Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

30.3.11

Ex Prefeito de Macaé morre em São Paulo.





Depois de lutar bravamente contra uma grave doença o médico cardiologista Carlos Emir Mussi morreu hoje em São Paulo onde estava em tratamento. Carlos Emir foi prefeito de Macaé em várias legislaturas. Foi um dos batalhadores para que fosse instalada a Petrobras em nossa região. Uma luta árdua já que, nos anos 70, a cidade de Campos vinha lutando para levar a estatal para lá e tinha apoio de vários deputados e senadores.
Médico competente ele sempre esteve ligado a sua profissão onde exerceu, até pouvo tempo atendimentos e consultas.
Fomos amigos desde infância. Escoteiros juntos, lides estudantís no Rio e em Macaé. Trabalhamos juntos no ex Inampos onde tinhamos uma convivencia sempre cordial e recordativa,
Gostava de longas conversas nos momentos de reencontros na "Praia de Imbetiba" onde a gente se encontrava.
Amigo também do amigo comum Cláudio Moacyr de Azevedo onde sucedeu na Prefeitura. Tivemos grandes momentos na vida pública. Algumas delas junto com Cláudio, Nacif e outras figuras de nossa história...
Seu corpo está sendo trazido da Capital de São Paulo e será velado na Câmara dos Vereadores.
Carlos Emir deixa a vida como um dos últimos Prefeitos da era romântica, alegre e popular da região. Casado com Tania Jardim Mussi, que nos anos 70 foi a Musa do DEBATINHO, suplemento cultural de O REBATE que foi editado e criado pelo Redator Cláudio Ulpiano Nogueira Itagiba.
Nos bons tempos em que eleição era ganha nos encontros com o POVO nas ruas e casas simples, eleição que deu lugar aos "candidatos eletrônicos" sem o calor humano dos grandes comicios, Carlos Emir deixa o marco dos grandes mitos de nossa história. Do bom médico ao eloguente politico ele viu a transformação de Macaé em Capital do Petróleo mantendo a simplicidade humana, herdada de seu pai Alfredo Mussi. EEra comum ve-lo caminhando pela Rua do Meio indo para a Casa de Caridade atender seus fiéis pacientes.
Por telefone, sua querida Tania, nas vêzes que pude ligar, me dizia de seu restabelecimento leve e devagar. Carlos Emir gostava de ler meus textos e, em sua homenagem publico um que ele gostava de comentar...
"Quando a Região de Petroleo do Rio de Janeiro ainda engatinhava no progresso

UM DOCE PEDAÇO DE MACAÉ QUE SE ESVAI... Em Homenagem a Carlos Emir Mussi nas saudades que a gente sente de nossas ruas alegres e emburacadas...(Milbs)

(CRONICA ESCRITA REALÇA A SAUDADE DE NOSSAS RUAS EMPOEIRADAS E O GOSTO BOM DOS BOMBOCADOS E CHUVISCO) Leia em José Milbs no texto O DESBRAVADOR DE MACAE NO SÉCULO XX.

O DESBRAVADOR DE MACAÉ NO SÉCULO XX

Macaé ainda não tinha cultura própria no ramo imobiliário nem seus habitantes tinham projeção do que podia acontecer 10 ou 20 anos à frente. Viviam do dia a dia. As vezes na pesca, onde brotava sua maior riqueza, vez outra do comércio, que crescia devagar, devagarinho e estava de bom tamanho para seus membros. A tradicional loja em baixo e a casa do comerciante em cima. Daí que muitas "casas sobrados" ainda existem e são daí que se formou este simbolo de progresso individual tão comum em cidadezinhas do interior do Brasil.

Nos quintais ficavam o terreno para, caso houvesse casamento, as construções se sucederiam. As pessoas estavam e viviam tranquilas nas sonolentas e compassadas horas de Macaé nos anos puros de décadas passadas. A tranquilidade de uma aposentadoria do inps e a certeza de que estavam criando bem a filharada.

Esta Macaé não tinha lá muita preocupação progressista . deixava a coisa acontecer nas idas e vindas de seus filhos na rua principal onde o "point" era cinema nas duas sessões da quinta- feira ou domingo nas matinês.

A Rua Direita, a principal da cidade e que virou Avenida Ruy Barbosa, ao entardecer, quando os milhares de pardais revoavam nas árvores frondosas que reinavam nas ruas periféricas, recebia dois suaves cavaletes. Um na altura do "Bar e Restaurante Belas Artes. Outro em em frente da Casa de Acioli Pena irmão de Dodão e Gó.

As tardes, lá pelas l5 horas, era comum o Bar de Dona Dadá estar cheio de gente tomando média com pão e manteiga. A manteiga era feita na casa de dona Dadá e o pão era da "Padaria e Confeitaria Lima" de "Joãozinho" e Ênio Lima. Padaria que conseguia fazer as melhores bisnagas de toda a regiao litorânea.

Tião, Zé Carlos, Isaura. Conceição, Joãozinho Ramos e, .as vezes a própria dona Dadá, presenteavam, com o servimento do café torrado na hora.

As xícaras brancas e ainda quente, tiradas do lado de uma cafeteira, com um gancho em forma de pegador de macarronada, vinham sempre acompanhadas de torradas, pão e leite. Tipo da média que não será nunca requentada e inspirou Noel Rosa das vielas de Vila Isabel.

