Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

27.10.09

Silencio no Samba da Região de Petróleo: Morre Joel Cruz fundador do GRES Princesinha do Atlêntico


Joel Cruz o Grande Mestre do Samba da Região de Petróleo se cala. Os acordes da Princesinha do Atlântico que esteve ligada a sua existência de morador nato do samba, está trsite.
Joel nasceu e se criou nas ruas de Macaé. Passou por todas as dificuldades que se pode imanginar na busca de de Velhos Carnavais. Muitos deles sofridos e criados no Artezanato da Vida. Remanescente da Escola de samba Independente da Rua do Meio ele conhecia e, ainda menino, soube da existência dos Mestres dos Mestres de nosso samba.
Quando se podia falar nestes velhos e saudosos carnavais, onde fluia os batuques dos surdos e dos tamborins em couro de gato, seu sorriso o remetia aos anos 40 e 50 que foram vividos por seus pais e tios na velha e aconchegante Casa da Mãe Titinha nos ensaios da Escola de samba Independente:
/ " Sai, fui buscar, lá na Vila uma Bahiana prá Sambar... Na minha Escola, este \samba eu fiz, prá ela sambar...
Agora quero ver, cajueiros Sambar"...

Joel era dos melhores, senão o melhor. Fundou a Escola de samba Princesinha do Atlantico e era seu atual presidente. Hoje, na manhã morna de da Cidade que virou Capital do Petroleo, recebo o aviso de sua morte num texto simples mais amenamente fraterno:

É com extremo pesar que esta diretoria informa o falecimento do Sr Joel Cruz, fundador e ex-presidente do GRES Princesinha do Atlântico.
O velório está sendo realizado na 2ª Igreja Batista de Macaé, localizada no bairro dos Cajueiros.
O cortejo funerário sairá às 15:00h para o Memorial Mirante da Igualdade.
Com toda certeza o samba macaense perde um de seus maiores representantes.
Sem mais palavras para o momento.
Atenciosamente,

Diretoria de Comunicação e Marketing - GRES Princesinha do Atlântico



Sofre todo o coração dos Sambistas da Região que batiam sob o afago deste grande amigo Joel.
Numa das últimas vezes que estive com Joel, numa Roda de Samba de Fundo de Quintal na Rua Alfredo backer, ele trazia no bolso um texto que fiz sobre Minhas Andanças pela Rua do Meio e que hoje faço questão de unir ao seu Obituário.



Novos Tempos


A rua do Meio tinha e tem uma forma de entendimento diferenciado Nos Fiapos de minha memória. Ali teve cimentada e forjada toda a essência que fixou a infancia e o início dos caracteres da minha existencia.

Por isso ela tem um significado nunca igual as outras ruas, conquistado no dia a dia do crescimento de uma criança. A conquista de novas ruas, de periferias para qualquer menino de 4 ou 5 anos é algo que transcende ao entendimento adulto.

É como o primeiro assobio treinado com luta, tentativas e conquistas. É algo que marca a vida no segumento da vida que brita em cada um nos dias do que se denominou chamar velhice. O belo infantil, que é lembrando no primeiro tombo da bicicleta emprestada por amigos mais ricos, ou do ganho feliz de uma boleba num papão ou num triângulo “ a vera.’’. Coisas que todos temos guardados nas esquinas tortuosas da memória e que vão sendo cotejadas, como pongos de uma chuva criadeira, quando se quer passar isso para os amigos e pessoas...

A vida de uma criança tem sementes que não morrem. Por isso é que, a cada passo que se conquista no mundo geográfico em que habitamos, abrimos trincheiras que se cognominar-se a “ guerra linda da existência humana”.

Fiz-me nas poeiras dessa rua esburacada e santaficada pelo que aprendi, na década de 40, numa Macaé ainda virgem de maldades humanas e progressos loucos e destrutivos.

Ainda se balbuciavam, carinhosos e afetivos, os bom Dia, Boa Tarde e Boa Noite.

Vocês perguntarão. E as outras ruas, as outras cidades, as outras vilas por este mundo afora? Não seriam e teriam o mesmo formato divino? Confirmo que sim. Creio que estas minhas recordaçoesrecordações servem ao meu mundo o que não o diferencia dos demais mundos existentes em todas as infâncias do universo humano.

Acho que toda a criança, por mais longe do real que esteja, vivenciou mundos maravilhosos e divinos. Quem negará o sonho, o belo pesadelo infantil? Só que eu vivenciei esta realidade e me é outorgado o direito de revelar seus encantamentos com o desejo que outros também os faça para que sirvam de recordações e motivos para longas conversas com filhos e netos.

Como esquecer as estripulias de seu Aluisio do Hospital que tão sabiamente seu filho Zéquinha lhe representa em alegrias e brincadeiras? Do afeto de Dona Durvalina por seus “milhares de filhos”, que vieram ao mundos poe suas mãos? Quando falo em dona Durvalina e repito sua existência neste Fiapo de memória, é porque ela faz parte de milhares de universos infantis de uma Macaé que teima em esquecer suas entranhas para fazer uma historia de bijuterias e falsas existências. Onde se encontra a pura essência do olhar de Iromar uma existência viva e recordativa de uma cidade pura?

Iromar foi me colega de Senai e habitou, em seus últimos dias de vida, o Bairro do Porto do Limão. Sem a visão do mundo exterior ele me conhecia pela vóz e demos lindas gargalhadas de infinito prazer e felicidade quando nos viamos.

Como esquecer as noites de encantamento nas mesas do PINGÂO, REIZINHO, DONA DADÁ E SILVIC? Bares que pipocavam as belezas das nossa ruas nos anos 50 e 60 onde podiamos rever velhos notivacos das noites e das serestas?

II

Não se faz história de uma cidade com 30 anos ou 40 de vivencia nela. Se não se pode fazer parte dela que não se assanhe em faze-la. Se não a fizer , seus filhos farão. Por isso é que me revolta ver as pessoas tentarem dar um branco na vida de Macaé como se a história se pudesse comprar como qualquer titulo de clube ou com nomeações de presidências de clube de serviço. Uma vida genética tem suas raízes na verdadeira essência. Que eles façam as suas histórias nas suas cidades de origens e deixem para seus filhos fazer a nossa.

