Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

29.10.11

Confissão.................................................


Que esta minha paz e este meu amado silêncio

Não iludam a ninguém

Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta

Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios

Acho-me relativamente feliz

Porque nada de exterior me acontece...

Mas,Em mim, na minha alma,

Pressinto que vou ter um terremoto!

Mario Quintana

27.10.11

Sou Vasco desde os 5 anos e não me arrependo de ter passado para filhos e netos...


Morava na cidadezinha de Macaé, Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, mais precisamente na Rua Doutor Bueno, 180, a uns 956 passos largos das areias grossas e lindas de uma Praia de nome IMBETIBA...
Nas horas e dias em que o mar ficava revolto, com suas ondas que mais pareciam espumas e cores de Caldo de Cana Caiana, as crianças gostavam de brincar de catar Conchas, Estrelas do Mar, restos de cascos de Mariscos, pequenos e pobres Cirís Brancos que morriam, nos encontros das ondas com algumas pedras maiores...
Nesta época, a cidadezinha era apenas habitadas por gente que se conhecia, muitos Ferroviários, centenas de Pescadores, um tênue Comercio de Vendas a Varejo com anotações das compras dos Fiados...
Ao cair das tardes, quando o Sol já se punha dando lugar ao anoitecer, a gente brincava com os Pirilampos e Vagalumes que eram aos milhares com seus pisca-piscas a dar sentido claro as mentes criativas que os caçavam para esfregar seu corpo morto e indefeso em nossas camisas para que as mesmas ficassem reluzentes ao primeiro contacto com a escuridão da linda noite que se avisinhava...
As manhaes eram de acordar bem cedo, nas épocas das Férias dos Colégios Isolados, e
se ir para as coisas comuns a todos meninos de 5 anos ou 6. No meu caso, batia a saudade do meu Bisavô EMILIO TAVARES DA SILVA que, até pouco tempo me levava num carrinho feito de madeira de Mercadinhos e com rodas artezanais, para o Banho de Mar em Imbetiba. Meu bisavô tinha sido Cigano e chegou na Região nos anos de 1850 com seus pais. Foram habitar o Sertão de Carapebus/Quissamã onde moraram por anos e anos e até foi Sitiante em Capelinha do Amparo onde doaram terras para que fosse feito o Cemintério e a Capela da Comunidade. Vô Emilio teve vários irmãos de sobrenome Silva que habitaram Quissamã e Carapebus. Já minha Bisavó Adelayde era da familia dos Almeidas, Ribeiros e Bastos que habitavam Conceição de Macabú...
Nesta Rua Dr. Bueno que tinha o apelido de Rua do Meio por ficar centralizada nas únicas que davam acesso a Praia e a Leopoldina, tinha um lindo Pé de Mija-Mija, com seus robustos troncos e uma florzinha que dava uns cachos que a gente tirava um pequeno pedaço em seu início meio parafusado e espirrava nas outras crianças. Dai o sujestivo nome de Mija´Mija. Nunca mais soube desta àrvore que, como as Tamarindas devem estar extintas...
Pois é, num destes troncos que varavam até a Rua, meu querido guardião e amigo Bi, levou um tombo. Nunca mais me levou as csminhadas em em busca do Nascer do Sol na Praia de Imbetiba. Antes de completar seus 90 aninhos este homem rude, pele enrrugada, mãos calejadas, olhar de menino e coragem de um Indio Guerreiro, deixou esta vida...
O olhar azulado de minha Bisavó sempre estava lacrimejante e nem sabia o porquê. Caminhava para os 100 aninhos, mascava seu Fumo de Rola, Pitava seus Cinco Pontas e lavava seus paninhos que ficavam embaixo de seu travesseiro. Contava suas histórias de Moura Torta, da Baratinha, Do Boi Bumbá, dos Indio que Comia Brancos em sertões...
Não entendia muito de Saudade e só fui sentir isso quando vi a ausência de meus seres queridos em minha infância e adolescencia...
Nos intervalos das Manhães para as Tardes Amenas, como toda criança de 5 anos, começavamos os jogos de Botão pelas Varandas. Sempre Menor de que os outros meninos que viviam neste Encantado Mundo de minha Infância, não tive outras alternativa em escolher o Vasco da Gama como meu time do coração. Era o prenúncio de um amor grandioso pelo time Preto e Branco...
Meus amigos de Jogos de Botão, todos mais velhos eram todos, ou Fluminense como Cláudio Moacyr e Levi Corrêa, ou Flamengo como Telmo e acho o Anterinho...
Neste tempo de mágicas recordações a gente fazia os Botões de Casca de Coco ou pegava os chamados "feitiços" nos paletós grossos e importados de nossos avós e tios...
Meu Goleiro, de Caixa de Fósforos bem colada com cores do Vasco, era o Barbosa, meus beques eram Augusto e Wilson e a linha-média Ely - Danilo e Jorge. Na linha, todos com as carinhas coladas nos Botões, estavam Sabará, Maneca, Ademir, Ipojucan e Chico. Ainda alguns reservas como Heleno de Freitas, Tesourinha e outros que fogem a meméria que já caminha para os 100 anos em 13 de Agosto de 2039...
Dai em diante começou minha alegre descoberta do Grande Vasco da Gama. Minha avó Nhasinha Lacerda foi a 1a pessoa que fiz a cabeça. Outras Vascainas apareceram por ver minha felicidade em ouvir o Jorge Curi e, com o rosto colado no Rádio Rabo Quente. criar os Goools de Ademir e vibrar com as defesas do Grande Barbosa...
Foi fácil fazer a cabeça de minha mãe ecila. Minha irmã Djecila não consegui. Ela quis ser Flamengo...
Veio mais uma cabeça Vacaina na pessoa de meu querido irmão Ivan Sérgio de Lacerda Gama.
Tempo passando e a alegria, aos 9 anos de conhecer o EXPRESSO DA VITÓRIA que tomou conta de todo o Brasil com as vitórias de Querido Vasco da Gama...
Hoje, aos 72 aninhos, depois de muitos altos e baixo, consegui fazer outras Cabeças Vascainas. Meus filhos Luis Cláudio, Ana Cristina e José Paulo. De todos os netos, apenas a Mariana é Vascaina. Os outros seguem a idéia do neto João Pedro que é Flamengo e está sofrendo com a chegada no novo EXPRESSO DA VITÓRIA DOS ANOS 2000...
José Milbs, editor de O REBATE www.jornalorebate.com
Foto:
Galã:

Maneca fazia o gênero galã e gozava de muito prestígio entre as mulheres, tendo vivido, ao que contam, um grande romance com a cantora Olivinha de Carvalho, vascaína ferrenha que fazia imenso sucesso na época cantando músicas portuguesas e integrando o “cast”, como se dizia, da Rádio Nacional (a Globo daquele tempo), do qual participavam os maiores nomes do rádio.

FICHA:

Nome: Manuel Marinho Alves
Data de nascimento: 28 de janeiro de 1926
Local de nascimento: Salvador - BA, Brasil
Falecido em: 28 de junho de 1961
Posição: Meia / Atacante

26.10.11

Ioni de Raphael e Adonias do antigo Correio, morrem na Região de Petróleo. Primavera mais triste...





No final dos anos 6o, Adonias chegou em Macaé. Ainda jovem, com um corpo atlético,queimado pelas praias da Paraiba e um conhecimento grande na arte do Judô. Veio trabalhar nos Correios onde, com a cidade ainda engatinhando no progresso, dividia suas folgas com a Caça Submarina onde conseguia grandes peixes...
Com o passar dos tempos, já se integrando a vida comunitária, para aumentar seus compromisos financeiros, trabalhou no Ed. Dom Pepe e era sempre visto nos "points" de Macaé com sua fala sempre puxada para o belo do Norte/Nosdeste brasileiro. Faz parte dos Grandes Pescadores que ainda nominarei em breve.
Seus filhos foram colegas dos meus e fazem parte destas histórias que estão sendo vividas por esta geração dos anos 70.
Xereleco, um dos seus filhos, é o que mais afeto guardo e onde tenho grandes histórias para serem contadas. Adonias deixa um legado de idéiCs sobre a vida marinha e tem seu nome perpetuado num Restaurante na Orla dos cavaleiro onde seu outro filho Gerson é sempre visto em alegres papos... É a vida que continua deixando o legado da saudade...

Ioni Goghi Ribeiro, professora, grande amiga, morre em plena Primavera. A história de Macaé vai, cada dia, ficando sem seus pilares construtivos. Ioni foi esposa de Raphael, meu velho amigo das boas noites enluaradas e puras de uma cidade bucólica e nossa. Raphael fazia de sua profissão de macânico um verdadeiro esconderijo para chegar mais um pouco tarde em casa. Sempre "fardado" com o macacão de sua labuta, era a maneira que ele encontrava para "chegar mais tarde em casa" e justicar um "inexistente serão", onde, nos mal iluminados bares de nossa cidade, bebiamos algumas.
São coisas de uma região que ainda tem muitas histórias para serem contadas e vividas...
Ioni vem de uma das mais ilutres familias de Macaé onde a Avenida Ruy Barbosa, em um dos mais belos Casarões, teve o privilégio de curtir sua infância e adolescencia.
Leitores de O REBATE impresso nos anos 70 e até hoje fiéis aos nosso textos, sempre que abro meus emails encontrava alguma palavra de incentivo, vindo de Ioni e de seus filhos...
Fica bem menor a nossa sociedada e o coração de muitos amigos...
José Milbs de Lacerda Gama editor de www.jornalorebate.com

17.10.11

Uma viagem no interior da mente escura....

