Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

30.1.09

Amigo eu venho debruçar-me em teu ombro.




"AMIGO eu vnho debroçar-me no teu ombro, prá fazer a confissão de meu fracasso.
AMIGO eu venho, não em busca de conselho, ou de apoio moral prá minha dor. Venho, apenas, meu irmão, meu camarada, para dizer-te que roubei o teu amor...
AMIGO VELHO que lutamos contra tudo ferozmente. Que tentamos esmagar os corações. Mais o amor foi bem mais forte, infelizmente. Um assassino que mata à sangue frio. Um ldrão que assalta à mão armada. Talvés não sinta no peito este remorso. Esta vergonha na face retratada.
AMIGO, nunca mais me estenda a mão. Que merece por mim ser apertada. Nem esta mulher merece o teu perdão,
Esqueça que existimos, CAMARADA"...

27.1.09

Minha rede na varanda, poucos amigos, muitas lembranças e a certeza de que "O homem é o que é por último" como disse o Fernando Frota nos anos 70






MINHA REDE NA VARANDA DO SITIO

UM POUCO DAS HISTÓRIAS DOS ANOS 70 E O FIM DO MOVIMENTO HIPPIES

Durante um longo período fiquei afastado do sítio que minha mãe trocou pelo terreno que minha avó deixou para ela como herança. O terreno era na Rua do Meio onde nasci.
O sitio, na Granja dos Cavaleiros, parte uma antiga fazenda da Família do Escritor macaense Luiz Lawrie Reid que se tornou loteamento.

A época participava no movimento hippie e só falava em deixar a cidade e ir para o campo. "Ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela para ver o sol nascer". Era tudo que queria e minha mãe fez minha vontade.

Deixar a cidade e ir morar longe dos burburinhos fazia minha cabeça e eu aceitei de pronto. Embora continuasse morando na Rua Visconde de Quissamã, numa vila,, eu vinha todo o dia no sitio e me encantava com a mansidão solitária. O local no início dos anos 70, não tinha estrada, luz, nada. Simplesmente tinha "tudo" para mim.

Apenas uma picada feita por andar humano e bicicletas formava o caminho. Uma trilha (no bom sentido). Pequena estrada feita, pelos loteadores para vender os lotes que tinham de 5 mil a 10 mil metros quadrados.

Passarinhos expulsos de Macaé tinham por aqui seu local tranqüilo e firme para procriação. Bacurau pelo caminho, borboletas de todas as cores, preás, rãs, enfim eram alguns dos componentes que se podia admirar nos 2 quilômetros que separavam o sitio da estrada.
Rolinhas, papas-capins, tizius, sabiás, andorinhas, pombos selvagens, pombas-Rola, anuns, gaviões e, patos que se fizeram selvagens, vindos do sitio de Lafaiete Cyríaco, que mais tarde também foi expulso de seu belo recanto poético, davam a certeza que ainda existia paraíso para se viver dentro de uma cidade que começava a ter sua história deteriorada, em sua essência, pela chegada da "corrida do petróleo" criando ganâncias materiais aos menos avisados. Os bobos proprietários vendiam tudo que tinham acumulados ao longo da vida de seus pais e avós e vendiam para os que chegavam.

"De vês em quanto", cavalos e cavaleiros passavam e, nos cumprimentos, se podia notar purezas, ainda latentes, em seus cavalgamentos sem destino.

DAS BONDADES HUMANAS

As manhãs eram sempre maiores e já se podiam notar os verdadeiros moradores do lugar. Seu Flanque (como é conhecido) tinha a beleza nascente da bondade e da presteza.
Peroba, Cimar, Natalina, Beto, João seus irmãos e, seu pai Pacuçu, se misturavam a novos Baianos como Manoel Vieira que morava do meu lado com dona Lindaura que trouxe e espalhou uma raça de bons meninos baianos. Dona Lindaura nos deixou em plena forma e vigor.

Jorge Barbudo, Moraes, José e Milward. Enfim o local começava a se formar com gente que conhecem cada palmo e cada planta. Dona Rola, com sua meiga presença, era uma espécie de abelha Rainha deste paraíso intocado numa Macaé ainda não desbravada. Roberto, seu filho, irmão de Chicão sabe, como eu, o quanto as coisas mudam e se transformam. Nosso Bairro ainda era conhecido como "Molambo", nome herdado das longas e intermináveis idas e vindas na Fazenda dos descendentes do Luiz Lawrie Reid.

Morou ainda por aqui Manoel do PU e seus filhos, ele, autor de "Cascudinho Azarento", música de sua autoria que fala num peixe de seu sertão nordestino. Durante a música ele apela para não falar no nome deste peixe que ai dá azar e não se pescaria nada.

Cantou no Festival que fizemos no "O REBATE" nos anos 60 e que mereceu aplauso e preferência de José Carlos Oliveira, Jaguar e Olga Savani, embora Piry tenha vencido o Festiva de O Rebate de 68, o "Cascudinho Azarento" fez sua história. Foi citado em longo texto no JB feito pelo meu amigo e boêmio José Carlos de Oliveira.

