Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

28.10.07

HONRAS AO INSTITUTO DA DEFENSORIA PÚBLICA...


Luiz Felipe Millem Silveira:

JUDICIÁRIO AO LADO DO POVO E POR ELE É A BELA MISSÃO DO INSTITUTO DA DEFENSORIA

Num mundo cada dia mais desumano com o capitalismo dando seus últimos suspiros, deixando ao sair, um universo cheio de desnível social e violento, é bom a gente que faz uma imprensa livre e independente das benesses que caem das mesas dos poderes constituídos, tomar conhecimento da presença no Judiciário de jovens Defensores Públicos que honra a missão de estar ao lado do POVO e das pessoas que sofrem com o constante desprezo com o proletariado.

Em Rio das Ostras, uma cidadezinha situada no Estado do Rio de Janeiro, a presença de um jovem Defensor faz com que o Judiciário seja a mola impulsionadora da justiça. As pessoas chegam e encontram o jovem Luiz Felipe Millen Silveira que encampa os problemas dos carentes de justiça e abre o verdadeiro caminho que o judiciário deverá abrir em toda a sua trajetória que é "fazer justiça para quem precise dela e que não pisque os olhos para os poderosos".

Luiz Felipe honra o Instituto da Defensoria Pública e, observado a distância pelo "O REBATE", na web site www.jornalorebate.com que, sem ser notado conversou com dezenas de pessoas que buscam justiça neste setor do judiciário onde a "grana" jamais entra. Ouvimos e sentimos o carinho e o afeto que brotam do olhar atento à lei e o coração voltado para o POVO, que caracteriza a atuação deste jovem Defensor.

Quando eu, ainda jovem, no alto dos meus 20 anos, na Faculdade de Direito, pude aprender e respeitar uma frase que nunca vou esquecer. "Toga, Manto Sagrado da Lei"... Como é bom saber que nem tudo está perdido.

Está de parabéns o Instituto da Defensoria e o Povo sofrido de Rio das Ostras que encontram o judiciário ao seu lado.

Na reta final de um capitalismo que agoniza onde alguns Juizes e Desembargadores vendem sentenças e se corrompem com os políticos que usam o Poder judiciário como seus escudeiros, é muito salutar a presença de Defensores Públicos como o Doutor Luiz Felipe Millen Silveira...(José Milbs editor de O REBATE, www.jornalorebate.com 75 anos de histórias na Região de Petróleo).

Voa, minha linda Borboleta...

Voa que a Vida é tão boaaa..

Quando se tem Amor no coração...


22.10.07

Você gosta de Amora? vou dizer sua mãe e seu pai que você namora....

QUANDO MEUS FILHOS TINHAM 11 OU 12 ANOS....

“Você gosta de Amora?”...

Com minhas idas e vindas, no início dos anos 2000, para levar meu filho José Paulo ao colégio Estadual Luíz Reid e visitar minha outra filha Laís no colégio Estadual Mathias Netto, tenho feito amizades com meninas e meninos de l1 e l2 anos que me passam informações preciosas de suas vivências e me fazem entender melhor o belo de suas falas nem sempre ouvidas por maiores que não entendem, ou se fazem de “não entendidos” nos seus conhecimentos e belezas que só esta idade pode ter e uma só vez na existência humana.

Quando Luís Cláudio, hoje com 40 anos, tinha seus l3 ou l4 anos, e caminhava para o que se chama adolescência, minha outra filha Aninha tinha 11 ou 12 anos. Assim como hoje, no início do século XXI, o José Paulo e Laís teem 11 para 12. Esta época floresce as amizades e muitas ficam passeando na existência nossa até o final da vida. Dizia meu amigo Otavianno Canela, do alto dos seus 100 anos, que “o filme é que acaba, como se na cabeça tivesse longas fitas que iam se renovando a cada dia vivido e a cada sonho sonhado. Era como se a gente, na saúde do dia a dia renovasse estes filmes, e que as doenças iam queimando, queimando, até que ele parava de andar”. Canela sacou isso e me disse, momentos antes de falecer nos anos 90: “Zé Milbs, acho que meu filme está acabando. Ri para alegrá-lo mais tinha certeza de sua descoberta.

