Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

26.2.08

JOGA A REDE NO MAR, ANTES QUE OS PEIXES SUMAM...

Eles habitavam toda região do litoral do Rio de Janeiro. Corpos morenados pelo sol sem os protetores e nenhum deles com doenças de pele. Suas redes, tecidas a mão por suas companheiras e filhas, tinham o sabor da arte e do bom gosto. Sempre alegres e de olhos acessos e avermelhados, estes senhores dos mares eram figuras presente em toda história nas cidades que habitavam.

Cabo Frio, Búzios, São Pedro de Aldeia, Rio das Ostras, Barra do Rio São João, Macaé, Farol de São Tomé, Ata fona e São João da Barra eram locais em que seus barcos, com pequenos motores e bastante experiência de mar, os levavam nas noites enluaradas e de manhãs amenas. Enchovas, Gordinhos, Galos, Marimbas, Serras, Espadas, Pescadas, Pescadinhas e siris do mar, eram sempre o produto de suas noites onde as gaitas, o velho rádio de pilha e um violão com 4 cordas, deixavam em aberto o coração de volta e mais volta aos lares...

As beiradas das praias estavam sempre cheias de muita gente. As chegadas dos barcos, passando pelas ondas bravias, eram saudadas por centenas de acenos. Mulheres e filhos se juntavam a outros na expectativa de ver o produto de mais uma noite de pesca.

Os pescadores tinham saído de suas simples e aconchegantes residências em plena madrugada. Antes tinham olhado o céu, reparado de onde vinha o vento e, antes mesmo de apagar as luzes dos candelabros de seus quintais, já estavam assoviando cânticos e cordiais acenos aos vizinhos que se juntarão a outros e partirão para o alto mar...

A pesca tinha a essência do belo artesanal. As vendas eram feitas ali mesmo nas praias e o que não era vendido, era colocado numa cesta, coberto com galhos de matos, tirados ali mesmo na restinga e levados nas bicicletas pelas ruas da cidade.

Os anos arquejaram os senhores do mar. Suas redes apodreceram estendidas nos quintais em enferrujados arames. Os barcos, virados de bunda para cima estão totalmente danificados pelo tempo. Esses bravos trabalhadores do mar, hoje de olhos caídos e "encostados no INSS", nem de longe lembram aqueles corpos sarados e olhares brilhantes dos anos de sua juventude...

A herança dos segredos duramente colhidos na vasta extensão de água salgada do mar, de suas artimanhas e ventos, outras vezes herdados de seus pais e avós não podem ser passadas para seus filhos e netos. Apenas a história de casos ocorridos em suas longas noites pode chegar aos ouvidos dos pequenos netos e filhos.

Os braços, estendidos deixando à mostra a pele enrugada e a tez flácida, apontam para ilhas e pedras. Lá, eles comentam dos grandes barcos que habitam os mares. São barcos de bandeira estrangeiras ou de falsa bandeira nacional. Dentro deles, contam a seus filhos que os olham admirados:

- Tem um vidro que vê onde está o cardume. Eles apertam um botão e sai uma rede de fios finos que pegam todos os peixes. Filhotes, fêmeas com ova na barriga, tudo eles levam para longe. Acabaram com tudo - diz, e seus olhos deixam cair uma lágrima que se junta às dos meninos...(José Milbs de Lacerda Gama, escritor, cronista e editor de O REBATE)

14.2.08

MORRE EM MACAÉ UM DOS PILARES DE O REBATE DOS ANOS 70

PEDRO PAULO ALMEIDA PEREIRA foi um dos principais ícones da imprensa de Macaé e Quissamã. Filho do poeta Rubens de Almeida Pereira. Descendente de uma das mais ilustres familias de Quissamã ele se dedicava, nos ultimos anos, a pesquisas da historicidade das cidades de Macaé, Campos dos Goitacazes e Quissamã. Gráfico por profissão trabalhou no "O REBATE" nos anos 60/70 quando o jornal era impresso, letra por letra, na inesquecível e bucólica Rua Marechal Deodoro, 150.

