Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

29.12.10

Ary Luiz Pimental - Arizinho- da Seleção Macaense Campeã Estadual dos anos 70....



Os anos passam e as pessoas deixam sua marca, quando elas, carimbadas pelo sêlo do destino, faz com que se tornem especias nos momentos sublimes de alguns de seus atos e vivência. Foi assim com Aryzinho que, aos 13 anos ingresou no Senai comigo. Nas peladas no "Campinho do Senai", menino magro de canela fina, foi se destacando de todos nós com seus dibles maravilhosos e sua coragem nas bolas divididas. Era o BOM FUTEBOL deste macaense que, quando enfrentava os zaqueiros Nilson, Geraldo Cara Suja, Aroldo Marins, Perinho Veloso, José Manhães e tantos outros colegas nossos e mais velhos, se sobressaia. A gente era Primeiro Ano, Geraldo e Nison eram Terceiro. Mais o destaque era aempre Arysinho que já antevia sua presença nos grandes times de Macaé e da Região de Petróleo.
Nestes anos o Futebol macaense era dos melhores de todo o Estado do Rio de Janeiro e, nos anos 70, lá estava Ary, deslumbrando as platéias de todo o RJ, na companhia de George, Nier, Costinha, Zé Que Não Dança, Helinho Cabral, Renê, Garfante, Nilson, Arley, Didi, Wanderley Teixeira, Elminho, Bibinho e tantos outros que, no encanto de belas jogadas faziam tremer o Secular Estádio Expedicionário" nos áuros tempos DO BOM FUTEBOL...
Hoje a cidade tomou conhecimento que Ary tinha falecido. Nos últimos anos vinha lutando contra uma enfermidade que, aos 71 anos, o levou do convivio de seus familiares.
Durante os últimos anos prestou serviços ao Poder Judiciário e era conhecido como "Seu Ary do Cartório da Barra". Sempre atencioso com as pessoas era muito querido neste distrito de Macaé e estava sempre recordando os bons momentos do Futebol, sua grande paixão.
A sua companheira Licia Pereira Pimentel, seus filhos Carla e Cassinho O REBATE estende os sentimentos que fazem parte de todos que conheceram e admiraram o trabalho de Arysinho ao esporte e a vida judiciária...
Uma das últimas presenças de Ary, no contato com O REBATE, ele me pediu um artigo para falar sobre o SENAI. Eramos uma turma de 36 anos e ai vai um pouco da história deste ensinamentos que aprendemos na Leopoldina. Fomos Ajustadores Torneiros e alunos de Wilson Santos e "seu Antonio Garfante"...

ERAMOS 36...

Do SENAI quem não se lembra? Era mesmo ESCOLA FERROVIÁRIA 8 -1 SENAI. A história conta e, dela participa meia cidade de Macaé, que não havia ensino de melhor qualidade. Eu, particularmente, guardo as melhores e mais felizes recordações.

Minha turma tinha 36 alunos que mais tarde, com a entrada de Telmo no 2° ano, ficou com 37. ÉRAMOS 37 colegas e hoje somos 37 amigos.

Embora tenhamos sido espalhados por toda a sorte de atividades, quando nos encontramos existe uma forte comunicação que leva a um passado de recordações e peripécias infantis.

No SENAI a gente entrava com 13 anos e saia com 15. Até a minha turma, todos eram aproveitados pela Estrada de Ferro Leopoldina. Depois que a Rede não mais abserveu os alunos, todos fomos espalhados por este Brasil a fóra. Alguns foram para São Paulo, muitos para o Rio de Janeiro e a maioria para Arraial do Cabo, mais precisamente na Álcalis.

Até hoje não entendi por que a Leopoldina deixou de absorver-nos. Quando Almir da Silva Lima se casou com Ivânia Ribeiro eu o atual Presidente da República do Brasil, Luiz Inácio da Silva, fomos seus padrinhos no religioso. Era ainda o Lula das alegres histórias, das bicadas alegres numa boa birita e um sorriso matreiro de menino de interior de Pernambuco.