È muito triste a gente abrir determinados jornais, escritos por debéis historiadores, escreverem mentiras sobra o passado. Locuras que póderia enganar a centenas de crianças indefesas que possam ter acesso a seus textos. Soube que um desses “historiadores de plantão em algum orgão público municipal, disse que ‘Mota Coqueiro tinha sido Prefeito de Macaé. Ainda bem que o Armando Barreto, que está na militancia da imprensa local, desmentiu o ocorrido.

Quem pode esquecer Zacarias Ferreira de Moraes, “Zeca” e sua bela mãe? Como ficar no esquecimento as noites de plantão do PU com Floro, Célio Ferraz, Paulinho Borges. que era na verdade Ivair Borges?

A poucos dias fui numa festa num colégio do Bairro do Aeroporto e quem estava lá como diretora era a filha de Zequinha de seu Zacarias. Maria Inês retratava sua história que era a própria história de nossa comunidade. Falamos do O REBATE do tempo de seus pais e avós e ela ficou feliz em saber que estamos on-line mundialmente acessados.

Sua presença era a presença de parte viva da história e sua fala se confundia com tudo que diz respeito a existência da cidade. Inês falava de sua formação, de sua luta para chegar ao Magistério.

Vi em seus olhos o passamento de toda uma vida que, no bairro simples que ela ministrava aulas, era a representação da própria história de MACAÉ que se espalhou por toda a extensão territorial. Era como que estivesse esticado a Rua da Poça, onde ela nasceu e fincasse esquinas no Bairro Aeroporto...

São coisas que ficam cimentadas nas mentes e que são transferidas para o consciente de uma Macaé que capenga no esquecimento de sua verdadeira história.

III

O Fiapo da Memória caminha para a região onde é hoje o Banco do Brasil. Ali perto morava Celso Terra um dos primeiros práticos em Odontologia. Sempre preocupado com o mundo social e Walter Belmont pai de Regis e Rosana. Eles davam um toque diferenciado dos macaenses nativos já que vinham de outras cidades. Eles incorporaram a vida social em nossa comunidade nos anos 50.

Barrica, meu colega de primário e Gin dos Cajueiros ainda lembram da Escola de Dona Dolores. Era escola Isolada 1.Tinha Indaiá. Sylvio, Elmo, Marlécio e Moacyr Prata. Barrica sempre está nas peladas na Pedra dos Cavaleiros e bate bola com outros senhores. Caminha alegre para os 70 anos de histórias vividas e havidas em nosso região. Parodi que o diga...

IV

Arquimedes França, o pioneiro em tudo que dizia respeito a modernidade, fazia com que a cidade tivesse um tom mais moderno e atual. Zilminhaa, Iolanda, Orlando e. Edgar .........não imaginam como o seu pai, Arquimedes, tinha a visão a frente dos moradores da época. Falar com ele era falar com uma alma alegre e que viajava em redor das falas para a busca do futuro. Hoje quando existe alguma referencia a Arquimedes França as pessoas olham e reverenciam sua memória como um homem que pensou a cidade 100 nos na frente. Uma espécie de Mota Coqueiro ao inverso.A primeira TV veio de suas mãos e muitos outros meios de uso e tecnologia que a cidade viu e tomou conhecimento.

V

As pipas, os campinhos de peladas, as bolas de gude, os namoricos furtivos, as esperas das tardes no jogo de Bola de Meia podem significar e significam a capa protetora das infâncias macaenses, que, as noites de historias contadas à luz de velas, forjam a passagem de existências de vidas com que os avós nos presenteavam em saudosas falas carinhosas e puras.

Histórias dos sertões de Carapebus e seus índios nativos, vivências em Quissamã e suas fazendas gigantescas, caminhadas a Rocha Leão, Macabú e Rio Dourado.

A verdadeira história de Mota Coqueiro, passada por bisavós que o conheceram em Macabú e não tem nada haver com as informações passadas ao meu amigo e escritor March de tão pura intenção envolvido por historiadores mal intencionados. Mota matou mesmo a familia sim, afirmavam eles em suas certezas por que eram visinhos dele em Macabuzinho...

VI

Era sempre uma Macaé verdadeiramente macaense em essência e vidas. Creio que existe uma ideologia nos dias atuais de gente que deseja, por força ou por não terem a paciência histórica de esperar que a historia os reverenciem ,esconderem as verdades verdadeiras. Pensam e querem que a história comece com eles. Eu noto que nestes últimos 20 anos, não sei se com a chegada da Petrobrás ou se de fato, essas pessoas pensam que podem “passar um apagador” na historicidade real. Muitos estão ai afoitos em se perpetuarem numa mentira histórica, textos que não passarão despercebidos por que tem muita gente ainda viva e atenta a esses engodos.

Não se colhe frutos sem que as raízes estejam fincadas na terra. Assim deve ser a vida de uma cidade. Governar a cidade voltada para sua verdadeira essência cultural e genética deveria ser o que eles deveriam fazer. Até por que não existe meias verdades na historicidade de um povo. Ou é ou não é.

VII

A Rua do Meio tinha frondosas árvores e as areias grossas das ressacas de Imbetiba ladeavam as entranhas das ruas e faziam se fazima de picadas nas casas. Um emaranhado de conchas e restos de mares antigos. O velho Benoni conversava nas esquinas com “Geraldinho” de Zelita Rocha. Sobre algumas jogadas do Time do Americano e falavam dos dibles de Venicio de Oliveira que tinha sido convidado por Gintil Cardoso para ser reversa de Garrincha no Botafogo. A gente ficava ouvido estas conversas dos “mais velhos” e ficavamos sabendo disse fato inédito na vida do esporte de Macaé. Venicio, um menino saido das poeiras de nossas favelas iria ser reserva do fabuloso Garrrincha. Venicio, na timides de um menino dos anos 40, não foi. Sua timides impediu que passasse para a história do Futebol Mundial. Perdeu a cidade...

Pedrinhas brancas, cacos de Mariscos e ostras eram comuns nas cercanias. Elas se misturavam nas terras pretas dos jardins da rua Dr. Bueno com belas Dálias, Roseiras e pés de Laranjas, comuns nas frentes das residências nesse início da década de 50.