Pedro Paulo era um perfecionista no trato com a editoria gráfica. Sua composição vinha sempre sem erros e era o orgulho de muitos jornalistas ter ele como compositor de textos. Allan Birosca, que escrevia "Desfolhando a Margarida", Armando Barbosa Barreto, que escrevia "Em Tempo", Cláudio Upiano que editava " O DEBATINHO" e Euzébio Luiz da Costa Mello que dirigia as "Acontecencias" sempre queriam que o nosso, então jovem amigo Pedro Paulo Almeida Pereira, manuseasse os textos e os transformassem em leitura semanal do velho e valente "O REBATE de 75 anos de histórias".

Gostava de visitar Quissamã, berço de seus antepassados. A política ele estava sempre atendo. Não só pela presença de seu Pai e do Tio Chico Almeida como também pela atuação de seu irmão Rubens Gonzada Almeida Pereira que foi um dos mais destacados vereadores nos anos 70/80. Rubens, Pedro Paulo, João Batista, Francisco de Paulo e uma gama de belas irmães ornavam a vida alegre de sua mãe Zenita uma das mais simpáticas senhoras que habitou as imediações do Mercado Municipal e que foi fiel companheiro do saudoso "Seu Rubens" bibliotecário que organizou a Biblioteca de Macaé nos anos 60.

Uma das grandes coisas que o nosso Pedro deixou está representado pelo seu filho Pedro Olive, uma das excelências macaenses no trato com a Ciência e Tecnologia. Pedro Olive está com esta responsabilidade histórica de seguir os passos alegres que seu pai deixou nas ruas empoeiradas de Quissamã e Macaé.

Hoje, dia 14 de fevereiro de 2008, numa manhã se sol e de ameno vento que vinha das nossa ilhas nativas, soube de sua morte. Um aneurista tombou o corpo valente e feliz deste velho gráfico de nossas histórias. Pedro Paulo não soube conquistar o mundo financeiro, embora num longo periodo no Rio de Janeiro, tenha tido esta oportunidade no comando de uma Editora Gráfico. Preferiu jogar tudo para o alto, "chutar o balde" e voltar a simplicidade das ruas de Macaé e Quissamã.

A sua familia os sentimentos do autor e de toda equipe de O REBATE que teve o privilégio de tê-lo como companheiro nas nossas noites mal dormidas dos anos de chumbo...

Pedro está sendo velado no Memorial e será sepultado em Quissamã no Jozigo da Familia...

Nota dos arquivos de O REBATE -Macaé/Quissamã extraido dos LIVROS DE JOSÉ MILBS no site:
A FAZENDA SANTA FRANCISCA, EM QUISSAMÃ, UMA DAS MAIS HISTÓRICAS DA REGIÃO DE PETRÓLEO TEVE COMO CAPATAZ, NOS ANOS DE 1800, O BISAVÕ DO AUTOR, EMILIO QUINTINO TAVARES DA SILVA. NA CAPELA DA FAZENDA, SEGUNDO OS LIVROS 'ECILA' E 'SAGA DE NHAZINHA'. FOI ONDE SE DEU O CASAMENTO DE ALICE QUINTINO DE LACERDA (dona Nhazinha) COM O FAZENDEIRO MATHIAS COUTINHO DE LACERDA, EX VEREADOR NOS ANOS DE 1926 E EX JUIZ.
DAI A GRANDE AFETIVIDADE ENTRE AS FAMILIAS DO AUTOR COM A DO PEDRO PAULO ALMEIDA PEREIRA, BISNETO DOS ALMEIDAS PEREIRAS DA 'FAZENDA SANTA FRANCISCA".
Foi com muita emoção que o texto do autor foi lido no sepultamento de Pedro Paulo pela Sandra...


José Milbs de Lacerda Gama, jornalista e editor de www.jornalorebate.com


8.2.08

HOMENS ENGRAVATADOS E POSUDOS ENVERGONHAM O BRASIL E ENTRISTECEM AS CRIANÇAS DOS COLÉGIOS PÚBLICOS


24-Ago-2007

Não conseguia mais ver TVs. Vulgaridade, venda de bebidas que são oferecidas, sexo frio, exposição de corpos sem que respeita as crianças e velhos, negros explorados pelo império e homenageando os torturadores nos troncos em exposição explícitca de um carnaval e futebol longe de seus valores. O autor é tomado pelos jornais. O USA querendo impor, guela a dentro ao povo latino sua eleição farjuta que só tem capitalista rico que não estão nem ai para o POVO...