Conversei com aquele Lula, quando de sua estada em Macaé. Estávamos sentado a sós em uma mesa. Falamos da fundação do PT, da presença em Macaé de Antonio Marcus, amigo dele e que me ajudou a fundar no Rio de Janeiro (macaé)o primeiro núcleo do partido, falamos do escritoriozinho debaixo da ponte/viaduto onde se podia ver e ouvir o Airton Soares e as histórias da galera de Diadema, notadamento dos metalúrgicos que me ajudaram a criar o PT em Macaé.

Lula disse também ter sido aluno de um SENAI. Também não entendeu esta perda para Macaé e prometou rever isso se ele fosse eleito Presidente. Naquela época eu era dirigente do partido e acreditava que o Partido dos Trabalhadores iria transformar a sociedade.

No SENAI haviam profissões como Carpinteiro, Ajustador-torneiro, Torneiro, Caldeireiro, Ferreiro, eletricista e Soldador. Eu era Ajustador Torneiro com estágio de primeiro ano cm Torno e Caldeiraria. Ter sido aluno-aprendiz de Seu Rubens (bom cabelo) na Caldeiraria, de Wilson Santos e seu Antonio (Garfante) na Ajustagem, de Seu João (Gordo) na ferraria, de Waldyr (Bicudo) na Carpintaria, Mozart Leão e seu Orlando na Tornearia e ter Higino e Amaral como instrutores chefes foram etapas que marcaram todo o afetivo de minha geração nos anos 50.

Nossa turma era: "Binho" Ramalho Tônico Soutinho - Hélio Caetano "Meu de Fé" - Adilson - Paulinho Loureiro - Vilmar "Pé de Tábua" - Paulo Fernandes - Walmir "Galo" - "Perinho" Assis. "Bebeto"Bacellar - Jorge "Jornaleiro" - Walter "Gordo" - Neri Cezar - José Luiz "Nervosinho" - Hugo - Cemi - Lacy - Wallace "Marujo" - José "Grosso" Manhães- João Batista "Fanhoso" - José Bastos "Ciri" - Joamir - "Amaralzinho" - Hugo- Reinaldo - Edno Barcellos - "Leíca" (Auleir) - Alcenor - Laurely - Maury Vianna - Ivan "Coruja" Drumond - Aroldo Marins - Tinoco - Telmo "Bacurau" - Aryzinho - Jonas Moreira e Roberto Marotti.

Walter Araújo morava nos Cajueiros. Era uma espécie de Xerife do Bairro. Foi ele quem me introduziu lá. Quem não fosse pela sua mão, dificilmente era bem chegado na turma dos Cajueiros. O mesmo na Aroeira com "João Fanhoso," na Barra do Rio Macaé com Nery Cezar Pinto ou no Centro com Hugo, Bacellar e "Perinho".

A turma que vinha do interior como Edno (Quissamã), Alcenor, Marotti, "Meu de Fé" e Laurely era obrigada a curtir as gozações de " Jorge Jornaleiro". Era a porta aberta para que se forjassem grandes amizades.

Gente simples como Lacy tinha trânsito em todas as áreas do nosso mundo. "Fazia parte dos sorrisos que brotavam de Maury, "Alvinho", Joamir e "Amaralzinho" que não entravam nas 'brabas" mas concordavam em tudo. Até torciam para que tudo desse certo.

Cemi, Bacellar, Hugo, Neri, Reinaldo, Telmo e "Pingüin" formavam com "Perinho" e "Jornaleiro" o que seria a "gang" da época. "Desde inventar machucados com martelos para irem aos curativos de dona Olga, passando pela expropriação das braçadeiras de "Zé Grosso" até serem proibidos de freqüentarem a 'Oficina Geral" e tomar banhos nos chuveiros que caiam águas torrenciais e diretas. Muitos destes amigos que sito no textos tiveram que sair antes de terminarem o curso total dos 3 anos.