Na rua Júlio Olivier além de Custódio, Tinoco, Seu Manoel, tinha seu Sebastião Crespo com seu caminhão que nos dias de carnaval desfilava cheio de crianças pelas ruas do centro. Lucas e Zilda ainda embalavam os meninos Guto e Toninho.

Era comum as puras aparições de carros, alegremente carnavalescos, passando pelas ruas. No Carnaval, seu Sebastião era visto seus filhos Edevan, Edson, Celinha, Cacilda e Edy que se jundavam a turma da Rua do Meio, Igualdade e Praça para as comemorações. Os caminhões se enchiam de crianças e mini adultos e desfilavam na Rua Principal, antecedendo os desfiles dos Cajueiros e Independente.

Ainda não havia as Bandas Marciais do Luiz Reid nem a do Polivalente que viriam a ser osquestradas por Jamil e José Geraldo no CELR e pela abnegação de Angela, esposa do meu amigo Mozart e mãe do nosso reporter esportivo Léo Lima, no Colégio Polivalente.

VII

Havia uma Vala ( que nos anos 60, quando Cláudio Moacyr manilhou), que era onde a gente brincava muito. Eu, Cláudio, Levy, Telmo, Rubinho, Nelsinho de dona Pequena e outros meninos.

Do lado de lá da Vala, hoje uma rua que dá acesso a casa de Míriam de Dona Pequena, morava alguns mitos das hitórias macaenses. “Titinha” DO INDEPENDENTE, Seu Roberto do Bar e o Seu Xará de Dona Pequena, Thiers, Dona Olga Patrocínio, Aloísio do Hospital, Mãe Durvalina de Braulio, Zequinha e Hilário de Hilarinho, Custódio, Gilda, Seu Manuel de Anterinho, Celinha irmã de Devan e seus belos e bondosos pais, Lalate, Dona Cotinha, Nelson, Clyce, Theresinha, Eliete, Darcílio, Irene, Doca e Zezinho, Mathias, Catuta, seu Oswaldo, Benicio, Marinildo Amado e suas meigas irmãs, Benildo, Dona Zinha de Syldai e Neinha, Elias e sua irmã, de doces lembranças de Seu Rubens Patrocínio, Sucena, Pimpão, Lenice, Clea, Mazinha.

Tinha um velho Pé de Mija-Mija instalado em frente a Chácara onde morava Alencar e dona Bentinha. pai de Elcinho. Esta árvore tinha um pequeno fruto que, ao ser cortado, expedia um liquido. Dai este nome. Confirmei, com Naná Ferroviário, este fato e ele se lembrou desta árvores. Ela, como o Pé de Tamarindo que existia na Praça Veríssimo de Melo, suniram do real mais repousam suave e docemente nas nossas memórias.

VIII

Nessa Chácara, onde Alencar morava, ao lado de minha casa, na Rua Doutor Bueno, 180, tinha dezenas de jabuticabeiras e uma pedra de umas duas toneladas, que as crianças diziam ter um tesouro enterrado debaixo.

Elsinho e seu outro filho Alencar eram nossos colegas de bolebas e a gente discutia sobre o tesouro debaixo desta pedra. Dona Bentinha tinha uma filha linda que revi neste início de século quando de uma ida a Cerj para ligar uma luz. Estava na sala de Guto filho de Lucas e pai de Luquinha. Sorria com o mesmo sorriso franco e puro que tinha os 6 anos. Rever histórias e passar para este Fiapo é salutar.

‘Não sei nem contar as vezes que ficava torcendo para crescer e remover aquela pedra pedra dos tesouros. O pior é que todas as crianças tinham o mesmo desejo. Interessante, está coisa de mente humana. Quando descrevo estes fatos vejo perfeitamento a Pedra que ficavs uns 15 metros da trave de nossas peladas com bola de meia ou de borracha...

IX

No final da rua morava “Nelsinho de Dona Pequena” e “Manuelito”. Do lado da casa de Dona Maria de Seu Bráulio pai de “Icinho, Lelei, Delvan. Décio e Dalci. Vizinhos de “Seu João Gordo”, pai de “Zé Pretinho”, isso tudo perto do campinho de peladas (campinho da Cocheira) em terreno da Prefeitura.

Nas noites os batuques do ensaio de carnaval do “Independente” de “Titinha” , João Pinto, pai de João Batista Pinto e de Monclar de “Dodge” , Luiz Geraldo e Ana Pinto. As crianças se misturavam com os mais velhos em busca de repiques de tamborins e pandeiros. Sempre escrevi e repito que os tamborins eram de couro de Gato...

Ainda não havia luzes nos postes de madeira os pirilampos davam a dimensão do belo e nos proporcionavam momentos de ligamentos no real existente.

Sentados em torno do fogão de lenha da casa de Titinha esquentávamos os Tamborins para os ensaios na busca de vencer os Cajueiros, nosso tradicional concorrente no carnaval dos anos 40. A música que o independente cantou em sua Escola, eu e Cláudio Moacyr relembramos quando ele era Prefeito e eu Vereador na década de 60. Era assim:

Sai, fui buscar lá na vila uma baiana pra dançar...Na minha escola, este samba eu fiz pra ela cantar. Agora, quero ver cajueiros dançar...(já naquela época usávamos o termo dançar como forma de fazer dançar... etc.

Acho que neste ano o Cajueiros dançou de fato. O meu independente venceu o carnaval de l949.Qualquer dúvida pergunte a Meca, Simário, “Badu”. Miguel, Wilson Pires, Nagib e outros remanescentes. João Pinto, Wilson e Monclar sempre estavam com suas presenças simpáticas nos ensaios da Escola de samba do Independente da Rua do Meio.

Quem tem mais de 60 anos e morou nas imediações desta monumental Rua de Macaé, deve lembrar, por certo, de mais detalhes. Esta ai que termino são as que veio no meu Fiapo aos quase 70 anos...
Que Joel Cruz seja recebido por acôrdes de anjos e que a Bandeira de sua Querida Princesinha do Atlântico esteja sendo levada por centenas deles...

