Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

30.9.09

Texto do Livro LUAR DE IMBETIBA que publico hoje




DOS SERTÕES DE CAPELINHA DO AMPARO, EM CARAPEBUS, VINDO DO INTERIOR DE RODAGEM ATÉ A RUA DO MEIO DE MACAÉ AS FRASES ALEGRES E CRIATIVAS PIPOCAVAM E TRAZIAM AFETO: "Vamu criançada, vamu. Carrega os tijolos e as pedras. Na casa de João Gomes quem não trabalha não come"...




OS CARTÓRIOS, OS MÉDICOS, DENTISTAS E AS LONGAS CONVERSAS DE FIM DE TARDE NA CIDADE PURA


1

O Cartório do 3" Oficio de Notas e as demais repartições eram compostas por pessoas da comunidade. Havia uma constante preocupação por valores nativos. Deferentes dos dias de hoje onde, posudos tabeliães ,com pinta de coronéis de "bast fond" do saudoso "Mangue", se escondem por detrás do "que sabe com quem ta falando", numa alusão a nomeação feita por tios e padrinhos desembargadores ligados a velha e nefasta corrupção funcional. Alguns, destes, após " expedientes", saem, ainda engravatados e se assumem como bebados e presa fácil para as trabalhadoras do sexo nas noites de Imbetiba e Cavaleiros. A diferença desdes senhores para os senhores de antanho está na moral, na dignidade, no respeito ao cargo e nas raizes nativas que ocasionaram a nomeação. Quem não tem compromisso com a história da cidade, dá no que dá (sem segundas intencões)...

Em Macaé era comum ver na"Bicuda Grande" o velho seu Aguiar ser o tabelião e o juiz de Paz. Em Carapebus era o Bueno Agostinho e assim por diante.

Em Macaé não era diferente. O Cartório onde me referi no início do capitulo tinha a figura belíssima de Amélia Pinto Brasil. esta mulher, sempre a frente de seu tempo, tinha a elegância aflorada em seu andar e maneira de vestir se. Sem falar na meiguice da voz e na pureza de seu olhar. Sempre ligada aos laços de família ela fazia de Botânica do Brasil, sua irmã mais velha, a referencia do bom e do divino. As suas sobrinhas, tendo como pilar nossa contemporânea Josita, era sempre lembrada nas suas falas mansa e compassada.

Trabalhei com esta senhora neste Cartório onde o seu vulto marcava minhas manhãs de menino ainda emergente na vida de nossa comunidade. Fazia sempre questão de dizer se companheira de Magda Garcia, "Lalá e Lilinha", Conceição Ramos, Edth e Alice Pinto, Ecila Lacerda e outras de sua infância macaense. No início deste século soube que, aos 90 anos está terminando seus dias longe de Macaé onde se fez amiga e respeitada. As vezes ela ficava horas conversando com Michel e João Mendonça na porta do Cartório ou com seu "Bebé" e Rubens Marques.

Sempre que Amélia chegava ao recinto o perfume tomava conta de todo ambiente.


Amélia Brasil deixou sua elegante presença cravada na história social e no judiciário de Macaé. Assim como Alvinho, Faustino, "Doca" Barreto, Oto, Domingos, Osmar Aryan, Ruth ,Elias, Maria e outros que ainda vou lembrando no correr dos filetes de minhas memórias. Mereciam uma homenagem da cidade em algum lugar público. São pessoas que escreveram a história de Macaé de uma forma onde suas energias e saber foram sendo escritas com o próprio punho em gigantescos livros de registros e em inesquecíveis páginas das escrituras eternas.

Pode alguém esquecer o SAIBAM quantos esta virem? faz parte de uma cultura milenar e cartorial que o progresso tenta apagar com seus computadores frios e igualitários no feio em formatação fria e sem calor humano. Poucos sabem do "digo" e porque existia. "Correto" e deletação nao existiam. Quando se errava alguma palavra, para que nao inutilizasse a grande página que se escrevia, tinha que se usar o Digo. Quantos digos tinham as escrituras? Dependiam da distração de quem ministrava a maestria da letra linda e de belas existências.

Onde digo digo nao digo digo digo, digo Diogo... Este digo eu vi ser dito numa escritura de Compromisso de Compra e venda de algumas terras no então distrito de Carapebus.
MEUS AVÓS CANTORELAVAM. TRAZIAM AS LINDA CANÇÕES, CHEIAS DE ENCANTO E HARMONIA E AINDA POSSO SENTIR, NAS VELHAS PAREDES DA MENTE:
Deixa a cidade formosa morena
Linda pequena e volte ao sertão
Beber á água da fonte que canta
E se levanta no meio do chão
Se tu nasceste cabocla cheirosa
Cheirando a rosa no peito da terra
Volta pra vida serena da roça
Da velha palhoça do alto da serra

E a fonte a cantar chuá, chuá
E a água a correr chuê, chuê
Parece que alguém tão cheio de mágoa
Deixasse quem há de dizer a saudade
No meio das águas rolando também.