Esta semana estive com Reinaldo e Roberto Marotti e os mesmos gostariam de marcar um encontro dos ex-alunos. Falavam até cm formar uma Associação dos Ex-alunos do SENAI. Uma boa idéia que passo para todos. Seria até uma maneira de, além das alegrias que o fato iria consolidar, uma hora para homenagear os que partiram como "Marujo",Telmo, "Pé de Tábua", Hugo, Aroldo, "Walter Gordo", Paulo loureiro, Laurely, Auleir e "Binho Ramalho" e hoje, 29 de Dezembro de 2010, Ary Luiz Pimentel...

Seria até uma maneira de incentivar a volta de uma luta pela criação dos SENAIs em nossa E.F. Leopoldina. (José Milbs de Lacerda Gama editor de www.jornalorebate.com )

11.12.10

Campos dos Goitacazes, Macaé e Casimiro de Abreu fazem da saudade a tristeza na perda de José Cláuder Arenari




São momentos em que a história pede licença a vivência humana e se debruça nas paredes dos muros que cercam a saudade e nos remete a recordações de um mundo que só quem viveu e teve a alegria de participar pode sentir-se contemplado pela competição da essencia do belo.
Tento, neste texto falar da presença alegre, bonita e cordial de José Cláuder Arenari que, na beirado dos 80 anos, sai de cena no palco da vida. Como bom Campista, que sempre tinha tempo para recordar com os amigos passagens memoráveis desta lindissima Planincie, fez de Macaé sua paixão e de Casimiro de Abreu, o arqueamento de seu arco no flechar de sua companheira Therezinha que evitou que Zé alçasse outros vôos longincuos como outros campistas fazem no desejo de conhecer mundos...
Zé Arenari,não teve como fugir ao encanto da irmã de meu amigo Itamar Santos e baixou às suas asas em nossa cidade onde criou filhos, trouxe outros irmãos e fez centenas de amigos que, no curso de sua trajetória humana, estão ai, pelos cantos da cidade e em suas esquinas, falando de suas histórias e da presença de Zé Arenari em suas vidas. Presenças que se fazem saudosas em muitos jovens que tiveram a alegria de poder falar e sentir o afeto que emanava de sua fala e ia direto ao coração.
Homem simples, herdado de seu pai, Seu Arenari, ele era sempre visto nas rodas de pessoas do POVO e contando suas vivencias. Acho que era um Socialista nato sem falar que era...
" Sou Canella, mais não sou Canella em pó. Sou filho de minha mãe e neto de minha avó". Poucos, como eu puderam ouvir deste amigo, histórias como este poema, feito pelas crianças, como ele, nos anos 20, em Campos, na Praça São Salvador. Meninos como Zé,Paulo Rodrigues Barreto, Manduca, Pé de Valsa, Piquira, Dilson José dos Santos - Dilson Batatinha - , ficavam sentados e apostando qual seria o primeiro carro que iria romper as bairreiras do seus silêncios infantis. Campos tinha poucos auto-motores e era mesmo o carro Ford 19, dirigido pelo Senhor Otavianno Canella, outro amigo comum que sew foi, que cruzava toda a extensão da Praça da Matriz, dobrava e seguia para a Rua do Gáz, dos Bondes rumo ao Turf....
Zé e os demais meninos fiziam suas "operetas" seus "poemas" como todas as crianças do mundo. Era salutar ver esta Pérola de Infâncias Campistas, ser falada na vóz firme de José Cláuder Arenari em seus vários momentos de saudades...
Galista, Funcionário do Judiciário, boêmio assumido e feliz, grande pai, apaixonado por therezinha e lider nato sem nunca ter se envolvido em politica, tev uma intensa vida social, participou de centenas de carnavais e foi testemunhas visual das alegrias de seu pai, nas distribuição gratuita para centenas de macaenses, dos produtos que era representante nos anos 50.
Acho que veio dai a sua maneira despreendida da matéria. Nunca, nenhum amigo de Zé, o viu deixar transparecer algum desejo material. Sabia dividir, sabia somar e, na simplicidade das coisas que dividia, se podia aquilatar o seu carater de homem e de grande amigo.
Testemunho o que escrevo por que fomos visinhos na Rua Visconde de Quisssamã, 741. Eu na casa 1 e ele na 3... ali, criamos nossos filhos e fortalecemos um afeto que fez com que pudesse, com conhecimento de causa e vivência, escrever esta despedida em meu nome, em nome de minhas familia, dos meus filhos e do "O REBATE" que ele sempre gostava de ler e levar meus textos para Therezinha ler...
Quem me falou da saida de cena do palco alegra da existência de Zé, foi meu filho Luis Cláudio que era por ele tratado como se dele fosse filho. Sabia acariciar Aninha e Zé Paulo com o mesmo semblante que acariava Cláuder, Glicia e Gláucia. Zé sabia distribuir afeto e isto ficou patenteado em sua longa existência.
Avalista da presença de seus irmãos Edith e Capristano no ingresso na vida social e comunitária de Macaé, sempre se orgulhava da mistura Macaé/Campos de Edith com Joel Garcia e de Capistrano com Dayse de Dona Tiuca...
Posso dizer, sem nenhum temor de erro de cronista e momorialista, que José Cláuder Arenari deixa seu nome gravado no "Memorial das Mentes do Povo Simples de nossa Região de Petróleo". Afirmu: poucos souberam entrar e sair em palácio e nos casebres populares sem se deixar arranhar pelos vicios e pela arrogência. Viveu como sempre quis e fez de sua vida um exemplo de paz e de alegrias.
Em nome de "O REBATE" os sentimentos a todos os familiares com uma frase de meu filho Luis Cláudio:
- "Pai, o Seu Zé dizia que um dia a gente ia viajar para Buenos Ayres. Nunca fomos mais acho que ele está indo para uma viagem muito linda".
Que ele curta este inicio de verão onde deve, se assim o for, o lugar das pessoas boas...
Meus sentimentos, em especial a minha querida Therezinha, grande guerreira...
José Milbs de Lacerda Gama, editor de www.jornalorebate.com


