Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

26.9.08

Melancia, Próstata, sua diminuição.Vale a pena fazer isso...


Recebi email de meu amigo Iney Borges Bastos, irmão de Paulinho e Ivair. Ele é pai da jornalista Ivana, ex colaboradora do O REBATE e também pai do competente Ivan
È umemail que fala da cura de algo que assusta as pessoas de minha idade. Assustaemata muitos de nossos contemporâreo.
Transcrevo o email de Iney Borges Bastos que além de competente funciónário BB foi casado com minha doce amiga Leda de saudades mil além de cunhado de Lia de meu velho primo Lélio Almeida...
"

REMÉDIO PARA PRÓSTATA

> Não sou dado a recomendar remédios, mas desta vez não posso

> resistir à divulgação dos resultados milagrosos que venho constatando

> pessoalmente. Por sugestão de um cunhado meu, comecei a

> cerca de um

> mês a tomar diariamente um copo de suco de melancia com os

> caroços,

> visando a diminuir o tamanho da próstata. Já há algum

> tempo venho com

> dificuldade de urinar e fazendo controle periódico do

> estado da

> próstata. Depois do tratamento já melhorei

> substancialmente. No caso

> do cunhado que me recomendou o tratamento, ele já estava

> em preparação

> para uma cirurgia quando recebeu a receita de um médico

> naturalista.

> Em quatro meses de tratamento, o tamanho se sua próstata

> reduziu-se

> bastante, dispensando a cirurgia, para espanto de seu

> médico. Ao que

> se suspeita, os resultados milagrosos devem-se ao alto teor

> de

> Licopeno da melancia. Portanto, não custa nada

> experimentar. No pior

> dos casos vocês estarão tomando um gostoso suco. Na

> expressão latina:

> quod abundat non noscet (o que abunda não prejudica).

> UM abraço.

> Helcio"

23.9.08

ADÃO SAPATEIRO, MODELISTA, POLITICO E GRANDE HISTORIADOR DAS VIVENCIAS CAMPISTAS E MACAENSES


O SAPATEIRO, O ALFAIATE E A NOVA DEMOCRACIA

O sapateiro e o alfaiate da Nova Democracia



Batendo o martelo nas coxas, já calejados pelos anos, o velho Djecyr Nunes da Gama, sorri de lado.

— Sapateiro é porque bate sapato? – pergunto querendo puxar conversa só para ouvir a sua voz gaga, mais que sonorizante de amor fraterno.

— É sim, responde fechando o sorriso –, ciente que eu já sabia a resposta.

Aí eu insisto:

— Pai, aquele pião que o senhor me deu, com a fieira de barbante branco, quando eu rodo ele na calçada as crianças dizem que é um “pião sapateiro”, que fica pulando, igual ao Pica-Pau dos desenhos animados. Acho que agora estou entendendo o que o senhor quer dizer. Esse toc, toc, toc, toc do martelo, no ferro igual a um pé, virado para cima, que o senhor bate na sua coxa, na roupa toda remendada pela vovó, é o motivo do nome sapateiro, não é?

A tarde sempre era assim: na volta do colégio e a sentar-me junto à sua bancada. Batidas de solas, mãos firmes no manejo de um negócio igual uma navalha que, uniforme e lindamente tocada pelos dedos do mestre, ia torneando o couro, dando formas de sapatos. Latas de colas, olhar fixo na arte e a certeza de que o suor que escorria de seu lindo rosto, torneado de um morenar meio aloirado, lhe garantiria o sustendo da família.

Meu pai se orgulhava da sua profissão, como o Paulo Rodrigues Barreto, da de alfaiate. Dois mestres, duas certezas assegurando o belo do artesanato.

Nasceram ambos nos sertões dos Campos dos Goitacáses. Paulo, com seus dedos endurecidos pelos anos da profissão herdada de seu pai, era a excelência no trato. Orgulhava-se ao me contar que havia feito os mais lindos ternos de linho, à mão, em quantidade superior a uma centena de pessoas no norte do Rio de Janeiro.