A lua branda de luz prateada
Faz a jornada no alto do céus
Como se fosse uma sombra altaneira
Da cachoeira fazendo escarcéu
Quando essa luz lá na altura distante
Loira ofegante no poente a cair
Da-me essa trova que o pinho desserra
Que eu volto pra serra que eu quero partir.

E a fonte a cantar chuá, chuá
E água a correr chuê, chuê
Parece que alguém tão cheio de mágoa
deixasse quem há de dizer a saudade
No meio das águas rolando também.

2

A cidadezinha onde eu era criança tinha poucos Médicos, alguns Dentistas e raros Advogados.

Advocacia quem fazia era Juventino Lemos, Juventino Pacheco, Camilo Nogueira da Gama, Abilio de Souza, Hamilton Paes, Edwin Waytt e o mestre dos mestres o doutor Benedito Peixoto que também era uma espécie de substituto eterno do Juiz Titular.
Os poucos "Guarda-Livros,que hoje tem o pomposo nove de Técnicos em Contabilidade, eram Fabio Franco, Seu Gugú da Usina de Quissamã, Ary Charret de Carvalho, pai de Hugo, Renato e Ruy Carvalho. Mais tarde vieram Honório José da Silva, Gerônimo Peixoto de Valle,Sylvio Roberto dos Reis Peixoto, Adenail Feliz Dantas, Roberto Mourão, Nice Moura, Luiana Pimentel, Alvaro Paixão Jr. Elcio Mussi,Allan Miranda, Waldyr Celém e outros que foram distibuindo seus conhecimentos e forjaram outros bons valores na fornalha da vida da região de petróleo. Grandes segredos comerciis eram mesmo guardados nas tenras memórias destes guarda-livros...

Engenheiros? só os que vinham dirigir a ferrovia que moravam num morro bem acima das oficinas de Imbetiba, que a gente apelidava de 'Morro do Engenheiro'.

Engenheiros Macânicos, forjados nas aulas práticas das ruas empoeiradas da cidade, tinham o sabor do conhecimento pleno. Alguns deles: Benedito Ferreira, pai de Juarilson, Os irmãos Martins Vianna, Dugnay Valença, Pedro Pizão, Moacyr Amaral, de quem comprei este local onde edito O REBATE, Bento um simpático borracheiro que trabalhou comigo no Autogeral onde se fazia as histórias dos grandes mestres dos anos 60.



Moacyr e Jorge Caldas estavam para mim como Júlio Olivier e seu irmão Nelson Olivier estiveram na década de 20 para minha famíli
a.

3

Ainda não existia o Bairro Miramar e o senhor Santos Moreira , seu loteador, ainda esboçava plantas e planos para futuras vendas. Contrataram uma linda menina de Cabo Frio de nome Maria Helena Pereló que iria ser o carro chefe de publicidade na venda de lotes aos melhores clientes. Antes dos Petroleiros os Ferroviários da Leopoldina eram o alvo maior das investidas comerciais locais. Santos Moreira foi as Oficinas de Imbetiba com a linda Maria Helena Pereló, vinda de Cabo Frio nos anos 50, oferecer lotos os Bairro Miramar as centenas ee Ferroviarios nos anos de 1950. Corria as "bancadas! Da Ferraria até as Carpintarias, sem deixar de fazer-se presente na Escola Ferroviária 8-1 Senai, onde o autor estudava e trabalhava. Não me lembro de nenhum Ferroviário que nao tenha comprado um Lote nos então Bairros Miramar e Araujo. Além da facilidade de pagamento a lonto praso, a doce presença desta linda Miss Macaé dos anos 50, abria as portas dos, então jovens Ferroviários Macaenses na compra. Os dois bairros não tinha, nesta época, quase nenhuma casa. Tinha o Castelo onde morava o simpático e amigo senhor José Domingues de Araujo com seus familiares. No início, assim que a gente atravessava a linha férrea, tinha uma casinha simples onde morava um bela senhora de nome Filinha Tolizano. Ao lado uma quitandinha onde se podia comprar bananas, balas, rapaduras cortadas dentro de grossos vidros que faziam as rapaduras ficarem maiores para atiçar os desejos infantis. Filinha sempre atenciosa ia levando a beleza de uma vida simples e feliz nesta cidadezinha ainda Pura nos anos 40/50...


O SONHO DE TODAS AS CRIANÇAS DAS ANTIGAS ERA TER SUA GAIOLA, SEU PAPA-CAPIM OU COLEIRO, SAIR PELAS MANHÃES ENSOLARADAS PELAS RUAS EMPOIRADAS, EMPINAR PIPAS E COLOCAR SEU PÁSSARO NUM GALHO DE GOIABEIRA QUE TINHA DE MONTÃO EM NOSSA REGIÃO DE PETRÓLEO...
4

Dois Médicos nos anos 50. Moacyr Santos e Jorge Caldas. Se diferenciavam ideologicamente mais a nível profissional eram competentes e preenchiam o pequeno mundo dos pacientes locais com uma população que basicamente era composta de negociantes, estudantes, ferroviários e camponeses.