Era desta gente pura como o ferroviário Marinho e seus filhos, notadamente Stalin, que foi registrado com Estalin, num dos famosos erros cartoriais macaenses, que se iniciou o bairro. Com isso a minha recordação vai ficando cada dia mais presente e fortalecida.
A presença de Moraes, no sítio, vinha de sua morada com Barreto, irmão de Milward, bem lá onde fica o final do ônibus 80 que faz trajeto Cavaleiros /Aroeira. Nesta época não tinha estrada, e, uma picada nos levava ao sítio deste amigo Barreto, que era vizinho de Salvador Baptista dos Santos e Roberto Bueno de Paula Mussi. Dodô saiu da área e Roberto continua morando lá.

Durante muito tempo editei o jornal O REBATE neste Bairro, num galpão construído com a mão de obra local,com suas paredes, por incrível que pareça, feitas de pau a pique.
Um dia estava passando na porta de um bar e um menino me chamou atenção pelo olhar ativo e esperto, perguntei-se ele queria ser tipógrafo e ele, sem saber nem o que era, me disse que sim, depois de anos foi um dos bons impressores e compositores do jornal.

Ricardo ainda mora na região, e, como Natalina e outros trabalhavam comigo no jornal que era uma espécie de orgulho do Bairro. Chicão e Peroba, um dos mais antigos moradores daqui, sempre falam com Luís Cláudio, meu filho, que o "Molambo" já teve um jornal Semanal e um Diário, já que Luís Cláudio, Magrinho, Elton, Ricardo, Natalina, Fraga, editaram o DIARIO MACAENSE que infelizmente não vingou por falta de uma coisa muito comum no jornalismo que é o acocoramento ao poder

Em novembro era tempo de colher Jabuticabas, Acerolas, Pitangas, Amoras. Os pés de Mangas começam a ter seus frutos caídos com os ventos vindo do Sul e as Jaqueiras nos dando a certeza que teremos doces no mês de dezembro quando se aproximar o final do ano. Muitos cajus brancos e vermelhos e abricó...

O sitio é um local ainda virgem na Macaé que se prostituiu com o progresso descompassado e feio. O galo ainda canta nas madrugadas e os anus brancos e negros teimam em aninhar-se nas árvores que mantenho ainda de pé em teimosa posição de reação as multinacionais que me cercam por todos os lados. Expulsaram o Lafaiete Ciryaco, o Alfredinho Tanus, filho de Camil, o meu primo Lélio Almeida, o Paulo da Farmácia e, encolheram o terreno de dona Rola, mãe de Chicão e Peroba.

A NASCENTE E OS GINDASTES

As empresas chegam e compram tudo nesta área, que puseram o nome de "expansão urbana" e Área Impresarial de Firmas de Apoio". Resisto e continuo preferindo o cantar dos galos, o pio dos passarinhos ao barulho fedorento de guindastes empacotando correntes de ferro e container. Todas as nascentes do Bairros foram aterradas para engordar as Contas Correntes de alguns macaenses inescrupulosos e muitos políticos corruptos que ganharam grana ao aprovar tudo que vinha "anexado" aos processos de obras...

A nascente que brota no final do terreno é a maior de todas as riquezas do Sítio. Estou cercado de multinacionais e firmas de apoio.Elas aterraram brejos, nascentes e córregos. Mantenho minha nascente de Aba de Morro com sua água cristalina que me abastece quando a Cedae me deixa sem água da Rua e o Aprígio não me atende.È a minha herança para meus filhos que tem sua origem na Fazenda Airys que meu avô Mathias Lacerda deixou para minha avó nos anos l926 e que, trocados daqui e dali, veio a dar nesta Estância Vista Alegre onde moro.

Pus a cama na varanda...
Me esqueci do cobertor...
Deu um vento na roseira...
Meu cuidado se cobriu todo de flor.

AINDA SOBRE O SÍTIO

Dizem que a maioria dos lotes desta Granja foi adquiridos da Família Reid por ex -ferroviários. Este em que moro foi de Moacyr Amaral, um ex-pracinha, que construiu a casa, que ainda resiste ao tempo. Moacyr a construiu quando de sua volta da 2ª Guerra Mundial nos anos 40. Moacyr Amaral morou aqui e trouxe seu cunhado Jorge Marinho que casou se com e meiga Leda que nos presenteou com seus filhos Marcinho e Alexandre.

Ruy Almeida, irmão de Luiz Almeida que tem nome de uma Rua aqui perto , me dizia, quando de suas andanças por aqui onde deixou um belo sitio para seus filhos. Este lugar será a Macaé do futuro. Achava que Ruy estava ficando maluco, como ser uma coisa do futuro num lugar que só tem mato e bicho? O tempo passou, vieram às empresas do petróleo, firmas compraram quase todo o bairro.

Ele construiu uma grande casa onde não tinha nada, seu espírito futurista tinha tocado o seu lado comercial e cumpriu suas profecias: o bairro cresceu. O Molambo virou "Vale Encantado".
Como eu ia dizendo, minha mãe trocou o terreno na Rua do Meio de 330 ms2 por este sitio de 11 mil metros quadrados. Diziam que ela não devia fazer isso. Trocar um terreno perto da Praia de Imbetiba, por um punhado de mato? Ela apenas disse:- “para fazer a vontade de meu filho não vejo isso como lucro ou perda e, virando se para mim, perguntou,. você quer mesmo? o Everaldo Esteves, me telefonou, e fecha o negócio hoje. Respondi sim. .Trocou o terreno pelo sítio, como se diz nas conversas dos tabaréus: elas por elas.

