Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

25.6.07

COISA DE CRIANÇA...

Coisas de criança em tempo de boas tormentas

José Milbs

— Puxa, vô, sabe da Martinha? Ô, vô!!! Aquela que o pai dela trabalha na Prefeitura.

— Sim, minha filha, o que tem ela? — respondeu feliz o Nicanor, quase que agradecendo a menina por tê-lo feito voltar ao real. Nicanor sabia que o diálogo seria esticado e isto fazia bem a ele, que gostava das longas conversas com as crianças, coisas que pareciam estar acabando.

— Ela faz aniversário juntinho comigo e com aquela menina que o pai também trabalha na Prefeitura. Só que o pai da Martinha é secretário do prefeito e o pai da outra — a Marta, que tem cabelos assim, oh, como falei —, trabalha no caminhão do lixo. Sabe o que ela me disse na Praça da Matriz, vô?

— Não. Conte aí — disse o Nicanor buscando posição mais confortável na velha cadeira que, pelo uso e tempo, capengava de um lado para o outro...

— É que o pai dela — quer continuar a menina...

— Dela, quem? Conta direito, Clara!

— Ô, vô! Da Martinha! A que o pai é secretário do prefeito, um homem gordão, careca e que anda com um outro, altão, bigodudo ...

A menina se ajeita nos braços do avô:

— Deixa eu contar. O pai dela perguntou o que ela queria de aniversário. Uma festa ou 5 mil reais para ela gastar como quisesse. Ela preferiu a festa. Ela disse, na pracinha, que o secretário gastou foi mais de 60 mil. Ih, mais até! Tanta gente que ela nem podia ficar com as amiguinhas. Ela disse que o pai dela e outros secretários da Prefeitura, todos, estão comprando terrenos, construindo, e que contratam um montão de seguranças para evitar os ladrões. Ela disse que a irmã do prefeito comprou uma mansão também, de mais de um milhão, de um vereador. Pagou assim, oh: pum!

Nicanor achou graça do relato da netinha. Olhava-a admirando sua beleza, seu espantoso crescimento físico e intelectual. E se perguntava pela forma que acabaria assumindo a narrativa, aquele estilo que enriquecia a cada dia, entremeado de opiniões curtas, decididas, definitivas, repleta de dúvidas e considerações filosóficas. “Mas que tempo ruim”, pensava ele. “Nossas crianças crescem em meio a uma guerra suja, imunda. Mas, talvez por isso, nossas crianças crescem e crescem, rápido... e falam dessa maneira, conspirando.”

— Ah, o que não vem por aí — deixou escapar Nicanor.

— O que, vô? Vem o quê? Bom, sabe o que essa menina falou? — continuou a netinha — que os amigos do pai dela e toda a família do prefeito estão preocupados com uns doutores do ministério da polícia...

— Ministério Público, Clara. É Ministério Público.

— ... mas deixa eu contar, vô! Então, o pai dela disse que estão investigando muito a vida deles, aqui na cidade. Os vereadores e todos os secretários ficaram ricos da noite para o dia. Dizem que querem prender eles, igual àquele menino que roubou um tênis do Adolfo, lá do bar, e a policia levou para a delegacia. Mas ela também acha que não vai dar em nada. Uma colega disse para a Martinha que os amigos do pai dela vão apanhar igual o menino do tênis. Aí, ela respondeu que eles têm advogados e muitos amigos nas altas. Mais, vô, a professora disse outro dia que a justiça é cega. É igual para todos, né? Eles vão levar uma baita de uma surra, não vão?

A menina fixou seus olhos nos do avô e, como que lendo seu pensamento, concordou:

— É, está bem, o senhor acha que não vai acontecer nada... Eu também.

II

Enquanto fala, os olhos lindos de Clara viajam por entre as dezenas de árvores, sobem e alcançam os pássaros lá no céu. Depois, focalizam duas borboletas amarelas que se aproximam dela e do ancião. Aqueles olhos tão vivos sobem de novo, ocupam todos os espaços —coisas que os adultos desaprendem com o tempo — e quase chegam às nuvens que anunciam mais chuva.

Nicanor e Clara ficaram por segundos abraçados, como se ouvindo o eco das próprias vozes até atingir a essência do pensamento humano e receber suas respostas. Dessa vez, nem a menina notou o cântico triste de uma cambaxirra na soleira da varanda, que lamentava a perda de seu ninho, seus ovos e seu esforço pela sobrevivência da espécie que um vento forte levou na noite anterior.

— Por que tem gente rica, vô? Rico serve para quê? Só têm carro importado. Todo rico é doente, vô? É por isso que as casas deles têm tanta privada? Mulher de rico, toda hora tem que ir ao médico. E eles não gostam de pobre. Não gostam de ninguém. Só da gente deles e olhe lá. Olham para os outros com cara de nojo...

Clara levanta rápido a cabeça e dispara:

— Isto é outra coisa que eu queria que o senhor me dissesse: é verdade que rico não entra no céu? Vô, eu acho que entra, sim. E quem fica do lado de fora é a gente. Só se não existe céu.

Volta a encostar a cabeça no peito do avô:

— Não posso dizer isso por aí não, né vô?

Novamente ergue a cabeça, rápido e, unindo as sobrancelhas, profere:

— Mas vô, eu tenho certeza que esse céu de anjinhos não existe, não.

Clara retoma, enérgica, balançando o braço de Nicanor sem lhe dar a menor oportunidade de esboçar uma única palavra:

— Vô, por que o senhor e o pai daquela menina pretinha... (Se lembra sim, vô, aquela, aquela, da casa que o senhor me levou daquela vez... Tava com goteira na sala...), por que vocês não podem comprar casa nem carro novo? O senhor, vô, trabalha o dia todo. Depois, fica sem dormir. Lendo, escrevendo... E não compra automóvel por quê?