Ambos usavam os métodos do apalpamento e descobriam mais doenças e faziam curas que muitos médicos de hoje que só escutam o som de aparelhos e computadores.

Apalpando aqui, escutando ali e, pedindo: "fale 33" eles iam, psicologicamente deixando de lado as doenças do sistema nervoso e achando as vertentes do real sentimento das dores.

Lembro-me que eles punham as mãos sobre as barrigas, batiam, aqui e catucavam ali e em poucas horas, remédios feitos por seu Narciso, seu hipólito, seu Edmundo ou seu Siqueira amenizavam as dores e nos colocavam de novo prontos para a continuidade da vida.

Nos pulmões nem se fala. Doutor Jorge era o que mais estendia. Mais tarde vieram o Herval de Vasconcelos Luna e outros que formaram um corpo médico emergente e atuante na comunidade. Vieram Doutor Heleno e Manoel do Carmo.

Sobre Manoel do Carmo quero deixar uma referencia especial que prestou relevantes serviços a cidade. Ele veio suceder o humanismo que norteava Júlio Olivier, Manoel Marques Monteiro e se notabilizou pelo atendimento a pobres. Dr. Manel, como era chamado, dedicou parte de sua vida na busca de salvar vidas e praticar caridades. Quando dirigia o Dispensário de Tuberculoso serviu de cobaia numa vacina o que poderia ter sido fatal para sua existencia. Chegou a contrair o virus.

Atendendo convites de amigos Manoel aceitou, em l962, ser candidato a deputado e foi um dos mais votados. Eu votei nele a pedido de minha avó de quem ele foi como um filho. Manoel do Carmo ainda concorreu a prefeito onde fomos adversários leais. Ele pela sub legenda da ARENA e eu pelo MDB.

Perdemos mais sempre nos respeitamos. Ele se casou com minha colega de bancos escolares Maria Aparecida da Costa luuzada que por sinal era prima de Euzébio Luiz da Costa Mello e irmã de António Luiz Costa.

Noticias suas, só pelo seu filho nas minhas andanças pela praia e na Academias de Musculação de propriedade de Gualberto onde levava meu filho Zé Paulo para estudar Karate. No início da desta década soube de sua morte.
ANTONINO MANOEL CURE, UM MÉDICO ALEGRE, INTELIGENTE E QUE DESCOBRIA AS ÚLCERAS DUODENAIS ANTES MESMO DOS MODERNOS RAIO X
Um alegre sorriso que sempre era acompanhado de um olhar clínico apurado, este homem de estatura mediana foi meu amigo e colega de trabalho no antigo IAPETEC. Fomos nomeados por Jango goulart, já que éramos do PTB de roberto Silveira. Na posse de nosso emprego ficamos juntos no mesmo apartamento de um velho hotel do Niteroi. A noite, quando chegamos para dormir, e ai que começa nossa alegre amizade, nos olhamos espantados. Ambos tinham sobre os braços, uma garrafa de alcool que, ao abri-las a gente iam fazendo a higiene. Eu por ter herdado de minha avó Nhasinha este método de passar sempre no corpo em lugares estranhos. Ele, médico, na faculdade.
Neste momento nascia uma amizade que duraria por décadas. Antonino me chamava de Principe e eu o retribuia como Principe também.
Descrbria doenças no interior das pessoas com toques e perguntas. Se dedicou a Radiologia e foi um grande mestre...


CANTAROLAVA:
TIRE O SEU SORRISO DO CAMINHO QUE EU QUERO PASSAR COM MINHA DOR. (lembrava e falava de Nelson Cavaquinho com sabedoria e orgulho o bom Antonino)



5

Waldyr Siqueira, seu Monclar Guedes Djalma da Silva Almeida eram os nossos dentistas. Os temores das extrações a frio rondavam as mentes infantis que só eram aliviadas pelo cantarolar de seu Monclar que transformava o suplicio em alegres risadas. Ao seu lado Nelito aprendia a profissão e o sucedia nas brincadeiras e conhecimentos.

Nelito era pai de minha colega de Faculdade de Letras e advogada Beatriz que preferiu os bolinhos de aipim e os sanduíches na Veríssimo de Mello aos engravatamentos e poses dos fóruns da vida. Uma opção bem mais feliz e doce. Advogando para si o direito a liberdade ela vai, alegre, como seu avó e pai transferindo, para suas lindas filhas um pouco da história de uma Macaé que se vai como se esvai toda cidadezinha de interior que se deixa profanar em suas raízes.

Nelito, como tantos outros ainda em genética circulando pela cidade, foi pioneiro das espiritualidade nativa nos anos 60 e 50.