As crianças, no meu caso, os filhos, passam para a gente as suas belezas em amizades e afetos. Não posso esquecer os amigos de Luís Cláudio, hoje grandes e pais de outras crianças. Ele brincava e andava com Rogério, Paulo Henrique , “Boi Lambeu”, Máximo, Zé Eduardo, “Tonico”, “Marquinho Pintado”, “Alexandre Menos Um”, “Maurício Sujeira”, André Peixoto, “Ary Jaburu”, Alex irmão de Nélio, Jurandi, “Beto”, Evandro, “Janinho Mancebo”, Filipe Guedes, “Dadate,” “Valzinho”, Zé Fernandes, “Cezinha”, “Faeca”, “Zé” eram pessoas que iam e vinham na vida de Luís Cláudio que junto com Aninha habitavam seus mundos e criaram raízes profundas na história de Macaé já no tempo próximo aos anos 80.

Esta geração representa o seguimento da minha geração e dos pais deles que foram meus contemporâneos nesta Macaé que tento retratar em meus escritos.

Minha filha “Aninha” vinha sempre com Gizele, Fabiene, Daniella, Dany Drumond, Larissa, Aparecida, Simone, Suzane, Vanessa, “Valerinha” que morava na casa de “Carlito Gonçalves” e outras e muitas que juntos com as amizades formavam o mundo que eu revia, nas minhas infâncias de antanho.

Muitas destas crianças tinham afinidades com o meu passado havidos com os pais como era o caso, para citar apenas um dos muitos, como Isabel de “Lulu” que era pai da meiga e pura Fabiene que ainda tenho na minha cabeça sua voz me abraçando e me chamando de “Seu Zelmildo”.”Seu Zelmildo” que ela levou para o céu num triste desastre quea vitimou com Izabel, sua mãe. uma linda loirinha que estudou comigo no Colégio dos Cajueiros e que, mais tarde, iria se casar com “Lulu” de dona Conceição, vizinha de Inês e Lúcia, outro patamar das histórias de nossas infâncias...

Esta fase triste fez com que esta geração de meus filhos sofresse um baque humano, igualado apenas com o que vitimou “Beto” e Evandro, do grupo de Luís Cláudio.

          AS CRIANÇAS

Lais estudava no Mathias Netto conversei com uma linda e doce menina de sua idade que, no decorrer do tempo foi me encorajando em meus escondidos temores existências e me passou encoramento.. Ela relatava que era neta de um dos meus bons amigos, cujo nome evito publicar porque pode ferir sensibilidades. Erica falava de suas alegrias e frustrações. Alegrias por estar no colégio, na 4ª série, ter 11 aninhos e ser colega de Laís que se elegia neste dia Rainha do Colégio em eleição. Sua voz trazia a meiguice dos seus ll anos e uma linda ruga de preocupação tomava-lhe conta da face como que sentindo a ausência de um ser que para ela tinha e tem a importância dos deuses. Saudades de suas tias. Avós e tios...Erica tem um lindo olhar que sempre parece espreitar algo.Mais tarde revi Erica no Grupo de Escoteiro.

No colégio Luiz Reid, conheci Eduarda, muito precose nos seus 11 anos. Todos de sua sala tem mais de 11. Não tem história nas raízes de Macaé porque sua mãe veio do Paraná e ela tem apenas 2 anos morando em Macaé. Meu conhecimento da Eduarda , da turma 502, do colégio, foi um destes momentos que não se sabe nem como começa nem como existe. Era uma época pré natalina e eu estava encostado no muro defronte a porta que dá aceso ao saguão principal do educandário.

Zé Paulo demorava a chegar e algumas meninas saiam com árvores de natal feitas por suas mãos e com os métodos simples e rústicos. Algumas árvores eram ornadas com pipocas, outras com copinhos de plásticos etc.