Mais tarde tomei estas mesmas médias com pão e manteiga na rua Beneditino, Acre e Leandro Martins nas madrugadas do meu Rio antigo. Este café Tinha o mesmo sabor da média (nâo requentada) de dona Dadá. Igual ao sabor da boa media de Noel, que imagino ter tomado nas encruxas da 28 de Setembro ou Theodoro da Silva nos fins dos anos 20, onde residi um tempo com minha mae Ecila e meus irmâos Djecila e Ivan.

.Media de café pingado com pão e manteiga às l5,30 horas era igual em todo o Brasil afirmo e não aceito contestação. Tomei na Avenida Paulista, esquina com a Brigadeiro em São Paulo e na Avenida Anhanguera em Goiânia.

Vez por outra era ali mesmo que se iniciava as conversas que iam ter seguimento na boca da noite nos "Belas Artes" e fechavam-se no Restaurante Imperatriz, ponto de encontro dos noctívagos e boêmios vindos das Bocadas, do "Quadrado", "Curral das Èguas, Continental ou das Serestas.

O Bar "Imperatriz" não tinha portas. Funcionava dia e noite e, os ônibus que vinham e iam para o Rio ou Norte do Estado, tinham paradas certas e obrigatórias. Do outro lado da rua, onde hoje habita o travestido mundo de humanos assumidos, existia o bar de seu Aristóteles Cândido de Carvalho.

José Rangel, que mais tarde virou "Zé Mengão",dava seus primeiros passos longe de Carapebus, iniciando sua existencia no comércio.

Zé era ainda um jovem inexperiente na vida . Trabalhava à noite no bar de seu Aristóteles, que era uma espécie de primo pobre do "Imperatriz".Sua clientela, uma mistura de pescadores, médios transeuntes e algumas sobras de passageiros que, quando conheciam o café feito por "Zé" e seu Aristóteles, dificilmente deixavam de se transformar em constante freguentador.

José tinha o dom de atender bem a freguesia e paciência era seu forte. Nesta época Trabalhávamos eu, Acy, Jair, Antonino, Manoel Moraes e Dilson José Souto dos Santos, o "Batatinha de Campos, num orgão Público Federal de nome IAPETEC.

'Os doces de dona Zeny, de seu Wanda, os "Pernambucanos", "Bombocados", "Queijadinhas" e "Bolinho de Aipim" só eram igualados com os que faziam a esposa de seu Otávio e as inesquecíveis "Mãe Benta" que Petrônio Ramos vendia na estação de trem que corria mundos em sucessivas idas e vindas dos Expressos, Noturnos e Rápidos nos idos de l950.

O "Olho de Sogra" eram iguais em todos eles. Dizem que vieram de receita única que chegou a cidade pelas mãos de uma Doceira de Campos no inicio do Século. O "Chuvisco" ninguém aprendeu e só as Campistas faziam com maestria.

Os "bombocados" só foram igualados destas mestras por Mariza mãe de Paulinho e Mirna que também são filhos de Jojó.

Mariza mantém a tradição dos mais gostosos doces macaenses. A sua residência, na rua Francisco Portela, está sempre sendo requisitada por quem gosta do sabor de seu Bom-bocado..

Bem pertinho da casa de Petrônio tinha o seu "Zezinho" com um barzinho onde havia de tudo para as crianças. Seu "Zezinho" rompeu gerações com seu modo puro e simples de tratar. Seus filhos Jailton, Juca, Jorge e Maria espalharam por toda a cidade o sangue bom que dele fluiu.

Ainda se avizinhava de Petrônio, onde as crianças gostavam de pegar frutas nos quintais. As saudades de dona Tieta, Lalá e Lilinha, Nicinha, Joãozinho Ramos, Epaminondas, Luiz Macedo, Diamantino e Daniel Alfaiate, fazem parte deste pedaço de uma cidade que se perde no esquecimento rápido que chegaram com as técnicas da comunicação visual...


José Milbs de Lacerda Gama, editor de www.jornalorebate.com
leia mais artigos de José Milbs ou na busca do Google sitando O Rebate...

MACAENSE ESCREVE AO EDITOR MILBS:
Neilah Aguiar é filha de Zélia Aguiar um simbolo de nossa Educação Pública. Ela contesta o texto sobre a chegada da Petrobras e afirma, com provas, que foi o ilustre ex prefeito ANTONIO OTTO DE SOUZA quem trouxa a Petrobras para Macaé. Fala de suas distãncias e saudade de Macaé.
Ai vai o texto de Leilah:
Neila Marcia de Aguiar
Neila Marcia de Aguiar30 de março de 2011 às 23:26
Assunto: Carlos Emir
Milbs.
Lamento o falecimento de Emir, mas esse é o caminho de tds nós.
Discordo qd diz q ele lutou pela ida da Petrobras p Macaé.
Quem levou a Petrobras p Macaé foi Antonio Oto de Souza, irmão de minha mãe e sei q vc o conheceu bastante. Tb foi prefeito de Macaé e dono do Cartorio do 1° Oficio. Figura conhecida e respeitada na cidade pelo seu carater ilibado, decencia e justiça.
Ele foi soldado na Segunda Guerra e na epoca o tenente da tropa era o General Ernesto Geisel. E qd surgiu a possibilidade da Petrobras se instalar na região ele pediu ao então presidente Geisel q colocasse em Macaé dando como uma das razões a construção com mais facilidade do porto para dar apoio as plataformas. Tanto que, o presidente Geisel o condecorou c uma medalha logo apos a Petrobras se instalar em Macaé. Foi p esse motivo q hj existe a Petrobras aí.
Estou te passando esse fatos resumidamente, mas os filhos dele tem maiores detalhes, com documentos inclusive(cartas trocadas, etc)
Não acho justo ser dado a Emir esse merito. Não gostava dele como politico. Tive bem perto da ultima gestão dele e tenho muita historia degradante p contar. Fatos q presenciei. Respeito a dor da familia, dos amigos. Somos todos parceiros nesta caminhada terrena, sendo assim, ao irmão que parte, meu desejo de entendimento e progresso no mundo espiritual e p familia que fica, meu pesar.
Um grande abraço, meu adoravel conterraneo!!!
Neilah