Tudo isso e ainda a noticia de que o Govêrno de Lula está se auto-destruindo no que resta de moral. Pessoas que deveriam dar exemplo de dignidade nos cargos, esbanjam o dinheiro em Cartões de Créditos. Negros e Negras embranquecidas pela subida ao poder central. Que vergonha para quem, como o autor, fundou este PT nos anos de 1978. "Tijolo com Tijolo era a camisa branca que usava. Risos irônicos da borguesia que dizia, com seus sorrisos vindos de reluzentes e caras dentaduras: "Olha lá o Milbs. Saiu da loucura (para eles) do Movimento Hippie e agora está fundando este partidinho que veio de São Paulo. Sabe quando eles farão algum vereador? nunca."




Seus pensamentos vagueiam. Seria sua idade, 70 anos, que o estava transformando num purista? Será que caduca e se transforma num sensor? Pensava e observava o vôo de 4 Bentevis que procuram pouso nos Coqueiros de sua morada. Coqueiros Imperiais que resistem há 60 anos à destruição do Bairro do Novo Cavaleiro em Macaé, cidadezinha que se acocorou ao progresso e está com suas nascentes e rios destruídos pela sanha avassaladora do ganho de grana fácil dos especuladores imobiliários.

Enquanto observa o pousar feliz das 4 aves, se volta para atender sua neta Mariana, Volta a pensar,num milésimo de segundo antes de se virar na velha cadeira:
-Lá vem esta menina com mais um de seus trabalhos de colégio buscando dissertação e idéias".
A menina se aproxima e tira de vez a sua observação nos passarinhos.
- Diga lá, minha grande neta.
Mariana estava mais séria do que das vezes anteriores. Vai direto ao assunto:
- Vô, Político é tudo ladrão mesmo? Eles têm filhos e netos? Antes das novelas, continua a menina sob o olhar pasmo de seu velho avô, eu escuto no Rádio e na TV que os senadores, os deputados, os vereadores e uma porção de juizes e desembargadores estão roubando todo o dinheiro do POVO brasileiro. Tem até a voz deles falando no telefone. Eu fiquei triste por que eles deveriam respeitar os seus filhos e netos. Já pensou, vô, se o senhor fosse político e eu visse o senhor algemado na TV?
Enquanto acompanha o Avô que volta a olhar para os passarinhos, que, agora canta e pular na alegria de uma fina chuva de começo de verão, Mariana retruca:
- A professora do meu colégio estadual que um trabalho sobre o que a gente, crianças, achamos dos Políticos Brasileiros. Será que o semhor pode me ajudar?
As mãos do autor/avô, chegam até a cabeça. Seus cabelos estão totalmente embranquecidos. Metade, pensa, pelo sereno da vida e a outra é mesmo pela genética. Seus pais e avós ficaram grisalhos aos 18 anos.
O velho não deixa que sua neta, 11 anos, veja uma lagrima de ódio que brota em seus olhos. Olha sua neta que, na sua inocência acha que pode obter justiça neste sistema que vivemos. Justiça num país de injustiças.
Volta-se e, como se já tivesse na mente tudo que seria dito e escrito pela menina em seu trabalho escolar e sentencia:
- Quem sabe, um dia, quando este sistema que si está agonizando e que fez muita crueldade, acabar a gente não pega toda esta gente que roubou, matou trabalhadores, explorou as pessoas, discriminou velhos e crianças, escreveu novelas para desviar a beleza e a pureza de milhares de jovens, políticos que se enriqueceram com dinheiro do POVO, juizes e desembargadores que venderam sentenças, enfim toda esta gentalha imunda e crual e os confinemos numa CIDADE PRESIDIO?
- Como assim, vô? Cidade Presídio?
-Sim. Uma cidade presídio. Mariana vamos imaginar uma cidade quando você tiver 20 anos. Uma grande cidade, com estrutura bem reforçada em muros altos e eletrificada (iguais às casas dos políticos e dos juizes e desembargadores que estão sendo descobertos, presos e soltos), Cidade com um forte esquema de segurança externa. É uma idéia que tive quando vc falava quando aqui chegou.
- Sim, agora já estou entendendo, reforça Mariana.
-Otimo. Bom que você entenda por que na sala de aula você terá que, quem sabe, ler o texto para seus colegas e para isso terá que saber esta minha idéia que, a partir de agora, será sua também.
-Só uma coisa, interrempe a menina que se aconchega ao lado do avô: Seria uma cidade presídio imaginária? Não dá para a gente colocar também as pessoas que roubam nas Prefeituras e ficam snobando e maltratando as crianças pobres que os pais trabalham de verdade?
O avô/autor sempre se orgulhou de seus filhos e netos. Todos estudando, como ele, em Colégios Públicos. Mais esta sua neta estava ali, a sua frente, sem nunca ter lidos os livros que ele absorve e lhe dá substância odeológica. Estava ali, dando subsídios para a transformação desta socidade... Antes mesmo que seus pensamentos possam desviar–se para um galo vermelho que canta no jardim, fala:
- Sim minha doce menina, esta Cidade Presidio, além de abrigar os milhares de políticos, assessores, delegados, policiais, enfim, enfim, todos estes senhores que estão comprometidos com desvios de dinheiro publico, envolvidos em comissões de empreiteiras, vai abrigar os que, por omissão, sabiam e permitiram que estes fatos acontecessem. E foi falando, como se estivesse num confessionário:
- Pode também colocar nesta cidade, juizes, advogados, empreiteiros, milhares de vereadores que levam propinas de empresas de ônibus, de firmas multinacionais e centenas de secretários de Estado, Ministros e ex Ministros. Marina interrompe:
- Vô, crianças e velhos vão para esta cidade presídio?
- Criança não. Velhos safados, que deram mal exemplo para os netos e para os filhos vão sim.
- Crianças vão sempre olhar esta cidade, pensei aqui, seria colocado um grande painel de televisão, onde irá passar a vida destes homens corruptos, ladrões de gravatas. Será um filme, tipo: "Olhe o que eles fizeram e por que eles estão lá"...Como se estivesse dizendo as crianças."Viu como eles foram cruéis? "Estes exemplos não podem ser seguidos"...
- Você está entendendo, Mariana?
-Estou sim...
-Quer dizer vô, que os velhos que deram maus exemplos, vão ficar na cidade presidio?
- Sim, minha lindinha, os canalhas também envelhecem...
- Vamos voltar a falar na nossa cidade presídio, catuca o autor/avô.

