Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

31.7.09

Filho de Lorinho - Odalci Mota - me escreve fico emocionado e transcrevo texto sobre este meu grande amigo...


Tivesse eu, como jornalista e contista, poder homenagear todos os vultos de minha passagem de existência. As memórias batem, se esparramam no túnel alegre do tempo e podemos rever, em vida e em feliz vózes, as pessoas que nos marcaram bons momentos. Odalci teve esta fenomenal presença.
Em 1958, quando eu tinha 18 anos e fui lançado a vereador pelo PTB de Jango, sob o apadrinhamento de Luiz Gonzaga da Paiva Muniz, meu grande amigo e um valoroso brasileiro, tive meu primeiro contato com Odalci. Fomos, eu, Paiva Muniz, Ruy Moutinho de Almeida, meu primo Aristeu Ferreira da Silva, Jacy Moreira, Gerson Maciel de Miranda (filho do então Senador pelo PTB Tarcisio de Miranda, Waldyr Azevedo numa Papelaria que tinha na Rua Direita. "PAPELARIA O REBATE". Um lindo menino, aloirado e muito feliz, atendeu a gente. Paiva e a cúpula do PTB iria fazer as cédulas de nossos candidatos a vereadores. Paiva, olha para mim e diz: "Pinguin, que menino esperto. Não deve ter mais de 13 anos. Trabalhando, se desembaraçando das missões. Gostei dele". (Paiva Muniz era famoso no PTB por descobrir lideranças. Roberto Silveira e Jango sabiam disse e ele tinha destaque no partido nacionalmente).
Quando Odalci voltou de dentro da Oficina de O REBATE, como os modelos de cedulas, perguntamos o seu nome. Ao dizer que se chamava Odalci, eu e Paiva fomos, quase ao mesmo tempo dizendo: Vamos te chamar de Lorinho. Ok? O menino riu e dai para frente, no Colégio Luiz Reid, no PT, na Telerj e em toda a cidade, Odalci era o nosso Lorinho...
Hoje recebi de seu filho Fabrício Mota um emocionante email que transcrevo:
Boa noite Jose!

Estive lendo a reportagem escrita por você no Jornal o Rebate em 2007 sobre meu tio Manfredo e meu Pai Odalci, e gostaria de lhe agradecer as palavras escritas, confesso que em certos momentos me emocionei, e pude reviver momentos de alegria com meu pai, quando criança sempre ouvi ele falar de sua pessoa, um amigo que ele guardava no coração. Com certeza ja nos conhecemos quando eu era mais novo porém o tempo me apagou da memoria e gostaria muito de uma dia lhe agradecer pessoalmente pelas palavras e quem sabe ouvir de você outras historias que tiveram na compahia do meu pai como por exemplo as reuniões para fundação do PT. Deixo aqui meu contato para podermos conversar melhor um dia. Tel: 22-78353619. Abraços Fabricio Mota...
Transcrevo o texto que fiz em 2007.


Lorinho, o nosso Odalci

O ano era de l979 e era muito difícil formar o PT em Macaé. Além do temor de participar de um partido que se ensaiava como de esquerda, Macaé, historicamente, tinha suas raízes de esquerda num modelo diferente onde os anos de lutas tinham no PCB a hegemonia.

Tínhamos uma missão difícil. Fomos à luta para fundar o partido. Euzébio Mello, Honório José, Omir Rocha, Odalci Motta e Eu. Estava feita a primeira comissão do Partido dos Trabalhadores do Estado do Rio de Janeiro. Depois se fundou no Rio e o PT se espalhou. Hoje é um partido gordo bem nutrido e, em alguns de seus membros com cara de PSDB e PSD. Bem distante das origens mais ainda com cheiro de PT apesar dos perfumes importados que alguns usam nas noites macaenses. Mais ainda tem a teima dos que, iguais a Lorinho, Euzébio e Omir, sabem que a mentira tem pernas curtas e que a fantasia tem que sair após as festividades do Poder.

Nós fundadores sabíamos disso por essência ideológica. Euzébio se foi. Omir idem e agora perdemos o nosso Lorinho em triste desastre de automóvel.

Odalci sempre esteve à frente das lutas políticas de Macaé. Na Telerj, onde trabalhou por anos e anos, sempre esteve ao lado das justas lutas de seus companheiros preferindo as poeiras das ruas ao refrigerados da diretoria. Era sempre com seu olhar brejeiro e sorriso tímido que a gente o via nas ruas de Macaé onde sempre esteve. Lorinho vem de uma história nitidamente macaense. Na Rua 7 de setembro onde morou com sua mãe com Ceil e Ilse seus irmaosirmãos ele começou trabalhando no O REBATE com Milton Madureira com quem aprendeu o valor do trabalho profissional. Estudando no Luiz Reid foi para a Telerj onde saiu para o trabalho particular. Fiel a família tinha grande carinho por seus filhos e era deles o seu orgulho quando se tinha tempo para conversar. Sua coragem nas lutas ele sempre que podia me confidenciava vir do sangue dos Motas. Havia uma quase certeza que era descendente de Motta Coqueiro. Lourinho é mais um pilar da história das nossas ruas que se vai prematuramente como foi Euzébio e Omir. Parece que o destino tinha que fazer uma das suas e ceifado a vida deste bravo companheiro. Morreu trabalhando o bom e puro Lorinho da Telerj.

As lagrimas que corriam da face do amigo Izaac de Souza e a tristeza do olhar meigo de Mazinho Rocha,no momento que comunicavam a morte de Lorinho, eram a demonstração do afeto que eles tinham por este bravo companheiro...

Com Lorinho se podia conversar sobre as belezas de uma velha cidade que teima em esquecer os verdadeiros valores de suas ruas empoeiradas e alegres...(José Milbs de Lacerda Gama editor de "O Rebate" www.jornalorebate.com

27.7.09

Milcélio de Azevedo, um grande macaense, vive hoje no Bairro Aeroporto o revi neste Domingo frio de Final de Julho

Domingo sempre vou até os Bairros distantes da cidade. Em companhia do meu velho amigo Honório José da Silva, revejo alguns dos mais ditantes e novos bairros da Região de petróleo.
Ao comprar um Pão Mineiro e alguns doces, extintos das Padarias enfeitadas da cidade, olhe de soslaio e vejo uma linda vóz das antigas em harmonia com o vento frio que soprava no Bairro. Penso: só pode ser o meu velho amigo da Rua da Boa Vista e das velhas lutas políticas dos anos 70.
Era mesmo o Milcélio. Antes eu tinha visto o Almir Tucun carregando algumas sacolas. Gritei mais "Tucun" olhou para cima. Piquei matutando. Será por que o Almir Vieira Tucun tinha olhado para o alto quando gritei bem perto dele ns janela aberta do barro de Honório.
Milcélio atendeu meu chamado e foi logo me chamando de "Milbon" um apelido carinhoso que ele adaptou ao meu nome José Milbs. 1000 Célio era um dos mais ferrenhos defensores das renovações politicas de nossa região e teve um pequeno mandato de vereador nos bons tempos onde ser vereador era uma obra de maestros politicos que jamais vendia o seu voto...
Bons tempos...
Assim que nos afagamos num abraço ele foi logo dizendo ao amigo que lhe acompanhava; Estava falando em você, Milbon. Dizia ao meu amigo aqui que você é um dos mais inteligentes escritores que já li. E, o olhar de lado ao seu acompanhando, pedia e tinha a confirmação.
Que isso, 1000 Célio. È que somos amigos e ai você não sabe separar isso e me vê com esta inteligência que nasce no afetivo...
Milcélio é um dos mais sérios vultos desta região. Funcionário Público Municipal, ex Sargento do Exército Brasileiro e um cara que não se dá bem onde não existe o cheiro do POVO.
MUdou-se para o Bairro do Aeroporto assim que a cidade e muitos moradores se tornaram diferentes com a chegada do progresso. Preferiu ir morar junto aos moradores simples de bairros simples.
Disse que o Tucun, com ele também estão ficando surdos. È a proximidade dos 80 anos de Histórias, penso e lhe abraço sem deixar que veja minha emoção...
Milcélio leu meus escritos que seriam um livro com o Título O PINGUIN DA RUA DO MEIO e assim se espressou ao final da leitura:

COMENTÁRIO

MILCÉLIO DE AZEVEDO

Com este livro, José Milbs de Lacerda Gama insere-se na Galeria dos Historiadores Macaenses sólida e definitivamente.

Ele nos transporta para uma Macaé , à época provinciana e bucólica, com sua vida de pureza com seus habitantes formando uma grande e amiga família, onde o amor e o respeito recendiam.

José Milbs, com rara felicidade, conseguiu captar , e nos transmitir o clima das ruas e veredas , das classes sociais, a vivência entre as várias e atuais existentes, ao tempo em que Macaé, suas figuras folclóricas, seus educadores, seus formadores de opinião , a formação moral dos seus administradores que tinham na honestidade e no respeito ao erário público motivo do real e justo orgulho.

O Autor nos recorda paisagens com visual já hoje inexistente quando retrata os que foram os barracões da Leopoldina em Imbetiba, a praia, a rua da Praia, do forte, a praça da Luz e as ruas que o progresso modernizou. José Milbs demonstra grande preocupação com o verdadeiro e o humano tendo no existencial . Nos proporciona uma leitura amena, nostálgica para os que vivenciaram a época retratada e conhecimentos históricos para os que não vivenciaram.

Despeço-me de Milcélio, volto ao meu sítio, sento no PCu e escrevo sobre outros vultos de nossas histórias...



MACAÉ NO TEMPO QUE GUILHERME MUSSI TIRAVA UMA SONECA DEBAIXO DE UM FRANBOAYAN NA RUA DA PRAIA...

Pessoas, apelidos, afetos, coisas, vivencia de uma existência alegres de uma cidadezinha de interior RJ

José Milbs de Lacerda Gama.