JOVEM MACAENSE ESCREVE E FALA DAS SAUDADES DE CARLOS EMIR VIA FACE BOOK

. Iolanda:
oi meu amigo muito nobre de tua parte, eu tb tenho o maior apreço pels família mussi, em especial, pai e filho. o junior é meu medico, e tenho o maior carinho p ele. se Deus quiser vc vai conseguir. Deus te abençoe!
Iolanda
História dos anos 60. Eduardo Serrano o "Prefeito caçado"". A chegada de Antonio Oto de Souza ao poder. Suas personagens, entrevista, tudo num lindo trabalho da macaense Evelyn Valente que O REBATE divulga..

Eduardo Serrano, um prefeito “caçado”:

A produção do consenso pela imprensa macaense

Evelyn Soares Valente

Universidade Federal de Juiz de Fora
Faculdade de Comunicação
Bolsista do PET (Programa Especial de Treinamento)
5º período
Orientação: Prof. Ms. Cláudia Lahni

Introdução

A atuação da mídia pode fazer ou desfazer uma imagem, criar um mito e desmistificá-lo com uma rapidez por vezes impressionante. Desde a sua origem, na França do século XVII, os primeiros jornais ou informativos tinham como objetivo atuar politicamente, influenciando a população a apoiar a revolução burguesa. Os panfletos distribuídos, muito além de informar, formavam apoiadores e tentavam desmoralizar a aristocracia que detinha o poder político.

Não se quer aqui, achar a mídia ingênua, mas é preciso ter em vista que qualquer letra impressa ou falada, por mais tendenciosa que seja, deve se manter nos limites da ética e idealmente buscando a objetividade. Principalmente quando o assunto a ser tratado é de grande polêmica, como a política ou a homossexualidade, o cuidado na escolha das palavras é fundamental para que difamações ou vulgarizações não aconteçam.

Em Macaé (RJ) de fins da década de cinqüenta, os pré-supostos básicos da informação jornalística e da ética foram ignorados. Um prefeito polêmico e discriminado por sua orientação sexual foi alvo de uma cobertura questionável pela imprensa da época. A homossexualidade de um homem foi abordada por trás de muitos adjetivos pejorativos, e sua sexualidade foi decisiva no processo de cassação que o retirou do poder.

Nesse trabalho procura-se analisar o conteúdo da cobertura do mandato do então prefeito de Macaé, Eduardo Serrano, eleito em 1959 e deposto em 1960. Até que ponto a mídia da época contribuiu para a desmoralização, para o processo de cassação e posterior renúncia de Serrano ao mandato.

Macaé do século XX

Macaé entrou no século XX com sua economia basicamente rural. Dentre as principais forças produtivas estavam a cana de açúcar, as plantações cafeeiras, a atividade pecuarista e a extração do pescado. Não mais eram os escravos a trabalhar, mas os latifúndios e monoculturas continuavam como no século XIX e propiciavam que o grande proprietário de terras desempenhasse vários papéis como “agricultor, homem de negócios, defensor da segurança local e freqüentemente político”1. No início do século XX, Macaé vê sua atividade comercial em decadência que fica estagnada até meados do século XX, resultado também de crises sucessivas após a 1ª Guerra Mundial.

A partir da década de 40, Macaé retoma o seu desenvolvimento com a construção de canais de dragagem, da usina hidrelétrica de Macabú e com a inauguração em 1943 da Via Amaral Peixoto ( hoje, RJ 106 ) ligando Campos a Niterói e passando por Macaé. A construção dessa rodovia é fundamental para que o comércio local fosse revitalizado. Já a área cultural foi fértil no século XX. Teatros, Associações, Clubes Literários eram responsáveis por manter acesas as discussões políticas e literárias de Macaé. Em meados do século XX, Macaé ficou conhecida por gerar artistas famosos como Benedito Lacerda, Emilinha Borba, Angela Maria, Lucas Vieira, dentre ­outros.
A década de 50

Macaé entra na década de cinqüenta com grande expectativa de desenvolvimento, já que, em 1955, teria fim a maldição lançada por um macaense contra a cidade. Mota Coqueiro, último condenado à pena de morte no Brasil, quando da hora da sua execução, lança sobre Macaé uma praga de 100 anos de atraso. Na superstição popular, a década que se iniciava traria para o município o progresso tão esperado.

Nesse peródo a população da cidade era estimada em torno de 50 mil habitantes, mas ainda havia poucas indústrias. A grande empregadora de Macaé era a Estrada de Ferro Leopoldina. A economia macaense ainda era, como no início do século, baseada na atividade primária: agroindústria açucareira, pecuária e pesca. Macaé era uma cidade pobre em arrecadação, sobrevivendo de impostos e de repasses do Estado.

Um fato curioso dessa década é que em 1958 é feita a primeira perfuração a procura de petróleo na região. Feita na parte terrestre, tinha o objetivo de conhecer as camadas geológicas de Macaé. Na década de 70, Macaé iria se transformar em um importante produtor de petróleo, como de fato é até hoje.