Era o belo desta época representado pelo belo dos educandários Estaduais que fazem do artesanato o caminho mais curto contra a avalanche capitalista e burguesa que invade nossas raízes cristãos com ofertas e mais ofertas de presentes que nada mais é que a própria negação do verdadeiro sentido cristão. Ainda existe, pensava comigo, reações naturais que se põem em confronto com esta massificação comercial natalina que teima em transformar tudo em compra e faturamento que vão encher os piscas-piscas de comerciantes e empresários malandros.

Voltando a meu encostamento no mural de fronte ao colégio pude ver o vulto pequenino e sutilmente belo de Eduarda com sua obra natalina nos braços.

Às costas trazia uma mochila preta quase comum a todas da sua idade. Uma rápida parada no portal minha atenção foi chamada por que ela, com as mãos ia destruindo todo o trabalho que deveria ter sido de horas na confecção desta arvorezinha que pensei ser sua oferta em casa para pai e mãe. Deixou-me curioso, no entanto que ela. ao fazer a destruição tirava os ornamentos que brilhavam e ofereciam a uma outra menina que, sob seus braços, abraçava outra árvore de Natal. Esta feita e ornada de pipocas brancas.

Eduarda, ao tempo que me parecia destrutiva na obra, contrabalançava a personalidade com este gesto que mais parecia uma ação socialmente pura e divina.

Lembrei-me do sertanista Vilasboas falando da pureza da mãe índia na criação do menino que quebrava o brinquedo só quando feito etc. Vi que não tinha muita relação com o indiozinho a ação de Eduarda mais, me veio alguns pingos de profundo afeto e curiosidade sobre esta menina paranaense e com olhar de liderança latente. Como Estava chovendo todos se acotovelavam e ela se aproximou de mim depois de pisar com força o que restou de sua árvore de natal.

Ainda passava para sua amiguinha pobre os últimos ornamentos, que eram delicadamente postos na mochila da menina, quando eu lhe sussurrei aos seus olhos morenos e profundamente tristes. Sua árvore de Natal é muito bonita!. Como que se faz isso?

Neste momento eu fiz ressuscitar dos chãos cacos de sua obra e pude sentir que a árvore voltava a habitar seus braços brancos e de uma finura angelical. Na espiritualidade deste momento onde os centésimos de segundos só são vencidos pela força rápida do olhar, pude sentir em seu gesto a saudada da árvore destruída materialmente e recomposta na inexistência da matéria.

Eduarda deixou os olhos nitidamente angelicais caírem no absorto do momento e me disse com uma voz que saía de dentro de seu ser e invadia o local onde só eu pude ouvir Se você quiser eu vou fazer outra para te mostrar amanha. Farei de pipocas brancas, ficarão lindas.

Insisti que gostaria que fosse de copinhos brancos de plásticos que achei mais bonito. Eu forçava e com isso queria que ela deixasse que eu visse no invisível do momento o visível ato que lhe fez destruir a obra.

Conversamos amenidades e ela me falou de sua existência em Macaé/ do pai que ficou em Curitiba. Da mãe que tava viajando para São Paulo e tinha sido vitima de um assalto lá, do padrasto e da irmãzinha de 6 anos.

Eduardo, falava e abriu um lindo leque existencial pondo a mostra uma menina criativa e profundamente sensível e inteligente. As suas articulações mentais vinham com início e fim.

Não era uma menina igual. Ela era diferenciada das pessoas comuns que vejo e falo no dia a dia de minhas pesquisas sobre o comportamento humano

. Sua aparência física tinha, agora lembro, um parecimento com Erica. Ambas muito branquinhas, magras e belas. Seus olhares se pareciam no piscar curioso e as falas também eram falas penetrantemente puras, desconfiadas e firmes,

Destas falas que invadem nosso ser e ficam ecoando no nosso coração, se misturando ao vital e dando fortalecimento e revigorando a gente. Entre Eduarda e a outra menina, além dos belos, pude sentir a coerência da presença de seus pais. Seria a proximidade do Natal que fazia esta transferência para o meu entendimento ou era mesmo as ausência algo que eterniza a existência de toda criança.?