.............................................................................. Aos meus filhos como única herança material deixo estes relatos. A minha mãe Ecila - minha amiga- muitas saudades e a dúvida/certeza de um reencontro. Ao Euzébio Luiz a gratidão por ter vivido no meu tempo e por me ter proporcionado longas e belas horas de beleza e encantamento que brotavam de seu gargalhar de menino num mundo sempre adulto e tenso.

Aos netos pela curiosa presença e pela chegada num mundo que, ao sair dela, saio com o dever cumprindo de ter sido notado, criticado, amado, curiosamente entendido e no fundo uma feliz certeza que vivi. Vivi um mundo lindo apesar da crueldade de certos humanos...

Das árvores que vi crescer...

Dos amigos que vi deixar de viver...

Das saudades que tive ...e as que não pude ter.

As certezas do existir não sendo...

...È como dizia um jogador de carteados de nome "Zè Ceará" nas frias noites do bar Império: "Nada vale nada"...

É a afirmativa de Frota de que o" Homem é o que é por último" e a contestação de que o "Homem não é",coisas que só nascem e se escutam numa cidadezinha como esta velha Macaé, onde seus antigos moradores ainda ficam "de mal" por longos tempos sem se odiarem.

É a ausência de Lourinho da Telerj, saudades das frases infantis que falam das "agüinhas de chuva". Da tranqüilidade franciscana de Ricardo Madeira, que curte a vida, inteligentemente filosófica, se fingindo comerciante.

Do olhar puro de meu xará Pinguin Mello e suas histórias da Bicuda Grande e Cachoeiras de Macaé. As lendas de "Buzina" o Negro famoso dos anos 50. Do "Vamos ao jogo que trabalho é roubo," nas máximas sonoras que vibram das sinucas enfumaçadas dos cigarros Saratoga, Clarin e Astória, com ou sem ponteiras.

É caminhar pela Télio Barreto e cumprimentar a beleza pura de um senhor Pedrinho Hipólito dos Santos, pai de Wilson. Rever as famílias Midão, Santa Rita e Fundão e as travessuras de Ary de Daimon, falando alegremente das chuvas de pétalas caindo com o cair do teto em noite de medos e risos.

Dos poemas puros do irmão de Celso Mancebo em plena campanha eleitoral.

È poder compartilhar com a simplicidade de Bento, pai do mestre Ângelo e da meiga Ângela, que aos 90 anos, mais parecia um menino a contar histórias de Santa Maria Madalena.

É ver o nascimento de lojas como a de Ary Pozes e Nilda, bem como a chegada em nossa pequena cidade de Ailton, Niltinho e Wilson.

É familiarizar com nomes gigantescos para serem decorados mas que fizeram a história no Século que se foi, Amphilophio, Epaminondas, Lopelina, Diamantino, Philadelphio Aristóteles e tantos outros que deixaram as suas essências espalhadas por toda a comunidade

DUDU TRINDADE

Pode-se esquecer das longas conversas com Dudu Trindade, pondo em nossa presença o tempo de "A Construtora" e de tantas outras lides comerciais que se perderem no tempo mais que está avivado em sua retina aos 80 anos. Seu relato é o relato de uma existência nitidamente macaense e quando deixa escapar a emoção ela vem cheia de orgulho de seu tempo de caserna num tempo se foi nos anos 40 mais que permanece vivo no inicio do século de 2006 com o mesmo vigor que ornava sua existência numa cidade cheia de histórias para serem contada e ouvida.

A existeência de Seu Eduardo Trindade Coêlho é a presença vida de uma cidade Puramente infantil. Seus olhos brilham ao relato de andanças pelas matas em busca de caças, das pescarias e dos homens de bem de seu tempo. Deixa uma legião de filhos, netos, bisnetos e, teve a felicidade em vida, como poucos, de olhar um tataraneto. Ainda está de pé aos 82 anos, feitos, segundo ele, no Dia do Soldado, 24 de Agosto, quando abre o coraçao e relembra seus feitos como jugdor de futebol, nos Quartéis do Rio e de Macaé.

APELIDOS

Onde a gente encontra um apelido como "Caco de Vidro" e, quando você pergunta, ao próprio da origem, ele diz que é por ser muito magro e transparente. Uma resposta que prova o afetivo carinhoso dos autores de tantos e muitos que se chamam, apelidamente, por toda a dimensão histórica da cidade.

AROEIRA

As gaiolas, feitas com docilidade vindas das mãos artesanais de Gadugê-da-Aroeira, pai de Mazinho Sapateiro. Poder ir na Pedreira de Luiz de Lima e molhar as mãos nas águas puras de Atalaia que tinha fila de gente pegando Moringas e levando para suas casas. Água que não corre mais nas nascentes deste lugar, sagradamente histórico, e que se acabou.

Ainda se pode conversar com gente que lembra de dona Carolina fundadora da Acadêmico da Aroeira onde as lembranças do bairro mais antigo de Macaé se esbarram em saudades de Alzemiro Rocha, tamanqueiro do Silvino Frota e em Álvaro Gordo que deixa dezenas de descendentes espalhados por todo seguimento dos Morros do Lazaredo e São Jorge.

IMBETIBA

A elegância do Aurélio Soares ainda reflete nos seus descendentes que conservam a magistrada da casa onde morou com dona Dolores da Escola Isolada I dos cajueiros. Era ali que eu, menino de calças curtas, aos 9 anos ia para os primeiros acordes de um conhecimento passada com soberba maestria. A vala ficou escondida por obra do Prefeito Cláudio Moacyr. A casa de seu Aurélio ainda esta lá com Dalva teimando em manter o belo apesar do feio esta rondando toda a região de Imbetiba.

O NORDESTE

Macaé tinha poucos nordestinos nos anos 50. Barbosa do Tenys. Doutor Djalma, Sergipe da Boa Vista, Os Peixoto do Valle, os Maias, Adonias, Sargento Pereira, Seu Pirys, sargento pai de Jacyra e Wilson na Rua do Meio e mais outros que, no decorrer do fuxicamento da memória, vou desfilando no desenrolar destes escritos.

O MUSSI DE SONO PURO

As pessoas tiravam madornas e longos cochilos em jardins, praças sem a preocupação dos terríveis assaltos chegados com o aumento da diferenciação social e o progresso.

Como brotava o fruto da cândida liberdade ao ver Guilherme Mussi caminhar até a "Rua da Praia", deitar-se no encostativo de uma figueira e tirar longa e roncoso soneca. Duas horas, depois Guilherme voltava a caminhar, cumprimentava Fanor, Manel do Rainha e, compassadamente como quem estivesse vindo de um sonho e, flutuando nos pensamentos distantes, abria o seu Bazar Esportiva "Dois Irmãos".

Guilherme e Luiz fizeram, com suas presenças vivas e saudosas muitas histórias nas tardes empoeiradas das ruas macaenses na metade do século passado. As poucas vezes que ainda me encontro com o grande Sebas ainda podemos saber das belezas destas recordativas presença no mundo que a Saudade Distancía...

DANIEL ALFAIATE

A inocência comercial de Ailton Silva, filho do mestre em alfaiataria Daniel Silva irmão de Honório, que criou uma firma de eletrodomésticos. Relacionou centenas de conhecidos e achou que ia tê-los como clientes. Doce sonho bairrista. Esquecido de que "santo de casa não fazia milagres," viu apenas uns 4 ou 5 amigos comprarem em sua loja. Mesmo assim não perdeu seu carinho por esta terra.

DONA LAURINDA

É Passar na Praça Veríssimo de Mello e ser reconhecido pela voz e saudado numa "boa tarde" ou "bom dai" vindos de dona Laurinda, esposa de seu João Clímaco, ou pela esposa de Filhinho Drumond com o mesmo reconhecimento de voz.

Dona Laurinda contava as viagens que ela fez com dona Deuzinha mãe de Jair e Jorge. Não havia tempo a ter corrido. O caminhar pelas ruas eram o campassado que vinha na própria existencia da natureza mornal, calma e devagar que habitava todo o conteúdo homem/naureza.

DUBOC FILHO

E as loucuras de Luiz Fernando Duboc, com sua inteligência aguçada e sua participação nos carnaváis debaixo do "Boi Pintadinho"? Quem seria, senão o alegre Duboc, que pararia o Boi por alguns minutos em frente ao Palanque Oficial e, enquanto os carnavalescos gritavam: "boi.... boi.... oaoaaaa, uoaaa... boiii... Duboc calmamente fazia o "boi andar" deixando, para quem quisesse sentir, o cheiro de um cocô verdadeiramente contestativo e inteligente. Dubuc Filho estava dando sua resposta aos desmandos oficiais dos anos 70.

ALGAS OU BALSEDOS?

Educado que fui nas minhas andanças pela Praia de Imbetiba sempre pensei que, aquela cor esverdeada que ornava a pedra em frente ao Hotel, era balsedo PodeM perguntar a todos os estudantes dos anos 50 e 60 e os ex- alunos do SENAI. Eles confirmarão a existência deste verde lindamente escorregadío e fofo. Era uma Bacia que se formava onde as mães podiam bricar com as crianças e estas, escorrgavam neste esverdeado lindo e de fofura iniqualável que nos estrava mente a dentro e adormeçe em todas que podem ainda pensar e viver.

Soube por Milcélio que o nome é Alga Verde e que balsedo é outra coisa. Ao seu lado "Zé Caraca", atento as conversas, confirma o fato. Fica, no entanto, "Balsedo" como apelido das saudades lindas de ondas que nunca mais virão molhar a velha pedra e a f eia Imbetiba dos anos 2006.

SORRISO DOS CAJUEIROS

Como dizia o sorridente Zé Macaco, irmão de Celma, Helinho Cabral e filho de seu Anselmo Cabral."Nunca teremos na vida o sorriso puro de "Sorriso" que ornamentava as ruas dos Cajueiros com seus passos largos num pé 46".Pode alguém se esquecer do olhar meigo e que trazia abraços e afagos energéticamente mornado pelo amor, vindo do negro "Zé Macaco"?