Uma viagem ao redor da mente.
Saber de sua abertura e existência...
Olhar o velho mundo se distanciar.
Saber do belo ...
Ouvir a voz do vento...
O murmúrio do passarinho...
Viver.
Saber da vida...
(José Milbs)




Praias, lagoas, rios de águas claras, montanhas com verdes alegres e muitos pássaros voando por toda a parte. Apenas este misterioso mundo sombrio permanecia com seus desusos e preguiça. Nas esquinas pessoas humanas falam. Gritam. Impõem ordens. Falam e gesticulam. Hora com vozes com palavras feias, ininteligíveis, outras parecendo carinho mais sempre impondo normas e deveres. Ao longo da misteriosa escuridão, homens falam em leis, condenam, prendem, roubam e andam de um lado para o outro sem ir nem vir para lugar nenhum. Pregadores berram. Crianças e flores se olham com espanto como se não entendessem nada daqueles seres grandes e faladores. Alguns até com gravatas e talões de cheques.

‘A planta e o passarinho que voava entre seus galhos param para olhar o espanto da criança e da flor. A cor esverdeada dos olhos da criança faz harmonia com a flor avermelhada que, com o cair dos raios de sol, se torna da cor do vinho. O passarinho e a árvore esquecem por instantes o espanto que via para olharem estarrecidas as falas brutas dos engravatados e seus amigos.

Mulheres também gritam uma com as outras fazendo com que outros passarinhos e outras flores fiquem boquiabertos e espantados. A escura visão da mente continua sendo bombardeada por luzes e mais luzes. Algumas verdes, outras cinzas e a maioria delas de cor azul. Esta combinação faz com que o desuso dos olhos comece a ver turbilhões.

A misteriosa vida nas escuras muralhas sombrias e tortuosas da mente escondida, por anos e anos de solidão, tende a resistir a qualquer tentativa de furar este bloqueio que faz bem a ela.

Como os peixes que vivem na escuridão das cavernas marinhas, como os Cambotás que turvam as águas límpidas ao tentarem brincar na superfície, estas sombras evitam a claridade. As misteriosas e barulhentas censuras ainda forçam a continuidade na vida triste de um mundo opressor. Ainda este bem claro para esta mente sombria e misteriosa, os ensinamentos religiosos, a certeza de uma eternidade corpórea. Esqueceram de dizer a ela que a vida continua mais a sua morre. Ela ainda escuta os milhares de olhares maldosos da vida que lhe obrigou a retrair-se. As noites e os dias se confundem numa névoa existente. Pensamentos ainda podem ser conectados a desejos mais estes estão limitados a sua volta e não abrem horizontes. Apenas pensa existir e a certeza do sim esbarra nos milhares de naos que a sociedade, a civilização lhe outorgou conhecer. "Mistérios que se pode desvendar", dizia as sombras repetidas no espelho da vida. Além de algumas que já começam a desaparecer muitas sombras estão em desafio e não querem abrir as portas. O Inconsciente o Espírito e a Alma se confundem na incerteza da abertura das sombras existentes.

O lado obscuro da sua cabeça começa a lhe fazer ver alguns reflexos. Alguns brilhos vagueiam na escuridão e um ponto luminoso se pode ver, ao fechar os olhos, no lado sempre fechado do misterioso mundo da escuridão. A luz se faz presente de forma longe, como se estivesse olhando para o céu aberto em noites de Lua e Estrelas. Se parece com algum ponto estrelar, ou quem sabe, alguma coisa que pode ter ficado em aberto ao fechar os olhos. A cor começa a se mover e formar alguns tênues seres. Muda de cor. Agora é uma cor de vinho. Uma linda cor vinho que faz o ponto central de sua cabeça.

Como se fosse um "Olho longe", muito longe mais lindo de saber possuir. Seria o terceiro olho dos antigos Livros Orientais? Será que o OLHO central que dizem existir nas histórias Orientais existem ao se abrir o Lado Obscuro da Mente?

Este ponto azul, ao abrir os olhos forma-se como um pontinho negro que acompanha sua visão aberta. Vai e volta em torno de seu contorno facial e some. Nas praias , quando a misteriosa mente se deita e se distrai, esta pequena partícula negra se torna cinza e vagueia também em torno de seu rosto moreno, queimado pelos anos de verões que sua existência tem.