- Seria uma cidade presídio. Aproveitando para por nesta cidade-presídio, centenas de Sindicalistas safados, presidentes de ONGs. corruptas e alguns ex Governadores. Minha preocupação, minha doce neta, é não deixar esta camarilha de Homens Públicos, que envergonham seus filhos e amigos, ficarem misturados com presos comuns. A presença destes corruptos poderia contaminar os presos comuns.



-Tava penando nisso, alerta a menina: tem muita gente que rouba pão, manteiga, comida e eu fiquei pensando em pedir ao senhor isso que o senhor falou. Não deixar estas pessoas juntar com esta gente ruim.

- Não se preocupe, minha neta. Para essas pessoas que você fala, existe leis que protegem quem comete estes pequenos atos. Só que alguns magistrados e delegados de polícia, preferem prende-los e deixam soltos quem lhes dão propinas. Você não está vendo nas Tvs o que eles fazem?

-Vendem sentenças para a jogatina, ganham carros do ano, vultosas quantias em dinheiros e ainda "prendem e arrebentam" quem pega, num super-mercado uma margarina. Lembra daquela jovem que ficou presa em SP por um delegado por ter expropiado uma manteiga para seu filho?

-Sim, continue que eu estou entendendo tudo que o senhor fala. Acho que vou fazer um lindo trabalho, diz Mariana, orgulhosa do avô que fala com euforia. Parecendo até que já estamos numa nova democracia...