Eu era um menino de 11 anos.(José Milbs de Lacerda Gama)

www.jornalorebate.com
RECEBI E PUBLÍCO ESTE LINDO TEXTO SOBRE MEU TEXTO:
Falecimento‏
De: Dircom Princesinha do Atlantico (dircom.princesinhadoatlantico@gmail.com)
Enviada: terça-feira, 27 de outubro de 2009 11:40:48
Para: José Milbs Gama (josemilbs@hotmail.com)
Sentimo-nos confortados com a singela homenagem sua e de seu veículo de comunicação,
Afinal, sem medo incorrer no puxa-saquismo que campeia nos dias atuais, sabemos bem o profissional gabaritado e bem informado sobre diversos assuntos que o senhor é.
Agradecemos esta homenagem de coração.

26.10.09

EU, POETA? Foram se os Cabelos Negros, vieram os Brancos... Foram-se as duvidas... Vieram as certezas... Na dúvida do nascimento do amor... A certeza





Por um ninho que cai... ventos, ventanias, chuvas...


Muitos textos que fiz se foram nas ventanias da vida. Muitos foram publicados no velho e resistente O REBATE no decurso destes 50 anos. "POR UM NINHO QUE CAI foi um destes que deve habitar algum arquivo de alguém que gosta de guardamentos.

Neste uma falava as chuvas de inverno, ventos uivantes, balanceamento de árvores aqui do Sitio onde moro. Revia a luta de um casal de rolinhas que, aconchegados aos sews filhotes, fazia frente as trovoadas e relâmpagos que, abusando das forças maiores da natureza, objetivam jogar por terra os filhotes. Debalde, falei da luta das Rolas. Uma rajada de vento, que até molhou as lentes de meus óculos, levantou e atirou longe os filhotes.

Não sei se rolinhas choram. Eu praguejei a natureza. Por que que logo os filhotes? por que não foi, com seu vento forte e seus raios, atingir quem mata Nascentes, Cimenta Rios e matam animais indefesos?

Neste meu texto POR UM NINHO QUE CAI falei também das gotículas das chuvas criadeiras de Agosto e final de Julho que faziam brotar as mais lindas sementes que ficam no chão...
Entendia, neste texto, o que era de fato a transformação do vital. Desde lindo circulo natural de vida e morte...

Hoje, meu filho Luís Cláudio me diz que um ninho tinha caido da soleira da casa onde habitamos. Dizia que neste momento se lembrou deste que originou esta lembrança...

EU, POETA?
Foram se os Cabelos Negros, vieram os Brancos...
Foram-se as duvidas...
Vieram as certezas...
Na duvida do nascimento do amor... A certeza do seu nascimento....
A existência das dúvidas em verdades vividas...
Haveria certeza nas dúvidas puras das infâncias?
Ou seria a 'duvida a eterna das nossas incertezas?

20.10.09

IKA ESTEVES, (Jorge Luiz Gonçalves de Carvalho NENINO JOVEM APRENDIZ DE O REBATE DOS ANOS 70 MORRE NA REGIÃO





Os anos 70 foram de grandes transformações na vida das pessoas da Região de Petróleo. O REBATE tinha uma Escola de Gráficos. Eram Jovens Aprendiz que seram forjados em nossa Oficina que ficava no Centro de Macaé, precisamente na Rua Marechal Deodoro, 150.
Os meninos, que tinham entre 13 e 17 anos eram ministrados pelas maõs hábeis de Maximiliano Lima, o bom Marquezinho. Quase todos estes jovens se formaram nesta Escola de O Rebate e se embrenharam em dezenas de Tipografias, Gráficas e diversos Jornais.
Dentre estes meninos se sobressaia a presença alegre de Ika Esteves (Jorge Luiz Gonçalves de Carvalho). Filho de José Esteves e Marlene, Ika se destacava pelo afeto que sempre tinha com os mais velhos. Cresceu na Rua do Meio, onde Zé Tenório, apelido carinhoso de José Esteves, transmita a ele e aos demais filhos a educação que recebeu de seus pais e avós, vinda dos Sertões de Carapebus.
Iza cresceu também no ramo de empresa. Lutando por um lugar que soube conquista na sociedade da região ele se dedicou com denodo e perspicácia ao ramo de Antiguidades.
Sabia valorizar seu trabalho de pesquisador de arte e fez, de um velho ponto abandonado na Rua Visconde de Quissama, um lindo local que sempre estava ornado com as belas e desejadas artes da antiguidade.
Era feliz o meu Velho Menino dos Anos 70. Na última vez que o vi, passava pela Rua da Estação com meu filho Luis Cláudio. Ao olhar para a esquina, Luis Cláudio parou o carro e, sorrindo se dirigou a mim dizendo: "Pai, olhe ali o Ika". Em questão de segundos, se aproximou do carro, e num abraço longo e fraterno, meu deu dois beijos na face. Acho qu Ika estava se despedindo de mim. Perguntei por Zé Tenório, por Marlene e ele foi falando dos pais e, ainda sorrindo se despediu de Luis Cláudio e me acenou com alegria. Confesso que revi ele aos 13 anos nas Oficinas de O REBATE...
Soube depois que estava lutando contra uma terrivel doença. Foi o próprio Zé Tenório, na fortaleza de um pai que sofria, que me deu a notícia desta doença.
Em nome de O REBATE e de toda comunidade de meninos dos Anos 70, que deu inicio na Região ao Jovem Aprendiz, quero publicar texto de OS GRAFICOS DE NOSSA HISTÓRIA numa imorredoura homenagem de todos que são citados ao amigo IKA ESTEVES (Jorge Luiz Gonçalves de Carvalho, filho de Zé Twnório e Marlene...
José Milbs de Lacerda Gama editor. Segue o Texto:


O trabalho da imprensa era totalmente artesanal neste dourado tempo de sol e lua em uma Cidade ainda Pura. O REBATE e a GAZETA DE MACAÉ faziam a historia que era contada por dezenas de articulistas, poetas e focas que davam o toque jornalístico como amadores e fazedores de opiniões mais diretas.