Na área cultural a grande febre era o cinema:

“Para o lazer do macaense, contava-se com dois cinemas - Cine Santa Isabel e o Cine Taboada – com suas sessões noturnas e as matinês aos domingos; acompanhados nos fins de semana pelo tradicional “footing” na Avenida Rui Barbosa, que era interditada para o vai e vem das moças casadoiras. As domingueiras nos clubes, o banho de mar na praia de Imbetiba e as festas religiosas, compunham o lazer macaense”2.

Política

A vida política de Macaé na década de cinqüenta podia ser condensada na existência de quatro partidos políticos que se sucediam no poder e tinham os seus redutos eleitorais muito bem definidos: UDN ( União Democrática Nacional) que representava os interesses dos grandes proprietários de terras e a ala empresarial de Macaé, o PSD ( Partido Social Democrático) que tinha excelente organização partidária e representava a elite dominante do município, o PCB ( Partido Comunista Brasileiro) que buscava o apoio dos trabalhadores macaenses, e o PSP ( Partido Social Progressista que tinha grande penetração e buscava o apoio do Sindicato dos Ferroviários que já era reduto do PSB ( Partido Socialista Brasileiro).

A história do jornalismo em Macaé

O jornalismo em Macaé nasceu quando o jornalismo brasileiro, também em seus primórdios, tinha características muito peculiares. Era uma imprensa muito menos comprometida com a informação do que em noticiar polêmicas e ataques pessoais. Tinha também uma forte e clara tendência ideológica apresentando-se como uma imprensa político-partidária que se configurava como um instrumento na defesa dos interesses das diferentes alas.

Nesse contexto, em 1º de julho de 1862, uma terça-feira, é lançado o primeiro jornal de Macaé, “Monitor Macaense”. Saía às terças e sextas feiras. Esse jornal sobreviveu até 1870 quando foi desativado, provavelmente por problemas financeiros.

Em 1867 é lançado “O Thelegrapho” que saía às quartas e sábados e seguia tendências liberais. Tinha como proprietário Bento Pinto Leite. Joaquim Gonçalves de Abreu fundou o terceiro jornal de Macaé, o Tribuno do Povo, em 1º de dezembro de 1868. Esse jornal saía às quintas feiras e aos domingos produzindo uma circunstância curiosa. Os três primeiros jornais da cidade eram bissemanais e saiam em dias diferentes, tendo a população notícias locais todos os dias da semana, excetuando-se as segundas feiras.

Esses três primeiros jornais davam amplo espaço para as manifestações da população que abusava de trovas e curtas poesias para rivalizar com outros moradores. Nessas provocações nomes não eram assinados , e os pseudônimos criados foram muitos como Quebra-Vidraça, Dr. Pilhéria, Tinhoso e outros. Até ameaças de morte foram veiculadas pelos jornais:

“Pois eu avisar-lhe quero...
A você e a outros mais
Deixar-se de asneiras tais
De cuidar da vida alheia!
Que pode um dia marchar
Com passo lento e profundo
Daqui para outro mundo
Comendo gurumbumba à ceia”

Além dos conteúdos, os jornais da época tinham formatos muito parecidos:

“Obedeciam todos os nossos periódicos modelo da imprensa brasileira da época, por seu turno copiado de seus similares ingleses. Formato 30x 45 cm, quatro páginas sem manchetes, divididas em quatro colunas. Com ligeiríssima variação de um para o ouro, tais jornais ocupavam a primeira página com editoriais e ralas colunas de informações sob o título Noticiário ou Gazeta. O rodapé dessa página de rosto era campo de pouso, bem como o mesmo espaço do verso, ou seja, da página dois, de romances em folhetim. Coisas como O segredo do Abade de Arnaldo Viana gama ou Vinte Horas de Liteira de Camilo Castelo Branco, para dar dois exemplos..”3

Outros jornais foram publicados nessa época com o mesmo objetivo “literário e noticioso”. São eles: “O Ramalhete”, em 1871, “O Goytacaz”, em 1875 e, em 1877, “Aurora Macaense”. Em 1896 é lançado “O Século”, jornal abolicionista que enfrentou forte oposição dos fazendeiros. Sua primeira tiragem foi de 765 exemplares. O jornal foi desativado com a morte do seu proprietário Souza Mello, em 1918.

Como os jornais continuavam a dar espaço às pilhérias da população que as faziam sem assinatura, foi feita uma reunião no dia 11 de junho de 1887 entre alguns jornalistas e pessoas ilustres da época em que ficaram acordadas algumas propostas: banimento de artigos sobre a vida privada ou questionamento do caráter ou honra de qualquer pessoa, somente publicação de artigos devidamente responsabilizados na forma da lei e, por último, multa para o proprietário do jornal que infringisse o acordo.

Em 1895 é lançado em Macaé “O Lynce” por José Hugo Kopp, que de início era impresso nas oficinas do “Jornal do Brasil”.