Vindas diárias de carro ou de ônibus se tornaram bons motivos para que conhecesse este paraíso.

DESBRAVANDO AS MENTES EMPOEIRADAS

Era o limiar dos anos 70 e as movimentações sociais caminhavam para que começasse a gostar do local. Pipocavam em todo o mundo os gritos de liberdades nos movimentos contracultura e Hippies. Macaé não podia dizer não. Dissemos presente, embarcamos na canoa de cabeça.
Marcelo do "Grilo" havia aberto seu bar que era o point da época. Lorote Soutinho do fluminense, cria o "860" na Imbetiba de onde se muda toda a galera, deixando a rua principal para se localizarem na orla, onde mais tarde viria à busca do ouro negro e com isso incentivaria a prostituição, mudando o point para a Praia dos Cavaleiros sentenciando em parte a morte da orla de Imbetiba.

Fernando Pereira, abre a "Boca do Suco" que funcionava no centro da cidade e que era uma das opções dos nativos e noctívagos. Uma provocação a repressão que via no titulo uma maneira de cutucá-la.

Samuel Marques pensava em abrir o "Chaplin's," e o abriu mais tarde com apoio de Andréia. Antes Glauro abriria o "Degrau" , no "Velho Casarão" do seu Ibrahim ex -dono do Jogo do Bicho, pai de meus amigos Alan e Flamarion. Três bares em três ruas históricas de Macaé. Boca do Suco na Teixeira de Gouveia; Chaplin, na Silva Jardim e Degrau na Rua Washington Luiz Pereira de Souza.

Izaac criaria o jornal 'PALANK', Euzébio reeditaria 'O SÉCULO' com 'Nato', 'Manel', Phydias, Ricardo e Cláudio Santos. Era uma época de grandes e intermináveis mutações nas cabeças pensantes. Uma gama de jovens vindo de toda a parte do mundo aportava em MACAÉ.
Ricardo Meireles, lançava seu 'Palácio do Urubu' e ia até a Europa. Nato e Manel Reis, Armando Rosário, "Gloria Nacional" e outros imaginam o "Burziguin". Morria "Caubizinho" em triste desastre em São Gonçalo e Luiz Geraldo Pinto idem numa ponte no Sul do país.

"Boca de Bagre" bate de caminhão em Pernambuco e também morre. Deixa o mano "Zé Puleiro" e o "Lalá" tristes. "Fernandel"; "Flavinho" e "Manel das 7 em porta" são alguns das "praças" famosas."Chiquinho Tatagiba" e Ary reinam nas velhas paradas macaenses assim como o "Velho Mota" reinava na Campista. Gordo puxa cadeia na IIha Grande e volta contando historias dos famosos da época.Fala em C.O., em Mariel e em Lúcio Flávio Vilar Rios. Histórias de cadeeiros passadas pelos personagens que vivenciaram. Tudo sob o forte brilhar do belo Luar de Imbetiba e o Sol ameno de nossas tardes...

II

Armando Rosário, deixa o Rio, a "Manchete" e a "Banda de Ipanema" e vem de mala e cuia fotografar Macaé através do "BURZINGUIN", um jornal alternativo que circulava em xérox. "Aninha", minha filha com 8 anos é capa deste jornalzinho lindo. Não sei se ela foi fotografada por Livinho, por Rômulo ou por João Carlos Campos. Fato é que este jornal circulou com muitas fotos e muita gente boa escrevendo. Era o final dos anos 70.

RESISTENCIA E A U.R.

"O REBATE" resiste a tudo e a todos e, mesmo capengando, entra na Contracultura e enfrenta a ditadura . Fuxicando a onça, somos enquadrados na LSN. Lá fui eu e Euzébio responder IPM na Marinha e no Exército. Sorte ter tido como auditor o Almirante Grecco amigo de nossas avós e Jacob Goldemberg um simpático mineiro que entendia nossos escritos.
Denunciados que fomos por uma câmara de vereadores subserviente ao poder e acocorada ao sistema tive minha matricula na Faculdade de Direito impedida de renovação e Euzébio não pode fazer a Universidade. Deixamos de nos formar nas Universidades e nos tornamos bacharéis na Universidade das Ruas (u.r.).

Valia tudo para conhecer o Maravilhoso Mundo Novo que habitava a cidade. Erasmo de Roterdã é lido e Marcuse idem. Fernando Pereira vinha do movimento estudantil de Ibiúna com novos enfoques, Baroni com uma nova arquitetura se faz presente nas caminhadas sob o luar de "Jurubatiba"; ainda virgem das especulações.

A meiguice curiosamente pura de Sandra Waytt, o olhar introspectivo de Edinho e Henry, seus irmãos mais novos, refletem numa Macaé que enfrenta tudo e se propõe guerreira e transformativa.