JOVEM APRENDIZ DE "O REBATE"

Nas oficinas os gráficos manipulavam caixas grande de tipos de todos os formatos que eram apanhados um a um e colocados nos componidores e depois de amarrados iam para as bolandeiras para uma prova revisional antes de ser levada, pesada e com carinho, para a grande impressora tocada a mão ou por um motor velho e lento.
Nestas oficinas se formavam os autodidatas . Eram jovens pinçados em nosso meio social que sabiam que a profissão era uma maneira fácil e rápida de estarem perto dos grandes valores da intelectualidade neste final de século.
Assim o REBATE fez a cabeça de dezenas de gráficos e aprendizes que pelas suas oficinas passaram .
Lembro-me, e do esquecimento peço desculpas, de alguns destes pilares da vida jornalística e gráfica,. Enilton, Elias, Alfredo Ávila Filho, o bom Surdinho, Roberto, um dos maiores compositores que iniciou se como menino nas oficinas do " O REBATE " , assim Jorge Babá, Kiko, Josias Pires, o filósofo, Pedro Paulo Almeida e Chico, o meigo Caturra, que sempre gostou de uma ramazinha, Ivair de Souza, Ciri, , Sapo, Eulálio, Bidoda e Izaac que formavam o melhor de nossas inteligências no ramo. David , Acílio, Argeu, Amildes, Aramis, e Odalcyr Motta que com suas experiências no trato com as letras formaram os suportes deste mundo belo que é uma oficina de jornal com seus cheiros de chumbo, tinta e papel. Odalcy Motta , “Lorinho” , já tinha experiências no mundo gráfico. Desde menino era visto com seu olhar esverdeado e cabelos encaracolados aos 12 anos no balcão da livraria “O REBATE” do Milton Madureira. Ele me afirmava rindo que era parente longe de Mota Coqueiro. Ceil e Ilce , seus irmãos não negam nem afirmam. Olham de banda. Num piscar concordativo.
Era uma época onde o conhecimento vinha, assim, como a Brisa do Sol. Entrava sem que a gente pedisse ou quisesse. Era um conhecimento que penetrava na cabeça e fluía para os dedos. Foi assim que nasceram o Poeta Marquesinho, o escritor Newton Carlos o Amarelinho do JB, Eraldo e Nelson Mussi, Alfenbake Olive, Milton Madureira, Miguel Ângelo Santos e o Pai de Newton Carvalho e o Allan Birosca em suas crônicas “desfolhando a Margarido”. Crônicas na “Gazeta” e no “O Rebate”.Eles foram forjados nas oficinas e delas apreendiam, nas composições noturnas, o que não se ensinava nas ruas nem nos colégios.

As oficinas “de “ “O REBATE “, de “ A NOTÍCIA “ em Campos de Hervê Salgado, do " CORREIO DE CAMPOS " de propriedade do jornalista Waldemar, onde Hélio Cordeiro aprendeu seus primeiros passos, tinham o valor de faculdades.
Eram celeiros de gente que, nas silenciosas noites, formavam longas filas de composições que seriam lidas nos fins de semana. Campos e Macaé têm suas raízes de histórias cimentadas nestas figuras humanas que pouco são lembradas. Os gráficos foram à mola mais importante no impulsionamento dos grandes jornais e escritores.
Depois, devagar, devagarzinho foram chegando às linotipos modelos 31. Era o progresso no mundo gráfico. Primeiro em Campos no MONITOR CAMPISTA e muito tempo depois em Macaé no O REBATE. Esta era da linotipo criava ciumeiras nos valores empoeirados de nossas oficinas. Não era para menos. Uma grande máquina, com chumbo quente e teclas fazia em horas o trabalho de uma dezena de compositores .
Querendo ou não a linotipo foi bem chegada e se podia fazer nela a rapidez de composições mais longas. Itagiba adorava o invento e nele viu seus artigos serem impressos e lidos. A beleza da criatividade das composições de componidores cedeu lugar à frieza desta máquina quente.
Os contornos de letras, poeticamente criadas pelo mestre “Marquesinho” e pelo criador Izaac, não foram mais vistos e lidos. Mas ficou com a gente a certeza de que seus trabalhos não foram em vão. O pioneirismo desta gama de trabalhadores em oficinas de jornais quero homenagear nestes 75 anos de O REBATE, através do www.jornalorebate.com
Eles cimentaram a estrada dando passagem para as linotipos e estas para este computador que faz de tudo até corrige meus milhares de erros. Este computador é o bicho, reconheço. Ele, no entanto não cria, não se arrepia, nem imagina o quanto foi feito para que ele existisse e reinasse.

II
A vida é uma eterna sucessão de fatos. Sua acumulação forma o que chamam de caráter. O forjamento deste caráter dá, a quem vivencia, a certeza do conhecimento que nos legam nossos antepassados. Feliz em escrever estas memórias e poder citar os pilares do jornalismo de Macaé e sua gente. É como se estivesse com a missão de dizer as gerações do ano 2010 que a coisa não foi bem assim como está sendo contada.
Imprensa em Macaé não é acocoramento ao poder. Temos que deixar na história que “gráfico não é este moleque de recado de patrão que vive as suas expensas e se fazendo de capitão - do - mato entregando companheiros” . Gráfico era, é, e deveria ser sempre, um apanhado de gente irmanado num só pensamento de fraternidade e união.
Eles eram autodidatas, um revisor nativo, que sabia revisar textos de Upiano, de Euzébio ou de Osmar Sardenberg com o mesmo carinho com que compunham seus próprios textos que eram espalhados em bolandeiras e pinçados um a um nos corpos 8 ,l0 e l2 negritos.
A vibração que brotava de “Magrinho” , Luiz Carlos Oliveira, Elton, Luis Cláudio, meu filho, e Emerson filho do” Magrinho” ao verem o jornal na rua, não se media com as medidas materiais. Era a medida dimensionada na alma criativa e fertilizada pelo amor.
Era a medida do próprio simbolismo do coração. A fita que dimensionava o espaço entre o coração e a alma, tinha o brilho que contaminava. Tinha o sabor do doce e o conteúdo do amor. Era lindo ver o sorriso de menino de dezenas destes pilares quando o jornal estava , ainda quente, saindo da impressora para ir para a rua. Eu, Cláudio Upiano, Izaac, Euzébio, Armando e Luiz Pinheiro cheirávamos a página. Era o nosso ópio. Era a certeza de uma obra que ia para a rua onde todos tinham dado a sua parte.
Jornal era assim. Gráficos e gráficas eram assim no final dos anos 60 . Se vocês querem saber mais perguntem a tantos quantos foram gráficos no final do Século que eles dirão muito mais e com maior conhecimento de causa.