As noites , quando o sono vem, à escura mente brinca com a mente que vê pintas negras. Sonhos lindamente claros, lugares que, a mente deixa-se vê, pontos nunca habitados são jogadas como bola de ping-pong. Se de um lado a mente escura joga seus conhecimentos, a mente que vê pontinhos, lhe informa de suas visões. Lugares proibidos de ir ou medo de não voltar?

Estas partículas de bolinhas de cores maravilhosas e misturadas formam colares de mil cores, entrelaçados uns aos outros. Como as tiras que as bailarinas usam em suas apresentações. Só que estes colares são de vários formatos e cores deslumbrantes. Cores que nunca existiram na mente que existia antes.

As noites de sonhos são como belezas novas. Cores, idas e vindas em lugares bem distantes da terra, vôos lindamente feitos e se sentindo pássaros. Em alguns momentos não consegue ver onde esta. Não vê onde está mais confia que estará de volta sempre que assim seja permitido. Seria a ida a mundos novos?

Camadas de sonhos, profundezas da mente escura ou algo que ainda não é permitido ver, turvam as manhãs que fazem a mente escura recordar alguns meandros das noites.

Pensa: como seria o sonho de um ser humano cego de nascimento? Ele sonharia as cores ao deitar-se na profundeza de sonhos? Ou seria a mente escura que lhe forneceria as belezas deste lado desconhecido na vida que leva na escuridão da cegueira? Perguntas sem respostas e as duas mentes começam a emitir informações entre si.

A misteriosa mente pede que volte ao espelho e olhe onde estão as sombras que ficavam em círculos ou em paralelos . Olha o espelho. Muitas sombras sumiram.

Algumas que estavam em círculos estão desfiladas, paralelas ao fim do seu corpo. Ainda existem muitas sombras a serem extirpadas. A misteriosa mente escura começa a ver pontos abertos de luzes. Azuis, verde, brancas, avermelhadas. Quase um arco-íris de formato reto. Como se as luzes fizessem seguimento com a dimensão geográfica dos paralelos das sombras. Algumas piscam como piscam as Árvores de Natal e as que as pessoas colocam nas árvores para enfeitar os fins de ano. São centenas de luzes que, quase no paralelo, formam uma longa fila.

A mente escura sente que existem olhos e este pode ser usado. A turvulência que via começa a se clarear. Braços e dedos são levados à região do rosto e, uma pequena esfrega na região dos olhos lhe faz ver em redor. Já sente que existem olhos e estes podem ver. Estaria cego e voltava a ver ou esteve sempre numa escuridão e nunca tinha visto a luz?
As duas mentes agora estão mais livres.

A que nasceu aberta, agradece a que voltava a ver. Era como lhe dizendo que toda a repressão, todos os “naos” da sua vida, toda mentira que foi obrigado a dizer ser verdade, todo o amor negado, pedido, dado, rejeitado, tudo era absorvido pela misteriosa mente que ia se fechando, se fechando e ficado sem nada ver. “Uma forte luz cai sobre as duas mentes e, uma voz longe, suave lhe diz:
-” Vocês duas nasceram livres. Uma dentro da outra. Viveriam sempre juntas vendo tudo que uma vê e outra via. Só a misteriosa mente teve que optar por receber da outra mente toda carga que viesse de forma agressiva e má. Daí que ela foi ficando assim, como um grande fardo pesado puxado sem poder lhe dar os conhecimentos que agora vocês duas vão ter”.

A luz se torna mais forte. Como um clarão, fixa-se nos olhos das duas mentes. Seria este clarão que os epiléticos recebem e não conseguem absorver e caem em retorcidas e loucas atitudes? Seria este clarão que as pessoas falam nas manifestações nas Mediunidades Kardescistas?

Seria este clarão que fez o Mestre Jesus, refugiar-se no mato. e chorar vendo coisas lindas? Seriam este clarão as visões de João Batista? Ou seria este clarão que fazia mexer com a mente de Francisco Candido Xavier na privilegiada e sofrida cabeça deste homem simples de Uberaba?
José Milbs de Lacerda Gama, editor de O REBATE www.jornalorebate.com

9.10.11

Ubirajara Barbosa Barreto, o Bira, aos 85 anos, morre na cidade onde nasceu...