A poetisa já bailava em Sandra no seu interior que aflorava em versos cândidos e revolucionários. Eleonora Borges nem pensava em abrir o Mahathan nem Armando o Macaé Jornal. O MOVIMENTO ESTUDANTIL DE IBIUNA JAMAIS PODERIA PREVER O RASTRO DE CORRUPÇAO QUE CONTAMINARIA O PT DOS ANOS 2000...

A cidade fervilha.

Fernando Frota lança "Apurrinhola" que chega em boa hora. Estava acabando o ciclo das gargalhadas e dos puros sorrisos e a Apurrinhola vinha fazer voltar o humor e as gargalhadas verdadeiras e nativas.

(Para quem não sabe, vou tentar explicar: Apurrinhola foi uma criação do imaginário de Fernando Frota. Ela, a Apurrinhola era para aporrinhar as pessoas. Invisível, Segundo o criador Freta, a máquina aporrinharia na parte mais sensível de certas pessoas. Tirava dinheiro do bolso quando o cara ia pagar conta; dava tropeçadas em pessoas que faziam poses, engravatados e com cheiro de mofo e empapuçadas pelo poder; falava coisas verdadeiras ao ouvido dos safados, enfim, era uma máquina de aporrinhar mesmo.

Niltinho foi o primeiro a ver este humor e, de soslaio, dava suas catucadas inteligentes e espertas. Quem não curtiu a Apurrinhola de Frota, perdoem, não viveu as loucuras sadias dos anos 70...
Frota, uma cabeça sempre de pensamento rápido e alegre, ria antes de completar os efeitos da Apurrinhola o que dificultava o entendimento quando relatava. È que ele, quando dizia que a "apurrinhola" tinha tirado certas quantias do bolso da pessoa visada, já gargalhava, prevendo o final. Sé quem acompanhava sua onda, em ondas anteriores entendia e sacava no ato. Amildes e Amilton sabiam da existência da maquina e riam juntos com o velho Frota...
.A pura criação desta máquina invisível, nascido do humor interior de Fernando Frota, deu seguimento a milhares de formação de histórias e momentos de raras belezas em cada interior dos que a entendiam. Sendo um ser imaginário a "Apurrilhola" tinha o sentido do mais fino humor.

Marquinho Brochado ainda lembra, com sorriso escancarado de um canto ao outro de seus imaginados.

Até pouco tento antes de projetar seu frágil carro de frente com um possante van e despedir-se do mundo, Marquinho sempre se recordava alegre e feliz das Apurrinholas criadas em cima da Apurrinhola verdadeira que Frota tinha inventado. A de Frota, dava beliscão na bunda das pessoas, jogava lama no terno do almofadinha, espalhava um vento que fazia voar a grana da gaveta do comerciante sovino e etc.

A nossa Apurrinhola era diferente. E esta diferença, mais à esquerda, que motivava as divergências com Frota. A nossa assaltava banco, jogava dinheiro nas favelas, espalhava alimentos na periferia, roubava comida das festas sociais, punha pobre dentro dos clubes etc...
Num vai e vem que não foi.

Numa certeza de um não que não vem,
De um sim quase negado “...

Era uma época em que Kleber Santos deixava, definitivamente o Rio e vinha para o Lagomar onde o visitei com Phydias Barbosa e Ricardo Meireles. Depois conheceu a simpatia de Mary , o carrancurismo simpático de Fred , o sorriso matreiro de Fernando e Maria e fixou-se geral em Macaé.

Nasce no Rio, no Movimento Estudantil a Convergência Socialista que chega em Macaé. Eu, Phydias e Dilma Lóes damos os primeiros acordes na formação de um Partido dosTrabalhadores. Convido Euzébio e Omir e o PT tem seu primeiro núcleo do Estado do Rio em l978.
A música PT, PT, PT, PT., trabalhadores no poder enche de esperança minha geração e a gente cai de cabeça na busca desta construção tijolo com tijolo de uma forma tão linda que até esquecemos que o poder transforma os que o assume.

Niltinho Costa tenta engenharia no Rio e, não se adaptando a barulheira de Ipanema, volta para "Bicuda." .Niltinho preferia olhar a meiguice malandra de "Berebéu", sentir o palavreado "Capiau” e puro dos Bicudenses. Uma opção alternativamente linda para uma mente pura como a dele.
Eliane, Ângela Lopes, "Marilu", Kátia, Luísa Reis, Sandra “John Lennon", "Eliane da Boa Vista", com sua linda voz vinda de dentro do pulmão e, estourando em nossas entranhas, são as gatinhas da época. "Livinho", Rômulo já põem a mostra a herança do velho Lívio e fotografam "Aninha" em anos de infância.

Luisa Reis é a mais linda de todas as criações humana só comparável ao meigo olhar distante de Roseana Reis que sumiu das vistas nativas.

Thomé, Fernandel, Costinha, enfim, Macaé fervilhava na década de ouro para as transformações.
E John Lennon? A nossa Sandra? Poeta, feminista e mulher? Ela ensaia os primeiros passos largos no grande chute que a sociedade merecia levar no bumbum.

Estoura seu trabalho no Rio e tem sua peça encenada nas ruas da capital em especial em Ipanema..