“A primeira década desse nosso século testemunhou, em seu último ano, o aparecimento de outro importante jornal de nosso passado, “O Regenerador”. Mas essa década foi pródiga em nascimentos e óbitos de pequenos jornais, geralmente intitulados “literários e noticiosos” por seus fundadores. Jornais normalmente surgidos de jovens, aspirantes às glórias das letras ou amantes de mexericos, até certo ponto, inocentes. Apareciam tais periódicos, com muito entusiasmo, com muita ênfase, circulavam no máximo uma dezena de vezes, e logo finavam desanimadamente. Desse tipo de imprensa, nitidamente interiorana, temos notícia – no período a que nos referimos – dos seguintes títulos: “A mocidade”( 1902), de Humberto Mello e João Nelson, “O Porvir”( também em 1902), de H. Kopp e J. Lacerda e cujo primeiro número foi impresso em papel verde; “O Álbum”( 1905), de Carivaldo Pinto; “O Baluarte”( também em 1905), de Oscar Massena; “O Macaense”( ainda em 1905), de Anibal Mello e Mário Costa; “O Éden”( 1906), órgão do Club Edem Macahense, redigido por Herculano Kopp; “A Lavara”( 1906) de Gil Antunes de Carvalho, e “A semana (1909), de José e Pedro Melo”.4

Em 1927 é fundado em Macaé, por Cleveland de Souza Lima, o jornal “O Momento” que chegou a circular durante cinco anos. Se intitulava “semanário independente, noticioso e esportivo”, mas em 1930 teve o título de “Órgão Oficial do Partido Democrático do Estado do Rio de Janeiro”. Em 1929 é fundado o “Macahé esportivo” que tinha como frontispício “Semanário esportivo e noticioso”. Em 1932 é fundado “O Rebate” por Antônio Duarte Gomes. Esse jornal circulou por 31 anos ininterruptos e teve grande abrangência no município sendo defensor de tradições macaenses. Em 1938 aparece na cidade a “Gazeta de Macaé”, fundada por Latiff Mussi Rocha. Além de jornais, Macaé ganhou uma Rádio em 1950, a XYP-21. Pertenceu até 1958 a José Freire Dantas Filho sendo vendida nessa época a Iltamir Abreu, que trocou o nome da rádio para Princesa do Atlântico; sua torre estava localizada no Bairro Visconde de Araújo e operava com 250 w de potência irradiante na antena e ondas de 365m. Em 1958 a rádio ficava no ar das 6 horas da manhã até meia-noite, diariamente. A rádio transmitia as sessões da Câmara e das Associações de Classe da cidade. Na década de cinqüenta, os jornais locais e estaduais e a rádio local foram importantes veículos na cobertura da vida política da região, inclusive do mandato do prefeito Eduardo Serrano.

Embora em Macaé tenha havido uma profusão de pequenos jornais que não conseguiram se estabelecer e não tinham grande abrangência, esses veículos muito além de noticiarem, tomavam posição nos assuntos que noticiavam e com isso influenciavam seus principais receptores, que eram pessoas da alta sociedade da época. Eram essas pessoas que tinham acesso aos veículos de comunicação, principalmente os jornais, que formavam a opinião pública e influenciavam a população em geral.

Eduardo Serrano

Eduardo Serrano nasceu em 17 de janeiro de 1910 na cidade de Vilha Velha, Espírito Santo. Trabalhava em Niterói como auditor fiscal do Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Rio de Janeiro, quando na década de quarenta veio a Macaé para se recuperar de uma enfermidade. Com o fim da licença médica, foi aposentado e fixou residência na cidade. Segundo relatos e livros da época, Eduardo Serrano era solteiro, tinha pele clara, aparentando uns 50 anos de idade; tinha estatura média, era muito falante e simpático, bom orador com grande poder persuasivo.

Mesmo estando em Macaé não perdeu os contatos políticos com a capital e iniciou na cidade um trabalho assistencial àqueles mais carentes. Como conhecia muito bem as leis e os trâmites legais começou a atuar como rábula junto ao Ministério Público, sem cobrar dos clientes. Geralmente eram causas trabalhistas quando Serrano defendia o empregado.

“Reclamações trabalhistas, certidões de nascimento, carteiras de identidade e outros documentos eram entregues graciosamente aos requerentes. A maior parte do que recebia, gastava com serviços que prestava. As causas que defendia, nem sempre as fazia a luz da razão, porque acreditava no que lhe contavam, sem ouvir as partes opostas”5

Em 1947, Serrano fundou em Macaé o Escritório de Assistência Social Eduardo Serrano, em que a população era atendida; esse serviço foi considerado de utilidade pública municipal. Com esses atendimentos, Serrano adquiriu muita popularidade e ficou conhecido como “pai dos pobres”. Já os políticos da cidade viam com desconfiança a figura de Serrano, mas até essa hora não tomaram nenhuma atitude de retaliação. O poder constituído ainda não se encontrava ameaçado. Pelo contrário, em anos eleitorais os políticos se aproximavam de Serrano que se configurava como importante cabo eleitoral conseguindo arrebanhar grande quantidade de votos para o candidato que apoiasse. A partir do momento em que Serrano solidificou sua atuação junto a comunidade periférica e demonstrou as primeiras pretensões políticas que tinha, os caciques políticos da época se espantaram e perceberam o perigo que o “pai dos pobres” se configurava.

Em 1958, Eduardo Serrano demonstra pretensões de lançar-se candidato a prefeito, mas não é aceito por nenhum partido local, tendo que fundar um partido em Macaé, o PR (Partido Republicano) e convida Antônio Otto de Souza para ser seu vice. Nessa hora a homossexualidade de Eduardo Serrano começa a ser ventilada como um impedimento ao cargo do Executivo. Mesmo nos livros escritos posteriormente àquela década, o preconceito é claramente identificável:

“Já conhecido na cidade como pederasta passivo, os seus casos amorosos foram difundidos de boca-em-boca, por pessoas que temiam um dia ter como chefe do poder executivo uma pessoa de tão baixo moral. A sociedade macaense não aceitava”6

Uma observação a ser feita é que a sociedade ilustre, do centro da cidade, detentora do poder, não aceitava, mas a população periférica não via a homossexualidade de Serrano como impedimento a nada, pelo contrário, Eduardo Serrano se configurava como uma esperança de aquelas comunidades se fazerem representar.