Djecyr falava de seus trabalhos em cromo alemão que duravam anos para que voltassem às mãos dele ou de outros sapateiros. Era calçado para nunca se acabar — orgulhava-se, também para mim, o velho pai guerreiro e herói.

Estes dois, entre tantos e grandes personagens de minha vida tinham, além de uma linda e harmoniosa arte no manejo das mãos, uma coisa em comum: eram extremamente políticos, por isso humanos em nossa época. Da Gama, meu pai, e Paulo, meu amigo, entendiam o mundo, em sua formatação, com uma clarividência supreendente e que enriquecia minhas concepções do mundo.

Claro, forçoso dizer, talvez, eles tivessem muitos amigos no poder. Porque sapato de “couro alemão” e “linho 120” não eram obras para as massas, para o povo trabalhador. Mas eles também faziam saltinhos, meia-solas, pregavam chapinhas em sapatos que acabavam de um lado, remendavam calças, diminuíam bainhas e faziam toda sorte de “biscates” que os punham frente à frente com a massa sofredora do povo de região onde habitavam. Jamais deixavam de socorrer o povo pobre e nunca negligenciaram na sua arte por isso.

Djecyr Nunes da Gama e Paulo Rodrigues Barreto sabiam que a degeneração capitalista haveria de destruir suas profissões. Anteviam que máquinas possantes prosseguiriam, sempre mais velozmente, fazendo ternos e sapatos em série, mas deformados e que encolheriam na primeira lavagem ou chuva, que se acabariam na primeira tropeçada na calçada e se encheriam de lama até os calcanhares...

E a produção foi se transformando em coisa de baixa qualidade, a princípio baratas, depois caras e quase descartáveis. Sapatos e ternos saídos das grandes fábricas onde a força de trabalho não paga ofertada pelos trabalhadores desempregados animam, ainda mais, a fome destes genocidas. Tudo isso me faz, agora, entender melhor suas falas de uma beleza feita de coragem e convicção, até mesmo frente à certeza do fim de suas profissões.

Da Gama e Paulo Barreto acreditavam na via parlamentar para a chegada do povo ao Poder. Gama, com sua experiência no Sindicato de Curtumes e Derivados de Couros, em Buenos Ayres, onde morou e dirigiu o sindicato no governo Perón, e Paulo como velho petebista/brizolista. Claro que ambos desejavam ardentemente um governo do povo.

Estas duas mãos não mais irão cozer solas e panos. Seus corpos estão enterrados, estrumando com suas essências as terras que os cobrem. Eu lhes empenharia minha palavra, se pudessem ouvir, no entanto, que o menino/filho cresceu e o amigo/filho amadureceu. Não foi em vão a fé de ambos no socialismo, aquela que, incansáveis, transmitiam para quem merecesse ouví-los. Absorvi, desenvolvi e preciso honrar suas memórias, convicções e seus ídolos, que mesmo padecendo de precisão algumas vezes, eram passos honrados para a compreensão da Nova Democracia que vingará as lutas de tantos quanto aqueles dois, que tombaram terra mas nos legaram o ensinamento dos primeiros passos...
A MORTE DE ADÃO

Esra crôncia retrata a presença de Adão na vida cultural de Macaé/Campos. Sapateiro, como meu pai da Gama, Campista como ele e grande observador das transformações da sociedade. Adão sempre esteve ligado a tudo que se dizia respeito a comunidade de Macaé. Politico sem nunca aceitar ser candidato ele navegava nas idas e vindas das belezas macaenses/campistas. Sempre cercado da intelectualidade dos anos 70 e 80 era de Adão que vinha, com sua vóz gaga mais que tinha a sonoridade da autenticida. Às vezes eu catucava ele e dizia: Adão, meu pai Djecyr era também Gago, Campista, Sapateiro e Politico. Não seria isso uma marca da profissão?" Adão ria e desfilava uma enormidades de fatos que colocava a mostra sua capacidade de liderança.
Brizilista, amigo de muitos dos mais autênticos intelectuais de Macaé de Campos ele deixa saudades a todos que se acostumaram com sua trajetória alegre da Rua do Corpo de Bombeiros até o calçadão da Rua Direita. De vez em quando em companhia de seus netos e outras na solitária presença nas ruas de Macaé que ficam mais vazias com sua morte.
Sendo um dos meus mais velhos amigos e conselheiro quero estender, em nome de "O REBATE" aos seu familiares os sentimentos de toda nossa geração. Da última ocasião que soube de sua presença em vida foi de seu belo filho que conheci aqui na "Estância Vista Alegre" onde moro e edito o jornal.
Que seus filhos, netos e familiares saubam que o nosso "Adão Sapateiro e Modelista" influenciou muito na transformação de nossa região.(Jose Milbs de Lacerda Gama editor de www.jornalorebate.com )