Mais uma vez Frota surpreende e lança o "Homem é o que é por ultimo". Upiano ouve e se cala. Não se vê concordância nem negativa do mestre filosofo das noites macaenses. Seu irmão Ivairzinho acha somente uma frase inteligente.

O tempo no entanto cimentará nova teoria que o "Homem Está e não é.Ricardo Madeira nega a tese de Frota. Tudo dentro da mais pura e afetiva discordância filosófica que eram discutidas nas mesas dos cafés.

Anos de chumbo grosso. Policia de Macaé, representado por um conhecido delegado fareja "fumo" em tudo e todos. Prendem e arrebentam hippies e favelados e internam classe média em "Casa Transitória" para fugir dos flagrantes.

Esta mesma policia transforma em "Capim", depois de ir para exame no Rio, meio quilo de maconha apreendidas com gente da alta sociedade nativa. É o início do fim. A pequena burguesia começa a entender melhor as distancias que a mais valia fazia e onde se situava a repressão policial em sua verdadeira essência de reprimir e perseguir lideranças nativas e prender filhos de pobres, negros e favelados.

Ficava em clarividência para jovens ricos e pobres que o sistema policial/militar era a representação social da cruel diferença que o sistema teima em fazer com seus terríveis braços repressores.

"Negro correndo é ladrão. Branco é atleta. Rico fuma maconha, pobre é traficante. Maconha apreendida com menino rico, vira capim e capim no bolso de pobre é resto de maconha". Todo esforço "cultural" que o Movimento Hippiee e a Contracultura fazia para mudar a sociedade sem que fosse preciso um banho de sangue, esbarrava nas mentes atrasadas dos donos da lei e dos poderes constituídos.

DAS ARTES

Marco Aurélio Corrêa começa a criar lindas paisagens que ornam as belezas da Praia do Pecado que Euzébio nominou no O REBATE. Cria-se o "BURZIGUIN", nascido na mente fértil de Euzébio que escreve crônica uma de Macaé no ano 2000 prevendo o que viria acontecer.(crônica que se perdeu no tempo mais que, se achada hoje nos anos 2006 saberíamos da verdade futurista que ele falava nos anos de 1970).

Lívia é a nossa deusa maior, lança e nomina Hollywood a praia onde morava Moisés do Vasco. As duas criativas mentes macaenses, Euzébio criando a "Praia do Pecado" e Lívia a "Praia de Hollywood", Poe em evidencia duas mentes acima das mentes normais de uma cidade que ainda engatinhava.

Era comum se esbarrar em José Carlos de Oliveira, Paulo Mendes Campos, "Jaguar", Olga Savani.Era festival de musica do O REBATE em 68. Jornal sempre na frente e sempre junto com as aspirações do povo.

Egberto descobre Piry e o festival o consagra apesar de José Carlos Oliveira preferir "Cascudinho Azarento", um forró cantado e criado por Manoel enfermeiro do PU. Roberto Salles, Rose Noronha e Joel Passos cantam no festival e são aplaudidos de pé. Luiz Jose de Souza Lima, o nosso Piry, reconhece, em entrevista ao MACAE JORNAL nos anos 2006, o grande avanço que O REBATE prestava nos anos de 1970 a música brasileira.

O ano e a década eram do O REBATE, de nossa gente, de uma Macaé corajosa e fascinantemente arrojada e revolucionária.

Sempre era um constante esbarramento com Ary Duboc, o velho Athos e seus filhos recebendo amigos nas rodas do Café e Restaurante Belas Artes. Macaé era uma espécie de Ipanema dos anos 70..Waldemar da Costa, Nilton Carlos Costa, Takaoca,.Moacyr Santos. Artes eram uma constante e se misturavam a Cafés e Filosofias.

Tudo isso emaranhando -se as constantes presenças de Euzébio, Juarito, Marquinho Brochado, Hudson Siqueira, Marco Aurélio Corrêa, Renault e outros que iam e vinham trazendo os informes de novas coisas que pintavam fora dos bastidores do "PASQUIN" e que não podiam ser editados. Criamos no "O REBATE" o "Daniel Menos" onde Euzébio representava o papel irônico do "Daniel Mas" e os nativos iam se aperfeiçoando aos fatos até então distantes.

'Era a década de mil transformações
Sob forte censura O REBATE é impedido de circular por ordens do comando militar. Exigem censura prévia no jornal. No Rio de Janeiro a Tribuna de Imprensa de Hélio Fernandes sofre o mesmo. Hélio seria confinado em Pirassununga ou Macaé. Abro em manchete um oferecimento para eles escrever no O REBATE. Era mais um catucamento. Voltamos a ser chamados nas guarnições militares. A imprensa parecia que era o principal alvo das preocupações da ditadura.
Da contracultura e do movimento Hippie muitos enlouqueceram, morreram ou entraram numa e não voltaram . A minoria que soube segurar as barras e está ai como eu de netos e bisnetos a tira colo. O sonho sonhado vinha numa mistura louca de LSD e Cogumelo de Boi. O de galinha matava. Os grilos das misturas de sonhos tidos e havidos levaram muitos a loucura e a morte. Os sobreviventes ainda deixam rolar lágrimas quentes quando se encontram.