Ai me veio a memória meus l1 anos quando não tinha a presença de meu pai. Éramos então iguais. Eu, Erica e Eduarda estávamos sentindo as mesmas faltas.

Eu de meu pai que se separou de minha mãe e foi para São Paulo, Erica do dela e Eduarda idem.

Esta trilogia de ausências e amor me fazia matutar no fortalecimento que fazem na gente. Eduarda, eu e Érica temos que criar, e criamos, um momento de eterna ausência, que poderá e será o nosso cimento para a formação de nossa própria personalidade. Longe de criar o desejo da presença da ausência a gente criou o valor do conhecimento da ausência e cimentamos a formação de idéias que passamos a usar no fortalecimento de nossa relação com o mundo.

Érica aconselhando que deveria ir mesmo ver Laís ser eleita rainha, sentir sua alegria do pai na platéia e dedicar a mim sua vitória como seu ídolo. Érica me fez chutar o balde de uma sociedade hipócrita e fui ver a Coroação de lais Rainha do Colégio Mathias Netto...

Eduarda me dizendo do belo refazer uma obra que lhe foi pedida sem o rancor da agressividade e eu dizendo para elas “que a ausência da presença que sempre quis ter e não tive me deu outras forças, outras formas de ver o mundo, mesmo sabendo que faltava alguns copinhos na árvore de natal de minha existência”.

Minha infância longe de meu pai fez-me entender as ausências destes anjos em seus sentimentos escondidos.

    O CONTO DA JOANINHA DE EDUARDA

No outro dia voltei a ter com Eduarda. Agora já amigos, falava de sua religiosidade, dos seus medos em matemática e de sua existência de menininha. Dizia de sua cidadezinha Guarapuava que fica no Paraná, e que para ir para ela pegava o ônibus de Foz do Iguaçu e que sua avó mora com uma tia avó dela num sitio onde tem cachorros, gatos, árvores e um belo balanço. A cidade ela me diz que tem muitas casas bonitas e de madeiras. Seus olhos brilham de carinho quando se refere a sua existência em Guarapuava...

Eduarda tinha escrito uma historinha que, sabedor que eu estava escrevendo um livro, queria me mostrar. E aí vai um dos momentos mais lindos deste livro. Público na integra sem mudar nada.

      JOANA, A JOANINHA MENTIROSA

Era uma vez, numa cidadezinha uma joaninha chamada Joana. Em um belo dia, ela gritou correndo pela cidade.

-Socorro! Socorro! entrem em suas casas. Tem um pássaro vindo para cá!

Bem na hora que as joaninhas entravam ela caía na gargalhada dizendo.

-Seus bobos, vocês acreditaram! E todo mundo saiu de casa dizendo.

-Que menina mais mentirosa!

No outro dia ela aproveitou o que todos tinham esquecido e saiu gritando novamente.

- SOCORRO! SOCORRO! um pássaro está vindo para a nossa cidade!

Aconteceu o mesmo. Todos se esconderam e ela riu dizendo.

-Vocês são tolos demais! E eles não gostaram nada disso.

Novamente no outro dia ela gritou.

-SOCORRO! SOCORRO! Agora é verdade , vão para suas casas o pássaro está vindo!

Como quase ninguém acreditou só os que entraram nas casas se salvaram, e o resto? Morreram comidos pelo pássaro.

Moral: Não minta

E se exagerar não diga nunca mais.Eduarda turma 502 C.E. Luiz Reid.

17.10.07

HOMENAGEM AO MEU AMIGO WILLY DE MIRANDA COOPER

JOGOS DE BOTÃO PELAS VARANDAS..

Devia ter uns oito para dez anos quando fui a um Estádio de Futebol. Naquela época a gente jogava botão nas varandas de Seu Thiers Pereira de Azevedo, Dona Olga, às vezes, transpondo as barreiras das ruas, na casa de Osmar “Cascalho” que ficava na Rua do Sacramento onde residia Valdir e seus familiares.