III
Moisés de Barros lembra ainda do dia em que, numa das madrugadas frias de agosto, fecharam o jornal sem a última revisão. Dormia, entre resmas de papel e restos de páginas revisadas, o nosso Cláudio Upiano . Neste dia, , eu, Euzébio, Aurelino, Izaac, Josias, Armando, “Surdinho” e” Marquezinho” tínhamos saído de fininho para não despertar o amigo,
O sono não deixou nosso mestre e filósofo ir amanhecer sob o Sol do “Imperatriz” e o fez dormir. Rodaram o jornal depois de varias revisões dele. Quando já estávamos de volta à Redação, e, Lea Chapeta Matoso, nossa secretária, já colava os endereços para os assinantes, eis que Cláudio vê, sob seu olhar de Lynce e de Saber um erro para ele gritante: devia ser uma vírgula mal colocada ou um corpo 10 misturado no 12 novo ou negrito.
Eram 9 horas de uma manhã de Sol ainda frio e ele, com sua caneta sem tampa, com seu cigarro amassado e seu cafezinho vindo do Silvic, ia revisando, na mão, jornal por jornal tentando, nas minúcias de uma letra bem forjada, imitar a correção que só foi para a banca e para os assinantes depois de um a um todos os exemplares terem recebido sua emenda.
Foi, creio, o primeiro e único jornal do mundo e receber uma revisão assim.
À noite a gente ria muito quando alguém vinha reclamar das emendas feitas com caneta. Cláudio, sempre com seu humor aflorado dizia: Na que França estava sendo usada esta técnica nos jornais da Sorbonne”. A mistura de inteligência com a malandragem das noites macaenses saia da fala do filósofo de uma maneira simples e amena.
Uma Araponga de um quintal da Rua do Imperador avisava que ia ter chuva na tarde meio morna deste Domingo.
Acho que era no quintal do pai de Marquinho Brochado ou no de Antonio Alvarez Parada.Fato é que seu canto era um alerta .À tarde os pingos já molhavam as beiradas das calçadas dando vida às sorrateiras plantas que seriam covardemente banidas pelos homens da prefeitura na 2ª. Feira.
AMIGA MARILENA GARCIA E ATUAL VICE PREFEITA FALA SOBRE IKA ESTEVES EM CARTA AO EDITOR
Amigo e companheiro Jose Milbs
Mais uma vez agradeço as informações carinhosas e fraternas.

Soube através das paginas de O REBATE da passagem de IKA ESTEVES.Ele se foi, como todos nós um dia também iremos.

Filho de Zé Esteves e da minha companheira e amiga Marlene: professora , educadora, macaense, lutadora e acima de tudo MÃE. Vivemos muitos momentos especiais das nossas vidas no magistério.Marlene foi uma educadora que através da sua ousadia e honestidade, apresentou na década de 70|80 a ideologia do Colegio Cinecista Caetano Dias( escola comunitária), com dona Izabel Damasceno Simão enfrentando as dificuldades para matricular e formar milhares de macaenses.
Lá se foi esse tempo.............................Djalminha continuou um bom período e depois acabou.

Algum tempo depois tive a alegria de ser professora de Josi, irmã de Ika e uma das mais interessantes alunas que tive em tanto tempo de magistério. Também o tempo passou. Mas não apaga. Lembro-me dela no Parque Aeroporto, há algum tempo atrás, militando em alguma causa comunitária.

Lembrando de IKA é lembrar a Macaé da Imbetiba das ruas tranquilas aonde os nossos meninos e meninas passeavam , namoravam e sonharam o que desejavam para as suas vidas.

Há algum tempo atrás procurei no seu lindo comércio de antiguidades uma fechadura para um móvel que foi da minha família. Queria recuperá-lo.
Ika já não estava mais trabalhando , por motivos de saúde, mas conseguiu aquela pequena peça que me enviou e que hoje guardo com um respeito e carinho muito profundos.
Lá se foi, como todos nós iremos.
Deixa saudades, lembranças e a certeza de que a nossa tribo macaense marcará para sempre as nossas histórias.
Beijos
Marilena

13.10.09

Pierre Tavares da Silva Ribeiro e o livro SAGA DE NHASINHA


Zaire Lacerda Santos e Yedda Tavares Duval falaram da emoção deste 100 de Pierre.




Pierre completou 100. Pierre está vivo e vive a alegria de saber-se útil ao que sempre fez com carinho e fraternidade: O Amor ao próximo e ser fiel aos principios do Kadercismo.
Presenciou a Materialização de Irmã Sheylla, pela mediunidade do amigo Peixotinho. Pierre fundou o Centro Espírita Pedro e foi um dos grandes Mestres da Matemática. Centenas de pessoas da Região de Petróleo tiveram, como eu, o privilégio de ter sido seu aluno e amigo...
E assim sucessivamente...

Centro Espirita Pedro, na Região de Petroleo, homenageia os CEM ANOS DE VIDA de Pierre Tavares da Silva Ribeiro...

Um dos mais fiéis adptos do Kardecismo do Brasil professor de Matemática e um dos mais antigos e ilutres filhos da cidade de Conceição de Macabú, Pierre completou 100 anos de vida neste mês de julho.
Fundador do "Centro Espírita Pedro" onde sempre militou e foi grande palestrante teve momento de emoção nas homenagens que recebeu.
Pierro foi um dos que participaram da Materialização de Irmã Sheilla pelo Mediun Peixotinho.
Numa das últimas vezes que estive com Pierre ele relatou este grande momento do Espiritismo Mundial e que ele, Pierre, tinha apenas uma pequena frustração que foi não ter cortado as lindas transas da Irmã Sheylla para mostrar aos amigos.
Uma de saus mais puras frustrações que marca este homem humano e de um valor inestimável para para a vida Kardecista.

As professôras Zaire Lacerda Santos e Yedda Tavares Duval falaram da emoção deste 100 de Pierre. Foram suas alunas e também fazem parte da história vida de nossa região...
Minha amigo Sonia Golosov me presenteou com esta foto de grande mestre dos mestres.



DESENCARNAÇÃO:

Texto extraido de meu livro on-line Saga de Nhasinha que se encontra mundialmente acessado no busca do Google...




"Aos 7 anos passei a ver um novo mundo diferente daquele em que habitavam figuras tão lindas de se ver.

