Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

27.11.07

GERENTE E JURIDICO DAS SENDAS MACULAM IMAGEM DO VELHO SENDAS...

SERVIÇAL DO CAPITALISMO FAZ DAS SENDAS DA REGIÃO DE PETROLEO, UM LOCAL DE SUAS MALDADES COM SERES HUMANOS...

GERENTE E JURIDICO DAS SENDAS MACULAM IMAGEM DO VELHO ARTHUR SENDAS
Serviçal do Capitalismo faz das Sendas da região de petróleo um local de suas maldades com seres humanos
Para que chorar o que passou...
Lamentar perdidas ilusões. Se o ideal que sempre nos acalentou.
Renascerá em outros corações...


Conceituada professora de mais de 60 anos e com quase 50 de serviços prestados ao Governo do Estado do Rio e a Educação Pública está sendo colocada à prova sua idoneidade por um Gerente de uma empresa que deveria zelar pelos interesses de seus clientes.
Roubada com todos os seus documentos, recibos de três carros de seus familiares, talo natos de cheque, uma quantia em dinheiro que era fruto de seu salário e aluguel de duas casas e uma série de documentos, inclusive o Cartão Sendas. Imediatamente a Professora LMCLG foi a DP fez o registro, chamou o chaveiro, já que seu carro estava no estacionamento das Sendas, foi atendida, nervosa, com crise de hipertensão por um simpático Guarda Municipal e, sob os braços de outros clientes conseguiu ligar para seu Genro que foi socorrê-la. Cheques foram descontados, dinheiro levado e, na mesma hora foi comunicado à empresa que ficou sabendo do ocorrido.

Como é uma senhora que nunca teve nenhum tipo de ação junto ao judiciário ela pediu a sua filha que é Farmacêutica para ver com a gerencia da empresa para, com seus meios de filmagens localizarem o ladrão (a) e repor seus prejuízos.
Protelando a mais de 30 dias o Sr. Claudeci, Gerente das Sendas na Região de Petróleo, disse, depois de muitos telefonemas, que a “Doutora Amanda” do Jurídico das Sendas havia dito que as Sendas não se responsabiliza por coisas esquecidas no interior da firma”. E disse mais: que não tem como ver a gravação do ocorrido “por que o circuito de TV das Sendas estava com defeito”.

SERÁ QUE SE ALGUMA POBRE INFELIZ EXPROPRIAR ALGUMA LATA DE LEITE OU CAIXA DE MANTEIGA O CIRCUITO DE TV DAS SENDAS NÃO ESTARIA REGISTRANDO?

A professora, devido à idade e por estar doente não quer entrar numa briga que pode estressá-la ainda mais. Mais eu aqui pergunto: “Não dá para o Ministério Público ou a Defensoria, entrar nesta briga”? É uma vergonha que este tipo de Capacho de um Capitalismo em agonia brinque com as pessoas como foi o caso desta senhora.

O REBATE, nos seus 75 anos de Histórias vai denunciar mundialmente esta empresa que desonra o nome do velho Sendas de passado limpo em nosso Estado, a quem conheci em Duque de Caxias nos anos 60.

Rua para esta camarilha de Agentes da Burguesia Nacional, meu velho amigo Sendas, que desmoralizam suas empresas e riem do judiciário a quem você sempre respeitou. Este tipo de bajulação nunca mereceu aplausos em suas organizações. Que a "Doutora Amanda e o Gerente Claudecir busquem, na história das Sendas outros exemplos e não este que querem impor na região de Petroleo do Rio de Janeiro...

Voltaremos ao assunto...

Vidas que se apagam a sorrir.

Luzes que se apagam nada mais...

È chorar em vão tentar aos outros iludir.

Se o que se foi para nós não voltará jamais...

José Milbs de Lacerda Gama editor, jornalista e escritor).

13.11.07

O COLEGIO ESTADUAL LUIZ REID NÃO PODE SER PARTICULAR NUNCA...

Por que saímos da vida sem entendê-la e entramos na morte sem conhecê-la? (Luiz Lawrie Reid. 1962)

A VERDADEIRA HISTÓRIA DO LUIZ REID E O ÚLTIMO CONTO DE LUIZ LAWRIE REID

Foto cedida pelo Flog da Estudante do CELR Nanda Raibolte


Lá detrás daquele morro tem um Pé de Manacá, nós vamos casar e vamos para lá...

Você quer?...
Eu pego toda flor do Pé de Manacá e faço uma coroa para te enfeitar...