Realizou-se o pleito e como diz Iltamir Honório Abreu, vereador eleito pelo PSP “aconteceu o inesperado: “o Eduardo Serrano ganhou as eleições”7 e para governador foi eleito Roberto Silveira ( PTB). A câmara de vereadores ficou com os seguintes quadros: Francisco de Assis Almeida Pereira, Jovelino Antônio Proença e Gê Sardemberg da UDN, Alcides Ramos, Lacerda Agostinho, José Machado Barcelos, Joaquim Lobo dos Santos e Iltamir Abreu do PSP, Joaquim Amaral Filho, Carolino Curvelo Benjamim, Antonino Manoel Cure e Bento Fidélis Rosendo do PTB, Roberto Mourão e Walter Quaresma pelo PSB, Manoel de Araújo Jatobá pelo PDC e apenas dois vereadores eleitos pelo partido de Eduardo Serrano, o PR, Alcides Vieira e Luis Pinheiro. Eduardo Serrano tomou posse em 1º de março de 1959 com forte oposição da Câmara.

Segundo entrevista com José Milbs8, presidente do Grêmio da Escola Estadual Luiz Reid em 1960, o governador, embora apoiado por Serrano na campanha, tinha interesses em prejudicar o seu mandato porque Gersom Miranda que tinha sido candidato a prefeito era neto de Tarcísio Miranda, um político de Campos dos Goytacazes, que era o padrinho político do governador. Então havia um interesse claro que Gerson Miranda, o Mirandinha estivesse no poder e não Eduardo Serrano.

Nessa época Macaé se sustentava, principalmente, por arrecadação de impostos , que eram poucos e por repasse de cotas do governo do estado, que era o que realmente garantia a cidade. Mas essas cotas, segundo o prefeito, não estavam sendo repassadas o que gerou um caos no funcionalismo público e motivou ainda mais a contrariedade com a homossexualidade do prefeito. Armando Borges em seu livro Histórias e Lendas de Macaé conta :

“Seis meses após sua posse, começaram a surgir os desmandos administrativos, logo denunciados à Câmara Municipal, com o agravante de denúncias de pederastia do Prefeito: fato aliás, que era do conhecimento público, porém sem provas concretas. Naquela época, a sociedade macaense não aceitava em hipótese alguma aquela anomalia.”9

Já em 1º de junho, apenas três meses após a posse do prefeito, a Câmara Municipal cria uma Comissão Especial para “apurar diversas irregularidades denunciadas ao plenário” conforme está no relatório entregue, em 09 de janeiro de 1960, à Câmara pelos vereadores. A partir daí, a perseguição a Serrano aumenta e a situação política em Macaé vai se agravando. O funcionalismo público, que por não receber seu salário entrara em greve, recebia o apoio da Câmara Municipal e das entidades de classe de Macaé. Por sua vez, Serrano justificava o atraso no pagamento com o não repasse das cotas pelo governador.

Desde a sua posse, Serrano já era alvo de críticas por ter demitido funcionários e já era atacado ferozmente pela imprensa local:

“O homem dos humildes se levantou da sua incapacidade, do seu estado mórbido, e de dentes trincados, procura, a todo custo, fazer mal aos pequenos, aos que vivem na humildade, enquanto por outro lado, disfarçadamente, bajula os grandes e os poderosos num indisfarçável temor à sua incompetência”10

Enquanto as investigações da Comissão continuavam, uma forte campanha que articulava opinião pública, jornal e a rádio (como falou em entrevista o proprietário da rádio local da época e também vereador Iltamir Abreu), visava a desmoralização de Eduardo Serrano. Para tanto também eram usados alto falantes pela cidade em que as sessões da Câmara, que eram repletas de acusações contra o prefeito e onde ele não estava para se defender, eram transmitidas para a população. A própria Comissão de Inquérito solicitou que números do jornal local “O Rebate” fossem incorporados aos autos do inquérito. No mês de dezembro de 1959 a situação em Macaé se torna ainda mais tensa porque a Comissão de Inquérito convoca 12 pessoas para depor. Nesses depoimentos são relatadas as tentativas do prefeito de manter relações sexuais com guardas municipais que eram destacados para vigiarem sua casa e os atos sexuais com alguns desses mesmos guardas. Em 09 de janeiro é entregue a Câmara Municipal o Relatório Final da Comissão de Inquérito, que entre outras coisas relata:

“O procedimento do prefeito tem sido sobremodo irregular, revelando uma personalidade instável, arredia, flutuante, incapaz de administrar tardiamente o município... A sua atitude moral é de estarrecer. Os depoimentos colhidos – comprovam, a sociedade, o seu vergonhoso procedimento, ofensivo ao decoro, à honra e a dignidade do cargo que ocupa... Concluindo, a Comissão é de parecer que a Egrégia Câmara mando ingressar em juízo com representação criminal, através de advogado, afim de apurar a responsabilidade penal do Sr. Prefeito Eduardo Serrano...”