21.9.08

Diomar Salgado morre com o brotar da Primavera que sempre viu florir...


Viúva do Ricardo Salgado que fez histórias no soerguimento da Cooperativa Agropecuária, onde foi por vários anos presidente, Dona Diomar deixa uma história de longos 86 anos. Maioria deles vividos em nossa comunidade. Com seu viver tranquilo, sempre voltado para a criação e o orgulho de seus filhos Ricardo, Rogério e Roberto, ela não gostava de ficar ausente do lar.
Mesmo nos "bons tempo" de uma região de petróleo sem violência, era, no aconchego de sua casa, que procurava sempre ficar.
Dona Diomar dividiu os seus últimos anos de vida se revesando com os seus filhos em longas hospedagens.
Conheci esta senhora quando dirigia o jornal "O REBATE" nos anos de 1970. Levado a sua residência a convite de Ricardo Salgado e Carlos de Freitas Quintela para uma reportagem. Preocupada com as travessuras de crianças, ainda teve tempo para as cortesias naturais a uma presença estranha.
Revi, 40 anos mais tarde, precisamente no ano de 2007, quando de uma visita a Artista Plástica Sônia Rocha. Sentada num confortável sofá, com a mesma tranquilidade que pude ver nos anos de 1967, Dona Diomar não deixou que o tempo lhe turvasse o olhar e, quando da apresentação: - " Dona Diomar, este aqui foi amigo de Seu Ricardo Salgado. È Jose Milbs", me senti jogado no túnel do tempo e pude ter a certeza de que sua memória viajou feliz e sorridente ao encontro de um tempo que ela sabia ser dela; dos seus filhos; do seu saudoso esposo e dos amigos dele...
O que reside de belo na lucidez dos portadores de Alzheiner é o silêncio do entendimento que não temos como penetrar. È como se o mundo, interiorizado por seres privilegidos,fechasse as portas do real escuro e abrisse a claridade. Dona Diomar não perdeu jamais o olhar fixado no horizonte que harmoniza os seres com a criação. Por isso é que partiu com o mesmo carinho familiar que sempre soube ministrar a filhos, netos, sobrinhos e amigos...
O REBATE, nos seus 75 anos de Histórias na Região de Petróleo,perpetua no www.jornalorebate.com o passamento de tão bela senhora e estende a seus filhos os sentimentos. ( José Milbs de Lacerda Gama editor )

13.9.08

ZILDA BENJAMIM AGUIAR, AOS 94 ANOS, LEVA HISTÓRIA DAS NOSSAS ESSÊNCIAS...