AZAR DE PONTA E LILICO

E "Azar de Ponta"? Onde andará? As idas e vindas de Lilico no Belas Artes sempre em busca de uma roda de pontinho ou do carteado campista? São personagens de uma cidadezinha de interior que, sempre afirmo, existe em todas deste Brasil a fora. Com outors nomes e apelidos, mais esão vivificados nas mem´rias. Olhe os leitores que apelido: Azar de Ponta. Pode? Mais existiu msmo.

CIRROSE"s BAR

O nome de "Cirrose's Bar" a um "point"que ficava perto da Estação de Trens, perto da casa de Rosane, Renê e que os ditos portadores da dita cirrose eram habituês . Sim. tinha isto tudo nesta cidade . Pior que os frequentadores jamais imaginavam que o nome voava de boca em boca e os olhares sempre vinham carregados de irônica/tristeza.

BENÇA MAMÃE

E "Benção Mamãe"? o meigo "Curuja"? E o velho "Patureba"? E a inesquecível dona Alice Salgado com sua sobrinha rota e de negritude cor que a acompanhava fizesse sol ou chuva?

"Zé Poleiro", "Cobra D'Água", "Pé de Pato", "Cabeça de Bagre", Vicente "Barra-Lagôa", "l001", "Diabo Comendo Mariola", "Walter Talhadeira", "Martelinho" estão ai para que um folclore, dos mais chegados, possam avaliar os sobre postos aos verdadeiros nomes que seriam forma mais fiel do chamamento nas ruas e o atendimentos por quem estes apelidos eram tidos.

Apelidos que eram uma espécie de cara/vista por quem os punha de uma forma artísticamente moldada na forma de rostos e gestos no dia a dia do cotidiano.

Ver e olhar o "Diabo Comendo Mariola" e olhar para o andar "de l5 pras 3" e saber o quanto a certeza do parecimento se concretizam na forma e no chamamento que o dono atende.

O mais interessante é ver, estes portadores de nomes apelidados, atenderem o chamamento como se deles fossem donos reais. E "Sorriso" o negro dos Cajueiros que atendia como tal.?Podia existir tanta beleza e alegria ao saudá-lo? E "Cata Quiabo" do "Morro do Carvão"? sempre atento as políticas e a família que se espalhou por todo o "Alto dos Cajueiros" e se estende por toda a cidade.

É desta Macaé, que vi em minhas andanças, que busco retratar da forma mais real que puder. Até porque estes fazem ou fizeram parte viva de vivencias que ainda guardo nas lembranças de infâncias e adolescências revividas.

(texto do Pinguin da Rua do Meio)

COMENTÁRIO

MILCÉLIO DE AZEVEDO

Com este livro, José Milbs de Lacerda Gama insere-se na Galeria dos Historiadores Macaenses sólida e definitivamente.

Ele nos transporta para uma Macaé , à época provinciana e bucólica, com sua vida de pureza com seus habitantes formando uma grande e amiga família, onde o amor e o respeito recendiam.

José Milbs, com rara felicidade, conseguiu captar , e nos transmitir o clima das ruas e veredas , das classes sociais, a vivência entre as várias e atuais existentes, ao tempo em que Macaé, suas figuras folclóricas, seus educadores, seus formadores de opinião , a formação moral dos seus administradores que tinham na honestidade e no respeito ao erário público motivo do real e justo orgulho.

O Autor nos recorda paisagens com visual já hoje inexistente quando retrata os que foram os barracões da Leopoldina em Imbetiba, a praia, a rua da Praia, do forte, a praça da Luz e as ruas que o progresso modernizou. José Milbs demonstra grande preocupação com o verdadeiro e o humano tendo no existencial . Nos proporciona uma leitura amena, nostálgica para os que vivenciaram a época retratada e conhecimentos históricos para os que não vivenciaram.

MACAÉ NO TEMPO QUE GUILHERME MUSSI TIRAVA UMA SONECA DEBAIXO DE UM FRANBOAYAN NA RUA DA PRAIA...

Pessoas, apelidos, afetos, coisas, vivencia de uma existência alegres de uma cidadezinha de interior RJ

José Milbs de Lacerda Gama.

.............................................................................. Aos meus filhos como única herança material deixo estes relatos. A minha mãe Ecila - minha amiga- muitas saudades e a dúvida/certeza de um reencontro. Ao Euzébio Luiz a gratidão por ter vivido no meu tempo e por me ter proporcionado longas e belas horas de beleza e encantamento que brotavam de seu gargalhar de menino num mundo sempre adulto e tenso.

Aos netos pela curiosa presença e pela chegada num mundo que, ao sair dela, saio com o dever cumprindo de ter sido notado, criticado, amado, curiosamente entendido e no fundo uma feliz certeza que vivi. Vivi um mundo lindo apesar da crueldade de certos humanos...

Das árvores que vi crescer...

Dos amigos que vi deixar de viver...

Das saudades que tive ...e as que não pude ter.

As certezas do existir não sendo...

...È como dizia um jogador de carteados de nome "Zè Ceará" nas frias noites do bar Império: "Nada vale nada"...

É a afirmativa de Frota de que o" Homem é o que é por último" e a contestação de que o "Homem não é",coisas que só nascem e se escutam numa cidadezinha como esta velha Macaé, onde seus antigos moradores ainda ficam "de mal" por longos tempos sem se odiarem.

É a ausência de Lourinho da Telerj, saudades das frases infantis que falam das "agüinhas de chuva". Da tranqüilidade franciscana de Ricardo Madeira, que curte a vida, inteligentemente filosófica, se fingindo comerciante.

Do olhar puro de meu xará Pinguin Mello e suas histórias da Bicuda Grande e Cachoeiras de Macaé. As lendas de "Buzina" o Negro famoso dos anos 50. Do "Vamos ao jogo que trabalho é roubo," nas máximas sonoras que vibram das sinucas enfumaçadas dos cigarros Saratoga, Clarin e Astória, com ou sem ponteiras.

É caminhar pela Télio Barreto e cumprimentar a beleza pura de um senhor Pedrinho Hipólito dos Santos, pai de Wilson. Rever as famílias Midão, Santa Rita e Fundão e as travessuras de Ary de Daimon, falando alegremente das chuvas de pétalas caindo com o cair do teto em noite de medos e risos.

Dos poemas puros do irmão de Celso Mancebo em plena campanha eleitoral.

È poder compartilhar com a simplicidade de Bento, pai do mestre Ângelo e da meiga Ângela, que aos 90 anos, mais parecia um menino a contar histórias de Santa Maria Madalena.

É ver o nascimento de lojas como a de Ary Pozes e Nilda, bem como a chegada em nossa pequena cidade de Ailton, Niltinho e Wilson.

É familiarizar com nomes gigantescos para serem decorados mas que fizeram a história no Século que se foi, Amphilophio, Epaminondas, Lopelina, Diamantino, Philadelphio Aristóteles e tantos outros que deixaram as suas essências espalhadas por toda a comunidade

DUDU TRINDADE

Pode-se esquecer das longas conversas com Dudu Trindade, pondo em nossa presença o tempo de "A Construtora" e de tantas outras lides comerciais que se perderem no tempo mais que está avivado em sua retina aos 80 anos. Seu relato é o relato de uma existência nitidamente macaense e quando deixa escapar a emoção ela vem cheia de orgulho de seu tempo de caserna num tempo se foi nos anos 40 mais que permanece vivo no inicio do século de 2006 com o mesmo vigor que ornava sua existência numa cidade cheia de histórias para serem contada e ouvida.

A existeência de Seu Eduardo Trindade Coêlho é a presença vida de uma cidade Puramente infantil. Seus olhos brilham ao relato de andanças pelas matas em busca de caças, das pescarias e dos homens de bem de seu tempo. Deixa uma legião de filhos, netos, bisnetos e, teve a felicidade em vida, como poucos, de olhar um tataraneto. Ainda está de pé aos 82 anos, feitos, segundo ele, no Dia do Soldado, 24 de Agosto, quando abre o coraçao e relembra seus feitos como jugdor de futebol, nos Quartéis do Rio e de Macaé.

APELIDOS

Onde a gente encontra um apelido como "Caco de Vidro" e, quando você pergunta, ao próprio da origem, ele diz que é por ser muito magro e transparente. Uma resposta que prova o afetivo carinhoso dos autores de tantos e muitos que se chamam, apelidamente, por toda a dimensão histórica da cidade.

AROEIRA

As gaiolas, feitas com docilidade vindas das mãos artesanais de Gadugê-da-Aroeira, pai de Mazinho Sapateiro. Poder ir na Pedreira de Luiz de Lima e molhar as mãos nas águas puras de Atalaia que tinha fila de gente pegando Moringas e levando para suas casas. Água que não corre mais nas nascentes deste lugar, sagradamente histórico, e que se acabou.

Ainda se pode conversar com gente que lembra de dona Carolina fundadora da Acadêmico da Aroeira onde as lembranças do bairro mais antigo de Macaé se esbarram em saudades de Alzemiro Rocha, tamanqueiro do Silvino Frota e em Álvaro Gordo que deixa dezenas de descendentes espalhados por todo seguimento dos Morros do Lazaredo e São Jorge.

IMBETIBA

A elegância do Aurélio Soares ainda reflete nos seus descendentes que conservam a magistrada da casa onde morou com dona Dolores da Escola Isolada I dos cajueiros. Era ali que eu, menino de calças curtas, aos 9 anos ia para os primeiros acordes de um conhecimento passada com soberba maestria. A vala ficou escondida por obra do Prefeito Cláudio Moacyr. A casa de seu Aurélio ainda esta lá com Dalva teimando em manter o belo apesar do feio esta rondando toda a região de Imbetiba.