Doutor Djalma além da profissão ia criando uma trajetória de feitos sociais que o eternizou junto as entidades macaenses. Sempre de sorriso aberto e feliz , este nativo nordestino tinha o dom da liderança aflorado. Recordo que a gente,quando ia procurar dentista, era advertido que não tinha injeção. Era melhor cuidar da dentição porque se tivesse que extrair era mesmo com o simpático Celso Terra ou ter que enfrentar a carranca alegre e sorridente do doutor Djalma Era mesmo na marra. Para este Suplicio Chnês. ele fingia cara feia. falava com seu sotaque pernambucano e firme. Quando a gente ia tomar pé da situação ele já tinha nas mãos, agarrado no boticão,o dente cheio de raízes e sangue.

Sinceramente acho que nem doía. A dor da bronca penetrava e quando via já tinha passado o pior.

Waldyr Siqueira além de dentista, que freqüentava os congressos nacionais, se firmou pelo trabalho artesanal e capacidade especializada. Nos momentos de folgas era visto batendo sua bolinha na praia de imbetiba com ferroviários e estudantes quando não estava com seus galos de Briga indo para a Rinha nos domingos e quintas feiras.

Gostava de conversas longamente com Zé Clímaco e Carlos Eduardo Motta, Paulo Rodrigues Barreto, Adão, Sady Curvello, José Clauder Arenari, José Luiz Pierrot, Álvaro Paixão Júnior e Roberto Moacyr Leite e Santos. Waldyr usava uma técnica dentaria que até hoje é motivo de pesquisas.

Considerado o melhor em obturações e prótese era sobrinho de seu Monclar de quem aprimorou os primeiros passos. Waldyr participava de todos os congressos e sua competência é ate hoje uma curiosidade no meio odontológico pois seu trabalho resiste o tempo. Sou um exemplo pois ainda tenho um seu trabalho feito a mais de 30 anos. Preocupado com Ivan e Hudson ele cantarolava e, com seu nativo jeito de psicólogo ia contando as façanhas do seu tempo de futebol e rinha de galo fazendo com que o tempo passasse despercebido enquanto ia, levemente moldando as peças que ficariam eternas na boca do paciente.

"O SOL que outrora brilhou em minha vida,
Apagou-se perdeu a luz não brilha mais...
Minha vida é uma noite sem Lua e sem Estrêlas,
Os meus Sonhos foram somente Sonhos e nada mais...
E hoje cansado de tudo, sigo meus passos...
Na Esperança de um dia mais tarde te encontrar
E apertar-te, amor, em meus braços, num abraço..
E ver de novo, um NOVO SOL brilhar..."


6

A cidadezainha não haviam ainda importado os políticos carreiristas e nem haviam as negociatas, que enriquecem prefeitos e vereadores. Luiz Belegard, um arquiteto que morava por aqui, fez o traçado da cidade que ainda serve neste inicio de milênio.

A alma pura do povo ainda era a tônica nas noites lindas de luar cândido. Belegard projetaria as ruas que serviriam de base para o progresso urbanístico do futuro.

Numa casa que ficava nos fundos da "Nova Aurora" morava Jair Santos o mais bonito dos filhos de Joaquim Santos e irmão do mais alegre Didi Santos. Jair é pai de Alzirinho e Luiz Fernando.

Macaé ainda não conhecia as maldades com a atividade Pública. Além do que, era uma grande família, uma grande comunidade ligada pelos laços da afetividade e do amor. Jose Milbs de LacerdA Gama editor de www.jornalorebate.com

Obrigado, José Milbs

Por Airton Soares

E no silêncio de sua Cidade-Sítio, consciente da sua missão, José Milbs* capta os ruídos e rumores de um mundo vivo e virtual, colhendo histórias e plantando um jornalismo ético, compartilhado e agregador de valores.

Em nome de todos os colunistas do Jornal O Rebate, os nossos sinceros agradecimentos a esse incansável profissional, pelo carinho e a oportunidade de fazermos parte do Bate-Rebate da vida, partilhando nossas histórias, idéias, revoltas, sonhos e saudades!

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
*JOSE MILBS DE LACERDA GAMA, escritor, editor de O REBATE, mora em Macaé - Rj, num sitio. Autor do e-book ECILA e DOS FERROVIARIOS AOS PETROLEIROS. Edita o www.jornalorebate.com que tem 75 anos de Histórias.