Mirnes Lobo, um dos mais renomados estudiosos da doutrina Kardecista, e que participou do passamento de Adelayde, disse, no inicio deste século: foi a primeira pessoa que ele tinha visto desencarnar e que pedia para sair da matéria com uma convicção incrível e declarada do dever cumprido".

Segundo Mirnes, ela pedia que retirasse do seu quarto a sua filha "Nhasinha" que estava, com choros e tristezas, não deixando que ela fizessa a passagem..

Tão logo minha avó "Nhasinha" se retirou ela pediu vela, fechou os olhos, sorriu e partiu...

Maria Angélica, irmã de Pierre Tavares da Silva Ribeiro chamava Adelaide de "Mãe Dona".

Pierre conta que quando veio, ainda solteiro, de Conceição de Macabú para Macaé, foi recomendado por seus pais que ele tinha duas primas em Macaé a quem deveria procurar. Eram "Nhasinha" e "Santa". Pierre veio, procurou "Nhasinha" e, juntos fizeram uma pensão onde dezenas de pessoas que vinham estudar em Macaé ficavam, Segundo o próprio Pierre, esta pensão,na Rua da Praia.

Moacyr do Carmo Rodrigues, vindo de Bom Jesus do Itabapoana, Wilson Fadul e Glorinha eram alguns dos meninos da época que ali ficavam.

NHASINHA

Quando Alice Quintino da Silva, filha única de Seu Emílio, de "Mãe Dona", casou-se com o fazendeiro Mathias Coutinho de Lacerda , uma grande família estava se unindo. Ele, oriundo de Cabo Frio, filho dos La cerdas de Araruama e Rio Bonito. Ela, dos Silva de Seu Emílio, e mais os Tavares , os Pratas e os Almeidas da Dona Adelaide. Nessa mistura de gente se forjaria, mais tarde, os braços genéticos de uma geração de pessoas que o autor está inserido.

Alice conheceu Mathias quando de uma visita que o fazendeiro fez ao sitiante Emílio, numa compra e venda de cavalos. Moça bonita, ela conquistou o coração de Mathias, que na condição de viúvo declarou ao seu Emílio suas intenções de casar com a linda Nhasinha, que nessa época tinha um pequeno namoro com um comerciante de Quissamã.

Ela não tinha ainda sabido das conversas havidas com seu pai e o Mathias. Estranhava muito o seu Mathias, um senhor mais ou menos l8 anos mais velho que ela, sempre estar, ao visitar seu sítio, de conversa com ela. Tinha até uma ligeira rejeição ao Mathias que, com o tempo. foi lhe conquistando a atenção ao ponto de lhe confessar as suas vontades, Já sabido pelo seu pai Emílio e sua mãe Adelaide que após conversarem com "Chico Lobo" e "Santa", que conheciam Mathias e, recebendo dos mesmos as boas referencia,

Não imaginam que, mais de 100 anos depois fariam parte da historicidade de nossa região. Abrindo espaço para que uma nova história se fizesse nesta cidade de Macaé, aumentando e criando um geração de ilustres e nativos descendentes. O pai de meu bisavô Emílio também negociava com cavalos. Dele é o tronco dos "Ribeiros", "Silvas" e "Tavares" que se espalharam por Capelinha do Amparo, Paciência, Macabuzinho, Quissamã e periferias.

MACABUZINHO

Das suas origens de "Macabuzinho", isso tudo nos idos de l800, época em que eles , os pais de Emílio e vovó Adelaide, residiam nessa localidade. Minha bisavó me dizia que seus pais eram contemporâneos de Mota Coqueiro que tinha umas terras em "Macabuzinho" e que por não quererem aceitar a imposição do pai de um seu sitiante, que sabia de seu romance com uma filha. Eles pediam parte da fazenda. Mota Coqueiro então mandou matar toda a família, pondo fogo na casa deles. Diziam que a mulher de Coqueiro, homem de muitos escravos, tinha também um romance em Campos onde ficava muito tempo.Como se trata de informação vindo de gente que viveu a época, dou credibilidade e afirmo sem medo de erros que Mota Coqueiro foi o autor do assassinato de uma familia em Macabuzinho. Que me perdoe o amigo e ex colega de lides estudantis dos ano 60, jornalista Carlos March que teve outra visão sobre Coqueiro em seu livro sobre este acontecimento.

.Minha bisavó sempre dizia isso e detalhava os fatos sempre que era perguntado.

Os pais dela vivenciaram todo o desenrolar dos acontecimentos e afirmavam que foi ele quem mandou matar a família do homem. Ele tinha mesmo mandado matar os seus sitiantes, pois além de não ter que dar nada para eles como deveria ter que dar, pois diziam que a moça estava grávida dele. Sua mulher em Campos ameaçava tomar a fazenda. Ele era rico e violento, além de amigo de gente do Govêrno.

Voltando a história dos meus avós. Namoro, noivado. Nhasinha então se casa com o fazendeiro Mathias. Antes, ele diz ser pai de 2 meninas de um casamento em viuvez, com uma irmã de "Chico Lobo", também proprietário de terras na "Bicuda Grande".

Essas duas meninas se chamavam Leonor Lacerda e Ondina Lacerda.

"Chico Lobo" por coincidência, era casado com "Santa", prima irmã de "Nhasinha".

As afinidades familiares foram um impulso muito bom para que o casal pudesse começar suas vidas. Interessante frisar que naquela época era muito comum as pessoas casarem por influência familiar e, por coincidência Macaé, Conceição e Carapebus eram quase uma família.

Dificilmente Seu Emílio iria permitir sua única filha "Nhasinha" casando com alguém que não pertencesse a comunidade e, ainda mais, viúvo. "Chico Lobo" também negociava com cavalos, uma prática muito comum em Macaé, Quissamã, Carapebus e Conceição nos idos dos anos l800 a l900.

Era salutar as crianças, sentadas ao redor dos mais velhos escutarem suas andanças a cavalo por Cachoeira de Macaé, Rocha Leão, Rio Dourado, Macabuzinho, Quissamã e mesmo Campos e Cabo Frio. Eles iam sempre em busca de negociações de cavalos e terras e traziam lindas novidades e ficavam horas conversando sob o luar ou mesmo a luz de lampião.

Como não havia comunicação outra, essas eram as verdades que circulavam em toda a comunidade.