À medida que o processo ia correndo, os veículos de comunicação se tornam mais agressivos e os jornais publicam matérias ofensivas e, na rádio, o espaço para se falar contra Eduardo Serrano era amplo. O “Rebate” do dia 17 de janeiro traz uma matéria sobre o relatório:

“... o recinto do Legislativo super lotado para prestigiar a histórica reunião e tomar conhecimento do mais fedorento processo conhecido até hoje, a começar da parte político administrativa ao moral de seu dirigente... Para concluir com a parte moral, repleta de depoimentos estarrecedores e de monstruosidades e imundícies, que as Comissão de Inquérito, em sinal de respeito, andou bem em não unir em libreto para distribuição à Justiça, as autoridades e ao público como a coisa mais infecta que se tem conhecimento nesse mundo de Jesus Cristo”11

Nesse ínterim, o processo contra Serrano estava na Justiça esperando julgamento, o que poderia demorar muito para levar resultados concretos. A Câmara recorre então a um novo recurso para ter o prefeito afastado do cargo imediatamente. Aproveitando a ida de Serrano a Niterói, para conseguir recursos junto à Secretaria de Finanças, a Câmara, no dia 19 de janeiro de 1960, pede a três médicos conceituados na cidade um parecer médico sobre a pessoa do prefeito Eduardo Serrano. Horas depois o parecer médico é entregue já reconhecido no Cartório do 2º Ofício do Sr Elias Agostinho. O documento resulta na afirmativa de que devido a sua homossexuaidade o prefeito não reunia as mínimas condições psico-físicas para exercer o cargo de prefeito normal e harmonicamente.

De posse do laudo, a Câmara Municipal de Macaé cassa, ainda no dia 19, os poderes do Prefeito, assumindo o seu vice Antônio Otto de Souza.

A partir daí uma batalha judicial se instala. Serrano impetra um mandato de segurança contra a Resolução da Câmara Municipal alegando que todo o processo havia ido conduzido a sua revelia. Em 1º de setembro de 1960, Eduardo Serrano ganha a causa e encaminha-se à noite para a prefeitura que se encontrava com as suas luzes cortadas, tendo que lá permanecer à luz de velas. Serrano voltava ao poder, mas as pressões e investidas contra o seu mandato continuavam muito fortes. Em 4 de setembro já existe na Câmara Municipal um ofício assinado por várias entidades de classe solicitando que a Câmara apure irregularidades na administração de Eduardo Serrano.

Diante da pressão da sociedade, Serrano acena com a possibilidade de renúncia se o seu vice também renunciasse. Assim em 15 de setembro de 1960 o prefeito envia a Câmara um documento comunicando a sua renúncia e a do vice prefeito, valendo a partir do dia 21 do mesmo mês. Assume a prefeitura o vereador Alcides Ramos. A partir daí o estado liberou as cotas que estavam atrasadas e a calma voltou a cidade. A Câmara ainda investigou as contas da administração de Eduardo Serrano, mas segundo Orlando Tavares Dias, chefe da contabilidade à época, nenhuma irregularidade foi encontrada.

Conclusão

No livro A Síndrome da Antena Parabólica, de Bernardo Kucinski, o autor se apropria de um termo usado por Noam Chomsky (1989) para analisar a mídia norte americana e o aplica a realidade brasileira. A “construção do consenso” verificada pelo lingüista nos Estados Unidos pode ser aplicada com algumas adaptações à realidade brasileira, como pretende Kucinski, e também a cobertura que a mídia deu ao prefeito Eduardo Serrano. Kucinski identifica a construção do consenso no Brasil na medida em que uma visão reduzida dos fatos é adotada pela mídia. A angulação escolhida pelos diferentes veículos se torna a mesma e é sempre a mais conveniente aos detentores do poder.

“ No Brasil a produção do consenso parece ser antes um processo político que se realiza primeiro na esfera do poder, e só depois busca a esfera pública como processo mediático. Dessa instância superior o consenso é imposto à mídia e parece determinar o próprio padrão da cobertura jornalística”12

Esse consenso se faz ainda mais presente no momento em que o poder e o privilégio da oligarquias entram no jogo, como no caso aqui estudado. Um forasteiro, homossexual consegue tirar o poder político de famílias que comandavam a cidade. Sob essa perspectiva, a imprensa da época e mais detidamente os veículos estudados, a “Rádio Macaé” e o Jornal “O Rebate”, se valeram da criação do consenso para ajudar a formar a opinião pública contra Eduardo Serrano.

É preciso lembrar que esse fato ocorre em 1960, em uma cidade de interior onde os veículos de imprensa não tinham a penetração e consequentemente o poder que têm hoje, mas já nessa época a imprensa ajudava a formar os pontos de vista do seleto grupo de estudiosos da cidade que por sua vez influenciavam aqueles a sua volta e assim sucessivamente.

A Rádio Macaé como o próprio dono, Iltamir Abreu, disse, em entrevista concedida para esse trabalho, fazia uma campanha contra Eduardo Serrano:

“ A rádio instigava contra o prefeito. A minha posição era dentro dos meus interesses políticos e o interesse político daquela hora era fazer campanha, proselitismo contra o prefeito, que era facílimo fazer, qualquer um chegava no microfone e dizia que o prefeito era veado..... Havia um morador, Lecino Melo, ele era terrível, na hora em que o Lecino Melo subia num caixote para falar contra Serrano e o povo só queria ouvir contra mesmo, que a consciência já estava formada, aí a rádio botava, eu levava Lecino Melo para falar na rádio.”

Quando perguntado se Eduardo Serrano foi convidado alguma vez para falar na rádio, ele responde:

Em solenidades da Câmara em que ele por ser prefeito era obrigado a ser chamado, foi entrevistado algumas vezes. Espaço para ele eu não dava”. 13

A rádio como se constata com as falas do proprietário assumiu uma posição contra Eduardo Serrano. Não deixa possibilidade para que os fatos que se sucediam naquele momento fossem vistos de uma forma diferente.