Platão, Sócrates e Aristóteles eram discutidos em todas as rodas de cafés e bares nas noites. Na redação do O REBATE tinha início às discussões que varavam madrugadas. O Ser e o não ser não é .Demócrito, e sua conciliação. A decadência dos costumes após Péricles eram dessecadas por acompanhantes atentos. Atenas era transportada para o bar Imperatriz e belas Artes onde fluía a inteligência nativa . O "conhece-te a ti mesmo socrateano" e seu humanismo refletiam no brilho de olhares atentos.

"A Sétima Carta de Platão" parece escrito hoje e dela fluía .Reconheço que todos os Estados atuais são mal governados e que pela filosofia se pode discernir todas as formas de justiça política e individual.

Visitas ao sitio

Sempre que podia trazia amigos no sítio onde moro. Tardes virgens de idas e vindas no conhecimento de frutas silvestres e pássaros raros. Goiabeiras, coqueiros, Mangueiras, Araçás, Jabuticabas, Ameixas, Laranjeiras, Coqueiros, abacates, graviolas, pitangas, acerolas, amoras, abricós. Cajus, jacas, cajás eram algumas das fruteiras que encantava e nos proporcionavam alegrias infantis.

Uma mistura de "Tupamaros", vindos da Argentina, alguns revolucionários fugidios do Reino Unido se misturavam aos nativos "Borito", "Tuca", Elton Português, Samuel, Victor, "Anselmo Colombina", "Didi". "Guto", Carlinhos Português, "Carlinhos Bomba", João Carlos, Helder, "Toninho Mello o Delegado", André, Tomé, Kátia, Miller e Cristina, "Ginja", Fernando, "Compadre", eram alguns das macaenses que eram sempre bem chegados quando mal chegadas eram as incompreensões da uma Macaé bitolada e feia.

Muitos destes tiveram a coragem de fundar o Partido dos Trabalhadores acreditavam no futuro. Futuro que chegou e o PT traiu.

Minha casa é uma riqueza, pelas
'Jóias que ela tem.
Tem varanda, tem jardins. E uma rede pra embalar de quando em quando...
(texto feito para o livro O PINGUIN DA RUA DO MEIO que nao sei quando será publicado. O texto está sem revisão por que não tenho paciència para revisar. Desculpem o autor). José Milbs dr Lacerda Gama, editor e memorialista)

23.1.09

Minha neta Mariana, segue os passos de Ana Cristina e José Paulo e vai brilhar com encanto e inteligencia na FAETEC de Campos




Mariana de Lacerda Gama Soares, minha linda neta de 14 anos, conseguiu uma brilhante classificação para a Escola Técnica Federal de Campos. Lá mesmo onde sua mãe Aninha e seu tio José Paulo, cursaram, com brilhantismo dois cursos. Aninha formou-se em Farmácia e José Paulo, com apenas 17 anos, passou num conscurso seletivo para a Petrobras.
Alegria para todos que conhecem a meiga presença de Mariana em nossas vidas.

14.1.09

Só o teu retrato, mulher, junto a minha cabeceira..,



Hoje, sòsinho neste abandono,
Igual uma casa sem dono...
sinto saudades de alguém.
Meu sofrimento é cruel,
juro não explicar.
Não tenho nimguém que venha me consolar.
Não tenho uma visita de parentes.
Nem de amigos siquer...
Só o teu retrato, mulher,
junto a minha cabeceira, é um Médico assistente é minha Enferméira...

7.1.09

Os barbeiros que faziam as cabeças nos anos 60 e 70 na região de petróleo



FABIO AZEVEDO - FABIO BARBEIRO - QUE É RUA NO LAGOMAR, FEZ HISTÓRIA PELA SIMPLICIDADE.
As pessoas não dão conta de como era importante a presença dos velhos barbeiros nas cidades do interior. Suas bombonas, o cheiro forte da mistura do alcool com água, o perfume comum a todos os salões, são símbolos memoriais que ficam encrustados nas pessoas e caminham ao lado dos que se propoem fazer histórias de fatoa havidos.
Do alto de seus quase 2 metros e sendo um dos homens mais elegantes que transitavam em nossas ruas, o "Seu Fásbio Barbeiro" era um destaque `a parte nas nossas tardes e nanhães macaenses. Alegre, com seus afagos e acenos para todos, fazia parte de uma região de Macaé onde se concentrava os maiores percentuais de pessoas de nossa comunidade.
Havia uma mistura de Macaé com o interior dos distritos. Homens e crianças que vindos de Glicério, Córrego do Ouro, Trapiche, Óleo, Frade, Sana,Cachoeira de Macaé, Bicuda Grande, Bicuda Pequena, Carapebus, Capelinha do Amparo, Rodagem, Quissama e alguns do Barreto e Barra do Rio Macaé, tinham suas preferências para determinado Barbeiro.
A fama de Fábio, Azevedo como um dos bons no manejo da navalha e no corte de cabelos de crianças, tinha lá seus motivos na procura de seu trabalho. Começou com o Seu Philadelpho, pai do Mardônio, local onde a maioria dos "Mestres no Corte de Cabelos" passavam. Era no Salão do Philadelpho que se iniciava os mais belos e alegres papos de "barbearia", tão famosos em todas as cidades do interior do Brasil Foi dali que Fabio saiu para ser sócio de outro pilar de nossas Histórias, o Senhor Jordane. Com Ubaldino Carneiro Prata - O Pitico Prata - Fabio passou pouco tempo e logo abriu seu próprio salão onde ministrava seus encantados ensinamentos a muitos que hoje existem em nossa cidade "mexendo com as novas cabeças" da região.