O Autor/avô aumenta o potencial de sua fala, quando alguma carreta ou buzinar de carros tentam cortar seu raciocínio. E, contunua:
- Como esta gentalha está totalmente viciada na corrupção, só consegue o desejo sexual com uma nota de cem nas mãos e não sabe viver sem levar uma comissãozinha de 20 ou 30 por cento, esta cidade teria em circulação notas de dólares falsos e de reais. Para eles não ficarem em depressão por falta do "ópio deles" que é roubar dinheiro do contribuinte.
- Os bens destes canalhas, homens ate velhos de cabelos brancos, que nem respeitaram seus filhos e netos, seriam todos confiscados para manter a cidade. Eles mesmos podem eleger seus dirigentes nesta cidade. Como este presídio vai ter muitos portadores de títulos de faculdades não haveria necessidade de celas especiais. Semanalmente as crianças seriam convidadas para aulas onde esses canalhas seriam mostrados em fotos como "exemplo a não serem seguidos"...
- Legal, vô, maneiro mesmo. Já entendi tudo. As crianças iriam lá na cidade presídio igual no Zoológico. Olhar a vida destes homens e mulheres que, durante anos, décadas fizeram maldades com os pobres e roubaram o dinheiro dos impostos, né isso, vô:
- è isso mesmo. Como eles não conseguem mudar "o vicio" de roubar, etc. etc. arremata Generino:
-Nesta cidade/presídio, haveria eleições entre eles de Vereadores a Presidente.Que você acha, minha neta, desta cidade do futuro?
Mariana, como que adivinhando o pensar do avô Generino, complementa:
- Que o senhor acha de por nesta cidade as pessoas que fazem os programas de televisão? Os donos das fabricas de bebidas, cigarros e os escritores que se vendem para fazer as novelas horríveis dos horários nobres?
Generino, que teve seus pensamentos captados, pensa, ao sorrir a sua neta que corre para o colégio levando as suas mãos o texto sobre os POLITICOS BRASILEIROS...
II
A cidade ainda dorme com suas ruas com poucos transeuntes. Colégio Público começa cedinho e as ruas estão enfeitadas com centenas de crianças que tomam ônibus, se aconchegam uns aos outros e rumam para os educandários. São coleguinhas de Mariana, meninas e meninos. Pelo vidro do ônibus ela nota que passam luxuosos carros importados com outras crianças indo para muitos dos colégios particulares que existem na cidade. Pensa em seu vò Generino que, um dia, falou com ela: - "Mariana, criança que estuda em colégio daqueles que as crianças são levadas, são iguais estas galinhas criadas em granjas. Não pegam Sol, não brincam na chuva igual você e seus amigos. Eles são criados como se fossem feitos em cativeiros. E, lembra do arrematamento do avô, ao tempo que retorna o olhar pelo vidro do Ônibus e vê alguns meninos soltando pipas no redor de uma praia. - "A culpa não é das crianças não. São de seus pais e deste sistema cruel que vem a muito matando as coisas belas do mundo.
O colégio se aproxima do parar do veiculo. A porta do estabelecimento já está com centenas de seus colegas. Pensa: será que a professora irá entender seu trabalho e sua idéia de uma Penitencia/cidade? Sei, lá, matuta: apesar do colégio ser público e ser frequentado por crianças simples os valores são parecidos com tudo que passa na TV e nas ruas. Prefeitos. Vereadores, gente da sociedade, alguns deles até acusados de maldades com o POVO pobre, que se enriqueceram desviando coisas da comunidade são vistos nos dias de festas. Será que a professora não vai brigar com ele ou lhe dar nota baixa?
Dona Matilde tem sempre um olhar diferente das demais mestres do Colégio Estadual Luiz Reid. Não gosta de dar notas a quem tem erros de gramática ou de pontuação. Pior de tudo é que seu trabalho deve estar todo cheio de erros. Seu Vô não se formou em nada, ele mesmo diz que se orgulha e ser "apenas formado em dactilografia" e que, a muito custo só foi até o segundo semestre numa Faculdade de Direito. Seu trabalho não deverá atingir nota mais que 5.
Chamadas por nome e eis que ela chega ao mesa. Mariana, seu trabalho está muito bom. Você tirou 10, diz em voz alta Dona Matilde que, com 40 copias de seu trabalho começa a distribui los com os demais alunos pedindo que eles falem o que acham da cidade/presídio e que eles, as crianças, levassem a idéia para seus pais e que eles também participassem do trabalho...

Avô/autor volta a meditar em sua rede na varanda: É final de tarde de uma quinta depois do carnaval de brancos omde negros deviam ser donos. Em brasilia, cartões de crédito de autoridades são esbanjados pelos poderes da Nação. Nas c idades pequenas, vereadores, vice prefeitos e prefeitos riem de um lado a outros das bocas tratadas com dinheiros público. Riem por que sabem que, até que a "coisa" estoure nas cidadezinhas eles já foram reeleitos, gastaram com festas, churrascos e putarias em prostibulos. Não serão pegos e debocham dos "scribas" que teimam em catuca-los em suas crônicas.