Nossos joga­dores eram os craques dos times que escolhíamos para torcer. No Rio eu era Vasco, em São Paulo era Corinthians, Telmo era Flamengo no Rio e Palmeiras em São Paulo. Cláudio Moacyr era Fluminense e São Paulo. Levy também era Fluminense. Os demais se espalhavam. Tinha até um colega que, sofrendo influência de João Pinto, esposo de Dona Elmira e irmão de Titinha do Independente, torcia para o São Cristóvão. João Pinto era um dos poucos, senão o único torcedor do São Cristóvão em Macaé.

o América tinha Dudu Trindade e Jorge Siqueira como torcedores e o velho Bangu, apenas o Dodosinho filho de seu Hipólito. Dudu Trindade, avô de meu neto Jose Paulo, nos anos 2000, sempre brincava que o América não perdia há muito tempo. E ele, ainda menino alegre e inocente, perguntava: por quê? E ele, como se tivesse “pegado ele”, dizia: é por que não tem jogado...

As nossas tardes-noites sempre eram alegres na Rua do Meio. Um dia, em companhia dos mais velhos, se não me engano Walber, “Pau Puro”, “Manoelito”, “Parrudo”, Luiz Almeida, Mirian, Nelsinho e Simário, fomos ver um jogo de futebol no FORTE MARECHAL HERMES (naquele tempo acho que não tinha o Estádio Expedicionário). A minha memória infantil jamais esquece aquele jogo. Era Americano x Fluminense.

... Acho até que Grebe, “Maleta” e “Betinho” estavam nas arquibancadas vendo as jogadas de Fubeca e Padaria.”Bill” se recorda até dos passes destes símbolos do nosso passado esportivo. Willy de Miranda Cooper, meu velho amigo de Senai, Rua do Meio, O REBATE e das políticas, é um dos mais “guardativos memoriais de nossa cidade”. Lembra-se de tudo...

Eu torcia para o Americano e era também torcedor da Lyra dos Conspira­dores. O jogo mal começou e já identificamos nossos heróis. “Têca”, “Alfredinho”, “Sinhô,” “Bené”, Fubeca (como foi que Garrincha aprendeu os dribles deste bom sapateiro dos Cajueiros)?

“Padaria”, Oséas, “Biriba”, Aymar Coelho, João Reis e Benoni. Na ponta, correndo como uma flecha, pra lá e pra cá, “Geraldinho” irmão de Cláudio Moacyr (acho que vem dai ele ser Fluminense). Que gente boa de bola, meu Deus! O pior é que tudo era em Macaé numa década de ouro do nosso bom futebol.

À tardinha voltamos todos para casa. Minha avó e Gilda discutiam com Dona “Lalate” e Dona Olga a minha demora e de Rubinho, Renato e Roulien. As mães e avós dos anos 50 eram iguais as do início do milênio. Apesar dos avanços da tecnologia e dos computadores o coração e o sentimento são o mesmo em toda a extensão do humano.

... Jogos de boião pelas varandas...

No outro dia não deu outra: “Péia de Bené’ no chute certeiro do botão feito de casca de coco. Ia me esquecendo: havia uma “cumbuca’ que nós nos orgulhávamos. Um dia eu vou falar sobre ela. A “Cumbuca” era um buraco no cimentado da varanda onde se podiam esconder alguns jogadores. Uma pequena expropriação infantil...

“o Cravo brigou com a rosa

Debaixo do Manacá..

O Cravo saiu ferido..

A rosa "pôs-se" a chorar “...

8.10.07

CERJ, CEDAE E SERASA INIMIGOS DO POVO...

Cerj, Ampla e Cedae as mesmas maldades históricas...


Cortar luz de quem não pode pagar, água e outras coisas fazem parte da maldade destas frias organizações. Ainda temos agora uma tal de Serasa que abriga gente que pensa pelo bolso. Como se, ao morrer, pudessem levar seus caixões cheios das granas que extorquiram dos pobres devedores.