Outros barbeiros, que nos últimos 70 anos serviram de base para fazer as cabeças dos antigos macaenses, eram todos dentro da periferia. "Nilo Barbeiro", "João Mentiroso", "Bareco do Beco do Caneco", Philadelpho, pai de Mardonio, Luiz Pimenta, Jordane, Senizio, "Zica" e Telmo da Rua do Cemitério, Antenor Valença. "Pitico Prata" que tinha o nome de Ubaldino Carneiro Prata, Fanor Monteiro e outros que, ficando no esquecimento, podem ser lembrandos e outros textos memoriais.

Nos salões de barbeiro ainda se usava a velha navalha que tanto caracteriza os malandros da Velha Lapa no Rio e que notabilizou a "Madame Satã" nas vielas dos "Arcos da Lapa".

Navalhas afiadas na presença dos clientes era que fazia a cara dos fregueses na metade do século passado.

As fofocas e os disse me disse eram comuns e muita mentira rolava. Quando se terminava a barba vinha aquele espalhamento de álcool com perfume nas bombachas que refrescava todo o rosto e tinha um cheiro característico de homem. As tesouras eram de aço puro e as navalhas eram afiadas na frente do freguês e dava um toque de poder ao barbeiro que parecia dizer mentalmente que ia acariciar a cara mais era homem bastante no trato com a navalha.
Perdidos no memória de muitos o interior do Brasil tem um débido muito granbde com os "Senhores Barbeiros dos anos 50, 60 e 70 do século passado. Maioria deles criaram filhos, espalharam sua genética por todos os cantoa do país e do exterior. Todos orgulhosos de uma criação, às vèzes rígida mais com o toque sutil do amor que brilhava em seus olhos cansados pelo dia de luta.
Colégio como o Luiz Reid, Mathias Netto, Visconde de Quissamã, Télio Barreto, Irene Meirellis, Primeiro de Maio e outros de pequenos porte, abrigavam os filhos destes grandes Mestres que, assim como os Alfaiates e os Sapateiros recebiam das crianças a atenção e a cortesia comuns a todos eles.
O Rebate perpetua mundialmente estes vultos de nossa história para que, estudantes que procurem história, saibam destas sublimes existências em nossa Região de Petróleo. (José Milbs editor de O Rebate )


3.1.09

Una história prá contar em mi noches de los anos 70 quando Macaé ainda engatinhava pro progresso...

NAS NOITES FRIAS DOS PROSTÍBULOS DE IMBETIBA

Em una noche fria de final del un invierno de los anos de de 1970. Mi portunhol és parecido com de los taxistas macaenses e las meninas de las noches que teimavam em falar com las linguas enrroladas para atrair (ou atrair) los primeiritos gringos que aportavam em la cidade ainda pura...
Achava-me em un de los prostibulos nas antigas Casas de los Campistas dos anos 40 e 50 que vinham banharem-se em las águas esverdeadas de la Praia de Imbetiba. Havia pisca-pisca em todo o redor de la sala e mujeres e hombres estavam todos em busca de los rápidos prazeres de la noche.
Em mi canto observava tudo porque pretendia fazer una crônica sobre la noite de una Macaé ainda bocólica e curiosa.
"Dolores Sierra, que vive em Barcelona, na Beira do cais. Não tem castanhola e faz comopanbhia a quem lhe der mais...
Nasceu em Salamandra, su padre lavrador, veio a la maior edade...
Como quem nasce na Roça tem sempre a ilusion de vivir el cuidad...
Su Madre, chorou, em dia em ela partio. prá cenecer Don Pedrito, que prometeu e non cumpriu...
Com frio e com séde, lá na sargeta. Sorrio prá un ombre e ganhou a 1a. pesseta.
El navio apitou e a história se encerra. Adios barcelona, Adios. Adios, Dolores Sierra".