Nascido em Macaé, filho mais velho de José da Cunha Barreto e Ilda Antunes Barreto, faleceu hoje, pela madrugada, em sua residência no Bairro dos Cavaleiros, Ubirajara Barreto. Militar, fiel as ordens superiores, era considerado. nos anos 60 e 70 um dos mais eficientes atiradores do Exército Brasileiro. Conhecedor das profundesas das selvas, caçador dos mais dedicados, aprendeu com seus antepassados a sobrevivência nas matas e era sempre visto contando grandes histórias das ruas de Macaé onde nasceu e morreu. Casado com Talita Pinto da Silva Barreto, deixa filhos, netos e bisnetos. Suas histórias, muitaa delas, havidas na Rua do Boa Vista, no Bairro onde residiu em sua infância eram semples entremeadas de alusões a grandes figuras de nosso folclore, No tempo em que havia poucas bicicletas e nunca carros em nossa ruas empoeiradas, Bira defencia a caça aos animais e falava com alegrias de suas caçadas nas Ruas e becos de nossa cidade. Sempre, ao cair das tardes, falava e deixava a mostra o brilho feliz de seus olhos, chegava em casa em companhia de meu pai, trazendo uma "fileira" de pássaros de todos os tipos que seriam comidos por meus outros irmãos e visinhos, preparado pelas mãos suaves e competente de minha mãe Ilda.Na pesca, já nos anos 80 e 90, seguia os passos de seu querido irmãos Paulinho Barreto, Phydias Barreto e Zezinho Barreto na caça de Robalos e Sardinhas no Rio Macaé. Quando, provocado por mim. sobre está lei de "defesa dos animais" ele era taxativo e se monstrava extramenete radical. Dizia não entender isso que está acontecendo e as pessoas na]o poderem mais caçar as capivaras, Os tatús, os Veados, as Onças, tão comum nas matas de Resende e outros bichos de paladar gostoso. Parecia, e ai todos ficavam em silencio ao ouvi-lo, que Jajara não havia chegado ainda aos anos 2000. Sua mente se fixava nas lindas noites em que varava madrugadas e mais madrugadas para trazer para casa grandes elementos da fauna silvestre...Irmão mais velho de Orlando, Nicinha, Ilda, Silas e Armando Barbosa Barreto era sempre visto nas janelas da antiga casa dos Barretos na Avenida Ruy Barbosa onde, desfiles, carnavais, festas, pessoas e gente do dia a dia, passavam em longos e afetivos cumprimentos e alegres papos. Durante os desfiles de carnaval, todos realizados na antiga Rua Direita, era linda a saudade que bate com as janelas cheias de pessoas que, mesmo nao participando das "Loucuras dos saudáveis carnavais dos anos 50 e 60", se sentiam bem e eram comemorados em ativos apertos de mãos. Calçadas Macaenses cheias de Cadeiras, senhoras e senhores abraçados pelos "respeitáveis bêbados dos carnavais de antanho", o sentimento era torneado pelo afetivo de um mundo cumum em todas as Cidadezinhas de Interior quando todos se conheciam e se amavam...Foi assim que conheci Ubirajara Barbosa Barreto, elegantemente fardado e ao lado de minha querida prima Talita. Foi assim que a MEMORIA MACAENSE foi se fixando nos meus textos de maneira que possa, sempre que possivel, retratar esta paisagem linda que todos devem possuir, a seu modo e vivência, em suas mentes.Ubirajara Barbosa Barreto, O Bira para os Militares, Jajara para os intimos, deixa uma grande história para ser contada e que, em algumas páginas, participei.
Lembro que, numa tarde, quando o Sol ainda estava por sair das cercanais da Rua da Praia, caminhei com meu velho amigo Armando, seu irmão, ao encontro dele e de seus irmãos que pescavam na Ponte do Rio Macaé. Centenas de caniços, dezenas de bons pescadores na busca dos Robalos... Diziam todos aos cantos e ventos: "está dando muito Robalo no Rio Macaé... Ao me aproximar, vendo um velho caniço que o Paulinho tinha deixado de reserva, estendido ao chão, o peguei; Tinha ainda um resto de Camarão num anzol envelhecido pelo tempo. Joguei ao Rio. Parecia que tinha um Peixe de boca aberta esperando.Foi só jogar e fisgar... Alvoroço, todos ajudando a puxar o lindo Robalo de uns 2 quilos...Jajara, sempre que o via se lembrava do fato e de minha perspicácia ao responder a indagação de todos como foi que tinha pego um peixe tão grande e em tão pouco tempo... Disse: "É que eu rezei a oração do pescador. Senhor fazei que eu pesque um peixe tão grande que quando for contar não tenha que aumentar... Pois é. Tudo passa e a vida continua...A familia do meu amigo Jajara, os sentimento de O REBATE..Jose Milbs de Lacerda Gama editor de www.jornalorebate.com