idas e vindas ao Rio de Janeiro. Sempre quieto, falando apenas o que era bom para ele e para os que estavam ao seu lado, tinha um belo sorriso de menino que, quando vinha acompanhado de sonoras gargalhadas, enchiam o ambiente de caricias e afetos espirituais que somente quem mexe com o divino pode fazer e entender.
Dizia, aos 17 anos, que queria ser Engenheiro. Foi para o Rio de janeiro e não se adaptou. Preferiu, segundo falou com Euzébio, Nato, Manel, Mery, Izaac, Claúdio,Wanderley,Marquinho, Armando e Itagiba, "o cheiro das àguas puras da Bicuda que caiam das nascentes"...
Viveu poeta sem nunca ter escrito um poema ou uma poesia. Gostava de ficar sentado nos bancos da Prefeitura e olhar as pesssoas que passavam. parecia se despedir do mundo que mandaram ele viver e demonstrava saudade de algum lugar que deve, hoje, habitar. Penso, cá com meus botões que ele devia estar querendo dizer para as pessoas que demonstravam apego a matéria e as granas: "Gente, este mundo é de mentirinha. Nada disso é verdade. A verdade é outra"... Seria ouvido?
Recebi o telefonema de Ruy Jorge - Jojó - que me dizia de sua morte. Interesssante que, dois dias antes, tive vontade de ir visitar Niltinho. Falei com seu sobrinho Tonito, quando ele esteve em meu Sitio e cheguei a ir à frente de sua casa para vê-lo.
Tonito achava que não iria adiantar. Ele não estava recebendo visitas e gostava apenas de ficar meditando, olhando o tempo se esvair em sua bela existência...
- Morreu o nosso amigo Niltinho, falei ao telefone com Izaac de Souza, outro que habitou este sagrado mundo de O REBATE nos anos 70. Izaac ficou paralizado do outro lado do fone. Apenas pude ouvir seus soluços, seguidos de uma vóz vindo de dentro da Caixa da Saudade Humana. Era a reação que todos terão ao saber que nosso NILTON CARLOS CURVELO COSTA voltou de onde saem os Anjos para alegrar os homens. Só quem curtiu seu sorriso, como todos os seus amigos dos anos 70 pode afirmar o que escrevo.
Sai da vida um dos grandes pintores macaenses. Ele mesmo, nos anos 90, destruiu toda a sua obra tacando fogo em milhares de telas e desenhos. Não quis, como Van gogh, deixar marcas de seu talento.
Pode ser até que o mundo não seja merecedor de seu precoce trabalho. O que sei é que a sua vida não foi em vão.
Vários artistas se espelharam em seu talentoso trabalho. Dentre eles Izaac de Souza, Ruy Jorge Machado, Jojó, Edyr Nálio Renaut, seus primos Nato e Manel Reis, Marco Auréli Franco Correa e o próprio autor deste texto. ( Jose Milbs de Lacerda Gama editor de O Rebate )

DUNGA MANDA EMAIL E FALA DE NILTINHO. GRANDE LUIZ CLAUDIO BITTENCOURT...




Milbs, está de parabéns com a justa homenagem, Fui amigo dele em infância e fui também testemunha de todas as qualidades neste texto contidas. Imagina se tem tempo????? !!!!! Quanta coisa boa iria sair dalí. Grande abraço
dunga