O NORDESTE

Macaé tinha poucos nordestinos nos anos 50. Barbosa do Tenys. Doutor Djalma, Sergipe da Boa Vista, Os Peixoto do Valle, os Maias, Adonias, Sargento Pereira, Seu Pirys, sargento pai de Jacyra e Wilson na Rua do Meio e mais outros que, no decorrer do fuxicamento da memória, vou desfilando no desenrolar destes escritos.

O MUSSI DE SONO PURO

As pessoas tiravam madornas e longos cochilos em jardins, praças sem a preocupação dos terríveis assaltos chegados com o aumento da diferenciação social e o progresso.

Como brotava o fruto da cândida liberdade ao ver Guilherme Mussi caminhar até a "Rua da Praia", deitar-se no encostativo de uma figueira e tirar longa e roncoso soneca. Duas horas, depois Guilherme voltava a caminhar, cumprimentava Fanor, Manel do Rainha e, compassadamente como quem estivesse vindo de um sonho e, flutuando nos pensamentos distantes, abria o seu Bazar Esportiva "Dois Irmãos".

Guilherme e Luiz fizeram, com suas presenças vivas e saudosas muitas histórias nas tardes empoeiradas das ruas macaenses na metade do século passado. As poucas vezes que ainda me encontro com o grande Sebas ainda podemos saber das belezas destas recordativas presença no mundo que a Saudade Distancía...

DANIEL ALFAIATE

A inocência comercial de Ailton Silva, filho do mestre em alfaiataria Daniel Silva irmão de Honório, que criou uma firma de eletrodomésticos. Relacionou centenas de conhecidos e achou que ia tê-los como clientes. Doce sonho bairrista. Esquecido de que "santo de casa não fazia milagres," viu apenas uns 4 ou 5 amigos comprarem em sua loja. Mesmo assim não perdeu seu carinho por esta terra.

DONA LAURINDA

É Passar na Praça Veríssimo de Mello e ser reconhecido pela voz e saudado numa "boa tarde" ou "bom dai" vindos de dona Laurinda, esposa de seu João Clímaco, ou pela esposa de Filhinho Drumond com o mesmo reconhecimento de voz.

Dona Laurinda contava as viagens que ela fez com dona Deuzinha mãe de Jair e Jorge. Não havia tempo a ter corrido. O caminhar pelas ruas eram o campassado que vinha na própria existencia da natureza mornal, calma e devagar que habitava todo o conteúdo homem/naureza.

DUBOC FILHO

E as loucuras de Luiz Fernando Duboc, com sua inteligência aguçada e sua participação nos carnaváis debaixo do "Boi Pintadinho"? Quem seria, senão o alegre Duboc, que pararia o Boi por alguns minutos em frente ao Palanque Oficial e, enquanto os carnavalescos gritavam: "boi.... boi.... oaoaaaa, uoaaa... boiii... Duboc calmamente fazia o "boi andar" deixando, para quem quisesse sentir, o cheiro de um cocô verdadeiramente contestativo e inteligente. Dubuc Filho estava dando sua resposta aos desmandos oficiais dos anos 70.

ALGAS OU BALSEDOS?

Educado que fui nas minhas andanças pela Praia de Imbetiba sempre pensei que, aquela cor esverdeada que ornava a pedra em frente ao Hotel, era balsedo PodeM perguntar a todos os estudantes dos anos 50 e 60 e os ex- alunos do SENAI. Eles confirmarão a existência deste verde lindamente escorregadío e fofo. Era uma Bacia que se formava onde as mães podiam bricar com as crianças e estas, escorrgavam neste esverdeado lindo e de fofura iniqualável que nos estrava mente a dentro e adormeçe em todas que podem ainda pensar e viver.

Soube por Milcélio que o nome é Alga Verde e que balsedo é outra coisa. Ao seu lado "Zé Caraca", atento as conversas, confirma o fato. Fica, no entanto, "Balsedo" como apelido das saudades lindas de ondas que nunca mais virão molhar a velha pedra e a f eia Imbetiba dos anos 2006.

SORRISO DOS CAJUEIROS

Como dizia o sorridente Zé Macaco, irmão de Celma, Helinho Cabral e filho de seu Anselmo Cabral."Nunca teremos na vida o sorriso puro de "Sorriso" que ornamentava as ruas dos Cajueiros com seus passos largos num pé 46".Pode alguém se esquecer do olhar meigo e que trazia abraços e afagos energéticamente mornado pelo amor, vindo do negro "Zé Macaco"?

AZAR DE PONTA E LILICO

E "Azar de Ponta"? Onde andará? As idas e vindas de Lilico no Belas Artes sempre em busca de uma roda de pontinho ou do carteado campista? São personagens de uma cidadezinha de interior que, sempre afirmo, existe em todas deste Brasil a fora. Com outors nomes e apelidos, mais esão vivificados nas mem´rias. Olhe os leitores que apelido: Azar de Ponta. Pode? Mais existiu msmo.

CIRROSE"s BAR

O nome de "Cirrose's Bar" a um "point"que ficava perto da Estação de Trens, perto da casa de Rosane, Renê e que os ditos portadores da dita cirrose eram habituês . Sim. tinha isto tudo nesta cidade . Pior que os frequentadores jamais imaginavam que o nome voava de boca em boca e os olhares sempre vinham carregados de irônica/tristeza.

BENÇA MAMÃE

E "Benção Mamãe"? o meigo "Curuja"? E o velho "Patureba"? E a inesquecível dona Alice Salgado com sua sobrinha rota e de negritude cor que a acompanhava fizesse sol ou chuva?

"Zé Poleiro", "Cobra D'Água", "Pé de Pato", "Cabeça de Bagre", Vicente "Barra-Lagôa", "l001", "Diabo Comendo Mariola", "Walter Talhadeira", "Martelinho" estão ai para que um folclore, dos mais chegados, possam avaliar os sobre postos aos verdadeiros nomes que seriam forma mais fiel do chamamento nas ruas e o atendimentos por quem estes apelidos eram tidos.

Apelidos que eram uma espécie de cara/vista por quem os punha de uma forma artísticamente moldada na forma de rostos e gestos no dia a dia do cotidiano.

Ver e olhar o "Diabo Comendo Mariola" e olhar para o andar "de l5 pras 3" e saber o quanto a certeza do parecimento se concretizam na forma e no chamamento que o dono atende.

O mais interessante é ver, estes portadores de nomes apelidados, atenderem o chamamento como se deles fossem donos reais. E "Sorriso" o negro dos Cajueiros que atendia como tal.?Podia existir tanta beleza e alegria ao saudá-lo? E "Cata Quiabo" do "Morro do Carvão"? sempre atento as políticas e a família que se espalhou por todo o "Alto dos Cajueiros" e se estende por toda a cidade.

É desta Macaé, que vi em minhas andanças, que busco retratar da forma mais real que puder. Até porque estes fazem ou fizeram parte viva de vivencias que ainda guardo nas lembranças de infâncias e adolescências revividas.

(texto do Pinguin da Rua do Meio)

COMENTÁRIO

MILCÉLIO DE AZEVEDO

Com este livro, José Milbs de Lacerda Gama insere-se na Galeria dos Historiadores Macaenses sólida e definitivamente.

Ele nos transporta para uma Macaé , à época provinciana e bucólica, com sua vida de pureza com seus habitantes formando uma grande e amiga família, onde o amor e o respeito recendiam.

José Milbs, com rara felicidade, conseguiu captar , e nos transmitir o clima das ruas e veredas , das classes sociais, a vivência entre as várias e atuais existentes, ao tempo em que Macaé, suas figuras folclóricas, seus educadores, seus formadores de opinião , a formação moral dos seus administradores que tinham na honestidade e no respeito ao erário público motivo do real e justo orgulho.

O Autor nos recorda paisagens com visual já hoje inexistente quando retrata os que foram os barracões da Leopoldina em Imbetiba, a praia, a rua da Praia, do forte, a praça da Luz e as ruas que o progresso modernizou. José Milbs demonstra grande preocupação com o verdadeiro e o humano tendo no existencial . Nos proporciona uma leitura amena, nostálgica para os que vivenciaram a época retratada e conhecimentos históricos para os que não vivenciaram.

22.7.09

Benjamin Constant morou em Macaé:




- Benjamin Constant:
A proteção da família da Viscondessa de Macaé proporcionou ao 1° tenente Botelho de Magalhães a tentativa de um estabelecimento na cidade desta denominação (Macaé), onde ainda entregou-se ao professorado. Aí foi batizado o seu primogênito em 26 de março de 1837, dando-lhe o pai por patrono subjetivo Benjamin Constant, o célebre publicista do constitucionalismo de quem era entusiasta.


“Benjamin Constant veio ao mundo no porto do Meyer, freguesia de S. Lourenço do Município de Niterói, no dia em que a Igreja Positivista comemora Duclos, o moralista adjunto do grande pensador que resume o glorioso movimento espiritual no século XVIII - Diderot (18 de Outubro de 1836). Seu pai, Leopoldo Henrique de Magalhães Botelho, natural da Torre de Moncorvo, assentara praça voluntariamente, com vinte anos de idade, no regimento provisório de Portugal em 21 de novembro de 1821. (...)

Português por seu pai, Benjamin Constant já era brasileiro por sua mãe, D. Bernardina Joaquina da Silva Guimarães, natural do Rio Grande do Sul. Em 1836 quando nasceu o futuro Fundador da República na raça portuguesa, dirigia seu pai uma escola particular, onde ensinava primeiras letras, gramática portuguesa e latim. Escassos sendo, os recursos que daí auferia, porque a maior parte dos discípulos era pobre, viu-se obrigado a procurar outra profissão, apesar da verdadeira satisfação com que seguia o magistério. A proteção da família da Viscondessa de Macaé proporcionou ao 1° tenente Botelho de Magalhães a tentativa de um estabelecimento na cidade desta denominação (Macaé), onde ainda entregou-se ao professorado. Aí foi batizado o seu primogênito em 26 de março de 1837, dando-lhe o pai por patrono subjetivo Benjamin Constant, o célebre publicista do constitucionalismo de quem era entusiasta. (...)