Você quer?...

Somente dois oradores falaram no sepultamento do Escritor Luiz Lawrie Reid. Eu, representando os Estudantes já que era presidente da FEM, Federação dos Estudantes de Macaé e o Professor Pierre Tavares da Silva Ribeiro que era Diretor do Colégio Estadual “Luiz Reid”. Foi um pedido dele a sua esposa Nicla Reid e aos filhos que seu corpo fosse enterrado na cidade onde ele nasceu e amou de uma forma muito especial.

A família de Luiz Reid tinha uma das maiores fazendas em nossa região de Petróleo. Abrangia toda a região dos Bairros da Glória, Cancela Preta, Novo Cavaleiro e ia até a divisa de Macaé com Rio das Ostras. Foi para São Paulo e lá, como empresário e tendo um grande tino empresarial, ganhou dinheiro e, sobretudo fama como Escritor, Poeta e homem de Letras. Jamais deixou de ter um grande carinho com a região onde nasceu. Em seu último conto, Por que saímos da vida sem entendê-la e entramos na morte sem conhecê-la, declara seu amor a nossa cidade de uma forma extremamente carinhosa. Guardo com muito cuidado o original de seu texto que foi enviado pela sua companheira de longos anos e que a ela Rede se dirige “no portal da nova vida”, È uma obra inédita que O REBATE, portador de tantas e lindas histórias, tem a felicidade de colocar mundialmente acessada na internet.

Nos anos de 1960 a cidade de Macaé só tinha um colégio de segundo grau. Ou melhor, toda a região de petróleo, com exceção de Campos dos Goitacázes. Era um colégio de nome Colégio Macaense. Imagine os leitores uma cidade de vida ferroviária e uma comunidade sem opções outras a não ser a pesca ou o pequeno comércio. Poucos tinham o privilégio de fazer o curso. Alguns, como o autor e outros conseguiam fazer SENAI na Estrada de Ferro Leopoldina e estudar à noite eu então tinha que pedir “bolsas de estudos na prefeitura”.

II

Reid tinha levado para trabalhar com ele em uma de suas empresas um jovem macaense. Ferry J’acourd de Azeredo, recém formado em Direito. A F.E.M. fazia cartas, ofícios para todos com o objetivo de conseguir que a região tivesse um estabelecimento de ensino e que, principalmente este ensino, fosse totalmente gratuito. Passeatas, greves, brigas e muita divulgação chegaram a Escritor Reid que mandou seu secretário até Macaé para estudar a criação de uma Fundação e que ele, caso isso fosse feito, construiria o educandário. O município doou um de seus mais históricos monumentos que era a Praça da Luz onde tinha sido enforcado Mota Coqueiro, autor de um dos mais bárbaros crime de nossa história.

A Federação dos Estudantes de Macaé, que lutava por um ensino totalmente público não aceitava que fosse “doado um imóvel público” para a criação de uma Fundação particular e com o ensino continuando sem pago. Venceu a elite da época e foi criada a Fundação Educacional Luiz Reid que passou a ser a mantenedora do Colégio Luiz Reid...

III

A luta da FEM não parou ai. Uma trégua e, em 1962, voltamos à luta pela transformação do Colégio Luiz Reid em Colégio Estadual. Governava o Estado do Rio de Janeiro Celso Peçanha que vivia às turras com a Assembléia Legislativa. Transformada em Assembléia I e II. De um lado o Deputado Kezen e de outro o Deputado Janotti. Celso queria o apoio dos Estudantes do Estado do Rio de Janeiro para o seu grupo. Cláudio Moacyr dirigia a UFE União Fluminense dos Estudantes e eu, a UFES (União Fluminense dos Estudantes Secundários) que viraria CoFES (Confederação Fluminense dos Estudantes Secundários) Os universitários tinham negociado com Celso. Maioria em troca de cargos de Procuradores do Estado, Fiscais de Rendas ou de Barreiras. Faltavam os secundaristas e fui chamado ao Palácio. Quando todos pensavam que eu e o Armando Barreto, meu secretário voltaria à Macaé com nomeação de Fiscal de Rendas ou outra oferta que nos foi proposta, voltamos com a seguinte resposta: O Governador aceitou nossa exigência. Negamos a oferta de cargos. Ele vai transformar o Colégio Luiz Reid em Colégio Estadual Luiz Reid. Totalmente gratuito e com a incorporação dos funcionários do colégio em funcionários do Estado.