PHD - Poeta, Humorista e Didata - Airton Soares às 14h43
[(0) coMENTE] [envie esta mensagem] [link]


De minha grande amiga Vera Golosov que estudamos juntos, como 1a turma da Faculdade de Letras de Macaé, recebi e tranfiro para a história seu recado:

VERA GOLOSOV:
Amigo Milbs, já transmiti o recadinho para o meu querido cunhado Marcus Darlan; quanto ao artigo é de extrema sensibilidade e riquissimo em informações, para nós macaenses, q temos sede das nossas raízes e histórias do nosso povo; e que histórias...
falam ao nosso coração de uma forma quase sublimada.
Sabe, Milbs, me emocionei quando vc num relâmpago de memória e sutileza lembrou da nossa doce Beatriz, nossa colega de faculdade, uma grande mãe, esposa e amiga!
Quantas lembranças... vivênciá-las, traz-nos o grande prazer de existir e não termos passados incólumes por nossa Macaé tão querida, quanto de vida em todo texto!!!
Parabéns amigo, obrigada por tê-lo entre meus amigos!
Enche-me de orgulho essa convivência, que possamos cada dia mais estreitá-la mais e mais e que vc continue esse LIVRO INTENSO, VERDADEIRO, FIEL às pérolas de Macaé!
Cada vez mais plena desse carinho que me liga a vc e ao seu grande coração!
com afeto,
Vera

22.9.09

Uma Primavera onde as Amoras se refrescam e sinto o seu sabor com pingos de chuvas....


A Primavera do ano de 2009 veio com chuva. Sempre que isso acontece as Amoras do Sitio onde edito o jornal O REBATE ficam cobertas de pingos onde se pode apreciar o fruto com o sabor das duas naturezas.
A amoeira mais velha está com algumas "Ervas Passarinho" que foram trazidas por centenas de Sanhaçús que ainda habitam este bairro onde, centenas de galpões e milhares de tratores barulham e espantam o que ainda resta de belo.
Velhos moradores sobem, morrem vendes suas casas e eu, devo ser um dos poucos que ainda vivem neste emaranhado de loucuras que o petróleo trouxe para o Novo Cavaleiro.
Fiz um pequeno "Kiosque" que denominei RANCHO O REBATE onde faço novas amizades e atendo alguns amigos. Uma maneira educada que criei para experimentar uma nova fase nestes 70 anos vividos. Vender sucos, fazer AÇAI, falar com muitas pessoas e ainda poder receber alguns trocadinhos que, somados ao meu salário de Aposentado do INAMPS, dão para continuar "por no ar" este jornal teimoso e valente.
Colhi as Amoras, olhei a alegria de algumas plantas que sorriem a cada chuva que cai e vim ao computador para republicar um lindo texto de um livro que ainda não tive como fazer ser publicado em papel.
Enquando isso não acontece, ai vai este texto que atualiza a linda Estação da Premavera deste ano de Mutações Imprevisíveis da Natureza...


UM PASSEIO AO TUNEL DO TEMPO

VIVI MINHA VIDA EM ÓRBITAS CRESCENTES,
QUE ME DISTANCIAM DAS COISAS DO MUNDO.
TALVEZ EU NUNCA CONSIGA ALCANÇAR A ÚLTIMA,

MAS ESTA SERÁ A MINHA TENTATIVA.

ESTOU GIRANDO EM CÍRCULOS AO REDOR DA CRIAÇÃO, AO REDOR DA ANTIGA TORRE,
E HÁ MIL ANOS ESTOU GIRANDO.

E AINDA NÃO SEI SE SOU UM FALCÃO, OU UMA TEMPESTADE, OU UMA CANÇAO.

1

Escrever uma cronica/livro, onde retrataria a vida vivida, era uma sonho que sempre esteve presente na minha existencia . Se todas as pessoas tivessem este desejo e o fizessem, existir, creio que o conhecimento seria bem mais fácil, principalmente quando se tratar de algo que se pode passar para os filhos, amigos e contemporâneos.

Não pretendi nem pretendo algo que possa ocupar polemicas ou que tenha o objetivo de virar coisa grande. Acho que todos que lerem estas memórias se colocarão dentro dela e encontrarão algo de identificação com a própria existência.

De Macaé, onde vivi meus mais longos anos, busco colocar fatos havidos, gente que conheci e coisas que sei do conhecimento público.

Melhor seria se cada um de nós pudesse fazer seu próprio livro. A confrontação de um com o outro, de memórias em memórias poderiam formar a verdadeira vida da cidade e de seu povo.

Saber de avós e bisavós que o nome de Praia dos Cavaleiros vem das Cavalgados dos habitantes dos Campos dos Goitacazes e dos habitantes de Cabo Frio que ali pernoitacam, se encontravam, debaixo de uma Centenária Figueira onde nasciam as grandes trocas de Fazendas, gado, cavalos e nascentes namoricos. Meu avô Mathias Coutinho de Lacerda, numa dessas cavalgados, conheceu a familia do Francisco Lobo, casou-se com sua irmã e comprou o Airys...

2

Não busco as histórias de vencedores ou de possuídos pelo poder. Evitarei, na medida do possível, dar vida ou colorido aos que se agregam aos poderosos, acocorando-se e capitulando, como "capitães-do-mato," de triste vivências nos porões da escravidão. Gostaria de trazer a essência. A poeira das ruas. O calor humano. O vulto das histórias de uma cidade, não se consentra em gente são formadas nas mídias pagas dos jornais oficias que vivem das migalhas quesobram das mesas fartas dos governantes. A História de uma cidade é feita por gente do POVO , gente que pinga o suor das tardes noites do cotidiano do trabalho, que fazem da alegria dos seus sorrisos a vivenciação do belo nas esquinas tortuosas das vielas macaenses de antanho. Vielas que são iguais, nao me cansarei de frisar, a todas de todas as cidadezinhas do interior do Brasil e do Mundo...

