Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

20.4.08

OS FERROVIÁRIOS

OS FERROVIÁRIOS (texto do Livro "O Pinguin da Rua do Meio")

... Das longas conversas nas esquinas de uma cidadezinha, nos anos 40 50 e 60, chamada de Macaé, as coisas aconteciam devagar como o balançar das ondas alegres da velha Praia de Imbetiba...

Tinha todo o tipo de alegrias. Do sorriso largo e puro de seu Miranda pai de "Bill", "Pau -Puro" e Webe? alguém pode esquecer? Ele nos chamava de "meninos". Era assim que os velhos ferroviários como eles e Walter Quaresma tratavam os alunos do SENAI. Era uma espécie de "preparação no ritual para nos preparar, no afeto, para sermos futuros ferroviários. Passavam para nós o carinhoso olhar de paternidade que seria repassado por gerações. Até hoje o José Pacheco, um mais velho que nós, me chama de "menino" aos 68 anos.

Trilhos Maria Fumaça

Dentro do mundo de trabalho na ferrovia havia uma grande distância entre as pessoas em termo de idade e tempo de casa. Embora igualitariamente em todos os setores, como pagamento em chamada nominal no trem pagador, e outras tantas funções que exercitávamos, havia, na idade algo paternal no trato.

Era desta Macaé/Rua do Meio que eu sempre quis falar. Longe dos batuques de estacas e perto dos batuques das nossas Escolas de Samba dos Cajueiros, que não tem Caju. Aroeira que nunca vi um pé desta árvore e o Independente que teima em ressoar nos próprios batuques de nossos corações.

Esta cidade não cresceu. Ela inchou com algumas chagas que, poluindo a sua essência, ainda polui a própria essência nativa, transformando em novidades as vertentes naturais de um Rio que deveria correr para o Mar.

As tardes que banhavam o sentar descansativo de centenas de ferroviários, que se acomodavam na sombra da amendoeira do "Bar Mocambo", ainda são as mesmas. Tem o mesmo frescor dos anos 40. Apenas não recebem mais os vultos alegres, as fofocas e os fugidios momentos de encantamento onde as bicicletas eram as testemunhas e esperavam para serem tocadas até Imbetiba quando, o ultimo Buzo tocava anunciando a volta ou a ida dos Trabalhadores da Estrada de Ferro Leopoldina.

Era, destas figuras, que se misturaram a uma Macaé forte com produtos de filhos e netos que tiveram início nos anos 40, que me propus a escrever.

Pouca gente sabe e acho que nunca foi retratado em livros os inícios da vida dos ferroviários de Macaé no tempo dos Ingleses.Homens semi -analfabetos, pioneiros na formação de um trabalho se aperfeiçoavam na tarefa de mexer com as máquinas e ferramentas que chegavam ao ponto de dar aulas de conhecimentos a engenheiros estrangeiros que aqui vinham.

Eram das "Maria Fumaça", com seus vapores tocados a lenha, que se faziam a verdadeira história deste país nos anos que antecederam ao Petróleo.

Desde Macaé, passando por Campos dos Goitacazes, indo a Cachoeira do Itapemirim, Vitória e Bicas, em Minas Gerais, homens e mulheres aqui aportaram e fizeram suas vidas nascerem. Filhos serem criados.Igual aos homens do Petróleo nos anos 80. Macaé é a única cidade do mundo que tem uma mistura tão acentuada e forte em sua genética. Desde a Ferrovia ao Petróleo esta mistura é a real motivação de aqui ter um povo extremamente cordial e universalmente feliz.

MOCAMBO

Nos anos 30 e 40, uma vala longa servia de banheiro coletivo onde, acocorados em tábuas e tijolos, os primeiros ferroviários viram nascer esta cidade no progresso da via férrea. Nos anos 80 os luxuosos banheiros, na descoberta do petróleo não diferenciam o objetivo comum da nova formula de progresso. Mudou-se o método mais o objetivo é o mesmo: cumprimento das necessidades fisiológicas.
Muitos que hoje, em luxuosos e cheirosos banheiros, são filhos daqueles desbravadores que tiveram, acocorados a uma vala fedida, a coragem de dar os primeiros passos para esta caminhada que se aproxima do fim.

'No Balcão do "Mocambo" não se vê mais seu Nicomedes com suas alegres risadas. Temos apenas que nos confortar com a ida de Gilberto para o balcão da "Taberna da Praia" onde ainda se pode recordar entre outros os velhos papos dos anos 50. Gilberto, "Dodô", Nilcemar "Mamá", "Nensinho Cauby" e Assis "Gozado", ainda são remanescente do autodidata que se esvaem nas escaídas de uma cidade que, some a cada tacada encaçapada, na história da existência e no ultimo gole de um chope gelado.