O sol volta a reinar no Bairro do Novo Cavaleiros e outras noticias irão abafar a antiga corrupção de ontem e esta de hoje será abafada pela que virá amanha. Até que seja, de fato, criado uma CIDADE PENITENCIÁRIA e esta gentalha seja colocada dentro dela... José Milbs de Lacerda Gama, avô autor, editor e jornalista)

4.2.08

"QUERO PÃO COM AÇUCAR, NÃO QUERO CAFÉ

As ruas empoeiradas do Bairro de Del Castilho, no Rio de Janeiro foi palco de minhas andanças com 5 anos de idade. Ruas que conhecia todas elas. Muitas soltando pipas, outras, na beira da Estrada de Ferro tomando carona nos trens e se encantando com o apito alegre da Maria Fumaça. Era tempo de guerra, anos de 1943...

Trilhos
Minha avó Nhasinha queria que a gente, nas tardes quentes do Velho Rio de Janeiro, tomasse café. Com pressa de voltar às ruas para soltamento de Estrêlas ou Pipas, gritávamos: "Quero pão com açuçar, não quero café". Era uma maneira de voltar rápido para as belas poeiras das ruas do Bairro. Vinha um pão sem miolo e cheio de açucar refinado.

RUA DA ESTAÇÃO PRAÇA DA LUZ RUA DA BOA VISTA AS PELADAS

AS PESSOAS QUE BATEM NAS PAREDES DA MEMÓRIA.

Voltei, aos 7 anos do Rio de Janeiro, Del Castilho para Macaé e fui morar na Rua da Estação, na casa de uma prima de minha avó que eu chamava de Tia Domingas. Esperávamos desocupar a casa da rua do Meio pois estava alugada.

Lá pude ter novos amigos. Ia muito na casa de Conceição Prata e Isolino Almeida, outros primos, e fazia meu ponto de criança curiosa numa relojoaria do Manoel Relojoeiro, que trabalhava ao lado de Seu Farias, pai de Rosane e Renê, meus amigos dessa Rua.

Sempre que podia ficava na varanda do Dr. Rodolfo, um advogado alegre, pai de Roberto, outro Rodolfo e, também pai de umas meninas simpáticas que sempre estavam alegres e felizes.

Uma delas veio a se casar com um ex colega de terceiro ano do SENAI Luiz Jorge que era irmão de Binhoa Ramalho meu colega de turma. Ruth ainda mantém a simpatia que tinhas nos anos de sua infância na rua da Estação.

O velho Advogado sempre mexia comigo pelo meu modo de sentar e cruzar duplamente as pernas. Do alto de uma varanda alta que dava para se ver a Rua, sentia-me grande ao olhar as centenas de pessoas que passavam vindos da Estação. Passei algum tempo de minha vida nesta casa. Brincava com os filhos de um caçador que morreu numa caçada de nome Arquimedes, com alguns amigos, “Maçã” que me colocou o apelido de “Pinguin” e que nunca mais tive noticias. Tinha ainda Virley e os filhos de Dona Arlete Pinto que sempre estava pronta para uma simpática atenção a todos com seus deliciosos doces e salgados.

Mais ao longe Sady e outros. Havia os maiores “Manoel Boca Larga”, “Tochinha”, “Vanir Vaca Brava”, Mardone. Flankilin Vieira, “Mirrolo”, Leone, “Paulinho Cabeção”, “Carlinhos Butuca” irmão de Décio, Cosme e Damião, “Paulo Cabeção” da Boa Vista. que já dominavam as esquinas da Praça da Luz, onde hoje é o “Colégio Estadual Luiz Reid” d e que foi palco do enforcamento de Mota Coqueiro nos tempos de meus avós.

Essa turma da Praça da Luz vivia em constantes brigas e provocações com a turma da Rua do Meio , dos Cajueiros e da Boa Vista.

Como eu era nascido na Rua do Meio, tinha estudado com Virley e Carlinhos Butuca na escola isolada I, tinha trânsito livre nas duas galeras e me dava bem nas paradas e em toda bola dividada.

As peladas da praça da Luz eram famosas. Mardonio, Tochina, Buruca, “Alan Birosca”, Fernando Valença, “Itinho Cabeludo”, Victor Hugo que mais tarde foi para o Rio e é pai de uma artista de nome Maiteé Proença que tem os olhos iguais a dona Hebe e dona Lia irmães irmãs dele.