O suor dos primeiros pescadores, dos pedreiros, dos homens que carregaram malas nas estações dos trens, dos engraxates, dos homens da rua que fazem e fizeram o folclore de todas as cidades em que vivi e que não estão diferenciadas de uma Macaé igual em todos os seus sentimentos existenciais.

Se uso nomes de pessoas é porque sinto que elas formam o harmonioso celeiro de realidades, e não poderiam ficar esquecidos numa época quando tudo se esvai como poeira na estrada cibernética deste mundo pondo, como balsedos de pedras esquecidas, suas ausentes/existências tão importantes na formação de Macaé e sua verdadeira gente.

Gente que veio de lugares distantes, de Salvador, Manaus, Belém, Ro Grande do Norte e do Sul que nos fornecem culturas e vozes diferentes e que, fazem em nosso dia a dia , a beleza da integração de raças e ensinamentos culturais e afetivos. A fatia de parida se mistura a rabanada numa inerente mistura Macaé/Salvador, com a mesma mistura que se faz presente na bisnaga pra nós e vara pra eles que se torna lindo quando pedem, nas padarias nativas 10 cacetinhos ao invés de 10 francesinhos.

3

Tento repor o pensamento de uma cidade nos anos em que tínhamos nossas fábricas de tamancos espalhadas por toda a cidade. Desde o "seu" Eduino Quaresma na "Rua do Colégio," até seu Pantaleão onde toda madeira vinha pelo Rio Macaé e ia sendo descarregada nas imediações da Rua da "Boa Vista". As lojas estampavam um "Tamancão" grande pendurado e outros de formato diminuto. Era o início de uma mídia publicitária tupiniquim de formato belamente comercial e nosso.

Desfilar de tamancos, ir para os colégios era uma mini-moda bem à època. Patacun... patacun, patacun... eram os sons emanados nos milhares de pés que iam desde a Aroeira até a Praia Campista em passeios ou mesmo a trabalho. Tiras coloridas colocadas nos tamancos, eram usadas durante o verão e nos finais de ano. Ainda não se conhecia "Panetoni" que era confundido com "Cotonetes."

Nativamente pura, a cidade não tinha os luxos que o progresso trás em sua marcha para a destruição do belo. Era uma espécie de cidade pura mesmo. Destas que brotam nas menininhas lindas de nosso interior brasileiro que estão em extinção com o advento das novelas caretas das Tvs, teimando em vender cosméticos, via globalização.

Olhar para o futuro sem falar nos seus formadores é o mesmo que olhar a "Pedra do Redondo" da Praia de Imbetiba, que se tornou apenas uma lápide fria sem vida, sem mariscos e sem forma. À existência dos homens que se fizeram presente em minha memória quero dar vida. Fazer florescer para que todos saibam o quanto de útil eles foram na importância de nossa atual existência.

Quantos de vocês que estão lendo esta minha Cronica?Livro sabem que a Prainha que fica entre a Petrobras e o Antigo Hotel de Imbetiba, se chamava Praia dos Cavalos? Era ali que os velhos que dirigiam os Bondes Macaenses Puxados à Burros, banhavam seus animais depois da longa caminhada da Aroeira até Imbetiba.

Falar dos medos, dos trovões das madrugadas e do relampejar riscando árvores nos quintais, da coragem, dos dias de sol e dos belos momentos da infância com avós e amigos faz parte de cada um. Procuro pôr os personagens que minha vida viu, olhou, conheceu, ouviu falar, amou, desconheceu ou, simplesmente, tocou.

Este é o significado que me move e me animou a escrever estes relatos que por si só forma o circulo de entendimento e conhecimento que pude sentir nos anos em que vivi junto a comunidade. Deixar para as novas gerações a curiosidade de saber onde fica a Pedra do Moleque que sempre aterrorizava os pescadores e que ceifou dezenas de vidas da comunidade pesqueira.

Por isso os leitores podem até achar enfadonho citar nomes desconhecidamente longe para cada um que lê. Acontece que se procurarem colocar, no seu próprio interior, deslocando-se mentalmente na realeza pura do que pretendo, verá que todos nós temos nossa avó, nossa bisavô, nosso avô Emílio embora estes tenham outros nomes cuja essência paterna/afetiva diferenciam muito pouca da minha.

4

Quantos de nós ainda tem na história de familiares o citamento de "Jorginho" Célem, pai de Waldyr? Seu descobrimento de que o verdadeiro sentido do Socialismo passava pela ternura e pelo ajudar o próximo ficou cravado em sua existência de forma cristalina. Viveu e morreu como um verdadeiro senhor das bondades. É desta forma de existência que busco retratar nestas páginas. A "Sopa dos Pobres" idealizada, servida e amada por "Jorginho" nada mais era do que a busca de um mundo igual onde todos pudessem comer e dormir com dignidade.