No final dos anos 40, quando o Partido Comunistas ainda estava na legalidade, um jovem foi convidado para concorrer a Prefeito de Macaé. Sidney Aguiar aceitou a indicação e pôs seu nome para a escolha popular. Uma vida ecológicamente correta fez com que este homem fosse morar longe dos borburinhos da cidade. Casado com Zilda que, fiel aos desejos do Sidney, manteve o local intocado e cheio de lindas recordações. As Palmeiras, as belas árvores tudo fazia parte do encantamento desta linda senhora, que aos 94 anos, ainda lúcida contava fatos e havidos de sua exisência.
Zilda era uma grande amiga do "O REBATE". Desde os anos de 1932 mantinha uma assinatura que fazia questão de renovar por telefone e sempre conversava comigo sobre as pessoas que lhe eram afetivas. Recordava de Délio, Antonio, Azuil e Carolino seus irmaõs e sorria feliz quando recordava de meu pai Djecyr Nunes da Gama que tiuha sido colega de farda, no Forte Marechal Hermes, de Délio Benjamin a quem meu pai chamava carinhosamente de "Délio Garrafão". Azuil e Antonio fizeram histórias nesta cidade.Antônio foi Prefeito e Azuil modernizou e socializou a relação dos servidores com o Executivo.
Zilda era uma personagem destas presenças macaenses em nosso cotidiano. Sua bisneta Carla,amiga de Lucia é o seguimento de uma relaçao afetiva que rompe gerações e forja a certeza que viver é sempre bom e salutar.Por coincidência foi Lucia quem me fez ciencia da morte de Zilda. Ela sabia do meu afeto por esta linda senhora.
Aprendi a gostar de Zilda. Na minha infância estudei com "Sidiroca" e o revi algum tempo. Caminhos diferentes em nossas vidas. Ele no ramo de Construção e eu teimando em "Bater teclas e fazer histórias". Se não consegui riquezas materiais, devo ter aprendido com Zilda Aguiar a manter o que recebemos. Ela o sítio de seu velho companheiro e eu de minha velha mãe. Estamos distanciados dentro da geografia macaense. Ela, no que se denominou charmar-se de "Bairro da Glária" e eu no que também se chama "Novo Cavaleiro".
Minha Palmeira plantada a 30 anos deverá avistar-se, daqui uns 40 a Palmeira que ela plantou com Sidney nos anos de 1940...
Passamos e fica a história para ser contada. A de Zilda Aguiar Benjamin ousei e peço permissão para contar um pouco. Uma das mais ilustres senhoras de nossa essencia. Mulher guerreira que, do alto de seus quase 100 anos, soube manter altiva a busca dos ensinamentos sociais. Sabia que tudo que a gente faz serviria de exemplo para os que nos cercam. Quando, nas poucas que pude conversar com ela, senti o quanto ela reverenciava a ausência de Sidney e procurava viver o que ele acredita ser o melhor para o mundo.
Arrisco dizer, ao finalizar esta crônica sobre sua morte, que Zilda transmitia, no "silêncio que falava em seu olhar",a verdadeira essência do Socialismo puro e a certeza de uma NOVA DEMOCRACIA.
As seus filhos, netos e bisnetos, os sentimentos da imprensa livre da região de Petróleo na afirmação de que o "O REBATE" cumpre, mais uma vez, sua missaão histórica.
Morre a mais antiga leitora deste jornal de 77 anos de histórias. Minha amiga Zilda Benjamin Aguiar que me ajudou muito, com seu olhar de pura meiguiçe, voltar a escrever.Obrigado Zilda. Descanse. Sua missão foi cumprida.José Milbs de Lacerda Gama editor de www.jornalorebate.com