Aproxima-se de mim una jovem morena. Ao olhar mi cabelos ainda grsalhos pensou-se estar diante de dos novos Gringos que habitavam a Praia de la imbetiba. de pagava bier com las notas esvereadas que valiam 4 vezes das amassadas que conhecia,
Pergunta de pode sentar-se em mi mesa. Com meu consentimento com a cabeça, a jovem de olhar fixo, de cor esverdeada e aparentando uns 18 anos, se acomada a minha frente. Observo seu corpo jovem, pele morena que parecia ser una mistura de Indios com Caboclas.
Fita-me e pergunta, numa mistura de espanhol com portugal de Alagarve, se podia pedir algo para beber. Novamente com o balançar de minha caneça digo que sim e deixo escapar um pequeno sorriso.
Ela chama o barman e pede, já com a lingua enrrolada para dizer-se atualizada no ambiente, uma dose de Wisk. Ao olhar seu corpo notei que por detrás de um vestido de chita meio azulado, se escondia um corpo bonito. Chega a bebida e ela se dirige a mim e pergunta: usted é de que pais? Está em qual Navio? Você parece um pouco com um amaricano e ou francês que esteve aqui noBar semana passada. Com meu silenci, ainda com pequeno sossiso nos lábios, lhe respondi.
- Eu sou daqui da cidade. Estou aqui para escrever uma crônica sobre "Las novas Noches Macaeses". Preparo um texto e falo das antigas da cidade. Do velho "Quadrado", "Continental", "Curral das Èguas" e outros que sumiram no tempo. A moreninha, longe de se espantar com minha presença nativa, se entusiasmou e me disse, sorrindo e deixando a mostra um linda carreira de dentes alvos e brilhantes:
- Puxa, moço, que legal. EU sou dali de la Praia Campista. Se usted é de fato das velhas noches dela Região, deve conhecer minha mãe. Eu sou filha de Nildinha, que era do prostibulo do lado direito da Praia Campista. Você se lembra?
Olho o encantamento e o orgulho desta linda menina ao falar de sua mãe. Claro, minha jovem menina, falo, "su madre foi uma das mais bonitas de todas as prostitutas que habitavam em Macaé nos anos 60/70. De fato você se parece com ela. Olhos, cabelos, olhar fixado num lindo horizonte imaginário. Sim,. minha amiga, su madre foi e era a preferida de toda uma geração de jovens para conversar e bebericar...
Pois é, moço, eu me chamo Nildinha. Prazer, José Milbs...
A noite cai e os olhares das mesas, já todas cheias de gente quem falam as linguas de nações novas, se misturam a corpos de jovens meninas que começam "na vida".
Nildinha, falo, se você tiver algum compromisso, vai " a luta" por que eu aqui vou continuar minha observação para meu texto para o jornal O REBATE.
-Não se preocupe, fala Nildinha, mexendo com as pernas com intuito de uma provocação natural a quem vive nas noites. Tudo bem. Quer mais aum wisk, pode pedir. Ela prefere uma bier e a gente continua a conversa. Ela agora não mais fala com a lingua enrrolada e deixa transpecer a fala natural de qualquer menina nascida nas ruas de uma cidade de peixes e ferrovias...
Olho por toda a extensão do local. Cheiro de cigarros, de bebidas toma conta do ambiente. Num balcão mal iluminado está um homem de braços ossodos. È madrugada. Seus longos dedos pintiagudos contam algumas notas que uns gringos, cambalentes,tentam entender a linguagem do malandro do magro-barmen. Imagino daqui de minha mesa e catuco a Nildinha, e falo:
- no mínimo ele deve estar cobrando uma bier por umas 3 verdinhas e o gringão de camisa do Flamengo e o outro de macação azul, devem estar achando caro.
- Ela: Com certeza, fala com a certeza de que é a pura verdade das noites.
Os dedos longos do homem magro que conta a grana mais parecia, ao longe, de alguns jogadores de baralho nos meus velhos tempos de Lapa no Rio. O Sol começão a dar sinais de que irá entrar pela madrugada para enquentamento do tempo.
Pelas gretas da porta de entrada do local, o Raio Solar entra e chega até ao balcão dando uma luminosidade natural aos dedos do homem que mexe pra lá e prá com as notas. Era o fim de noite para os gringos...
Pagava bier com las notas esvereadas que valiam 4 vezes das amassadas que conhecia.
Volto-me para minha parceira de mese e pergunto:
Nildinha, como é a transação sua? Tipo: preço etc. Ela, com a naturalidade de qualquer comerciante de qualquer Rua Principal, de qualquer cidade, diz.
Seguinte: para vcoê eu vou fazer preço bom. Normalmente para sair eu cobro 150. Gringo, usted sabe né, é tudo 500. Como está amanhecendo a gente sai e dorme por 200, tudo bem?
Como que eu podia dizer a menina Nildinha que não era isso que eu objetivava. Que eu queria mesmo era fazer um textos sobre "Las Noches de Macaé".
Enquanto ela se levanta e vai ao Barman para pedir a despesa, abro sua bolsa vermelha e coloco, entre uma identidade e um lenço amarelo, o valor de uma noite. Saio de fininho, ligo o motor do meu velho wolks e parto. Ainda pude ver seu vulto moreno acenando ao dobrar a Rua Agenor Caldas.

Estava pago a sua noite e a inspiração para esta crônica que fiz nos anos 70 e que sumiu na poiera da vida.
Nunca mais soube de Nildinha. Fazem 30 anos. às poucas vêzes que encontgro com algúem das velhas noites pergunto e não se tem noticias. O que me marcou nesta noite friorienta de final de inverno dos anos 70, foi o orgulho desta jovem em se dizer filha de Nilda. Orgulho que já tinha visto em outgros jovons sobre, sou filho de fulano ou beltrano. Ao de Nildinha calou-me sobremaneira. (José milbs de Lacerda Gama editor e Cronista)>

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