De Macaé passou-se a família de Benjamin para Majé, onde aprendeu este o abc com o vigário da Freguesia; e depois para Petrópolis onde seu pai ensaiou a vida industrial estabelecendo uma padaria. E já pelo desejo de ser o mestre do filho, por quem era extremoso e em quem depositava as maiores esperanças, já atendendo às suas inclinações pedagógicas, abriu novamente a sua escola. Conta-se que já então Benjamin auxiliava o pai nas suas funções de professor, o que sem dúvida deve ter concorrido para a predileção que mais tarde revelou pelo magistério.

Em Petrópolis não sendo mais feliz do que fora em Niterói, porque o seu gênio bondoso levava-o a repartir gratuitamente pelos pobres da vizinhança os frutos de sua indústria e as suas lições, aceitou o pai de Benjamin Constant o convite do então Barão de Laje, que o estimava e o considerava muito, e passou a administrar uma fazenda deste em Minas, mediante a partilha dos lucros. Foi aí que a família de Benjamin Constant encontrou os seus melhores dias. Mas essa felicidade durou pouco tempo. A 15 de Outubro de 1849 sucumbiu o seu chefe após oito dias de moléstia e no dia seguinte era sepultado na capela de S. José da Paraibuna, deixando à pobre e desolada esposa cinco filhos, cujo mais velho apenas em vésperas de completar treze anos.

(...) Com o auxílio de uma amiga, fazendeira de Minas, a Sra. D. Bernardina Vale Amado, que lhe pagava o aluguel da casa, pode a mãe de Benjamin Constant estabelecer-se nesta cidade, onde com o produto de seu trabalho, aumentava o modesto meio soldo de seu marido. Aqui a encontramos em Agosto de 1850.

Benjamin Constant, cuja atividade teórica, fora despertada por seu pai, já ensinando-lhe a gramática portuguesa, o latim e o cálculo elementar, já acenando-lhe porventura com a glória das profissões espirituais e com a melhoria que daí proviria para a sua situação doméstica, deu-se pressa em angariar os meios de continuar os seus estudos, apenas aqui chegou. Neste intuito dirigiu-se a um antigo conhecido de seu pai que muitas promessas de auxílio e proteção fizera à sua família. O amigo, porém, depois de pensar algum tempo, aconselhou-o a seguir um ofício, talvez como o meio de ser em mais curto prazo útil aos seus. Ofereceu-lhe arranjá-lo como servente de pedreiro, com o projeto de formar dele um bom oficial. Benjamin retirou-se calado, mas ferido no seu amor próprio; e quando mais tarde foi promovido a alferes, apresentou-se fardado ao referido amigo, cujo comprimento recusou, dizendo-lhe que apenas o procurava para provar-lhe que tinha aptidão, não para ser um oficial de pedreiro, mas um oficial do exército brasileiro.

(...) Frustrado nessa tentativa, não desanimou o jovem fluminense. Apelou para a família Andrade Pinto, e por intermédio de um dos seus membros alcançou ser admitido em umas aulas mantidas pelos frades beneditinos. Os seus progressos foram rápidos; em breve era ele auxiliar dos professores de latim e matemática elementar, encarregando-se de dirigir as classes mais atrasadas. Consta também que por esse tempo frequentou o Colégio Coruja, sendo passado por este professor, o atestado com que requereu para ser admitido a exames preparatórios na Escola Militar afim de seguir o curso de infantaria. Matriculou-se como voluntário em 28 de, Fevereiro de 1852, (...) os que tivessem dois anos aprovados plenamente e se houvessem distinguido nos exercícios práticos com aplicação e aproveitamento eram promovidos a alferes, com os vencimentos do soldo correspondente ao mesmo posto.

A vista de semelhantes vantagens, Benjamin Constant no duplo intuito de auxiliar o. sustento de sua família e de proporcionar-se os meios materiais indispensáveis ao prosseguimento de seus estudos, assentou praça no 1° Regimento de Cavalaria, em 1° de Abril de 1852.

(...) foi aprovado plenamente a 28 de Novembro de 1854.

(...) Nesse ano encetou Benjamin a sua carreira do magistério como explicador de matemática elementar aos alunos da Escola Militar”. (Mendes)

- O Mestre Amado (Rondon)

“Foste, Benjamin Constant, o meu Mestre Amado - que a todos se impunha pela extensão do cultivo intelectual, pela integridade do caráter diamantino, pela pureza do coração. Trato ameno aureolado de doçura e bondade, absoluta e sincera franqueza, realçavam aqueles predicados. E a todos, Mestre, inspiravas veneração.

Transfigurou-te o 15 de Novembro, fazendo-te ultrapassar-te a ti próprio, para chegares a ser o patriota que soube pôr uma sedição militar a serviço dos anseios da jovem nacionalidade, tão nobremente expressos desde Tiradentes e reafirmados em José Bonifácio ‘...o grande Andrada, esse arquiteto ousado que amassa um povo na robusta mão’. Soubeste orientar esses anseios no sentido da meta da evolução humana: a Fraternidade Universal.

E tanto é verdade que o amor supera em valor a inteligência, que não foi pela tua ciência e sim pela tua devoção à Pátria e à Humanidade que penetraste no Panteon da Imortalidade: ‘O Fundador da República, Benjamin Constant Botelho de Magalhães, passou da vida objetiva à imortalidade a 22 de janeiro de 1891. O Povo Brasileiro, pelos seus representantes no Congresso Constituinte, se desvanece de lhe ser facultada a glória de apresentar este belo modelo de virtudes aos seus. futuros presidentes’ - tais são os termos da moção unanimemente aprovada na sessão em que se elegeu o primeiro Presidente da República Brasileira, a 25 de fevereiro de 1891.

Assim me ensinaste a nortear minha vida pelo ideal de servir a Humanidade, servindo à Pátria e à Família.

Refletia-se a nobreza moral de Benjamin Constant no porte, nas maneiras, na voz, na correta simplicidade do trajar, o que o tornava um dos homens de mais encantadora presença. Disse Teixeira Mendes que com ele privou: ‘pode-se assegurar que aquele que só o conhecesse pela fama de seus dotes morais e mentais, não teria a mínima decepção ao encontrá-lo pela primeira vez, pois não descobriria a menor discordância entre sua imagem e o tipo ideado para localizar tais qualidades- quiçá a realidade excedesse a expectativa’.

Tinha Benjamin Constant pouco mais de vinte anos. Foi quando se deu ruidoso incidente escolar de que resultou ser ele preso na Fortaleza de Santa Cruz.

Surgiram suspeitas sobre a probidade dos alunos da Escola Militar, traduzidas em ordem do dia do Comandante, lida em formatura geral. Avançou Benjamin Constant para o oficial que a lia, arrebatou-lha das mãos e, calcando-a aos pés, disse:

- Esta ordem do dia é um insulto para os alunos!

Sete vezes entrara Benjamin Constant em concurso para a cadeira de matemática e fora classificado em primeiro lugar, sendo que, numa das vezes, um dos examinadores, o Dr. Augusto Dias Carneiro, notável pelo saber e pela probidade, propôs a curiosa e expressiva classificação: ‘Em 1° lugar, com distinção, o Bacharel Benjamin Constant Botelho de Magalhães; em 2° lugar, ninguém; em 3.° lugar, ninguém, etc... em seguida, o outro candidato’. Ainda assim, fora Benjamin, mais uma vez, preterido.

Vago, mais tarde, o cargo de catedrático da Escola Militar, a que tinha direito Benjamin Constant, determinou o Imperador que fosse a cadeira posta em concurso. Todas as vezes que o Imperador se encontrava com Benjamin, insistia para que concorresse, ao que respondia ele sempre negativamente, uma vez que já dera provas cabais em público, nos sete concursos a que se submetera. Por fim, já impaciente, perguntou ao Imperador que novamente insistia, dizendo ser o concurso mera formalidade:

- Nomear-me-ia Vossa Majestade no caso de me resolver a concorrer?
- Claro .que sim!
- Pois andaria muito mal Vossa Majestade porque, aquiescendo eu afinal, depois do que lhe tenho dito e redito, daria péssima prova de caráter, o que me inibiria de poder bem.cumprir os elevados deveres do professorado.

Caracteriza Benjamin Constant a sua atitude em relação à Família Imperial, à qual devia reiteradas provas de consideração, inclusive o convite para lecionar as filhas e netos do Imperador.

Uma vez proclamada a República, partindo do princípio que a revolução visava à instituição e não às pessoas, cuidou Benjamin Constant não só de cercar de atenções a Família Imperial, como de acautelar escrupulosamente seus bens e propriedades, organizando para isso uma comissão de pessoas de reconhecida probidade e fielmente dedicadas ao trono. Sugeriu, além disso, que o Governo Provisório desse ao Imperador a ajuda de custo de 5.000 contos de réis, para que se estabelecesse na Europa. Recusou-se o Imperador a aceitá-la, mandando devolver o cheque, que, à sua revelia, recebera o Conde D’Eu, no Brasil”. (Viveiros)


Fontes:

VIVEIROS, Esther de – Rondon conta sua vida - Brasil, Rio de Janeiro, 1958 – Livraria São José.

MENDES, R. Teixeira Mendes – Benjamin Constant - Brasil, Rio de Janeiro,1892 – Igreja Positivista do Brasil.
Coronel de Engenharia Hiram Reis e Silva
Professor do Colégio Militar de Porto Alegre (CMPA)

17.7.09

Dolores Duran tinha um carinho com Macaé onde sua mãe nasceu.