A menina puxa carinhosamente o rosto do avô em direção ao seu:

— Por que rico não trabalha, vô? Eles só ficam com cara de preocupados. É feio falar mal dos outros, mas eu não gosto de rico, não, vô! Eu não gosto, não gosto...

O vento que assanhava os cabelos de Clara teimava em evitar que o sol permanecesse esverdeado na face de Nicanor. Ele olhava perplexo aquele pedaço de gente que já não acreditava na amorosas crueldades das histórias infantis, das lendas religiosas que as rodeavam. Suas amigas, umas menos outras mais, também não. Pareciam viver, o tempo todo, desmentindo toda a lenga-lenga criada pelos exploradores com seus direitos, justiça, noticiários, novelas...

Nicanor abraça a neta. Olha um horizonte que parece sumir em sua face já quase toda enrugada pelos anos. Como que querendo sussurrar para si mesmo, fala e é ouvido:

— Isso vai mudar um dia, minha Clara linda. Os do meu tempo, com vocês e com os que virão mais tarde, chegado o momento. Muitos trabalham e trabalharão para isso. Olha: a estação do ano está mudando. Mas também toda uma época social. Nem a natureza aguenta mais o regime de exploração, Clara. Os povos exigem um tempo novo, porque esse está caduco de fato e definitivamente uma nova época se faz necessária. Sem explorador e sem explorados. Esse tempo está chegando, porque o mundo anuncia um outro tipo de tormenta, minha Clara. E que venham as tormentas, porque essas nós as conduziremos pelos caminhos da nossa libertação, minha filha...

19.6.07

UMA INFÃNCIA FELIZ EM DEL CASTILHOS...

RIO DE JANEIRO DEL CASTILHO

Antes de ir para o colégio primário, aos 5 anos fui morar com minha avó e mãe no Rio de Janeiro. Lá já moravam meus tios Doca e José de Moura Santos, com meus primos Mathias, Nelson, Maria Clyce, Eliete e Therezinha. Foi uma infância curta de vivências em Del Castilho, um bairro bem calmo do Rio. Minha avó ia de trem até o Meyer e nós íamos juntos.

Era uma época de Guerra. 1943/44. Havia “blecaute” que a gente curtia a hora que chegava. E lembro que as l8 horas todo mundo se recolhia com receio de bombas. As crianças viviam tensas e os adultos preocupados.

As tardes eram de soltar balões num Campinho, que tinha perto da linha do trem de nome Maria Fumaça e, soltar pipas e balões...

Del Castilho era uma espécie de Subúrbio bem suburbano. As pessoas se conheciam, igual em Macaé. Um bairro afetuoso e que marcou muito minhas primeiras passadas na estrada da vida. Tinha vontade de voltar para ver como estão as ruas empoeiradas e lindas de minha infância lá.

Um dia, nos anos 90, conversando sobre isso com meu primo Nelson Lacerda Santos, ele falou que teve esta mesma idéia. Voltou a Del Castilho e ficou decepcionado. Tudo diferente e não viu nada que pudesse ser o belo de nossas infâncias.Haviam outras pessoas no lugar das antigas pessoas. Tipo qualquer cidadezinha de todas as infâncias vividas...

.Foi lá que aprendi a soltar pipas que chamávamos de Estrela. Os primeiros Balões e a correria quando caiam nas proximidades dos morros.

Nos campinhos, por entre dormentes de via férrea, entre um apito e outro da Maria Ffumaça e os blecauts das noites tardes do inicio dos anos 40 em plena 2ª guerra que foi que comecei a caminhar com meus próprios pés em andanças longe dos olhares vigiativos de mãe, tias e avó.

Não me lembro de nenhum amigo, mais tive muitos, neste Bairro que recordo com saudades.

As vezes fico pensando que as mudanças na vida fazem com que tudo fique girando em torno do momento. Foi assim nesta minha passagem por este subúrbio do Rio onde a volta para Macaé deve ter interrompido uma existência que seria totalmente diferente se lá tivesse ficado.

Os destinos são feitos assim e nele é que fixa a existência humana sem que tomemos pé de sua trajetória...

Um favelado levado para um reino se torna aristocrata ou chega a rei. Um rei levado para uma favela será favelado. Disse em livro um poeta de esquina. O destino trocado pode determinar existências trocadas. Foi assim nos covardes aprisionamento de Negros na África, transformados em escravos, e assim o é na diferenciação social que o sistema nos impõem...

Não sei como está hoje o bairro de Del Castilhos sem a Maria Fumaça e sem seus campinhos das peladas em bola de borracha ou de meias e os triangulos das bolebas e papão... (José Milbs)

16.6.07

GUTO GARCIA ASSIS O NETO DE TINOCO...