MANACÁS

A rua da Praia, cercada de Manacás, escondia os mal pagadores que, para não passarem na "Rua Direita" e serem cobrados, davam a volta por "detrás dos pés de Manacás" com destino ao cinema e a Boa Vista. Quando "neguinho" via algum se dirigindo para lá já gritava, em risos altos e terrivelmente mal aceitos: "Já vai, heim?

Ainda sinto o cheiro da maresia que vinha nas ondas de Imbetiba com peixes pulando sobre ondas e indo até a praia, pegos com as mãos. Não acreditam? Pois eu mesmo já apanhei muito peixe com as mãos nas pedras rodeadas de mar em Imbetiba e na pedra dos Cavaleiros onde hoje, as crianças do Projeto Botinho do corpo de Bombeiros, se reúnem.

Quando algum Ferroviário, mais elegante vinha pedalando uma Monark com aros cromados falavam aos cantos: De bicicleta "Novinha em Folha heim":? Até hoje não sei o porque desta frase "Novinha em Folha".

Quem gostava muito de desfilar com uma Monark colorida e,que acendia luzes ao toque mágico do freio na mão esquerda, era Lamanda e Maury "Loucura de Maio".

A ferrovia marca o início de uma transformação profunda na cidade nos anos 30, 40 50. Não só pela cultura que se misturava como pelo casamento com gente nativa. Miramar, Cajueiros, Aroeira, Imbetiba e Praia Campista foram as semeaduras destas misturas de sangues, vindo dos trilos das velhas locomotivas nas transferências de gente de toda a parte. O que acontece hoje com a Petrobrás, na mistura de gente e raças foi, iniciada com a ferrovia.

Num canto de mesa, do Bar Mocambo que tinha a Amendoeira, plantada pelo pai de Ruy Pinto, quando alí havia a séde da Alfândega, com sua vertente sombria natural e fresca, uma Velha Rumba sonoriza rastejante e assume o ambiente das recordações:

"Um dia.
Uma vez lá em Cuba,
dançando uma rumba,
disseram que eu era.

E o breque repetia em todos os ouvidos que viviam a época:

"Escandalosa
Escandalosa"

E todos iam ia assobiando e cantarolando com destina as Oficinas de Imbetiba a espera do Buzo do Meio Dia. No auditivo de todos os velhos ferroviários, o som da Radiola do BarMocambo de seu Nicomedes Aguiar.

MISTURA DE RAÇAS

Macaé ganhou com tudo isso a forte raça que desponta nos anos 2008 com belas e opulentas cabeças nascidas destas transformações. As misturas iniciadas no final do Século com a chegadas dos Petroleiros, fortalecem ainda mais a vertente sanguínea de nossa formação nos próximos 20 anos. São homens de todas as cidades do Brasil outros do exterior que chegam a cidade e se amalgam as nossas culturas nativas.Trazem suas Histórias, suas Canticas, sotaques e Lendas. Seus filhos e filhas que com os nossos formam a cultura que não se encontra em lugar nenhum do Brasil.

Nos colégios, Públicos ou Particulares os meninos e meninas buscam fortalecer o vínculo de uma nova cidade que, saída do ciclo da Ferrovia, entra no ciclo do Petróleo com o fortalecimento de um novo afetivo entre seus descendentes.

Assim como nos anos 30 e 40, a nativa e pura Macaé recebeu os velhos ferroviários, ela hoje, nos anos 2000, recebe e, se mistura, com velhos Petroleiros que fazem revigorar o sentimento do amor universal que faz a cidade crescer. Novos Bairros são formados com habitantes que chegam em busca de trabalho onde iniciam a troca de informes culturais e aprimoramento da nossa cultura nativa.

DAS NOSSAS FRIVOLIDADES

A gente fazia nossos "Barquinhos" de folhas de jornal ou de cadernos deixados, a correr, por entres pingos de chuvas em beiras de calçadas. Era assim as Ruas que davam acesso a Praia de Imbetiba. Rua do Meio (Dr. Bueno), Rua da Poça (Luiz Belegard) e Rua da Igualdade (Cemitério). Ficavamos observando para ver onde iam nossos sonhos tão belamente vestido neste paraíso que só crianças e velhos podem ver e sentir. Barquinhos de Papel que viajam em muitas mentes infantis por este mundo afora. Barquinhos que o cimentar e o asfaltar das ruas deixou no esquecimento na poeira da vida... (José Milbs de Lacerda Gama, memorialista, cronista e jornalista. Editor de www.jornalorebate.com )

2.4.08

as ruas empoeiradas sentem saudades de Flauber Machado o nosso "Flobé"

Acontecências II

FLOBÉ? SIM, O NOSSO ...