Tive o privilégio de dar vida ou, como querem alguns teatrólogos ou roteiristas, fazer viver personagens de minha vida real. Volto a afirmar que todos nós temos a mesma essência na genética de cada uma de nossas vidas, na individualidade. Apenas em mim brotou este desejo que torno público na cidade que vivi em que espero contribuir para melhor aperfeiçoamento de sua história no quotidiano das pessoas populares e transeuntes que se esbarraram em mim nas esquinas da vida que andei .

Ser criança, numa rua de uma cidade de interior, não tem diferença em nenhum ser humano. É tudo igual. A infância daqui é igualzinha à infância em Piripiri, Porto Seguro, Urutai, Salvador, Pindamonhangaba, São Gonçalo da Bahia, São Gonçalo do Rio de Janeiro. ou Rio Preto de Minas.

O olhar infantil, suas curiosidades e seus temores habitam todo o universo em cada ser de todas as ruas, de todas as esquinas e casas . Os olhos repuxados dos orientais recebem o mesmo brilho divino que recebe um ocidental de Rio das Ostras ou da Barra do Rio Macaé quando satisfeito em preenchimento de seus desejos.

A "Torre de Babel" não teria sentido na igualdade pura dos desejos satisfeitos em crianças

Muda-se a cor das pipas, dos muros das casas. Algumas pessoas usam chapéu; outras, bonés. Uns olham para dentro e acham, no interior, o belo. Outros a encontram no exterior. Quem pode esquecer um olhar de soslaio vindo de namorico que antevinha o falar? O Nascer do sol e o seu Porvir são iguais, como iguais são a pureza e o olhar em todas as crianças. As diferenças financeiras não são sentidas. Vive-se apenas dos nomes , dos apelidos, dos afagos que recebemos dos mais velhos e/ou das ausências ou presenças paternas e maternas.

Daí que meu propósito é pôr neste Livro/Cronica tudo que podia ser colocado e onde se pudesse sentir as iniciais de uma vida, as alegrias da formação jovem e a certeza de um adulto feliz.

"Saudade seria a portalha de onde se avistaria a tristeza?

Que seria da felicidade sem a vivencia do triste, da tristeza, da dor e do desencanto?"...

Então vamos ser tristes na saudade do que habitou em cada um de nós. Quando "catuco" o interior de minha cabeça, buscando trazer as dormidas existências, que pude ver e sentir, acho que me sinto mais lisonjeiramente confortado. Mesmo que nessa busca interior esbarre em amigos mortos, gente que fez minha vida existir um dia e que me deu tristeza numa época.

Acho que neste rebuscamento podemos refrigerar todo o nosso ser e, pondo no papel estes copilamentos, tenho certeza de que cumpro uma missão confortadora com a essência vital.

Se escrevo o que sinto e sinto o que escrevo, o realizado se fixa no objetivo maior que é ser compreendido e entendido por quantos me conheceram e conhecem.

Ao olhar um menino ou uma menina em qualquer lugar, pode-se ver que seus gestos se igualam nos gestos dos seus heróis e seus sorrisos se identificam com o sorriso universal das curiosidades e contos que eles escutam e tentam passar para os adultos e pais.

É igual, em toda a criança, o "correr" do Colégio para casa em busca de contar para a mãe , para o pai ou para um irmão ou irmã mais velha as piadas ridas nos recreios e ruas de suas idas e vindas. E fazer o velho e imorredouro "Dever de Casa" onde o Cheiro do Caderno é igual em décadas e décadas havidas e vindouras. É como a aurora eternizada no dia a dia de cada infância.

Os gritos sufocadas do interior das salas de aula, esticados para os recreios e ruas periféricas dos estabelecimento de ensino, é igual em sons e belezas em todo o universo. São vozes vindo do gritar de gargantas infantis e adolescentes que encontram, no companheirismo do dia a dia a fortaleza que os inibem com outros iguais em idade e cabeça, fortifica e unida por gerações.

O descoramento de nossos esquecimentos que, brotados e revigorados, fazem parte de sua alegria em nos "pegar" numa piada que o tempo nos fez esquecer.

"Lá vai o bobo,
das casca do ovo"...

Pena que as novelas e o dia-a-dia corrido de algumas mães e pais usem as mãos para taparem as puras perguntas e puros "O QUE É O QUE É"? que as crianças gostariam de falar com eles. Seria isso um dos distanciamentos tão decantados e vendidos por Psicólogos, de Psiquiatras de plantão nas famílias abastadas e inconscientemente repressivas?

Quer coisa mais sonora e sutilmente harmônica que ouvir na maturidada um chamamento de apelidos que estavam fechados em nossa cabeça e que se revive ao senti-lo vindo de amigos de tempos infantis? Esta e outras maravilhas é que quero e propunho neste pequeno relato que escrevo.