Nos anos de 1967, 68 e 69 "O Rebate" noticiava o nascimento de um menino. "Nasceu Carlos Augusto Garcia Assis." O texto falava deste acontecimento que coroava de alegres gargalhadas o velho Tinoco Garcia. Na roda feliz de uma mesa no Bar e Restaurante Belas Artes, ele, na simplicidade que sempre era comum em sua fala, cercado de amigos, gente do POVO e alguns pequenos burgueses, Tinoco nao escondia a felicidade. Para ele, homem acostumado a dividir alegrias e riquezas, este momento era a sublimação da continuidade da Espécie. Nem sei se ele tinha lido o Charles Darwin. Mais um simples olhar nos seus olhos, que sempre acompanhavam o gargalhar feliz, se podia sentir a certeza da Perpetuação da Espécie...
O REBATE sempre estava presente na mesa alegre do Point dos anos 60/70. Cláudio Upiano Nogueira Itagiba, Redator do O REBATE, Armando Barbosa Barreto, Euzébio Luiz da Costa Mello testemunhavam este momento onde se podia também ver outros vultos históricos: Jorge e Jair Picanço Siqueira, Ruy Figueiredo Borges, Carlos Eduardo Durval Motta, Waldyr Siqueira, Marcio Paes, Mangueira, Roberto Moacyr Leite e Santos, Felix "Guarda", Felix "Relojoeiro"e Felix "Do Mercado", Alvaro Paixão Jr, Julita de Oliveira, ornamentavam as saidas dos "cafezinhos" que eram servidos por "Toninho" e sob o olhar dócil dos portugueses Diníz e dona Maria...
Nascia o menino Guto, filho do meu amigo Antonio Carlos de Assis, o bom Capitão e da filha mais velho do Carlos Augusto Tinoco Garcia, Marilena. Contemporâneo de meus filhos Luís Cláudio e Ana Cristina, Guto se ausentou das nossas ruas empoeiradas. Numa dessas loucas reuniões do PT, eu tive o prazer de revê-lo. Ao me ver, do outro lado de um grande auditório, se levantou e veio me abraçar. O mesmo andar do meu amigo Antonio Carlos e o mesmo olhar de Carlos Augusto eu vi no relance deste momento sublime. Perguntava sobre meus filhos com a mesma elegência de sua avô Magdá, amiga de minha mãe Ecila nos anos 30. Guto estava ali, sem ele mesmo saber nem notar, representando uma História viva de uma cidade que,as vezes, teima em se fazer de esquecida.
Hoje soube que o Prefeito Riverton o convidou para assumir uma pasta na Prefeitura de Macaé. Creio ser esta sua maior conquista. È o verdadeiro resgate da história de Macaé e sua Gente. Dignidade e competência nao faltarão a este lindo jovem que acariciei, ao colo,nos seus primeiros anos de vida. Assim como meus filhos ele também deve ser sofrido, em algum momento da história macaense, alguma das muitas farpas que são dirigidas a quem "brilha mais que alguns outros". Guto, como meus filhos souberam superar estas farpas e estão longe dos enriquecimentos ilícitos que enlameiam alguns de sua geração. Hoje, orgulho-me em dizer desta alegria que, tenho certeza, seria a do meu velho amigo Carlos Augusto Tinoco Garcia...
Parabéns de O REBATE ao Prefeito por resgatar parte vida de nossa história...

15.6.07

MORRE O ESCOTEIRO SERGIO QUINTEIRO DOS ANOS DE 1950

COLUNISTA DO O REBATE NOS ANOS 70 E ESCOTEIRO NOS ANOS 50...

Acabo de saber, por minha amiga Tânia, que o Sérgio Quinteiro Cordeiro acaba de falecer no Rio de janeiro, vitima de uma aneurisma. Fomos amigos em nossos infâncias, nas ruas empoeiradas e saudosas de uma cidade que está triste.
Sérgio, poeta, cantor, colunista social deste jornal nos anos de 1960, ex Sargento do Exército Brasileiro, solteirão assumido e um dos mais belos exemplos de simpatia e beleza. Sua presença, na Prefeitura Municipal, como funcionário era uma das mais alegres presenças que a todos cativava e fazia brotar o sentimento de solidariedade e amor.
Sérgio Quinteiro tinha dentro de si a sublimação das pessoas carimbadas pela criação. No camdomblé é muito comum estes seres se manifestarem em humanos. Em Sérgio, esta manifestação era no seu dia a dia. Sua fala era a fala do carinho que sonorizava afeto. Perdi um grande companheiro de recordações e de alegres saudades. Sobre ele, escrevi, a alguns meses, este texto que transcrevo:

ODE AO MEU AMIGO E COMPANHEIRO DE ESCOTISMO SERGIO CORDEIRO QUINTEIRO

José Milbs

“Cercada de zinco, cercada de telhas, esta cidade onde todos trabalham....”

Este foi o meu primeiro texto aos 11 anos. Foi no Escoteiro, atendendo o “pedido do chefe”. Não havia rima. Foi a minha primeira visão jornalística de Macaé no final dos anos de 1940. Casas que existiam nas ruas Dr. Bueno (Rua do Meio), Luiz Belegard (Rua da Poça), Sacramento, Agenor Caldas e Rua da Igualdade. Foi de fato à primeira vez que me senti importante. Alguma coisa que eu estava fazendo e que ia sendo repetida pelos meus colegas de Escotismo. A visão das casas dos habitantes de Macaé nesta época veio a minha memória e eu falei escrevendo as casas dos primeiros ferroviários, cercadas de zincos e outros de telas arredondadas. Claro que não agradei ao Chefe dos Escoteiros que, ligado por laços familiares a elite macaense queria algo ligado ao que seus olhos viam e sua mente retratava, Fiquei, daí para frente com uma grande vontade de escrever e por os fatos simples que via para as pessoas lerem. Ao ir para o SENAI, fiz parte do Grêmio Cultural Bruno Lobo e, novamente meu espírito contestador mexia com o poder da Escola. Tinha 13 e, no mural da Escola Ferroviária 8-l Senai, vi meus textos serem lidos pelos meus colegas de turma e ser criticado pela direção do educandário. Fazia=me bem ver isso. Pensava: Como é bom escrever as coisas que a gente sente e as pessoas “diferentes” da gente ficar contra. Devia ser destas experiências no modo de escrever que nascia em mim a vontade de escrever o que o POVO gostaria de escrever. Pensava: Alguém tem que retratar as coisas puras que nascem e vivem no imaginário das pessoas que falam, contam suas experiências e não são lidas. Aos anos foram passando e, a cada dia ficava mais feliz em escrever e me ver sendo lido. Era como se eu estivesse conversando com as pessoas através do que eu escrevia e elas iam lendo e falando. Nas aulas do colégio não entendia o porquê de escrever textos cheios de erros gramaticais, com falta de acentuação e sem pontuação. “Tirava sempre nota alta nas minhas redações e, um dia tomei a liberdade de perguntar as minhas pacientes professoras Thereza Pereira da Silva e Anita Parada: Elas responderam com a certeza de quem sabia tudo e muito mais sobre as nossas vidas:” Você de fato, José Milbs, precisa estudar mais as coisas da língua portuguesa. “