Foto: Rui Porto Filho(A minha amiga Detinha, a bela Soterapolitana que, nos anos 30, fez bater forte do coração do meu professor de Física e Qumica na Escola Ferroviária 8-1 Senai, nos anos 53, 54 e 55, feliz ainda pode ver o "não esquecimento" das histórias. Noêmia não teve a mesma sorte...


II

Em Macaé esta maldade desumana se abateu sobre dona Noêmia Mello, dona e herdeira do local onde funciona o SOLAR DOS MELLOS. Noêmia, filha do Cezar Mello, jornalista combativo dos anos de 1860, era irmã solteira do Clóves Mello, que foi um dos mais conhecidos “pequeno comerciante” nos anos de 1900 e que foi pai do meu amigo e redator nos anos 70, Euzébio Luiz da Costa Mello.

III

Noêmia vivia só no Casarão. Personalidade era o que não lhe faltava e não se sentia bem com as constantes cobranças de Água e Luz que recebia em sua porta. Depois de muita aporrinharão com as cobranças e as ameaças que vinham de “paus mandados” dos chefes destes órgãos, Noêmia não fez outra coisa: Deixou que fossem cortadas estas mazelas (estas coisas horrorosas como diria Euzébio) que deveriam ser fornecidas de graça para o POVO.

Luz, Agua, Transporte, Moradia são sinônimos de direitos do POVO. Se o dinheiro desviado em comissões, falcatruas dos governantes e mordomias fossem cortados estes bens primordiais, ao certo, voltariam para os pobres...

IV

Livre destas especulações, Noêmia se auto-exilou no “Casarão do Cezar Mello” como era conhecido o "Solar dos Mellos". Iluminado nos anos de glória do jornal O SECULO, recebendo os bajuladores do PODER que viviam a procura de matérias, a “menina Noêmia dos anos de 1870”, terminou seus últimos dias de vida no Asilo da Velhice Desamparada que, por ironia da história foi uma entidades fundada pela campanha que empreendeu seu pai pelo jornal O SECULO.

V

O final triste de Noêmia Mello, a “Tia Noêmia” que tão carinhosamente o meu bom “Zebinho” sonorizava com sua meiga e harmoniosa fala, sirva de alerta aos detentores do “poder transitória” desta cidade de pouca memória e muitos memorialistas de plantão.

Noêmia morreu pobre, semi abandonada num asilo de Macaé. Nem sei como que a Prefeitura Municipal conseguiu dela, já sem herdeiros, a transferência do imóvel para que tenha sido criado o SOLAR DOS MELLOS...

As más linguas que cortam nas esquinas e vielas das ruas asfaltadas desta cidade falam aos cantos, sussurados para que não sejam ouvidos, que existe uma Mafia que ronda, como lobos famintos, as pessoas que tem imóvel e vivem sós. Objetivam tirar deles os bens e, na melhor das hipóteses, ficarem com algum lucro pessoal. Não acredito que com Noêmia tenha sido assim. Afirmam, estas comprida linguas, que estes lobos são gente "fina" que até deixam a mostra uma religiosidade latente...

VI

Quando eu, nos anos 70 e 80 viajava com Euzébio para cidades do RJ na luta pela sobrevivência do "O REBATE" e na criação de nosso ex PT, eu dizia: “Euzébio, você precisa arranjar um herdeiro. Você é filho único de Clóves, Noêmia é solteira, perpetuar o sangue dos Mellos é sua missão. Ele ria, com a gargalhada natural que expunha seu lindo interior de menino/macaense e sentenciava: “Milbs, tem tempo. Ainda não encontrei a minha princesa encantada “...

Com sua morte, tràgicamente no acidente de carros na estrada Macaé/Rio das Ostras, Euzébio não teve tempo para encontrar sua Princesa e, a Princesinha do Atlântico” não perdeu tempo: abocanhou a Casa dos Mellos e hoje nem deve ter nada que homenageia Noêmia Mello a filha a mais rebelde do Cezar Mello e tia do jornalista e poeta "Zebinho" Mello... (José Milbs de Lacerda Gama, futuro historiador e jornalista).