DOLORES DURAN EM MÚSICA MEDIÚNICA

No dia em que completava 30 anos de seu desenlace, em reunião pública acontecida no GEMFJ de Betim, MG, a compositora carioca Dolores Duran compareceu, através da mediunidade de Arael Magnus, trazendo uma bela melodia com significativa letra, "Débitos".
Dolores, que nasceu Adiléia da Silva Rocha, ficou famosa pela beleza e romantismo de canções que até hoje são consideradas clássicos da MPB. A autora de "A Noite de Meu Bem", "O Barquinho", "Tristeza", Castigo e muitas outras, passava a compor, desta feita, através do Projeto Alfa que é dirigido na espiritualidade pelo Padre Aldo, religioso holandês que viveu no início do século XX na cidade de Conquista próxima a Sacramento (ambas em Minas), onde teve estreito relacionamento com o destacado médium Eurípedes Barsanulfo. O projeto Alfa (Almas Libertas Francisco de Assis) congrega espíritos que em vida desfrutaram de talentos poético-musicais, e agora compõem músicas que "edificam consciências e esclarecem cantando". Atualmente são 1604 músicas recebidas de cerca de 450 compositores e poetas (até Junho de 2009), tendo sido as peças gravadas em cds, fitas e dvds, com os direitos revertidos para obras sociais, como a Casa do Berço, em Sabará.
O médium Arael Magnus, que é Regente de Coral e Professor de Música, faz os arranjos e a Orquestração. Dolores Duran já enviou mais de 30 músicas, todas elas enfocando situações de vida comum, muitas vivenciadas pela mesma quando de sua estada na Terra. "Dèbitos" foi a primeira que ela enviou, e aí se percebem o talento, a métrica, a cadência e harmonia formidáveis, característicos da grande compositora carioca, que, em vida tinha um especial carinho com a cidade de Macaé, onde viveu sua mãe. Ouça a obra de Dolores Duran e avalie. Na noite da reunião, o presidente da casa espírita em Betim, Ramon Aguiar informou que pela mediunidade viu Dolores, feliz, serena, usando longo vestido azul, como se estivesse se apresentando em noite de gala. E pela beleza da música, realmente era. Clique no link

http://www.youtube.com/tvintermedium?gl=BR&hl=pt


Para O Rebate- Arael Magnus-

16.7.09

pensamento de uma menina que também é minha filha





pensamentos de uma menina-moça


quando eu era menina pensava como minha mae
era importante para mim
o quanto eu precisava de seus carinhos e sua atençao
mas nao o tinha, pois, no corre corre
da vida eu sempre sobrava de lado...
quantas vezes ela foi pra um bar e me deixou em casa sozinha
e muitas vezes eu chorava chorava, pois, como uma menininha carente
queria apenas sua presença e um carinho
pensei varias vezes me atirar das sacadas
de muitas das casas que ja morei pois assim
mesmo que eu moresse ela sentiria minha falta
e eu onde estivesse sentiria que ela me amava...
mas sempre nas nossas vidas tem uma esperança
e aconteceu na minha vida depois de um bom tempo de sofrimento.
quando eu menos esperei ja tinha virado uma moça
casada com um filho e muitas responsabilidades.
mas numa bela manha de inverno
parei para pensar e olhar minha vida
e pude ver como DEUS esteve comigo todo esse tempo me ajudando
colocando pessoas sempre boas e prontas para me ajudar
foi assim que eu conheci meu pai, meu marido, e ganhei um presente de DEUS
um anjo lindo que ele deixou sobre os meus cuidados....
e tudo o que eu sinto pela minha mae ainda é amor
um dia eu sei que ela vai acordar e ver o quanto eu a amo
e o quanto eu quero seu carinho a sua atençao e nao
apenas dividir os seu problemas e afliçao
AS TEMPESTADES UM DIA PASSA E A AMANHA DE SOL NASCE RAPIDAMENTE JUNTA COM
A ALEGRIA E A ESPERANÇA
Laís xavier da costa lacerda gama

PAI SE PUDER PUBLIQUE NO SEU JORNAL
e me diga o que achou?

15.7.09

CRÕNICA NUM DIA DE CHUVA NUM SITIO EM MACAÉ. " Coisas de criança em tempo de boas tormentas"



COISA DE CRIANÇA...

Coisas de criança em tempo de boas tormentas


José Milbs

— Puxa, vô, sabe da Martinha? Ô, vô!!! Aquela que o pai dela trabalha na Prefeitura.

— Sim, minha filha, o que tem ela? — respondeu feliz o Nicanor, quase que agradecendo a menina por tê-lo feito voltar ao real. Nicanor sabia que o diálogo seria esticado e isto fazia bem a ele, que gostava das longas conversas com as crianças, coisas que pareciam estar acabando.

— Ela faz aniversário juntinho comigo e com aquela menina que o pai também trabalha na Prefeitura. Só que o pai da Martinha é secretário do prefeito e o pai da outra — a Marta, que tem cabelos assim, oh, como falei —, trabalha no caminhão do lixo. Sabe o que ela me disse na Praça da Matriz, vô?

— Não. Conte aí — disse o Nicanor buscando posição mais confortável na velha cadeira que, pelo uso e tempo, capengava de um lado para o outro...

— É que o pai dela — quer continuar a menina...

— Dela, quem? Conta direito, Clara!

— Ô, vô! Da Martinha! A que o pai é secretário do prefeito, um homem gordão, careca e que anda com um outro, altão, bigodudo ...

A menina se ajeita nos braços do avô:

— Deixa eu contar. O pai dela perguntou o que ela queria de aniversário. Uma festa ou 5 mil reais para ela gastar como quisesse. Ela preferiu a festa. Ela disse, na pracinha, que o secretário gastou foi mais de 60 mil. Ih, mais até! Tanta gente que ela nem podia ficar com as amiguinhas. Ela disse que o pai dela e outros secretários da Prefeitura, todos, estão comprando terrenos, construindo, e que contratam um montão de seguranças para evitar os ladrões. Ela disse que a irmã do prefeito comprou uma mansão também, de mais de um milhão, de um vereador. Pagou assim, oh: pum!

Nicanor achou graça do relato da netinha. Olhava-a admirando sua beleza, seu espantoso crescimento físico e intelectual. E se perguntava pela forma que acabaria assumindo a narrativa, aquele estilo que enriquecia a cada dia, entremeado de opiniões curtas, decididas, definitivas, repleta de dúvidas e considerações filosóficas. “Mas que tempo ruim”, pensava ele. “Nossas crianças crescem em meio a uma guerra suja, imunda. Mas, talvez por isso, nossas crianças crescem e crescem, rápido... e falam dessa maneira, conspirando.”

— Ah, o que não vem por aí — deixou escapar Nicanor.

— O que, vô? Vem o quê? Bom, sabe o que essa menina falou? — continuou a netinha — que os amigos do pai dela e toda a família do prefeito estão preocupados com uns doutores do ministério da polícia...

— Ministério Público, Clara. É Ministério Público.

— ... mas deixa eu contar, vô! Então, o pai dela disse que estão investigando muito a vida deles, aqui na cidade. Os vereadores e todos os secretários ficaram ricos da noite para o dia. Dizem que querem prender eles, igual àquele menino que roubou um tênis do Adolfo, lá do bar, e a policia levou para a delegacia. Mas ela também acha que não vai dar em nada. Uma colega disse para a Martinha que os amigos do pai dela vão apanhar igual o menino do tênis. Aí, ela respondeu que eles têm advogados e muitos amigos nas altas. Mais, vô, a professora disse outro dia que a justiça é cega. É igual para todos, né? Eles vão levar uma baita de uma surra, não vão?

A menina fixou seus olhos nos do avô e, como que lendo seu pensamento, concordou:

— É, está bem, o senhor acha que não vai acontecer nada... Eu também.
II

Enquanto fala, os olhos lindos de Clara viajam por entre as dezenas de árvores, sobem e alcançam os pássaros lá no céu. Depois, focalizam duas borboletas amarelas que se aproximam dela e do ancião. Aqueles olhos tão vivos sobem de novo, ocupam todos os espaços —coisas que os adultos desaprendem com o tempo — e quase chegam às nuvens que anunciam mais chuva.

Nicanor e Clara ficaram por segundos abraçados, como se ouvindo o eco das próprias vozes até atingir a essência do pensamento humano e receber suas respostas. Dessa vez, nem a menina notou o cântico triste de uma cambaxirra na soleira da varanda, que lamentava a perda de seu ninho, seus ovos e seu esforço pela sobrevivência da espécie que um vento forte levou na noite anterior.

— Por que tem gente rica, vô? Rico serve para quê? Só têm carro importado. Todo rico é doente, vô? É por isso que as casas deles têm tanta privada? Mulher de rico, toda hora tem que ir ao médico. E eles não gostam de pobre. Não gostam de ninguém. Só da gente deles e olhe lá. Olham para os outros com cara de nojo...

Clara levanta rápido a cabeça e dispara:

— Isto é outra coisa que eu queria que o senhor me dissesse: é verdade que rico não entra no céu? Vô, eu acho que entra, sim. E quem fica do lado de fora é a gente. Só se não existe céu.

Volta a encostar a cabeça no peito do avô:

— Não posso dizer isso por aí não, né vô?

Novamente ergue a cabeça, rápido e, unindo as sobrancelhas, profere:

— Mas vô, eu tenho certeza que esse céu de anjinhos não existe, não.

Clara retoma, enérgica, balançando o braço de Nicanor sem lhe dar a menor oportunidade de esboçar uma única palavra:

— Vô, por que o senhor e o pai daquela menina pretinha... (Se lembra sim, vô, aquela, aquela, da casa que o senhor me levou daquela vez... Tava com goteira na sala...), por que vocês não podem comprar casa nem carro novo? O senhor, vô, trabalha o dia todo. Depois, fica sem dormir. Lendo, escrevendo... E não compra automóvel por quê?