11.9.08

MAX MANCEBO, FILHO DO PATRIARCA DOS MANCEBOS, PAI DO MEU AMIGO MAXTONI E TIO DA BELA LUANA MORRE EM MACAÉ


Max fazia parte das ruas empoeiradas de nossa região. Gostava de política, herdada dos Mancebos dos Sertões bravios de minha carapebus. Brisolista dos mais ferrenhos foi suplente de vereador e misturava suas belas alegrias em contador das história de Macaé e sua gente como pequeno comerciante que, na verdade usava a profissão quase como troca. Não visava lucros e sim fazer grande amigos. Ao redor de suas falas todos se encantavam com peripécias que vinham desde as vielas de Carapebús, passando pelas caçadas na propiredade de Zé Paco Mancebo até as terras virgens do velho tio e amigo Diogo Mancebo Reis. Fiel a tradição de sua familia, berço dos valentes jovens como Celso Mancebo, covardemente abatido por trás, a mando de policiais coruptos e medrosos até a meiga presença de Mirian Mancebo que fe e faz histórias na publica de Macaé.
Max Mancebo foi um autêntico Carapebuense/Macaense. tinha orgulho de seu filho e meu amigo Maxtone e se encantava com a simplicidade de Luana Patrocinio, menina inteligente que presta seus serviços no Cetep, aos 16 anos, ao Projeto nova Vida. A tristeza de Luana era a tristeza que brotava em todos, como o autor, que soube de sua morte.
Filho do seu "Chico Paco", velho comerciário que criou a "Formula do Licor Pesseguete" que até é vendido em vários Estados do Brasil. "Seu Chico" nunca ensinou a verdadeira e original fórmula do Licor. Dizem que foi cortejado por grandes quantias e negou a fórmula...
Os anos 60 e 70 foram de grandes amizades nas ruas macaenses, com idas e vindas ao Cine Taboada e Santa izabel. Era ali, nas andanças da Ruy Barbosa que ficava fechada com cavaletes para que "as meninas e os meninos" pudessem se entreolhar de soslaio e começarem seus namoricos, que o vulto belo de olhos esverdeado e olhar timido de Max seu suas primeiras cartadas.
Com seus primos Moacyr Prata Mancebo, Marlécio, Celso Mancebo e uma gama de moradores das periferias de Macaé, Max forjou sua presença e malhou com ferro e fogo, na bigorna da existencia, sua marca registrada de menino simples e bom...
Aos seus familiares os sinceros sentimentos de toda equipe do "O Rebate" que ele sempre gostava de ler as notícias e dava informes das velhos histórias de Macaé e carapebus. ( Jose Milbs de Lacerda Gama editor de www.jornalorebate.com

2.9.08

Camara Municipal recebe corpor do ex-vereador Antonio Carlos de Assisl


MORRE EM MACAÉ O MINEIRO DE LEOPOLDINA ANTONIO CARLOS DE ASSIS

O mês de março ainda esta começando e me deu vontade de ir à cidade. Rever velhas ruas enfeitadas pela sofisticação e poder abraçar antigos amigos que ainda circulam ou perambulam pelo centro frio de Macaé. As conversas não mudam. Rever estes papos faz parte da existência de qualquer cidade de interior. O mesmo vento ameno que vem do encontro do Rio Macaé com as águas esverdeadas do Oceano trás até meu olfato a sutileza da harmonia natural que o homem ainda não conseguiu destruir nesta cidade de esquecimentos eternos...
Soube da presença de Antonio Carlos de Assis e rumo para uma visita. Anuncio minha chegada e a sua companheira é avisada de minha chegada ao prédio. Imagino um rápido olhar dela e o consentimento de minha ida ao seu aposento. Falavam para mim de sua doença, de sua cadeira empurrada por outros e até do "perigo de salvar-se" dos males que seu corpo tinha sito vitima nos últimos meses.
Em poucos minutos me vejo sentado em sua sala à espera de sua presença. “O “velho” Capitão” vem ao meu encontro. Nada de cadeiras de rodas, nada de pijamas e longe de um abatimento corporal. Um simpático enfermeiro o segue com os braços abertos para evitar o tombamento de seu corpo. Nada acontece. Capitão chega para meu cumprimento com o mesmo olhar que conheço hà mais de 40 anos. Com o mesmo sorriso que faz com que sua beleza não se esvai. "Nada de parecer cambaleante na presença do velho amigo". Deve ser seu pensamento ao sentar-se a minha frente. Estava ali o seu companheiro de grandes jornadas sociais e políticas e este não seria nunca o momento de uma flacidez corpórea. Capitão estava firme, pensamento provocado por minha voz amigo lhe fez falar com a firmeza que sempre torneou sua existência.
Elegantemente estende suas compridas pernas que tanto estonteou mulheres e provocou nos homens por onde passou ciúmes e olhares de desconfianças e, mansamente me fala de sua doença. Está a minha frente o mesmo Antonio Carlos dos anos 60 e 70. Mesmo olhar que tanta alegria e sorrisos amenos foram provocados em Cláudio Moacyr, Cláudio Upiano, Euzébio Mello e Filinho Monteiro. O mesmo semblante que conquistou o coração de minha amiga Marilena e o carinho de Carlos Augusto Tinoco Garcia, Paulo Rodrigues Barreto, Álvaro Paixão Junior e do Desembargador Ronald de Souza.