Mais não posso deixar de lhe dar as melhores notas por que você tem o dom da dissertação nata” Confesso que até hoje não consigo me adaptar as coisas do português correto e seus meandros gramaticais. Penso até, quem sabe, com o tempo procurar um copidesque que possa me fazer ficar mais inteligente nos textos e sem erros. Até lá vou fazendo assim mesmo e me desculpe os que vivem catando erros em meus velhos e novos textos.

A Fala do POVO é o que me seduz e a ele eu quero ser fiel. “Como se diz : Dexa está Jacaré, a lagoa um dia há de secar...”

A vida foi me levando e acabei tendo que assumir alguns textos em outros tempos. Hoje, com 56 anos de experiências no trato com a escrita, tive a alegria de ver meu trabalho ser colocado nos lares das pessoas através da INTER-TV. O reconhecimento de uma existência na busca das verdades e do não acocoramento ao Poder me foi útil. Centenas de amigos que comigo convivem no dia a dia da Internet fizeram e-mails felizes por me terem visto e mandaram incentivos. È a certeza desde dever que se cumpre o melhor dos prêmios. Vou continuar escrevendo. Hoje vendo outra Macaé: Cercada de prédios, cercada de galpões, esta cidade....

Pois é Sergio Quinteiro Cordeiro. A gente viveu uma época diferente numa cidade que cresceu muito. Uma cidade que sua avó Etelvina fez histórias, seu pai o simpático Cordeiro, sua alegre mãe Ilce que a gente sempre encontrava sentada na máquina fazendo suas roupas de menino, sua de Soninha e de Selminho.. Esta cidade, meu velho e querido ex colunista social do O REBATE, ainda existe em muitas mentes empoeiradas e felizes. Basta que a gente de uma balançada nas paredes que estas pétalas em forma de letras caiam e fiquem ai expostas a quem gosta de ler.

Ontem a TV me elegeu o mais antigo dos jornalistas e escritores da região de petróleo. Sabe como que venci este lindo concurso? Com o texto que você transformou em canção. Texto que a gente nem sabia que um dia iria fazer parte deste O REBATE e lido mundialmente no www.jornalorebate.com Está é a vida...

Que Sérgio Quinteiro esteja sendo recebido pelas vozes dos anjos que eles soube representar em sua vida. Breve todos nós estaremos ai, meu velho Escoteiro. SEMPRE ALERTA... José Milbs editor de O REBATE...

13.6.07

HISTÓRIAS HAVIDAS NAS HISTÓRIAS DE O REBATE NOS ANOS 60/70....


ELES FIZERAM A HISTÓRIA DO O REBATE NOS ANOS DE 1960 e 1970.................................................................................. José Milbs de Lacerda Gama

Quando o jornal O REBATE atingiu sua meta de ser um veículo altamente democrático e tinha, com este intuito, o objetivo de abrir espaços para todos eu era seu Editor e Diretor-Responsável. Nunca nenhum jornal teve a petulância de espacejar suas páginas de maneira aberta sem que houvesse qualquer censura. O Rebate fazia questão de desta sintonia e acontecia em Macaé o que hoje acontece na edição On-line. Tentarei nominar alguns dos velhos colunistas que fizeram história no jornalismo macaense e que passaram a figurar, mundialmente no jornal on-line, no web site www.jornalorebate.com, como os verdadeiros pilares da imprensa de Macaé.

Carapebus e sua história eram coordenadas e assinadas por Elbe Tavares de Almeida que relatava fatos recentes e fazia renascer a história e os acontecimentos da história do então segundo distrito de Macaé. Elbinho ia fundo na vida de Carapebus e o jornal cumpria a sua parte. Os jornais eram levados de trem ou de ônibus e eram distribuídos em todos os bairros do distrito. Na usina Carapebús a distribuição de O REBATE era feita no Escritório e lidos pelos demais moradores. A Construção da Igreja, pelas mãos do Frei Balthazar, foi acompanhada pelas edições do O REBATE e reportada pelo Elbe Tavares de Almeida.

Cantinho de Glicério era uma mini-coluna social. Editada pelo Padre Armindo que, num portunhol, uma mistura de espanhol com português, falado em Glicério, trazia as novidades, festas, aniversários e necessidades da região. Sua coluna abrangia ainda o Óleo, Trapiche, Córrego do Ouro, Frada e parte baixa do Sana.