IV

Havia um impasse que o Deputado Hamilton Xavier questionou com a gente numa reunião na ALERJ. “È inconstitucional o Estado administrar um colégio público num terreno particular, ainda mais uma Fundação”. Uma reunião foi deita com a Procuradoria do Estado com nossa presença e firmado um documento que A Fundação deixava de ser a proprietário do local doado pelo município.

Seria na época e ainda deve ser hoje, um ato ilegal um município doar uma praça para uma entidade mesmo que não tivesse fins lucrativos e o Estado encampar um colégio em próprio particular.

V

Como Reid continuava mandando alguns donativos para a Fundação Educacional Luiz Reid foi feito uma reunião com as autoridades locais e com os Clubes de serviços, já que Reid era Rotariano. Nesta reunião onde participou o então Prefeito Antonio Benjamim, vereadores, Rotarianos e Maçons foi decidido, por eles, em caráter “estritamente particular” que a Fundação continuaria a existir para “não perder a capa de entidade sem fins lucrativos” e que para que isso não caísse na politicagem em algum futuro, que” a Presidência da Fundação Educacional Luiz Reid fosse ocupado pelos prefeitos eleitos”. Reid continuaria a mandar seus subsídios e tudo ficaria como dantes no quartel de Abrantes. Isto é o Estado seria o verdadeiro dono do imóvel por direito e por lei e a Fundação ficaria na dela recebendo alguns donativos, etc. etc. por que então está havendo este murmurinho que “querem tomar salas do COLEGIO ESTADUAL LUIZ REID”? Que é isso, Cara-pálida. Será que o objetivo é transformar este Símbolo de um ensino sério e público num colégio particular e pago?

Olhos abertos estudantes de 2007 porque, em 1962, fizemos a nossa parte.

Ao lixo da história quem está querendo tirar do POVO seu sagrado direito de um ensino gratuito. José Milbs de Lacerda Gama editor de "O REBATE" www.jornalorebate.com

4.11.07

Nonô Marimbondo: ORGULHO DE SER SAPATEIRO...

Nonô Marimbondo:

ORGULHO DE SER SAPATEIRO...

Nota do autor sobre os Sapateiros da região do Petróleo: Eram eles que criavam a arte que a todos serviam. Desde o “saltinho, a famosa e econômica plaqueta do lado que a gente gastava mais até a meia sola e solado inteiro”. Todos participavam das transformações da sociedade e não conheço nenhum Sapateiro, em todos os países do mundo, que não tenham tido participação em algum movimento social e de transformação da sociedade. Honra a eles: Natalino Crespo, Djecyr Nunes da Gama, Valdo Rocha, Orlando, Zé Bonito, Hélio Barbosa, Pelé, José Pacheco, Mazinho do Morro de São Jorge, Fubeca, José Silva –Bonga -, Zamir e tantos outros que fizeram a história andar mais elegante...

Negro, canela fina, alegre, elegante, olhar que demonstrava inteligência e muito bom de bola. Além disso, era um exímio maestro do trato com a faca amolada em sua profissão de Sapateiro.

Em suas andanças pelas acontecências das ruas empoeiradas da região de petróleo, Nonô Marimbondo sabia driblar com os preconceitos numa época em que “havia um engraçado de mau gosto brincar com piadas de negros, de mulheres e de portugueses”. Sua presença nas esquinas da vida, nos anos de 1940 ate 1960 foi sempre a figura de um descendente de reinados africanos. Canela fina, osso duro nas “bolas divididas” nos campos de futebol e de peladas, era uma presa fácil para quem pensava que ia intimidar sua figura magra e elegantemente frágil. Uma cintura fina, uma bunda arrebitada e que daí o apelido de “Nono Marimbondo”. Olhando ele de lado, como que examinando seus gestos e passos compassados, a gente via de fato o seu pareci mento com um Marimbondo.

A vida pacata das cidades de interior deve estar cheia de figuras amenas que se destacam sem que saibam na reminiscência dos que buscam retratar os cotidianos. São personagens que nascem com o carimbo da simpatia e que, no decurso de suas existência cimentam afeto e carinho.