Abelardo, “Birosca”, Mirian Almeida misturavam as essências da Boa Vista, Praça da Luz e Rua do Meio em constantes e harmoniosas brigas que rolavam nos dias de caçadas, jogos de bolinhas de gudes e Papão nas empoeiradas e salutares ruas de uma Macaé bocólica e alegre...

Enquanto os maiores jogavam os menores ficavam nas bolebas, triângulos e pique por entre árvores frondosas que iam até a Chácara de dona Yaya Vieira do outro lado onde hoje tem a “Fafima”.

Meninos da Praça Washington Luiz vinham apadrinhados por Ivair Borges que traziam Iney e Paulinho com suas vontades de voos mais longos que os que tinham as suas ruas periféricas. Chegar a outras Praças, jogar bolebas com outros meninos eram conquista que se revessavam nas amizades que teriam seguimento nas Matinés dos Cines Taboada e Santa Izabel. Muitos destas amizades, forjadas nas livres peladas das nossos Praças, se imortalizaram e hoje são recordadas com alegria com filhos e netos.

Quem não "torçeu" para os mocinhos ou para alguns bandidos nos faorestes das sessões das 3as e 5as. nos anos 50,60 e 70?

A casa do seu Rubens, pai de “Samuel, do Chaplin”, ficava onde ainda é. Samuel era amigo de meu filho Luís Cláudio e seus filhos Bruno e Andrei, de Zé Paulo. “Cassinho” filho de “Aryzinho” e Lucas de “Guto” completam a infância de Zé Paulo na Vila onde morei nos anos 80.

Sempre que Samuel vinha no meu sitio com Geraldo “Asa Branca”, filho de Jayme Franco, eu gostava de brincar com os desejos de “Samuca”ele. Eu Sabia provocar seu sorriso de menino ao mexer em sua malandragem escondida. O Sitio tinha um galo de pescoço pelado que, sempre que Samuel vinha, ele o rodeava cantando e cocoricando. Ele gostava do galo e eu disse que o galo era dele. Ao querer levar o galo, com intuito que eu já sabia ser uma panela cortei o seu barato dizendo:

"Este galo, “Samuca”, é seu mais fica aqui no sitio. Sempre que você vier ele esta ai sendo cuidado . “Se puder traga sempre alguns milhos que ele gosta”. Ele ria de soslaio Oo seu sorriso puro de menino, saído das poeiras da praça da Luz. Sabia estar sendo enganado no meu 171 maior que o dele mais gostava disso. Olhava para Asa Branca, catucava Tuca e Marcioney e sentenciava, ainda com a gargalhada por terminar."Milbs é muito forte. Bem que Marcioney dizia”.

As crianças da praça da Luz esticavam visgo e caçavam os papa- capins de ponto que vinham da mata onde hoje tem os bairros Miramar e Visconde.

O cheiro de mato ainda vem nas narinas da gente como uma recordação de um existente havido e que nos fazia viver. A vala negra que existe na divisão dos Bairros pela cidade, era limpa, pescávamos Piabas e Barrigudinhos que iam servir de iscas para Robalos no Rio Macaé sem poluição e feliz...

A manta de passarinhos chegava e com ela os tizius e cambaxirras avisando que era chegada a hora das armações de alçapão e redes. José Carlos “Preá”, “Pão Mineiro” da Bicuda já estavam com suas gaiolas vindos da direção do Mathias Netto. Passavam pela esquina do futuro “Caixote”, onde Eraldo abriria sua venda, e caminhavam a passos largos para a Praça da Luz.

Ricardo Madeira ia mesmo para expor seu Avinhado nas cercanias do forte e roubar alguns frutos na Chácara de Chico Lobo. Enquanto isso Geraldo Asa Branca ia mostrando o novo Papa Capim que Jayme Franco seu pai, tinha trazido de Rio Dourado e que cantava de mão.

Era mais ou menos assim as convergências desta infantil vida nos tempos das ruas empoeiradas.

Acho que todo Socialismo tem que ser cimentado no afetivo puro que brota da alma humana.

As crianças, criadas na era televisão, perderam o sentido da realidade natural. Uma cultura voltada a adaptação dos novos tempos não recriam o belo. Adapta-se ao feio, ao terrível mundo da massificação. Não sei onde isso vai levar a humanidade. Ainda mais tendo como dono da comunicação do quilate dos que editam as Tvs. Brasileiras nestes anos de 2008. São demonios que falam em deuses, que negam o vicio o os promovem em orgias sexuais de novelas e textos de apelo anti moral. Destruidores de infâncias.