Padre Armindo tinha uma voz suave, um corpo frágil e um olhar meio atento a sua volta. Era Pároco da região e não soube mais notícias suas. Era de uma formação religiosa tradicionalista e fazia questão de que assim fosse visto por todos nós de O REBATE. Teve uma grande polêmica quando ele, na Paróquia fez um bingo de um Jipe e não entregou ao sorteado. Recebemos a reclamação de moradores e, como o REBATE sempre primou pela liberdade de opinião, deu espaço para o reclamante que “acusava o Padre de picaretar o sorteio”. Ele virou bicho e partiu para defesa. Armindo não entendia como, um jornal que ele escrevia, pudesse levar ao público uma coisa que corria de boca em boca na localidade. Até por que, não entendia muito de democracia jornalística já que vinha de uma Espanha Franquista e a gente estava em plena ditadura militar.

Ai o pau comeu. Armando Barreto, que tinha uma coluna EM TEMPO, defendeu o morador. Armindo rebatia que não era real a denúncia e o troço ficou rolando mais de 2 meses nas colunas do o REBATE.

Perguntas como Vigário ou vigarista era comum vindo da página de Armando e, da outra, defesas e palavrões em hispano/português que o Armando fazia.

Se o jipe foi entregue ou se foi feito outro Bingo até hoje não sei. f Fato que, até Euzébio teve que entrar na fala e, em sua coluna ACONTECENCIAS propunha que desse uma Bíblia para cada um dos litigantes, já que ambos eram cristãos embora de seitas diferenciadas. Armando Evangélico e Armando Católico. Numa edição, em plena fervura da briga entre Armando e Armindo, os gráficos erraram os nomes e sapecaram uma manchete: ARMINDO CONTESTA PADRE ARMANDO.

Interessante notar o alto grau de democracia no jornal era o fato de Armando revisar os textos do Armindo mesmo tendo em seu conteúdo porrada nele mesmo. Com o novo sorteio, creio, que a coisa ficou bem e não foi preciso a conciliatória idéia do Euzébio.

Chutes nas Traves por Luiz Pinheiro um dos mais antigos colaboradores da imprensa de nossa cidade. Pinheiro descrevia detalhes em sua coluna de uma forma que os leitores pareciam ver o jogo. Engraçado que um dia ele estava descrevendo em sua coluna uma partida de futebol entre Americano e Fluminense. A oficina era em baixo da Redação onde a gente ficava revendo textos e revisando as matérias paginadas. Os compositores, todos meninos aprendizes e, alguns já adultos, estavam fazendo as matérias que viriam para a revisão. De repente, rompendo o silencio, uma voz corta o ar de uma forma alta e carregada de aporrinharão. Um palavrão comum nestas horas é soltado e todos se calam e se dirigem ao funcionário que fez o “barulho no silencio”. Ele, após explicar o fato Poe a público o motivo. Estava ele compondo a matéria de Pinheiro. Matéria feita a mão e com 5 ou seis laudas para serem copiadas. Ai ele vai compondo. “Bola com Nilson que passa para Paulinho no meio campo. Este olha pra frente, faz da redonda seu meio de mostrar arte. Passa para a esquerda e caminha, já no campo adversário. Vem sinhô para evitar o avanço. Ele vê, dentro da pequena área o George. Este pede a bola. Olha em redor e recebe a menina com delicada maestria, passa por um, passa por dois e, pimba, Bola na Trave”. Americano perde e deixa Antonio Carneiro revoltado que tenta invadir o gramado do Expedicionário. Depois é que todos foram saber que o compositor, compunha e torcia. . Ele era Americano e o “Puta que Pariu” que rompeu os ares da redação tinha seus motivos.

Luiz Pinheiro era também radialista e foi um dos mais atuantes vereadores de nossa edilidade. Amigo fiel de minha família sempre ia a minha casa bater papo mesmo depois de o jornal ter que deixar de circular por algum tempo. Incentiva para que eu escrevesse um livro e nos divertíamos muito com as brincadeiras da redação. Um dia ele ficou muito "retado" (como se diz na linda Salvador BA). Um gráfico, daqueles gozadores que habitavam em todos os jornais, substituiu uma letra e, ao invés de sair Chute nas Traves, saiu Chute nas Trevas. Phidias Barbosa Barreto, um revisor sacana, deixou ir pra rua o jornal e Pinheiro ficou uma Arara. Depois riu pra valer quando soube da sacanas de Phidias. Lembramos ao Pinheiro que era comum isso nas oficinas. Pior tinha sido feito com o saudoso Latif Mussi Rocha da “Gazeta de Macaé”. Os safadinhos dos gráficos trocaram o L pelo P e saiu Patif Mussi. Só o bom humor de Eraldo, seu filho e revisor, evitaram a raiva do grande editor da “Gazeta”.

Notícias da Bicuda vinha com a responsabilidade de Tarcisio Paes de Figueiredo que além de colaborador era também Professor Municipal. Tarcísio deixou um bom emprego no Banco do Brasil para morar neste lugarzinho lindo que era Bicuda. Ali ele podia fazer com que fluíssem suas idéias de ajudar as pessoas que de fato estavam precisando de alguém mais conhecedor do mundo.Educava e passava informes. Sua coluna era recheada de fatos e acontecimentos. Desde as festas até a política. Dizia das dificuldades do lugar e, junto às demais professoras fazia renascer a vida de toda a comunidade.

Sua página ia além da Bicuda Grande até a Bicuda Pequena e ainda ao Serro Frio com dados e fatos. Nesta época a professora Iza Aguiar também fazia textos deste distrito com pseudônimo de Taheb. Iza não queria aparecer com seu nome, além se sua simplicidade era, acho eu, por que seus familiares podiam sofrer algum tipo de perseguição, já que Pedro, seu companheiro e amigo, era Servidor Municipal.