O Rebate on-line abre as paredes empoeiradas da memória do Escritor, jornalista e Editor JOSÉ MILBS para homenagear um dos mais belos símbolos de nosso cotidiano. Flaubert Machado: O Flobé para os amigos, pobres, favelados, jogadores de purrinha e toda sorte de purezas humanas que temos em qualquer cidadezinha de interior...

Durante quase 60 anos, 4 ou 5 gerações de macaenses se acostumaram a ver, transitando pelas nossas ruas, uma figura angularmente caída para frente, com semblante de santo, olhar de pássaro acuado pelo homem e uma inteligência que batia no normal e se cristalizava no Saber. Flaubert Machado ou simplesmente "Flobé" como ele gostava de ouvir-se chamado pela periferia analfabeta que o cercava e amava. Pois bem: Este ser fora do normal morreu durante O mês de agosto, num dia em que Macaé jamais vai ter oportunidade de ver igual. Era um tempo ciznento, sol escondido nas paredes das moralhas da rua da Praia e um vento frio que cortava a pele de quem não está acostumado com esta cidade de Sol Aberto...

Diziam todos em Macaé que em lugar nenhum do mundo nunca pairou por aqui alguém com a perspicácia que brotava da fala do bom Flobé. Vox populi, vox dei Flobé esbanjava simplicidade numa cabeça altamente privilegiada pelo divino.

Sua vida foi marcada pela fidelidade aos amigos: pelo amor aos filhos: pela igualdade e pela simpatia.

Forjado na experiência da vida, deu o nome de seu filho - colega de colégio de minha Aninha, de Cláudio Moacyr. A quem lhe cobrava puxa-saquismo ele, num soslaio-sorriso, sentenciava com a certeza do futuro que o filho teria:

"Ele vai se fazer sozinho e na profissão que escolher vai ser igual ou melhor que o amigo Cláudio". Profecias ou saber? O fato é que Cláudio Moacyr Machado brilha no futebol português e o velho pai nos mostrava, sempre orgulhoso, sua foto. A integridade funcional era uma característica do bom Flobé. Fiscal de Rendas da PMM, morreu pobre numa profissão em que poderia enriquecer.

Aconselhava os seus colegas mais novos: fazia valer sua experiência e seu caráter para forçar a vida dos que começavam na profissão. Era candidato a vereador e sua morte deixou uma lacuna na saudade dos macaenses que o admiravam.

No início deste Século fui a Prefeitura tratar de de inventário com Sylvio Peixoto. Pude testemunhar o carinho que todos demonstram com a imagem de Flaubert Machado. Rita e um velho Fiscal de nome João me disseram que eles guardam num quadro um artigo que fiz sobre ele. Falaram da saudade que ele deixou. Seu jeito puro e alegre de ver o mundo ainda baila nas mentes de quem teve o privilégio de conviver com ele Mauricio, antigo e competente servidor da PMM sempre recorda, com saudade, a figura do nosso inesquecível criador de frases e belezas mil...

Se existe ou não existe eu não sei. Dizem que existe e não discorda da existência... Mais que alma boa como a de Flaubert flutua nos bons pensamentos , isto eu afirmo e testemunho.

.Os anos passam e a vida filosoficamente vivida e não entendida de uma alma como a deste macaense faz com que a reflexão de nossas indiferentes passagens pelas esquinas da vida nos coloca no dilema do não entendimento do que podíamos ver. Flaubert era um destes exemplos de vigorisidade intelectual que passava por nós sem que nos apercebêssemos de seus valores e de suas frases que se tornaram célebres nos cotidianos de Macaé.

Para que se perpetue, não só a sua passagem por Macaé mais para que seja entendida sua familiaridade torno pública uma carta que recebi de Franci Machado Darigo, escritora, poeta, historiadora e acima de tudo e o que é mais importante, irmã de nosso flobé...

' Niterói, 11 de janeiro de 1999. Caríssimo José Milbs ilustre escritor. Digo-lhe: Gratitudine, enternecida. Do inesquecível Olavo Bilac ficaram-me os dois primeiros versos do soneto "Irania Verba", e transcrevo-os para quem saberá aprecia-los, movido pela sensibilidade do gesto nobre de enaltecer o amigo-irmão com a intenção de perpetuá-lo na memória dos homens e da literatura

"Ah"! Quem há de exprimir , alma impotente e escrava,

O que a boca não diz, o que a alma não escreve?""...