Devia ter eu uns 15 anos e o Nonô uns 26 ou 27 penso. Nas idas e vindas pelas ruas esburacadas pelas chuvas torrenciais dos meses de outubro e novembro. A região de petróleo, suas ruas e vielas eram todas de chão batido. Não havia asfalto nem paralelepípedo. Nem tampouco estes buracos que beiram as calçadas que dizem ser para “escoar águas”. As chuvas eram iguais as que estão vindo hoje. Havia um escoamento natural e jamais vimos à região ser alagada. Crianças das Ruas do Centro iam e vinham até as Ruas dos Cajueiros, da Praça da Luz e da Rua da Boa Vista. Andanças que eram vigiadas por alguns “mais velhos”. Assim foi que conheci o Nonô Marimbondo. No começo fiquei meio sem jeito de chamá-lo pelo nome que atendia os mais velhos que ele. Confesso que tive receio dele não gostar e, com isso, impedir uma amizade que duraria por muitos anos. A voz deste lindo negro, quando o chamei pelo nome conhecido, veio em som de harmoniosa sinfonia de afeto e carinho. Poucas vezes, a não ser em casa com minha avó e mãe pude ver esta sonoridade de amor em forma de fala. “Antes mesmo que eu me fizesse presente e me colocasse às condições de começar um diálogo, ele foi dizendo:” - Menino, você é filho do meu Mestre Gama, Ele me ensinou a arte de modelar couro e fazer meia sola. E continuava: Se hoje eu não preciso pedir emprego e ter que me submeter aos desígnios de um patronato cruel eu devo ao seu pai Djecyr Nunes da Gama.” Eu não tinha nenhuma idéia do que Nonô estava dizendo. Sabia que meu era Sapateiro, modelista de calçados, que estava na Argentina modelando para o Presidente Perón e Evita seus sapatos Luiz 15 de salto alto etc. Eu sábia de tudo isso por que a minha mãe dizia e eu recebia cartas dele de lá... Mas não entendia todo este orgulho que brotava nos olhos negros misturados com um castanho azul que ele não escondia. Fruto de uma criação voltada para ser doutor, advogado ou professor, como que eu ia entender, com 15 anos o “orgulho de ser sapateiro” que o brotamento de olhar de Nono Marimbondo deixava no ar e o fazia ficar belamente feliz...

O tempo, senhor de tudo que separa existências, fez com que poucas vezes pudesse rever o aprendiz de meu pai. Todas às vezes, no entanto, o encantamento da voz tinha entrada de trancas nem cadeados no interior de meu ser. Acho até, que vozes como a Nono Marimbondo, habitam o interior do ID em cada ser que tenha tido contacto com seres como ele.

O que seria dos seres humanos, todos sem distinção, se não tivessem dentro das profundezas de seu ser, vozes carinhosas e afetivas. Acho que elas que comandam os lindos sonhos coloridos e vôos noturnos... È a certeza da volta ao corpo vigiado por estes sonoros sons que habitam o interior do ID...

As poucas pessoas que conheciam a genética de Nono dão conta que era filho de um ferroviário dos anos 20/30 e que se tornou famoso em toda a região de ferrovia pelas suas caminhadas e corridas antes e depois que o “Buso” se fazia prsente aos ouvidos das cidades. Um atlético “Negão” deixou suas pegadas nas nossas esquinas e becos e nos presenteou o bom Nono...

Soube da morte de Nonô. Grande desportista. Grandes homens de nossas ruas, hoje asfaltadas, frias e com chuvas que inundam casas nos Cajueiros e bairros Pobres de minha Rica Macaé-Capital Brasileira de Petróleo... Que estranho paradoxo: A região mais Rica do Brasil. Políticos ricos e um POVO sem casas para morar e, as que habitam, estão inundadas e seus filhos sofrendo as doenças que nascem no após...

Pensei, recordando o velho Nono em seu Orgulho de ser Sapateiro: Não seria o fim dos Sapateiros, dos Alfaiates, dos Gráficos e dos verdadeiros Mestres da Arte uma obra do Capitalismo que objetiva massificar o POVO com drogas, religiosidade fanática e destruição da cultura popular?

O menino de 15 anos chegou aos 70...

Velhos malandros que “vaga voavam” com ginga em corpos flácidos e elegantes não habitam mais os Cajueiros, Aroeira, Praia Campista e Boa Vista. As ausências de Frevo, Cata-Quiabo, Teixeira, Flavinho, Gordo, Mistral, Sarta N’ água, Água Viva, Manél das 7 em porta, Miguel, Djalma e Turrinha têm outras moradas. Aqui ficamos para homenageá-los com vulto de nossas Ruas Empoeiradas... José Milbs de Lacerda Gama - www.jornalorebate.com