Este Antonio Carlos de Assis estava ali, vivo tentando balbuciar carinho com a minha presença e falando de seus filhos com o mesmo brilho que sempre fluía nos anos de suas infâncias. Orgulhoso das duas filhas que são famosas no mundo artístico e das inteligências dos dois meninos. Ainda dava cartas e jogava de mão o velho comandante das noites...
Mineiro de Leopoldina Antonio Carlos de Assis ousou desafiar a velha sociedade macaense dos anos 60. Uma sociedade bolorenta e cheia de preconceitos. Uma sociedade onde pobre e negro não podia freqüentar seu clube social e que mulher separada era barrada em suas festas. Uma sociedade porcamente falsa, traiçoeira e fedorenta mais que podia comprar perfumes caros. Capitão veio, e nesta falsa sociedade fez o rebuliço que o Colunista de Acontecèncias nos anos 60. Euzébio Luiz da Costa Mello, chamaria de "avesso do avesso". Como nos personagens de "TEOREMA" ele foi espacejando o preconceito e se firmando como vencedor.
Cercado de todo tipo de gente sempre era manchete no O REBATE nos anos 60 e Responsável por longas e inteligentes crônicas do BOM FUTEBOL que sempre determinava o destino das belas jogadas do futebol arte macaense nestes anos.
Raciocínio rápido e olhar que fala foi temido por políticos que se enriqueceram com o desvio de dinheiro público e que se afastavam dele com receio das descobertas de suas falcatruas. Fui sem amigo e jamais o vi participar de qualquer tipo de deslize com o erário público. Vereador, líder empresarial, sua existência marcou uma época de grandes transformações na cidade. Cercado de ricos e pobres ele, elegantemente sem perder a pose, me disse que iria para o Rio de Janeiro.

No inicio do mês de setembro de 2008, recebo um telefonema que me diz de sua morte na madrugada fria deste meio inverno macaense. Morre aos 74 anos o meu velho companheiro de andanças nas noites do Rio de Janeiro, das indormidas madrugadas do O REBATE nos anos 70 onde ele foi meu diretor de publicidade. Antonio Carlos de Assis fez histórias em Macaé e nela está, queiram ou não queiram os ciumentos que freqüentam a escuridão da cidade mais clara do Brasil. Capitão sai deste palco e vai ficar em cena no teatro sério da dimensão maior. Vai juntar-se a outros valores de nossa cidade que, não sendo entendido por aqui o será por certo onde repousa as mentes avançadas.

Criador do Clube dos Diretores Lojistas teve belas idéias sociais durante sua vida na comunidade. Vereador, líder social, previa o crescimento da Região de Petróleo e queria por que queria que a cidade fizesse mais de 15 mil casas populares. Falava sempre que seu grande objetivo era criar cursos profissionalizantes para as pessoas carentes de nossa cidade.

Fizemos grandes projetos quando ousei ser prefeito de Macaé em 1970. Eu, ele, Cláudio Upiano, Euzébio Mello, Armando Barreto, Ivair Nogueira Itagiba, Fernando Frota, Izaac de Souza e muitos Gráficos de nossa História, imaginamos a Macaé dos nossos sonhos. Neles o meu velho Capitão Antonia Carlos caminhava alegre com novas idéias. Falava e gesticulava na certeza de nossa vitória. Sua perspicácia era a marca registrada de sua personalidade. Penava sempre à frente de uma geração que se acocorou ao poder e a acomodação.

Sua morte deixa uma lacuna de difícil preenchimento na vida da Região de Petróleo. As seus familiares os sentimentos de O REBATE ao velho comandante Antonio Carlos de Assis, (José Milbs de Lacerda Gama editor de O REBATE ·).

Com seu filho Guto Garcia e Antonio Sérgio Assis orgulhos do meu amigo Capitão, aos quais passou a a alegria se ser Fluminense e a sua atual companheira Girslane que o tratou com afeto em seus últimos dias de vida, fica a saudade...
As 16 horas de 02.09.2008 Uma grande multidão de amigos, politicos, pessoas da comunidade pobre de Macaé, vereadores e grande comoção marcou o sepultamento do Antonio Carlos de Assis no Cemintério de Santana. O prefeito Riverton Mussi Ramos e todo o seu secretariado estiverm na Câmara Municipal.