Glaucia enviou uma mensagem para você.
Glaucia Arenari Schwalm
Glaucia Arenari Schwalm11 de dezembro de 2010 às 20:34
Re: meus sentimentos. fale com Therezinha
Obrigada pelo carinho , pelas palavras e homenagem ao meu pai e familia.... Um grande abraço

7.12.10

Sentado na minha varanda, cercado de árvores, gritos de alegres Gansos, recebo um email de uma grande amiga, Sonia Golosov que fala de um meu texto.





Sentado na minha varanda, cercado de árvores, gritos de alegres Gansos, recebo um email de uma grande amiga, Sonia Golosov que fala de um meu texto que fiz e pode servir de carro forte em um livro que, quem sabe, ainda será publicado...



A precisamente 11 anos, vinda de Sâo Paulo, recebi o corpo de minha mãe Ecila. Respeitamos seu último desejo e a sepultamos junto a sua mãe Alice Lacerda, seu pai Mathias e sua querida irmã Ondina Lacerda. Fiz um livro on-line ECILA onde falo de suas belezas humanas no trato com o semelhante. A Vida continua e estou eu aqui a rever um texto que fiz e que recebeu comentário de uma amiga. Sonia Golosov faz parte de minha história e de muita gente que habita esta cidade de muitos historiadores e pouca memória de seus verdadeiros vultos. Sonia é filha do "Seu Golosov" um homem simples e humano que já retratei em textos neste velho jornal "O REBATE" e que está eternizado no busca mundial do GOOGLE. Foi um texto que atendia ao pedido de minha linda e inteligente neta Mariana. Como o O REBATE já está no caminho das 8 milhões de visitas, um acontecimento inédito em um site jovem, faço de novo esta publicação por que não vejo nada de novo no Palco da Vida e que originou o tema:

UMA CIDADE PENITENCIARIA PARA OS POLITICOS CORRUPTOS DO BRASIL.
Sentado na minha velha rede. Olhando ao redor do meu universo. Sentindo o estrago do terceiro vendaval que bate e rebate no Bairro Novo Cavaleiro. Cheirando a mistura de "Dama da Noite" com Jasmin, o local é muito agradável. Estou aqui desde os anos 70, fugindo da transformação de Macaé em "Capital Mundial do Petróleo". De nada adiantou. A cidade veio atrás de mim e me vejo cercado de multinacionais, corretores querendo comprar o sitio e barulhos de carretas e presença de centenas de estrangeiros...
Em Campos dos Goitacazes, terra de meus avós Gama, tomo conhecimento da prisão de Secretários do Prefeito (de lá) que fugiu a a mulher (dele lá) agride reporteres. Penso: "ainda bem que não foi em Macaé. Seria uma vergonha saber que esta cidade onde nasci, onde nasceu Washington Luiz, Luiz Lawrie Reid, Claudio Moacyr de Azevedo, Desembargador Ronald de Souza e tantos outros, tenha seus politicos, nos anos 2000 envolvidos em corrupção.
Não!... "Macaé não tem corrupto. Isto é coisa de Campos". Ainda bem...Mais, por via das dúvidas, vale a observação. olho, a sentir um paço infantil e vejo chegando a minha neta Mariana...

II

Atualmente não consigo mais ver TV. Vulgaridade, venda de bebidas que são oferecidas, sexo frio, exposição de corpos sem que respeita as crianças e velhos. Faustão, Gugú,Netinho, Luciano Hulk,Bispo Macedo & Cia, Dona Xuxa,Ratinho parecem crias do "Sylvio Santos vem ai dos anos 70" ou representante fiéis dos "enlatados" do USA que se tornaram enfadonhos lá e são importandos para cá... Que vontade de colocar todos num saco e jogar numa ilha deserta para cada um serem condenados a ter que ouvir e ver o programa um do outro. Pena parecida com a que recebeu Phometeu Acorrentado por Júpiter por ter dado a chama da vida aos humanos...

Meus pensamentos vagueiam. Seria a idade, 70 anos, que estava metransformando num purista? Será que caduco e me transforma num sensor? Pensava e observava o vôo de 4 Bentevis que procuram pouso nos Coqueiros da minha morada. Coqueiros Imperiais que resistem há 60 anos à destruição do Bairro do Novo Cavaleiro em Macaé, cidadezinha que se acocorou ao progresso e está com suas nascentes e rios destruídos pela sanha avassaladora do ganho de grana fácil dos especuladores imobiliários.