A menina puxa carinhosamente o rosto do avô em direção ao seu:

— Por que rico não trabalha, vô? Eles só ficam com cara de preocupados. É feio falar mal dos outros, mas eu não gosto de rico, não, vô! Eu não gosto, não gosto...

O vento que assanhava os cabelos de Clara teimava em evitar que o sol permanecesse esverdeado na face de Nicanor. Ele olhava perplexo aquele pedaço de gente que já não acreditava na amorosas crueldades das histórias infantis, das lendas religiosas que as rodeavam. Suas amigas, umas menos outras mais, também não. Pareciam viver, o tempo todo, desmentindo toda a lenga-lenga criada pelos exploradores com seus direitos, justiça, noticiários, novelas...

Nicanor abraça a neta. Olha um horizonte que parece sumir em sua face já quase toda enrugada pelos anos. Como que querendo sussurrar para si mesmo, fala e é ouvido:

— Isso vai mudar um dia, minha Clara linda. Os do meu tempo, com vocês e com os que virão mais tarde, chegado o momento. Muitos trabalham e trabalharão para isso. Olha: a estação do ano está mudando. Mas também toda uma época social. Nem a natureza aguenta mais o regime de exploração, Clara. Os povos exigem um tempo novo, porque esse está caduco de fato e definitivamente uma nova época se faz necessária. Sem explorador e sem explorados. Esse tempo está chegando, porque o mundo anuncia um outro tipo de tormenta, minha Clara. E que venham as tormentas, porque essas nós as conduziremos pelos caminhos da nossa libertação, minha filha...

P

Centro Espirita Pedro, na Região de Petroleo, homenageia os CEM ANOS DE VIDA de Pierre Tavares da Silva Ribeiro...

Um dos mais fiéis adptos do Kardecismo do Brasil professor de Matemática e um dos mais antigos e ilsutres filhos de Conceição de Macabú, Pierre completou 100 anos de vida neste mês de julho.
Fundador do Centro Espírita Pedro onde sempre militou e foi grande palestrante teve momento de emoção nas homenagens que recebeu.
Pierro foi um dos que participaram da Materialização de Irmã Sheilla pelo Mediun Peixotinho.
Numa das últimas vezes que estive com Pierre ele relatou este grande momento do Espiritismo Mundial e que ele, Pierre, tinha apenas uma pequena frustração que foi não ter cortado as lindas transas da Irmã Sheilla para mostrar aos amigos.
Uma de saus mais puras frustrações que marca este homem humano e de um valor inestimável para para a vida Kardecista.
Em http://www.jornalorebate.com/nhasinha/7.htm
http://www.jornalorebate.com/nhasinha/13.htm
http://orebate-josemilbs.blogspot.com/2007_04_01_archive.html
http://www.jornalorebate.com.br/site/index.php?option=com_content&task=view&id=205&Itemid=163
Alguns links onde se pode historiar a presença de Pierre na vida de nossa região. (José Milbs, editor de O rebate )

12.7.09

Quando tinha 15 anos li este poema onde trabalhava no Cartório do 3 Oficio de Macaé



SE

Se és capaz de manter tua calma, quando,
todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando estão todos duvidando,
e para esses no entanto achar uma desculpa.

Se és capaz de esperar sem te desesperares,
ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
e não parecer bom demais, nem pretensioso.

Se és capaz de pensar - sem que a isso só te atires,
de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,
tratar da mesma forma a esses dois impostores.

Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas,
em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.

Se és capaz de arriscar numa única parada,
tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
resignado, tornar ao ponto de partida.

De forçar coração, nervos, músculos, tudo,
a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,
resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!

Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes,
e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
se a todos podes ser de alguma utilidade.

Se és capaz de dar, segundo por segundo,
ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!


Rudyard Kipling

9.7.09

associação de moradores do Novo Cavaleiro faz denúncias




Preocupado com uma obra de grande importância pra toda a Comunidade o Presidente Dirant Ferraz esteve na Redação de O REBATE que também fica no Bairro para alertar os perigos.
A Amonca (Associação dos Moradores do Novo cavaleiro) pede a Polícia Militar uma cabine no bairro que tem sido alvo de constantes ações criminosas.

Abaixo a Carta/Email enviada pela AMONCA que estará, a PARTIR DESTE MUMENTO, acessada mundialmente no Google...

Caro Sr., Conforme contato com Dirant Ferraz, Presidente da AMONCA, segue em anexo o Oficio de notificação à empresa responsável pelas obras do valão sobre a preocupação dos moradores da vizinhança em relação aos "Risers" das bombas, que foram retirados para obras no local, tornando o sistema de bombeamento que previne / minimiza alagamentos, inoperante em caso de chuvas. Caso haja espaço, pedimos também dar divulgação ao processo iniciado pela AMONCA em conjunto com empresários do bairro e o Batalhão da PM local para instalação de uma Cabine da PM em nosso bairro, no canteiro em frente ao Posto Titan.

Sds...
Reginaldo Barreto Corrêa
1º Secretário da AMONCA

Associação dos Moradores do Novo Cavaleiros
Ofício n° 034
Macaé, Julho de 2009


Para: Contagem Engenharia Ltda
At.: Sr Amorim / Sr José Manuel
cc.: Secretária de Obras / Sr José Tadeu
Assunto: Retirada de Risers.

O presidente da AMONCA - Associação de Moradores do Novo Cavaleiros, cumprindo seus deveres e atribuições estatutárias vem através deste ofício, comunicar a empresa e seus representantes sobre a preocupação dos moradores da área próxima às obras em frente ao terminal da Lagoa. Foi verificado que os “Risers” que atendem as bombas do local foram retirados, deixando os moradores das áreas que mais sofrem em tempos de chuva desguarnecidos e sem os equipamentos necessários para uma atuação eficaz e rápida em caso de alagamento. Enquanto as obras prosseguem, solicitamos que uma solução alternativa seja implementada a fim de evitar novos danos aos moradores em caso de chuva.
Sem mais para o momento, agradecemos e nos colocamos à disposição.



Dirant Ferraz
Presidente da AMONCA
2773-2404 / 9217-2998
Alameda Tenente Célio nº 769 – Novo Cavaleiros


Associação dos Moradores do Bairro Novo Cavaleiros

Resumo da ata de reunião na FUNEMAC
Assunto: Segurança do bairro com instalação de uma cabine da PM.
Reunião realizada no dia 10/06/09 as 19:30h no auditório da FUNEMAC. Presentes:
1. Nilton J. Prazeres – Capitão da PM;
2. Tenente Rezende – Representante do Comandante Alexandre Fontenelli do 32º BPM;
3. Dirant M. Ferraz – Presidente da AMONCA;
4. Reginaldo B. Corrêa – 1º Secretário da AMONCA;
5. Ailton Monteiro – 2º Secretário da AMONCA;
6. Leonardo Bello – Schlumberger;
7. Julio Cezar – Gerente do Shopping Plaza;
8. Fabio Moraes – Shopping Plaza;
9. Arlan Maio – Shopping Plaza;
10. Gilberto da Silva – Empresário da Construção Civil;
11. Helcir Azevedo – Representante da FUNEMAC.

A reunião foi aberta pelo Presidente Dirant Ferraz informando do objetivo: a instalação de uma cabine de policiamento no bairro.
O Tenente Rezendo fala sobre a necessidade da cabine, seus reflexos na segurança do bairro e os benefícios para os empresários e a comunidade e os custos a serem absorvidos pela sociedade organizada. Informa que existe a modalidade “Termo de sessão de uso”, um contrato assinado entre as partes; explica a respeito do local onde poderá ficar a cabine e a infraestrutura necessária para seu funcionamento.
O Capitão Nilton Passa informações a respeito do combate ao crime pela corporação no município, dados sobre crimes no centro da cidade, as ações e resultados e o que a corporação poderá fazer com a implantação da cabine.
O Superintendente do Shopping Plaza Fabio comenta sobre a reunião anterior e seus desdobramentos e sugere outra reunião com apresença de representantes da FIRJAN – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, ACIM - Associação Comercial e Industrial de Macaé e Faculdade Estácio de Sá.
O Presidente Dirant Ferraz fala da necessidade de divisão dos custos da cabine em cotas para as empresas que vierem a participar do projeto e pede para o Gerente Júlio Cezar um levantamento destes custos.
O Capitão Nilton passa informações sobre a cabine, sua estrutura e seu funcionamento, além do material em que é fabricada e as bases para sua instalação. Após discussões sobre como operacionalizar todo o processo, quando todos deram suas opiniões, foi marcada nova reunião para o dia 23/06/09 no mesmo horário. Sem mais para o momento, a reunião foi encerrada pelo Presidente Dirant M. Ferraz.

AMONCA – Associação de Moradores do Bairro Novo Cavaleiros
Alameda Tenente Célio nº 769
Tel.: (22)3084-2275 / (22)9217-2998
Dirant Melo Ferraz
Presidente

7.7.09

"Meu filho dê um pulinho na vendinha de Seu Bilú e compre fumo 5 pontas"...



Fiapos de Memória. Cláudio, o autor, Zelita, Seu Bilú, Seu Celino e o Fumo de Rolo...