"Chico Lobo" e "Santa" tiveram uma forte influência na decisão do casamento de Mathias Coutinho de Lacerda e Alice Quintino da Silva . Dácio, Mirnes, "Joca", "Pitico", Penha mais duas meninas eram filhas de "Chico Lobo" e "Santa" que sempre eram figuras que povoavam meu mundo infantil com colocações dos mais velhos com fotos e fatos havidos em suas vidas.

Macaé no final do século XVIII era uma cidade habitada por genéticas Carapebuenses, Quissamaenses e Macabuenses.

Todos se conheciam e a presença de Mathias Coutinho de Lacerda na comunidade era uma aceitação aos seus dotes de homem probo e de grande envergadura moral, social e financeira.



NHASINHA E SANTA

Mais tarde Nhasinha iria, a exemplo de Santa, educar meninos e meninas no Casarão da Boa vista onde Pierre, Angélica, vindos de Macabú, iriam dar início a novas existência dos Tavares, espalhando vidas que cimentariam ainda mais a história tão nebulosa de uma cidade que se formou, em essência, nos distritos que acima relatei.

Para quem gosta de futucar as origens da história macaense nos dois últimos séculos, afirmo que os fazendeiros Mathias Coutinho de Lacerda e Francisco Nogueira Lobo, respectivamente, seu Mathias e Seu Chico, abriram as genéticas destas famílias que habitam grande parte da comunidade regional que tem como centro Macaé, através de seus casamentos com Alice Quintino da Silva, Nhasinha e Adelina Silva Tavares. Santa casou se aos l9 anos na Bicuda e Nhasinha também com l9 em Quissamã, na capela da Fazenda Santa Francisca nos anos de l906.

Santa casou se em l915. Estas duas primas irmãs, uma Católica praticante e outra Espirita Kardecista, dariam inicio e vivências a centenas de belas existências da história real e verdadeira desta região que, como disse, tem seu epicentro em Macaé, espalhando genética por toda região.

ANGÉLICA E PIERRE

Como já disse, as origens vem sendo cimentadas desde as raízes dos Silvas, dos Tavares e dos Ribeiros. Pierre e Angélica eram filhos de Juventino Alves da Silva Ribeiro e de Mariana Tavares Ribeiro. Mariana prima de Adelayde pelos Tavares e Ribeiro e Silva por Emílio.

Se de um lado Nhasinha, na árvore de sua história, fincou a doçura de sua atividade na existência evangélica pelo lado do catolicismo, Santa com sua curiosidade e simpatia ia cimentando o kardecismo que hoje tem raízes profundas na vida de Macaé. Se respeitando, no mútuo entendimento que ecumenismo nativo e puro fluíam de suas cabeças, elas sem saber, iriam fazer de suas simples vidas os alicerces morais e sociais de uma cidade e região que delas brotaram em essência e história.

Daí que, de "Nhasinha" e "Santa", deve partir os inícios das verdades históricas desta região brava e pura nesses dois séculos que se fizeram vida.
Pierre era um dos maiores mestres que fizeram história. Suas aulas de Matemática foram marcadas por sua vóz apressada mais intelegível. Gostava de dizer, ao final de algum teorema:
E assim sucessivamente...

Textos do livro Saga de Nhasinha. José Milbs de Lacerda gama editor

ॐ♥Sarinhaॐ:

A Pierre, este baluarte de grandeza , bondade e sabedoria deixo expresso em letras e, principalmente, através do meu coração, no mais puro e humano que nele existe, a minha gratidão, a minha admiração mais sublime e um singelo beijo em suas mãos perfumadas pelo trabalho do amor. E a você, Jose Milbs, também a minha gratidão por apresentar-me uma verdadeira história de amor e fraternidade neste gesto tão bonito contribuindo para que esta bela história seja conhecida , alimentando em nossos corações a esperança e aumentando a chama luminosa do amor em nosso caminhar.

ॐ♥Sarinhaॐ:

Mas que história linda! Parabéns, Milbs! Um encontro com a história de uma família e a força do trabalho fraternal, solidário e humano neste artigo. Vislumbramos não só a beleza das raízes históricas de Macaé e cidades com base em laços familiares, mas o extraordinário valor de pessoas extremamente caridosas, dedicadas e voltadas para um bem maior: a fraternidade que não só une, mas finca a bandeira do amor na conjuntura da paz pelo respeito ao próximo, resultando em frutos doces semeados por pessoas de almas iluminadas . Isto prova que na seara do amor universal, o que se planta, colhe. E que os semeadores do amor com dedicação perseveram multiplicando-se continuamente através de pessoas que produzem safras de valores humanitários e espirituais.
Amigo José Milbs,


em relação ao belíssimo e histórico texto redigido sobre o centenário de Pierre, li sobre o crime que à época teria sido praticado por Mota Coqueiro, realmente um homem violento e após este fato ficou conhecido como " A fera de Macabu". Este caso é conhecido como o maior erro judiciário do Brasil. Mota Coqueiro foi condenado a morte por enforcamento diante de crime tão hediondo. Pediu misericórdia à Coroa. D. Pedro II indeferiu o pedido determinando que fosse o réu submetido à Forca. Houve a execução. Mais tarde o verdadeiro autor do crime por ocasião da extrema unção, confessou ao Cura ou Bispo a autoria para na ocasião serem envolvido Mota Coqueiro, tudo isso como vingança porque não gostava do fazendeiro e sabia do desentendimento que este teve com as vítimas dias antes da morte. A verdade apareceu e a morte era irreversível. O imperador D. Pedro II, ao tomar conhecimento do grande erro judiciário, quebrou a pena que usou para indeferir o pedido de misericórdia do fazendeiro e aboliu a partir daí a pena de morte no Brasil. Mota Coqueiro foi o último enforcado que a Nação teve. Passou a Monarquia e já estamos na Repúlblica e continua inaplicável a pena de morte no Brasil, cláusula pétrea da Constituição Federal.


Não poderia deixar de manifestar o respeito à memória de um réu inocente que a Justiça errou, condenando-o e, mais a uma pena sem volta. Mota Coqueiro é o grande exemplo de repúdio à pena de morte.

Abraço.

Rita de Cassia:
Parabéns!!!Muito bonito o artigo que homenageia Sr,Pierre,é uma pessoa Querida e bem estimada em Macaé.Seu jornal está bom !!!!Continue....Abraços Rita