Tarcísio era um colaborador Autodidata. Tinha sido professor de Inglês no antigo Colégio Macaense que viria a ser mais tarde o Luiz Reid. Sua vida foi sempre dedicada à educação e chegou a ser suplente de vereador.

Posta Restante tinha em Osmar Sardenberg sua responsabilidade. Osmar também assinava a coluna com o pseudônimo de Ramos (seu nome visto ao contrário). Era uma página picante e que mexia com os valores da política de modo bem ao gosto do autor que era de uma simpatia extremamente alegre mais de um grande senso de humor critico. Osmar buscava fazer uma coluna onde não tivesse como ser contestado. Meticuloso, apresentava seus textos, todos bem revisados e deles pouco se podiam ouvir negações do que ia ao Público.

Era irmão de Erico Sardenberg que participou da Fundação de O REBATE com o gaúcho Antonio Duarte Gomes em 1932. Osmar foi um símbolo de dignidade jornalista. Embora tendo um irmão vereador ele não poupava criticas ao legislativo quando encontrava seus motivos. Chegou a dirigir o Departamento de Obras e foi um dos responsáveis pelos primeiros passos de nossa arquitetura urbanística juntamente com Ruy Pinto da Silva, outro que colaborava com o jornal sem aparecer...

Mirto era uma coluna que o poeta e escritor português Joaquim Murteira fazia e abordava a história macaense e seus vultos. Critico mordaz, o velho Murteira era muito temido com suas sátiras e versos. Era uma espécie de comentários de fatos havidos e acontecidos e, em sua totalidade críticos a coisas de sua época. Daí que ele usava este nome Mirto para não se expor. Mais sempre dizia que em qualquer hora que o “bicho fosse pegar” estaria pronto.

Heira Couto era o pequeno nome que o bancário do BB e intelectual Herivelto Couto tinha para fazer suas observações culturais. Senhor de um afinado senso de humor ele escrevia sempre suas páginas literárias e políticas de maneira sutil e bem alegre. Autor de uma polemica com o Cláudio Itagiba sobre a palavra Passadólogo eles se desentenderam dentro da escrita mais se entendiam na Redação de forma correta e diplomática. Além de ser bancário, Heira Couto era poeta e jornalista e foi um dos o fundadores da Academia Macaense de Letras.

Volúsia Clara embora com este nome tinha em Cezário Álvares Parada seu responsável. Durante muito tempo ficou no anonimato mais logo assim que assumimos o jornal ele assumiu a coluna e ainda passou a assinar seu nome. Fazia comentários da sociedade e criou vários textos que marcaram sua personalidade de colunista social. A composição era sempre no corpo oito e às vezes alguns textos em negrito.

Ruas de Macaé de Antonio Alvarez Parada. Tonito fazia comentários das origens dos nomes de nossas ruas e exponha ao conhecimento dos leitores seus dados biográficos. Como a Redação do jornal era em frente a sua casa sempre, ao acordar, para ir na Padaria do Enio e do Joãozinho Lima era um dos primeiros dos leitores. Pegava o jornal e ia vendo a matéria que depois passava para sua companheira Detinha. Tonito além de Colunista de O REBATE escreveu alguns livros e deixou um grande acervo dos jornais de seu primeiro número ate os anos 70. Acervo que foi entregue ao atual Secretário de Acervo Público de Macaé, professor Ricardo Meireles que também escreveu vários textos no O REBATE.

Acontecências, Daniel Menos e fatos. Estas 3 colunas tinham em Euzébio Luiz da Costa Mello sua marca. Euzébio mandava sua coluna pelo correio, em manuscritos, terrivelmente difícil de ser entendido. Estudando no Rio de Janeiro era de lá que ele despachava seus textos pelo DCT. Letra misturada com cores de caneta vermelha, verde e preta. Parecia que acabava a tinta e ele emendava outra. Era um Deus nos acuda. Seus garranchos, deliciosamente inteligentes e ferinos tinham o sabor do belo. Cláudio Itagiba, Armando e eu mesmo ficávamos decifrando os textos e tentando pô-los para publicação. Sempre se conseguia e as malícias de suas matérias iam belíssimas para as bancas e para os assinantes. Euzébio fazia para O REBATE a cobertura política da Câmara dos Vereadores. Muitos de seus textos deram dores de cabeça aos edis dos anos 60 e 70 ao ponto de vários processos serem instaurados no judiciário. Todos vencidos pela habilidade advocatícia do nosso editor Jurídico Álvaro Paixão Junior.

Em Tempo de Armando Barreto que tinha a chancela desta matéria nitidamente política e contestativa. Nela vinha o que estava se passando na política como o que ele achava dos fatos. Seus comentários eram sempre polêmicos mais respeitados em todo seguimento da comunidade. Foi candidato a vereador e se elegeu primeiro suplente pelo MDB. Vinha de uma liderança estudantil, Armando Barbosa Barreto, voltaria ao jornalismo no final do século, editando seu próprio semanário de nome Macaé Jornal com a mesma independência que fazia quando assinava sua coluna nos anos 60 /70 de O REBATE.

“Do Bom Futebol” era onde o filosofo e redator Cláudio Upiano Santos Nogueira Itagiba punha a beleza de suas encantadas dissertavas cultural. Falava da história viva dos nossos jogadores e dava um sentido kantiano aos dibles de George e a maestria beleza da elegância de Nilson. Cláudio fez do inédito linguajar filosófico a integração feliz numa ligação pé/mente. Suas obras eram obras de uma lingüística que espantava os menos avisados do Saber. Era como que, flutuando no conhecimento, trouxesse para o papel a beleza das interiorides de uma forma inteligente e culta.

