OS BAIRROS MIRAMAR E VISCONDE, Filhinha. Odila Araujo, Anita Alvarez Parada e dona Yayá Vieira... das nossas Histórias
Uma das primeiras famílias que habitaram os bairros Miramar e Visconde de Araújo, foi a de Filhinha, esposa de Tolizano. Ela mãe de José Carlos e umas outras meninas que se casaram. Uma se casou com José um ferroviário e a outra com Herval Meireles um colega meu do SENAI e irmaoirmão de Meirelles da Sucan. Filhinha era prima de minha bisavó e ia na casa dela sempre com minha avó Nhasinha. Retratei este fato numa crônica no livro “Cabelos Brancos” e publicada no jornal “O REBATE”.
Era um menino de l0 anos e a caminhada da Rua do Meio até a casa de Filhinha parecia uma viagem. Por entre troncos de árvores e, vendo saltitar nas valas límpidas ( hoje um valão fédido que corta toda a extensão dos bairros), piabas e muriongos eu podia dimensionar uma vegetação florida e um mundo todo de natural essência. Ia com minha avó que por sua vez fazia todo o trajeto me colocando a par das existências humanas de Macaé e de Sua Gente que ela tanto conhecia e era conhecida.
Foi assim, nesta longa conversa de uma caminhada celestial/terrena que eu ia sabendo das existenciasexistências das histórias vivas de Macaé. Jamais, eu e minha avó podíamos imaginar que isto viria a ser publicado...Quando a gente passava pela Praça da Igreja era de dona Artemia, maemãe de Pilar, Anita, Cezário, Tonito e Ermínia que ela falava. Daí em diante o tempo formava um rosário de gente de um tempo que eu pouco vivi. Lafaiettte Vieira de Faetinho e Walter, Joaquim Santos, Jose´Siqueira de dona Delzinha, Yayá Vieira, , Joaquim Santos. ConceiçaoConceição Prata eram sonoridades humanas que entravam em minha cabeça com carinho ev amor na pessoa que me familiarizava no tempo.
As longas conversas formatavam nosso entendimento e formava o conhecimento que só a fala humana pode fazer.
II
Andávamos por ruas e vielas onde hoje existem o Banco do Brasil, a Fafima e o Luiz Reid. Arvores, gente de cavalo e muitas bicicletas. Alguns cumprimentavam, outros nos olhavam e a caminhada era elegantemente/ linda. Soltando das suas mãos eu pulando por entre galhos, espantando a passarinhada, vendo preás e gambás que corriam por entre matos e cercas que pareciam não Ter fim. Era assim onde hoje tem o ABC e o Hotel Portugal.
Algumas casas de ferroviários com cercas de restos de trens e só. Era esta pura cidade que percorria com minha avó da Rua do Meio até o que é hoje o Bairro Miramar.
Chegávamos na casa de Filhinha que era a única casa do Bairro onde tinha uma espécie de Quitandinha ao lado. A linha de trens ficava a uns
A vida de Macaé começava a ter modificações estruturais e culturais com a vinda de centenas de homens e mulheres transferidas. Muitos em busca de emprego na então Leopoldina.
A casa de Filhinha foi o marco que deu inicio a criação deste bairro e o José Carlos, que ainda esta morando lá, tem as fotos que marcaram sua infância no grande quintal com a geografia da época.
A vida do bairro teve inicio com dezenas de famílias de ferroviários que compraram seus lotes e foram cimentando uma nova história macaense e forjando, no suor das oficinas de Imbetiba, a vida e a cultura de novas gerações, que se misturaram e formaram uma Macaé ecléticamente genética e mais apurada.
DONA ODILA ARAÚJO
Pouca gente sabe que temos uma dama que fez história no Teatro Brasileiro. Era mesmo uma macaense que saindo de Macaé, brilhou nos conhecimentos da vida teatral no Rio de Janeiro. Dona Odila Araujo mãe de Cordely. Esta talvez mais conhecida por ser jovem e habitar em nosso cotidiano. Cordely como sua mãe também fez Teatro. Eu sempre ouvia falar
O teatro veio para esta macaense como para a maioria dos grandes em suas várias profissões. Chegou a ela como vendedora de ingressos e projetou-se no palco pelo talento que soube desenvolver na filha Cordely. Ainda morando em Macaé e chegando aos 90 anos ela mesma me contou o que falo e escrevo.
II
O Rio de Janeiro nos anos 40, mais preciso em l943, viu chegar alguns valores do interior que fizeram historias. Dona Odila foi uma delas. Trabalhando no antigo Rex e Capitólio esta mulher, nascida na Rua Alfredo Backer numero l, em Macaé, mudaria sua historia e se firmaria com brilho na vida do Teatro Brasileiro.
Teatro Gloria na Cinelândia perto do Amarelinho fazendo bilheteria e secretariando os mais famosos artistas da época ela foi se firmando e formando sua história. Do tempo em que se selava os ingressos e se conheciam os freqüentadores por nomes e por cadeiras. O teatro do Rio engatinhava.
No Fênix como secretária, depois foi com Dulcina e Odilon para o Teatro ginástico da Graça Aranha; Ela sempre que se refere ao Odilon ainda usa o doutor Odilon.
Assim esta pequenina mulher macaense foi sendo pilar na teatrologia nacional onde sua filha Cordelly trabalhava nas peças de Nelson Rodrigues amigo pessoal de dona Odila de quem fala que era uma pessoa muito perguntativa. Nelson gostava de secar as pessoas com pergunta. Fala isso e sorri. Por 12 anos ficou com Dulcina e o Dr. Odilon.
Depois Meson de France. Eva Tudor, sempre vem até Macaé visitá-la e Odila ainda tem saudades do Rio, de sua casa em Copacabana e Lido onde se reuniam os seus amigos de teatro. Rodolpho Mayer, Floriano Faissal, Iara Cortes, Dayse Lucidi, Jece Valadão. Agildo Ribeiro, Paulo Nosling são alguns dos seus amigos recordativos.
Fala com sensibilidade especial sobre Sérgio Cardoso e relata que foi com Sérgio, que Tarcísio Meira teve seu primeiro papel no teatro.
Acha que o mais lindo do teatro é quando a companhia viaja. Conheceu o Brasil todo nas companhias que trabalhou. Cordelly trabalhou em 7 gatinhos de Nelson Rodrigues e ela fala com orgulho de seu neto Cláudio José Araújo Motta que ela criou e hoje é um dos mais renomados químicos do país e que leciona mestrado nas Ufrj.
Este seu neto é um dos mais importantes expoente do mundo em sua formação. Estudou no Luiz Reid nos anos 70. Orgulha- se de ter sido amiga de Agildo Barata e Ney Braga. Ë irmã de dona Odiléa mãe de Jojó, Julinho e Tutuca. Seus últimos dias foram vividos na Rua Conde de Araruama.
Vizinha de António Parodi ela viveu seus encantados dias de belas recordações. O olhar fixamente preso no belo do Rio de Janeiro e suas recordações faziam de dona Odilha a mais autentica das harmonias com o belo.
Sua morte foi a morte de uma história viva da cultura do teatro brasileiro...
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