E porque toda palavra torna-se inútil, eu deveria manter-me em silencio, após tanto tempo , quando mais não se esperava acontecer , não fora eu mulher..

Deparo-me com outra aguda dificuldade, qual seja redigir ao aplaudido Escritor, conceituado Editor, ilustre Jornalista José Milbs de Lacerda Gama.Dirijo-me ao confrade da palavra escrita com desvelo, ainda possuída pela emoção profunda que me causou a homenagem que lhe mereceu "in-memoriam" o meu querido irmão Flaubert Machado, na generosa obra "Cabelos Brancos" (que não possuo), página 09, com chancela da Taba Cultural Editora.

Coube-me a grata ocasião de acompanhar o Flaubert nos seus últimos meses de convivência entre nós , justamente pra testemunhar , comovida, o quanto ele era cultuado pelos macaenses, e pelos mais espontâneos, aqueles da periferia, visitados por nós durante a campanha eleitoral em carro vagarosamente dirigido pelas ruas de nossa Macaé, atravessando populosos bairros , conversando com velhos amigos. Muito afeito ao seu caráter, quando éramos surpreendidos com um reduto político de um concorrente, ele como se desculpava corria uma das mãos pela fronte serena e dirigia-se a outro local.

Nós não o sabíamos, mais aquelas ocasiões que com ele estávamos, minha irmã e eu eram as horas do acaso de sua existência, e ali a oportunidade derradeira de dizer-lhe:

"Nós estamos juntos para o que der e vier, nesta vida e nos espaços absolutos de Deus".

"Quando nossa mãe deixou-nos, dona Elça Gomes Machado, 1989, durante as exéquias o padre João assim se expressou:" Jesus Cristo não é um caçador pronto a abater a presa abruptamente, à espreita. ELE é um jardineiro, que aguarda o momento exato para a colheita no seu jardim".

Esta nossa conversa no final de tarde de 11 de janeiro de l999, acontece graças ao nosso amigo professado Jorge Picanço Siqueira, que teve a delicadeza de me oferecer o inspirado texto "Flobé fiscaliza no céu!", portador do sentimento de fraternidade que ora se instala no meu íntimo, razão das doces lágrimas que não desejo conter , neste momento.

Minha gratidão. Gratitude!"A transcrição da carta" da Francine, conceituada Escritora eu a fiz como uma imposição de meu interior que além de me fazer retratar o carinho de Macaé por este ser que habitou nossa vida no século de uma cidade de eternos apagões mentais também torno público o afeto familiar que sempre emanou destas pessoas com o nosso filosofo maior..Ontem mesmo numa roda de amigos no centro da cidade pude ver o afeto familiar que sempre emanou destas pessoas com o nosso filosofo maior.

Ontem mesmo numa roda de amigos no centro da cidade Ricardo Madeira citava o andar paciente, com suas vestimentas sempre a facilitar o reconhecimento no caminhar inteligente por nossa rua principal trazendo frases e olhares nos horizontes que só ele podia ver.

Era uma pequena lembrança dos cotidianos de uma cidade que se não fosse registrado jamais passaria para nossa história..Flaubert , com sua cândida e pura inteligência ainda exerce grande influência a quantos o conheceram...

1.4.08

Os 14 anos de Lais de Souza Bessa


LAÍS DE SOUZA BESSA COMEMORA SEUS 14 ANOS...

Comemorou no dia 01 de abril, terça-feira, os seus 14 anos de vida. Nesta memorável data,
reuniram-se os seus familiares e amigos para uma simpática festividade para desejar a aniversariante os maiores votos de felicidade e alegrias constantes em sua vida.



(Lais em foto recente na alegria de seus 14 anos)
Laís Bessa é filha de Lídia Risia Marinho de Souza e Fábio Bessa. Durantes as festividades, não faltaram abraços e beijos carinhosos de seus avós Izaac de Souza e Estelita Carvalho Marinho e Agenor Bessa e Rosa Silva Bessa. Diretamente da Florida(EUA), também recebeu os parabens e beijos do cineasta e macaense Phídias Barbosa Filho, juntando-se aos demais no parabéns pra você a aniversariante que estava radiante e feliz na sua melhor data. PARABÉNS DA REDAÇÃO DE "O REBATE".
Durante os anos 70 o então "gráfico de nossas histórias" Izaac de Souza, foi um dos fundadores da nova imágem de O Rebate nos anos de 1976. Foi dele e e seus colegas de então, as composições que marcaram época na vida da imprensa livre de Macaé e da região de Petróleo.