A cobertura do Jornal “ O Rebate” não se diferenciou muito da rádio. O consenso foi obtido através da similaridade dos textos, que, em sua maioria, tinham uma postura contrária ao prefeito. Em nenhum momento, em três anos consecutivos analisados, uma visão plural foi apresentada. O discurso único e contrário já estava presente desde 1958, ano da eleição, produzindo o consenso. Para reforçar ainda mais a campanha contra Eduardo Serrano, algumas palavras como moral, tradição, dignidade, decência foram usadas em repetidos artigos, sempre denegrindo a imagem do prefeito e realçando importância e o respeito que Macaé merecia. Com essas formas, por vezes mais sutis, por vezes mais grosseiras, esses dois veículos de comunicação local, atuaram na construção do consenso e criaram uma atmosfera sem a qual a imagem do prefeito não seria desgastada de modo tão rápido e eficaz quanto o ocorrido.

Na verdade, Serrano já havia sido julgado e condenado por esse júri formado pelos poderosos da cidade e pela imprensa local. Seu crime teve duas faces: ocupar o lugar historicamente reservado para as elites e abalar as tradições macaenses com sua homossexualidade. Como punição, Eduardo Serrano foi “caçado” pela sociedade macaense

Referências

BORGES, Armando. Associação Comercial e o progresso de Macaé. Ed. Lar Cristão. Campos, RJ, 1988

BORGES, Armando. Histórias e Lendas de Macaé. Mimeo, 1996

JÚNIOR, Dácio Tavarez Lôbo Júnior. Síntese Geo-Histórica. 100 Artes Publicações, Rio de Janeiro RJ, 1990

LAPA, Sônia. A trajetória política de Eduardo Serrano, monografia. Mimeo. Macaé, RJ.

PARADA, Antônio Alvarez. Abecê de Macaé- Guia Informativo e turístico. Gráfica Falcão LTDA. Niterói RJ, 1963

PARADA, Antônio Alvarez. Histórias Curtas e Antigas de Macaé. Obra Póstuma, 1º volume. Artes Gráficas, Rio de Janeiro RJ, 1995

PARADA, Antônio Alvarez. Histórias Curtas e Antigas de Macaé. Obra Póstuma, 2º volume. Artes Gráficas, Rio de Janeiro RJ, 1995

Notas

1 JÚNIOR, Dácio Tavarez Lobo. Síntese Geo-Histórica de Macaé. 100 Artes Publicações. Rio de Janeiro, RJ, 1990.

2 LAPA, Sônia. A trajetória política de Eduardo Serrano, monografia. Mimeo. Macaé, RJ.

3 FERREIRA, José Augusto

Historia de Macaé. Secretaria de Comunicação de Macaé. Macaé RJ. 1993

4 PARADA, Antônio Alvarez. Histórias Curtas e Antigas de Macaé. Obras Póstumas, Volume 1.Artes Gráficas. Macaé RJ, 1995

5 BORGES, Armando. Histórias e Lendas de Macaé. Mimeo. 1996

6 BORGES, Armando. Histórias e Lendas de Macaé. Mimeo. 1996

7 Em entrevista cedida por Iltamir Abreu, proprietário da Rádio Macaé para este trabalho em 01/11/2001

7 Entrevista concedida por josé Milbs para esse trabalho

8 BORGES, Armando. Histórias e Lendas de Macaé. Mimeo. 1996

9 jornal O Rebate 26 de abril de 1959

10 Jornal O Rebate de 17 de janeiro de 1960

11 KUCINSKI, Bernardo. A Síndrome da Antena Parabólica. Editora Fundação Perseu Abramo, São Paulo, SP.1998

12 Em entrevista cedida por Iltamir Abreu, proprietário da Rádio Macaé para este trabalho em 01/11/2001.

25.3.11




"Flores ao vento, na cortina da janela, cores primavera Primavera,Primavera é quando, num pedacinho da Terra, as flores se abrem,o sol fica mais forte e a vida fica mais alegre,Quando, num canto da Terra, se faz primavera, nos outros cantos se faz verão, inverno e outono,Das quatro estações, a primavera é a mais bonita, porque colore a terra, perfuma o ar,e contagia os corações sensíveis com sua alegria,A primavera é uma boa época para renovar o espírito, assim como as flores se renovam. E de colher os frutos e semear a terra,Semear a terra sempre, pois isso significa mantê-la sempre fértil,E de terra fértil, sempre brota a vida...Bom seria se a primavera acontecesse o tempo todo, em todos os corações humanos... florescendo, enfim, na forma de atos, palavras e pensamentos, sempre positivos...se cada ser vivente, fosse como uma flor, bela, pura e cheirosa, toda a Terra viveria Feli

12.3.11

NAO FALEM NESTA MULHER PERTO DE MIM




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Quando Herivelto Martins vinha em Macaé, nos anos 40/50, numa casa que Dalva de Oliveira morou uns tempos,numa Travessa da Rua do Meio, eles cantarolavam e as crianças ouviam no velho LUAR DE IMBETIBA, http://www.jornalorebate.com/luar_de_imbetiba/
Eu tinha uns 11. anos

Não falem pra não lembrar minha dor...
Já fui moço, já gozei a mocidade,
Se me lembro dela, me dá saudades...
Por ela, vivo aos trancos e barrancos.
Respeite, aos menos, meus CABELOS BRANCOS...
Ninguém viveu a vida que eu vivi...
Nem sofreu na vida o que sofri...
As lágrimas sentidas, no meu sorriso franco,
refletem-se, hoje em dia, nos meus CABELOS BRANCOS.
Agora, em homenagem ao meu fim...
NAO FALEM DESTA MULHER PERTO DE MIM...