Enquanto observa o pousar feliz das 4 aves, me volta para atender Mariana, Volto a pensar,num milésimo de segundo antes de virar na velha rede branca que às vezes é tambem cadeira:
-Lá vem esta menina com mais um de seus trabalhos de colégio buscando dissertação e idéias".
A menina se aproxima e tira de vez a observação nos passarinhos.
- Diga lá, minha grande neta.
Mariana estava mais séria do que das vezes anteriores. Vai direto ao assunto:
- Vô, Político é tudo ladrão mesmo? Eles têm filhos e netos? - Antes das novelas, continua a menina, sob o meu olhar pasmo de avô, eu escuto no Rádio e na TV que os senadores, os deputados, os vereadores e uma porção de juizes e desembargadores estão roubando todo o dinheiro do POVO brasileiro. Tem até a voz deles falando no telefone. Fiquei triste por que eles deveriam respeitar os seus filhos e netos. Já pensou, vô, se o senhor fosse político e eu visse o senhor algemado na TV? Pior, Vô é que o Prefeito de Campos, também está sendo preso por roubar o dinheiro do POVO de lá. E o Prefeito de Cabo Frio também...
- Puxa, ainda bem que não foi em Macaé, onde eu nasci e toda a nossa familia...
Enquanto acompanho a seriedade desta menina de 13 anos, volto a olhar para os passarinhos, que, agora cantam e pulam na alegria de uma fina chuva, prevendo o início do verão.
Mariana retruca:
- A professora do meu colégio quer um trabalho sobre o que a gente, criança, acha dos Políticos Brasileiros. Será que o senhor pode me ajudar?
Minhas mãos chegam até a cabeça. Meus cabelos estão totalmente embranquecidos. Metade, penso, pelo sereno da vida e a outra é mesmo pela genética. Meus pais e avós ficaram grisalhos aos 18 anos.
Não quero deixar que minha neta, 13 anos, veja uma lagrima de ódio que brota em meus olhos. Olho na sua inocência acha que pode obter justiça neste sistema que vivemos. Justiça num país de injustiças.
Volto-se e, como se já tivesse na mente tudo que seria dito e escrito pela menina em seu trabalho escolar e sentencio:
- Quem sabe, um dia, quando este sistema que ai está agonizando e que fez muita crueldade, acabar a gente não pega toda esta gente que roubou, matou trabalhadores, explorou as pessoas, discriminou velhos e crianças, escreveu novelas para desviar a beleza e a pureza de milhares de jovens, políticos que se enriqueceram com dinheiro do POVO , juizes e desembargadores que venderam sentenças, enfim toda esta gentalha imunda e cruel e os confinemos numa CIDADE PRESIDIO?
- Como assim, vô? Cidade Presídio?...
-Sim. Uma cidade presídio. Mariana, vamos imaginar uma cidade, quando você tiver 20 anos. Uma "grande cidade", com estrutura bem reforçada em muros altos e eletrificada (iguais às casas dos políticos e dos juizes e desembargadores que estão sendo descobertos, presos e soltos), Cidade com um forte esquema de segurança externa. É uma idéia que tive quando vc falava quando aqui chegou.
- Sim, agora já estou entendendo, reforça Mariana.
-Otimo. Bom que você entenda por que na sala de aula você terá que, quem sabe, ler o texto para seus colegas e para isso terá que saber esta minha idéia que, a partir de agora, será sua também.
-Só uma coisa, interrompe a menina que se aconchega ao lado do avô: Seria uma cidade presídio imaginária? Não dá para a gente colocar também as pessoas que roubam nas Prefeituras e ficam esnobando e maltratando as crianças pobres que os pais trabalham de verdade?
Eu sempre me orgulhei de meus filhos e agora dos netos.. Todos estudando, como eu, em Colégios Públicos. Mais esta minha neta queestava ali, na minha frente, sem nunca ter lidos os livros que eu li, absorve uma idéia e me fornece uma bela substância odeológica. Mariana estava alí, Estava ali, dando subsídios para a transformação desta socidade...
Antes mesmo que meus pensamentos pudessem se desviar para um galo vermelho que canta no jardim, falo:
- Sim minha doce menina, esta Cidade Presidio, além de abrigar os milhares de políticos, assessores, delegados, policiais, enfim, enfim, todos estes senhores que estão comprometidos com desvios de dinheiro publico, envolvidos em comissões de empreiteiras, vai abrigar os que, por omissão, sabiam e permitiram que estes fatos acontecessem. E fui falando, como se estivesse num confessionário:
- Pode também colocar nesta cidade, juizes, advogados, empreiteiros, milhares de vereadores que levam propinas de empresas de ônibus, de firmas multinacionais e centenas de Secretários de Estado, Ministros e ex Ministros. Mariana interrompe:
- Vô, crianças e velhos vão para esta cidade presídio?
- Criança não. Velhos safados, que deram mal exemplo para os netos e para os filhos vão sim.
- Criança vai sempre olhar e visitar esta CIDADE PRESÍDIO que terá terá um grande painel de televisão, onde irá passar a vida destes homens corruptos, ladrões de gravatas. Será um filme, tipo: "Olhe o que eles fizeram e por que eles estão lá".Como se estivesse dizendo as crianças.- "Viu como eles foram cruéis? "Estes exemplos não podem ser seguidos"...
- Você está entendendo, Mariana?
-Estou sim...
-Quer dizer vô, que os velhos que deram maus exemplos, vão ficar na cidade presidio?
- Sim, minha lindinha, os canalhas também envelhecem...
- Vamos voltar a falar na "nossa cidade imagnária", digo isso e volto a ouvir o cantar de um Bentevi no galho da Amendoeira.