Vovó Adelayde Bastos da Silva tinha 100 anos nos anos de 1940 e sempre chamava os bisnetos ou alguma criança para uma missao qualquer. Crianças que sempre estavam em seu redor ouvindo histórias, vendo cantigas serem misturadas ao vento ou simplesmente mirar seus olhos esverdeados e suaves.
As pessoas que chegam aos 100 anos são engraçadas. Se dizem cansadas da vida mais não de cansam de fazer louvores a existência em cantigas que falam no belo da vivência.
Vovó Adelayde tenha uma pele bonita, creia de rugas nas mãos e rosto. Falava com harmonia e estava sempre pronta para papear e fazer quitutes que aprendeu com seus pais no Sertão de Carapébus no inicio dos anos de 1800. Era filha única de uma india Urutú com um branco. Ecila, sua neta e minha mãe, dizia que era um homem nascido de mãe francesa que tinha sido o pai dela. Certo era que tinha a pele muito bonita e quase fechando para a negritude. Casada com meu bisavô Emilio Tavares da Silva, um velho cigano e de estatura alta, viveram a felicidade de uma convivência de mais de 60 anos.
Quando ela chamava algum de nós era para ir a Vendinha mais perto da casa para fazer alguma coisa. A maioria das vêzes todos corriam a um só tempo. Todos queriam fazer o atendimento dela por que era uma maneira de ir até a Rua e sentir-se premiado por atender algum de seus desejos.
A cidade era tranquila e bocólica. Não havia carros. Apenas carroças puxadas a cavalos ou burros ou algumas bicicletas. Todos se conheciam. Os moradores da cidade eram nativos de Macaé, Conceição de Macabú, Carapebus, Quissamã, Cabo Frio, Rio Dourado, Sana, Cachoeira de Macaé, Glicério ou de Casimiro de Abreu. As prais eram cercadas de matos e, as vielas que levavam as pessoas até eles, tinham grande buracos de Caranguejos e Goiamuns que eram um grande quantidade e tamanhos. Passarinhos, frondosas àrvores e velhas cercas de bambú eram as visões alegres de quem caminhava neste mundo maravilhos de uma cidade Pura e de Sol ameno...
A Vendinha que era mais perto de nossa casa na Rua do Meio era de um senhor risonho e muito atencioso que atendia pelo nome de seu Bilú Miranda. Ficava numa esquina onde tinha uma padaria de um belissimo senhor de nome "Seu Celino". Ele, seu Celino, tinho um montão de filhos e filhas e o "Seu Bilú" também. A gente aproveitava para comprar, numa só viagem, alguns pães mineiros e de milho que era a especialidade da Padaria,
Lá em Seu Bilú Miranda tinha tembém Rapadura em pedaços, Pirulitos de Mel que vinham enrplados num papel fininho em forma de cone e Bolebas...
A corrida e distância para atendermos o pedido de minha avó Adelayde sempre era pela manhã. Um Sol deixava fluir, por entre galhos de belas árvores, uma cor quase igual a dos Arco-Irys das tardes macaenses. Era uma cor misturada de Azul do Céu,Amarelo de folhas secas que ainda não tinham caido e verde de galhos que, ao balanço do vento vindo do mar, fazia existir este colorido que só crianças e velhos podem ver na natureza...
Como era muito jovem eu sempre ia em companhia de um amiguinho mais velho 3 anos. Cláudio me pegava pela mão e, de calças curtas e cabelos ao vento a gente ia em direção a missão que nossa avó tinha nos determinado fazer.
A distância de nossa casa até s Vendinha devia ser de uns 700 metros. Embora tivessemos que dobrar na Rua Júlio Olivier, passar em frente a casa de Custódio e Gilda, Lucas e Zilda, Tinoco e Nilza, era tudo muito rápido por que não tinha muitas casas. Eram casas encostadas uma nas outras sem trancas e sem medos. Cortávamos caminho de terreno em terreno, pulando cercas e espantando Rolinhas...
Cláudio era filho de dona Zelita Rocha de Azevedo e do Seu Alvaro Bruno de Azevedo e tinha que ir, lá na "Travessa" onde morava, pedir permissão dela para me levar na Vendinha e atender a vovó Adelayde...
Cláudio aproveitava a ida para apanhar alguns botões e algumas bolebas no caso de a gente achar alguem jogando triangulo ou alguns meninos jogando botões em varandas no caminho de nossa ida. Caminhavamos eu e Cláudio, com nossas setas ou atiradeiras penduradas no pescoço sem imaginar que seriamos eu editor de O REBATE e ele um dos mais dignos e corretos politicos do Estado do Rio no Século XX...

Havia, nos pequenos trechos entre as casas muitas gaiolas com Coleiros, alguns São Paulo, Larangeiras, Papa Capin de Ponto e poucos Canários que cantarolavam saudando o amanhacer que caminhava para o entardecer. O vento ainda teimava em chegar aos nossos rosos infantis e meio suados em andragens rapidinhas e afoita.
Embora nossa missão era comprar Fumo 5 Pontas ou o similar Fumo Coral havia a necessida de irmos rápidos por que o troco, em Vintém, a gente usaria para comprar papel para confecção de Pipas. O Vento era nosso aliado e demonstrava que iria ficar na cidade por muito tempo. As Folhas de Papel de Seda e a Linha seriam compradas na outra esquina com o "Seu pepeu" que, numa loja de nome " A Garota" vendia todo o tipo de bugingangas que as crianças adoravam e as mães também.
Vovó Adelayde usava o Fumo 5 Pontas para mastigar. VovÔ já era ligado a Fumo de Rolo que ele comprava de um homem que vinha de Caraébús à cavalo.Ambos faziam as suas linda cabeças brancas neste sumido fumo...
As curiosidades infantis ficavam por conta do mastigamento do Fumo que esta linda mulher de 100 anos fazia e cuspia nos seus paninhos que eram por ela mesma lavados e guardados com muito carinho.
Numa noite, indo no quintal levar os seus Sagrados Panos de Fumo ela caiu. Tombo, nos anos 40 de 1800, com a medicina ainda engatinhando, não havia como rever o quadro. Uma morte feliz, uma passagem como disseram os seus amigos e visinhos...
José Milbs de Lacerda Gama editor de www.jornalorebate.com

2.7.09

Edgar Ficher de Mello, filho do jornalista Ten. Mello falece na região de Petróleo...



Outro pilar dos Mellos de nossa região deixa de existir materialmente. Edgar foi um grande amigo e "meu sempre incentivador" nesta minha veia de escrever tudo que bate nas minhas paredes memoriais, sem me preocupar com erros gramaticais, pontos ou revisão, vale a inspiração.
Nos conhecemos muito jovens. Ainda tinhamos nossos cabelos negros e Macaé era uma grande familia onde todos sabiam as origens e conheciamos todas as vielas que nos levavam ao Centro da Cidade. O REBATE foi o celeiro de grandes colunistas. Desde os anos 30 até hoje sua marca é a marca do forjamento de grandes jornalistas e poetas.
Tenente Mello, pai do meu velho amigo edgar, era um destes que, junto com Osmar Sardenberg (com n como ele gostava de frizar em suas crônicas com pseudônimo de "Ramos"), aliado, também, a José Murteira que se assinava "Mirto",e outros vultos do jornalismo dos anos 50, 60, 70 do Século passado.
Edgar herdou do Velho Mello, o manusiar com as letras e com a fala. Dono de uma linda vóz iniciou-se no Radio e fazia parceria com outras belas vózes como as de Ignácio Heleno Mathias Netto (meu primo), Pedro Paulo de Sá Vianna, Manoel Antonio Assumpçao, Rubens Rodrigues Barreto (irmão do meu amigo Paulo Rodrigues Barreto),Jayro Bacellar Vasconcellos (amigo de meu pai Djecyr Nunes da Gama0, Thiers Pereira de Azevedo... velhos boêmios, alegres malandros e grandes vultos.
Neste tempo de võzes sonoramente/hermoniosas e belas não haviam TVs e a "Rádio Club de Macaé"" era de propriedade do Senhor Dantas que inaugurou este meio de comunicação em nossa região.
Edgar Ficher de Mello era destaque em seus horários com uma das maiores audiências da cidade.
Fomos parceiros durante um longo tempo. Muitas cronicas do seu pai a gente transcrevia no "O REBATE" e ele mesmo fazia alguns textos queforam publicados nos anos 60.
Admirador e amigo do ex prefeito Sylvio Lopes, de quem tivemos bons momentos juntos, era uma constante a gente ir no "Bar e Restaurante São Cristvão", no Centro da Cidade para papearmos com Sylvio que começava sua vida comercial neste pequeno barzinho. Manoel do Carmo Losada, Célio Pimentel Ferraz, Olápio Quinteiro ( o alegre Dédeu), Walter e Faetinho Vieira, Thiers, Manoel Tavares, Manoel Antonio Assumpçao e outros velhos pilares de nossa radiosinfonia-nativa, faziam, ali no Bar de Sylvio, nosso ponto de encontro depois de uma noitada alegre das vindas felizes dos puros e amenos prostibulos dos anos 60...
Atualmente o Geoval Soares que, residindo à 30 anos e, já sendo cidadão da Região de Petróleo, segue os passos destes magos da radiofonia que encantaram gerações.
Ultimamente o Bom edgar andava meio cabreiro da vida. O mesmo olhar felino, o mesmo sorriso do jovem brotava nele quando nos avistámos nos poucos encontros na Nova Macaé dos anos 2000 que some, absorvida por uma nova safra de novos moradores que se jontam aos antigos e fortalecem a futura genética.
Dizia que andava meio adoentado e, sorria, quando eu lhe tocava em alguns trexos de nossas vivências.
Possuidor de um senso de inteligencia aflorada até pouco tempo atuou em uma Rádio Local com algumas reclamações populares.
Mais um Mello que nos deixa. Foi-se o Euzébio Luiz da Costa Mello, Lecino Mello, Luiz Alfredo Mello, Tenente Mello e o patriarca da nossa imprensa Cézar Mello.
O rebate se une a saudade deste grande radialista/cronista e amigo, Edgar Ficher de Mello.
Num dos últimos encontros que tive com o Edgar, na Rua Direita, orgulhosamente me apresentou o seu filho Pulo Roberto Alves de Mello, fruto da união com Dona Eloina Alves de Mello. Rendo aos seus familiares minhas homenagens saudosas. Não é sempre que uma cidade de interior pode ter homens da liderança que o Edgar tinha junto a comunidade humilde da Região de Petróleo. ( José Milbs de Lacerda Gama editor de O rebate) www.jornalorebate.com 77 anos de histórias