Era lindo ler suas citações da jogadas dos Solons, principalmente de Armandinho e Sá. Cláudio deu uma visão ampla e inteligente ao mundo esportivo de Macaé até porque, alem de filósofo, também jogou futebol. Autor e criador do apelido de “Capitão” ao Antonio Carlos de Assis de quem Cláudio foi contemporâneo e amigo.

Cláudio sabia brincar com a linguagem de uma forma sutilmente entendida. Gostava mesmo era de fazer revisão e ficar a noite nas oficinas. Muitas vezes seu irmão Sergio e Ivairzinho o encontrava deitado nas resmas de papel da oficina, descansando da noite de revisão. Era redator e Colunista de O REBATE e foi o fundador do DEBATINHO suplemento de O REBATE que ainda iremos editor no www.debatinho.com.br de propriedade de nossa Empresa Jornalistica JML Gama, jornais e Revistas.

“Bicando na Grade” era uma coluna feita pelos Galistas de Macaé. Não tinha assinatura mais a gente sabia que por detrás estavam Roberto Moacyr, Augusto, Mangueira, Zé Luiz, Arenari, Paulo Barreto, Waldyr Siqueira e Carlos Augusto Tinoco Garcia. Todos leitores assíduos da coluna. Abordava fatos da Rinha e de seus freqüentadores. Era um setor da comunidade que a gente estava querendo atingir com a leitura do jornal e tivemos amplo retorno. Ate Waldyr Siqueira, pai de Hudson e de Ivan dava suas dicas na coluna onde o velho mestre Petrônio Ramos sempre aparecia para ler alegremente a coluna. Quando O REBATE saiu era comprada por todos que freqüentavam as mesas do Bar e Restaurante Belas Artes, Point dos anos 70 em nossa região. Ali era onde se reunia todos os expoentes da comunidade.

Padre Nabais assinava uma coluna política/religiosa. Ao contrário de Armindo, Nabais, fazia de sua página uma mensagem política mais a esquerda. Vinha sempre com fatos ocorridos em sua terra Portugal, Criticava a ditadura de Franco e sempre tinha seus textos censurados pelos militares de plantão em nossa Redação. À noite os censores sempre vinham para ler os conteúdos das matérias. Nabais tinha um corpo franzino mais se destacava pela voz firme e compassada. Ficava horas conversando comigo Cláudio, Armando, Euzébio e com o Pastor Edmundo.

Sempre ao cair da tarde quando a cidade começava a se acomodar na noite que chegava mansinha e amena, ele aparecia na Redação. Nabais foi transferido de Macaé para alguma cidadezinha do interior ou deve ter voltado para sua terra natal. Não se despediu e nem soubemos mais nada sobre ele...

Dilton Pereira, Pierre Tavares e Edmundo Antunes escreviam textos semanais sobre suas religiões. Dalton abordava fatos de acontecimentos que diziam respeito às festividades dos Espíritas. Pierre Tavares Ribeiro publicava matérias de Chico Xavier, Bezerra de Menezes e fazia comentários sobre irmã Sheilla a quem ele teve o privilégio de ver materializado por obra do Peixotinho. Pastor Edmundo sempre escrevia interpretações de passagens bíblicas e anunciando festividades nas Igrejas Batistas de Maca e da Região.

Era sempre dentro desta democracia que o REBATE se fazia presente na vida dos macaenses.

Cidinha, Alfredinho Cabeleireiro, Sergio Quinteiro e Luiz Ernesto, cada um a sua maneira e modo, retratavam os acontecimentos sociais da cidade em colunas alternativas e semanais. Não havia nada que não tivesse seus olhares críticos ou informativos. Fotos em clichês, textos em composição de l0 negrito, estas colunas eram a que mais davam trabalho aos compositores das oficinas por que tinham que ser preparadas para todo tipo de leitor. As revisões eram feitas pelos próprios articulistas que viravam madrugadas puxando letra por letra das páginas expostas nas bolandeiras.

Lecino Mello e suas Coisas de Política faziam com que as notícias vindas da Câmara Municipal e das atividades dos políticos tivessem sua análise de uma maneira que só ele sabia escrever. Com grande dose de malícia e até com um pouco de provocação ele ia fazendo com que o jornal tivesse mais leitora com sua ferina observação crítica. Seu porte pequeno escondia uma grande coragem de repórter de rua que ele sabia exercer com maestria. Dava cobertura policial e atuava no fórum onde trazia as notícias destes dois lugares. Por ter uma inteligência seletiva Lecino Mello foi considerado um dos mais polêmicos de nossos colaboradores. Sua coragem em retratar fatos era seu carro chefe. Sua morte de deu numa cachoeira da região serrana de Macaé cujo motivo ainda paira dúvidas entre seus amigos.

A coluna de Xadrez era pioneira no Estado do Rio e O REBATE saiu na frente. Enquanto Mequinho dava suas jogadas de mestre do outro lado do mundo o nosso Fernando Frota assinava e jogava suas artes na região. Sendo campeão estadual desta modalidade de esporte o nosso Fernando Quariguazil da Frota fazia com que as pessoas que liam o jornal se atualizasse e tomassem ciência dos acontecimentos. Alem disso o Frotinha dava suas pinceladas no Bom Futebol e ainda fazia soar suas baterias jornalísticas falando sobre acontecimentos de basquete, carnaval e malho.