- Seria uma cidade presídio. Aproveitando para por nesta cidade-presídio, centenas de Sindicalistas safados, presidentes de ONGs. corruptas e alguns ex Governadores. Minha preocupação, minha doce neta, é não deixar esta camarilha de Homens Públicos, que envergonham seus filhos e amigos, ficarem misturados com presos comuns. A presença destes corruptos poderia contaminar os presos comuns, coitados, em sua maioria, gente que roubou migalhas em relação a estes wue te falo...

-Tava pensando nisso, alerta a menina: tem muita gente que rouba pão, manteiga, comida e eu fiquei pensando em pedir ao senhor isso que o senhor falou. Não deixar estas pessoas juntar com esta gente ruim...

- Não se preocupe, minha neta. Para essas pessoas que você fala, existe leis que protegem quem comete estes pequenos atos. Só que alguns Magistrados e DDelegados de Polícia, que levam dinheiro dos garndes Super´Mercados, do Jogo e do Tráfico, preferem prende-los e deixam soltos quem lhes dão propinas. Você não está vendo nas Tvs o que eles fazem?

-Vendem sentenças para a jogatina, ganham carros do ano, vultosas quantias em dinheiros e ainda "prendem e arrebentam" quem pega, num Super-Mercado uma Margarina. Lembra daquela jovem que ficou presa em SP por um Delegado por ter expropiado uma manteiga para seu filho?

-Sim, continue que eu estou entendendo tudo que o senhor fala. Acho que vou fazer um lindo trabalho, diz Mariana, orgulhosa do avô que fala com euforia. Parecendo até que já estamos numa Nova Democracia...