Ainda aos 7 para 8 anos, cortava os meus cabelos loiros com seu Senízio Vieira que, além de barbeiro era médico espiritual com suas consultas e aconselhamentos. Dona Sula e Simonides completavam a alegria do conhecimento familiar. As vezes cortava o cabelo com Fábio na praça do Século onde seu vulto esguio e alegre sempre tinha algo novo para contar sobre Macaé e sua Gente. Outras vezes com Fanor, Cheiroso, Luiz ou Philadelpho na rua perto do O REBATE de Milton Madureira e Jorge Costa.

Na rua da Estação morei um pequeno e proveitoso tempo dos 7 até os 9 anos, se não me engano.

Seu Isolino que era casado com minha prima Conceição Prata me levava em seu sítio, onde andei pela 1a vez a cavalo. Com ele eu aprendi muita coisa bonita de interior. Falava de suas andanças a cavalo até Rio Dourado, Professor Souza e Casimiro.

Era um homem calado, mas comigo sempre estava rindo. Eu gostava muito era de conversar com Eny e Zilca suas filhas mais novas já que a mais velha quase não tinha tempo. Zézo era com quem eu mais gostava de brincar. Falava engraçado e quando não se fazia entender sorria com a gente...

No quintal de Tia Conceição tinha todo o tipo de fruta. Ela era uma doce mulher. Sempre alegre, por detrás de seus óculos brancos e de uma cor alva e divina.

Nunca vi essa mulher triste. Vinha sempre me receber, até mesmo depois de bem velhinha, com o mesmo olhar de santa que notabilizava sua existência de mãe e mulher. Engraçado que toda vez que eu chupo manga rosa, abio e caranbola me vem a mente seu quintal, sua escada da cozinha e seu belo cachorro. Será que todos são assim como eu nas recordações infantis? É uma dúvida do” autor que vus fala”...

Na varanda, após entrar pelas escadas e chamar numa porta sempre aberta, tia Conceição Prata vinha me receber e já me levava para a cozinha, sempre cheia de doces, frutas e comidas maravilhosas.C riou uma filharada e deixou marcado em Macaé a cimentação de sua vida.

Tia Conceição Prata era sobrinha de Tia Chiquinha Prata e Nizinha oriundas nossas raízes de Carapebus, do lado de minha avó materna.

Chiquinha Prata tinha ido morar no Rio onde criou os filhos Ary Prata Sodré, Pratinha, Ayres, Arina, Alvina e Loica. Sempre vinham passar ferias em Macaé onde se dividiam alguns na casa de Alvina outros na casa de minha avó Nhasinha na rua do Meio. Alvina morava na praça onde hoje tem o hotel de Marlécio e Lourdinha.

A pouco menos de um ano para terminar o século, recebi no sitio, a visita de Ary que veio ver minha mãe Ecila. Hoje afirmo que eles estavam se despedindo deste mundo. Ele era, nesta época tesoureiro da Congregação Baptista do Brasil e foi deliciosamente belo ver as recordações que ele e minha mãe iam revendo de suas infâncias em Macaé e Carapebus. Como observador pude quardar os seus belos olhares de alegres e festivas recordações e fui guardando estes momentos para pode hoje terminar este texto certeza de que presto uma grande homenagens a minha velha Macaé e seus vultos históricos.

Semana passada recebi a visita de Glorinha Prata. Veio em companhia de outro prima Mariland Prata Mancebo. Trouxe uma foto minha com 6 meses. Era uma fotografia que a mãe dela, Iracema, guardou por 68 anos. Veio dos arquivos de Tia Chiquinha Prata. Este troféu eu recebi emocionado e vou resguardar.

Mariland é um das mais alegres de todos os filhos e Alvina Prata, uma sobrinha irmã de minha avó Nhasinha. Alvina foi uma das essencias macaenses. Nascida em Carapebús, foi uma das primeiras moradoras da Praça Veríssimo de Mello, onde seu filho Marlécio construiu o Hotel Prata. Afilhada de Nhasinha Lacerda era, em sua casa, que todos se reuniam nas festividades de Natal e Ano Novo...

(José Milbs de Lacerda Gama, editor de O Rebate www.jornalorebate.com 75 anos de Histórias na Região de Petróleo do RJ e vivenciador dos fatos narrados)...