Willy de Miranda Cooper, o Bill, Antenor Lima, Léo Lima e outros jovens, faziam pequenos textos sobre esportes. Eram todos colocados em TOPICOS ao lado da COLUNA de Jayro Bacellar Vasconcellos que, junto com Manoel Antonio Assumpção, dava lindos toques em seus textos. Ambos eram também Oficiais de Justiça e sempre vinham a redação do jornal O REBATE em companhia do técnico da Seleção de Macaé Antonio Carneiro.

No ano de 1976 paramos de circular por algum tempo e retornamos nos anos 80 devido a coragem do jovem advogado Milton Augusto Ribeiro Benjamin. Ameaçado pela elite que, a esta altura se assanhava em dirigir a cidade, ele não correu da briga. Juntamente com sua companheira Edla Bichara, do advogado Edson Galossi Neves, dos então meninos Demétrio Possati e Paulo Roberto Jardim fizeram tremular mais um tempo a bandeira da verdade com O REBATE nas ruas. Foi um tempo difícil. Sem oficina própria.Coragem que teve seguimento nos anos 90 com a editoria de Cezar Pinho dos Santos, jornalista e editoria lista que, junto com uma equipe não deixou que a década ficasse sem o grito de que: O REBATE VIVE E VIVA O REBATE.

Hoje, quando o REBATE completa 75 anos de existência em Macaé quis fazer esta simples homenagem a sua história falando destes senhores que faziam a beleza de nossos encantamentos e alegrias nos anos 60 e 70. Foram eles que, com suas obras escritas a mão, compostas também a mãos por belos e competentes gráficos, tinham que participar deste dia onde a magia do computador não poderia existir sem suas presenças.

O REBATE é uma história que nunca será apagada da vida de Macaé e do Brasil por que tem sua historicidade marcada na ebulição de sangue de pessoas livres e que sabiam que faziam história. Parabéns a seus descendentes. (José Milbs de Lacerda gama, Editor).

10.6.07

A TIA DE TODOS OS COSTAS E REIS CALA-SE NUMA SAUDADE QUE FICA...

PERPETUANDO A MAIOR DE TODOS OS COSTAS E OS REIS...

A História de nossa região de Petróleo, Sol, Serras, Mares e Origens nativas, perde a Abelha de todas as Rainhas dos Costas e dos Reis. Dona Renê Costa Reis descansou de sua longa luta para continuar vivendo. Figura marcante na vida de Macaé, seus Distritos e Rio das Ostras, ela foi a filha temporão dos Costas e companheira do meu amigo de Faculdade de Direito, Sylvio Martins Reis. Seus pais, como os de Sylvio vieram do distante Portugal e aqui semearam toda a gama dos Costas e Reis que se espalharam em nossa comunidade.
Quem não convive ou conviveu com algum descendente destas duas raízes por certo ainda vai conviver e perguntará quem foi está linda senhora. Quem foi está verdadeira Abelha Rainha que sabia cativar a todos que dela se aproximava.
Dos sobrinhos, desde o simpático e simples Berebéu Costa até a alegre e cativante Roseana Reis, ela não conseguia mudar o sorriso de agrado e de acolhimento. Sempre bem com tudo e com todos, soube entender, na plenitude de sua sabedoria, a passagem do Movimento da Contra-cultura e das belezas puras do Movimento Hippies que cercou de carinho e afeto seus filhos e amigos.
Sua casa era "com certeza uma casa portuguesa" onde seus braços e seu olhar tímido preenchia vazios existentes em cada um que se aproximava e, sabia acalentar com poucas palavras tudo que o "olhar expressa" no sublime entendimento que poucas mães tiveram com seus filhos nestes anos de sofrimento e incompreensão do social.
Para Euzébio Costa Mello era Tia Renê, irmã mais nova de sua mãe. A irmã caçula que tinha sido criada com todo o mimo que existia na bucólica Macaé dos anos 20 e 30. Para Ronaldo e Levy Costa, meus colegas de colégio, era a tia jovem que mais parecia irmã. Dona Renê foi uma privilegiada ou seria os Costas os privilegiados? Ela por ter sido a Tia de todos eles, ou eles por terem sido os sobrinhos dela?
Convivi com esta dama. Fui amigo de seu companheiro Sylvio e amigo de seus filhos de Nato, Manel e Luiza.
Nos anos 90 a cidade de Rio das Ostras foi escolhida para que ela terminasse seus dias. Mais longe de suas origens na Bicuda, Cachoeira de Macaé e Bicuda Grande, mantinha sempre informações sobre a vida das comunidade, através de Tina, via Dodora ou mesmo pelos informes que lhes eram levados pelas centenas de sobrinhos netos e amigos.
Gostava se saber das novidades de Macaé, das Casas Antigas que ainda estavam conservadas e sorria quando lembrava das saudades que ficaram nas tardes noites macaenses dos passeios longos e alegres nas ruas empoeiradas. Revia as saídas do Cine Santa Izabel
e a barulheira das galeras dos anos 50 e 60 e fazia relatos mentais das suas saudades que, no fundo, é a saudade de todos que viveram nesta época de encantamento e sublimação.
O REBATE, como O SECULO ela vivenciou muito bem. Fizeram parte de sua existência e lazer. Soube transferir para seus filhos o desenvolvimento das artes e do amor ao próximo. A tristeza que sua ausência toma conta dos seus familiares se junta ao carinho que ela tinha como O REBATE e nos coloca no mesmo patamar das saudades...
Sylvio, Nato, Manel e Luiza recebam as condolências que sabemos ser de toda a comunidade da região de petróleo do RJ.
Por estar morando no sitio e pouco sair, soube deste acontecimento, hoje, pelo meu filho Luís Cláudio que foi informado por Denise, filha da saudosa professora dona Rosa...
(José Milbs editor e historiador )...