- Me vejo aumentando o potencial de minha fala, quando alguma Carreta ou buzinar de carros tentam cortar meu raciocínio. E, contunuamos a conversar eu e minha linda neta:
- Como esta gentalha está totalmente viciada na corrupção, só consegue o desejo sexual com uma nota de cem nas mãos e não sabe viver sem levar uma comissãozinha de 20 ou 30 por cento, esta cidade teria em circulação notas de dólares falsos e de reais. Para eles não ficarem em depressão por falta do "ópio deles" que é roubar dinheiro do contribuinte.
- Os bens destes canalhas, homens até velhos de cabelos brancos, que nem respeitaram seus filhos e netos, seriam todos confiscados para manter a cidade. Eles mesmos podem eleger seus dirigentes nesta cidade. Como este presídio vai ter muitos portadores de títulos de faculdades não haveria necessidade de celas especiais. Semanalmente as crianças seriam convidadas para aulas onde esses canalhas seriam mostrados em fotos como "exemplo a não serem seguidos"...
- Legal, vô, maneiro mesmo. Já entendi tudo. As crianças iriam lá na cidade presídio igual no Zoológico. Olhar a vida destes homens e mulheres que, durante anos, décadas fizeram maldades com os pobres e roubaram o dinheiro dos impostos, né isso, vô:
- è isso mesmo. Como eles não conseguem mudar "o vicio" de roubar, etc. etc. arremato:
-Nesta cidade/presídio, haveria eleições entre eles de Vereadores a Presidente.Que você acha, minha neta, desta cidade do futuro?
Mariana, como que adivinhando o meu pensar complementa:
- Que o senhor acha de por nesta cidade as pessoas que fazem os programas de televisão? Os donos das fabricas de bebidas, cigarros e os escritores que se vendem para fazer as novelas horríveis dos horários nobres?
Momento em que eu, que tive meus pensamentos captados, penso, ao sorrir para ela que corre para o colégio levando as suas mãos o texto sobre os POLITICOS BRASILEIROS...
III
A cidade ainda dorme com suas ruas com poucos transeuntes. Colégio Público começa cedinho e as ruas estão enfeitadas com centenas de crianças que tomam ônibus, se aconchegam uns aos outros e rumam para os educandários. São coleguinhas de Mariana, meninas e meninos. Pelo vidro do ônibus ela nota que passam luxuosos carros importados com outras crianças indo para muitos dos colégios particulares que existem na cidade. Pensa em seu vò que, um dia, falou com ela:
- "Mariana, criança que estuda em colégio daqueles que as crianças são levadas, são iguais estas galinhas criadas em granjas. Não pegam Sol, não brincam na chuva igual você e seus amigos. Eles são criados como se fossem feitos em cativeiros. E, lembra do arrematamento do avô, ao tempo que retorna o olhar pelo vidro do Ônibus e vê alguns meninos soltando pipas no redor de uma praia.
- "A culpa não é das crianças não. São de seus pais e deste sistema cruel que vem a muito matando as coisas belas do mundo, matando àrvores, córregos e cimentando ruas...
O colégio se aproxima do parar do veículo. A porta do estabelecimento já está com centenas de seus colegas. Mariana Pensa:
-será que a professora irá entender seu trabalho e sua idéia de uma Penitencia/cidade? Sei, lá, matuta: apesar do colégio ser público e ser frequentado por crianças simples os valores são parecidos com tudo que passa na TV e nas ruas. Prefeitos. Vereadores, gente da sociedade, alguns deles até acusados de maldades com o POVO pobre, que se enriqueceram desviando coisas da comunidade são vistos nos dias de festas. Será que a professora não vai brigar com ela ou lhe dar nota baixa?
Dona Matilde tem sempre um olhar diferente das demais mestres do Colégio Estadual Luiz Reid. Não gosta de dar notas a quem tem erros de gramática ou de pontuação. Pior de tudo é que seu trabalho deve estar todo cheio de erros. Seu Vô não se formou em nada, ele mesmo diz que se orgulha e ser "apenas formado em dactilografia" e que, a muito custo só foi até o segundo semestre numa Faculdade de Direito. Seu trabalho não deverá atingir nota mais que 5.
Chamadas por nome e eis que ela chega ao mesa. Mariana, seu trabalho está muito bom. Você tirou 10, diz em voz alta Dona Matilde que, com 40 copias de seu trabalho, começa a distribui-los com os demais alunos pedindo que eles falem o que acham da cidade/presídio e que eles, as crianças, levassem a idéia para seus pais e que eles também participassem do trabalho...

José Milbs de Lacerda Gama, jornalista, cronista, historiador e editor de O REBATE e orgulhosamente avô de Mariana de Lacerda Gama Soares...
www.jornalorebate.com

LAGRIMAS SUAS SAO DE AMOR E NÃO DE ÓDIO...
Valéria Pestana


"UMA CIDADE PENITENCIARIA PARA OS POLITICOS CORRUPTOS DO BRASIL.
José Milbs de Lacerda Gama, jornalista, cronista, historiador e editor de O REBATE e orgulhosamente avô de Mariana de Lacerda Gama Soares...
www.jornalorebate.com "


"Não quero deixar que minha neta, 13 anos, veja uma lagrima de ódio que brota em meus olhos."

Não meu amigo, eu não acredito que dos seus olhos brotem lágrimas de ódio... O ódio não combina com você. Diante da beleza e da paz da natureza sentindo o perfume de "Dama da Noite" com Jasmim, seus olhos não verteriam lágrimas de ódio. Dos seus lindos olhos as lágrimas que brotam são tão somente lágrimas de saudade, alegria, tristeza, gratidão, afeto, amor, dor (as dores da alma e as dores do mundo), indignação (pelas injustiças no mundo); mas nunca, nunca lágrimas de ódio, pois a sensibilidade do seu coração cuida de purificar na fonte as lágrimas que brilham em seus olhos.
Um forte abraço,
Valéria Pestana