Creio que, ao impedir que um menino ou uma menina nos conte suas piadinhas e pergunte suas interrogações estamos cimentando um pouco de suas angústias futuras. Um "não" dito a uma criança, por mais sutil que seja a sonoridade é sempre um não. As espertezas nascem nas brincadeiras escolares e se tornam imorredouras lembranças por toda existência.

Quando minha mãe me passava sorrindo coisas de sua infância e relatava vultos que povoavam sua mente de menina, falava em "Tuiú", "Papa Lambida", "Patureba", "Maria Cachimbinha", "João- Pé- de- Bicho," "Pé- de- Porco" ou "Sai- de- Baixo"... Não era diferente de meus "Florzinha", "Turrinha", "Souza", "Papão". Pouca diferença faz dos "Mariolas", "Saçás", "Vicente- Barra- Lagoa", que povoam as alegrias dos meus filhos e netos.

O mesmo gosto em mexer com os folclores felizes dessas gerações está cristalizada em todas as crianças do mundo. Criança não tem diferença aqui ou na China. Nós adultos é que somos e fazemos a diferença com nossa indiferença em deixar que este belo seja ouvido de forma inteligível.

5

Carregamos a formação boa ou má de nossos próprios caracteres e deformações adquiridas. Passar nossas informações distorcidas e escamoteadas é cortar prematuramente o brotar de uma flor, o nascer de um gato o cantar de passarinhos.

A alegria de uma menina ou de um menino em sentir- se livre, fugindo do alcance raivoso perseguido nas ruas e vielas por um dos personagens, que são seu folclore é igual em toda criança. Já sentiram ou presenciaram o grito de "ganho de guerra" brotado do interior de uma garganta de menino quando "mexe" com um desses personagens de rua? Sabem aquilatar o quanto para ele tem em importância, receber a corrida e se sentir livre para noutro dia voltar a catucar o personagem? É a sublimação da bondade do mal que não revive na essência do saber do belo. É a certeza da vivencia linda das infâncias eternas.

Os palavrões que escutam entram com a sonoridade do vencer, do ganhar, do feliz. É algo que transcende o real e se fixa no terreno da conquista. Chamar "Maria- Pé- de- Porco" e vê-la sair correndo com seu guarda -sol em riste na busca de onde veio a voz é uma realidade comum a toda criança esteja em que cidade estiver. É da essência infantil esta Maldade Divina.

Quem sabe o significado da frase - "Esta criança é da pá virada".? Quem explica o seu conteúdo psicológico na formação de sua fala? Eu não sei. Sei que escutei muito essas palavras em ressonante "Cabrunco" que também nem sei de onde veio e que só se escuta em Macaé e seu distritos.

"Cabrunco" vinha sempre junto com topadas. Dizem que "menino da pá virada" é aquele que sempre faz mais estripulias que os outros. E "Cabrunco"? termo que nem sei até hoje o que é. Onde você escuta a frase "deu comédia"? É coisa nascida em Macaé, nas nossas ruas e que se espalhou por aí.

"Boca-de-Latiff", que correu mundo, e a frase "Deu Comédia" não se sabe como nasceu ou quem espalhou. O fato é que comédia não se dá. Se faz e, "Boca de Latiff" ficou tão usada em minha geração ,como ficou uma época anterior, a frase "Mãe- de- Nagib".

"Tava jogando sinuca,
uma nega maluca me apareceu..
tava com um filho no colo
e dizia pro povo que o filho era meu..."

Esta musica foi cantada na Hora do Calouro, numa pré-rádio onde o animador Thiers Pereira de Azevedo dava prêmios de bonecas de pano, carrinhos de paus, pipas e sandálias ofertadas pelo tímido comercio local. Djecila ganhou uma boneca cantando "Nega Maluca". Therezinha, Clyce, Cléa e Mazinha fizeram coro na platéia. Não sei se ela ganhou por ter cantado no ritmo ou se o fez por ser vizinha do Thiers. Fato é que estas belezas interioranas desta cidade ainda devem existir em algum belo lugar de nosso país.

Essas essências são de Macaé e de suas ruas empoeiradas. São essências nossas que tinham que vir para o conhecimento público. Cada leitor deveria desligar um pouco da televisão, das caretices das reuniões sociais e procurar catucar seus personagens infantis e pó-los ao conhecimento de filhos e netos. Deixar que as histórias sejam contadas virtual é transformar mentes em robôs.

Meu "Papão" feliz é igual ao "Mariola" de meu filho como foi o "Tuiú" de minha mãe. A vida não se diferencia. A vida é um eterno repetimento. Crescemos e nos afastamos dessas preciosidades. Trazer de volta as nossas lembranças e passá-las para novas gerações seria o formato de uma fortificada essência que todos deviam fazer.

Pé de Anjo, Kátia- Pé-de-Porco, Nenen -Pé de- Bicho, Pé-de-Valsa, -Pé- de-Pato, Wilmar- Pé-de- Tábua e Pé-15-pras 3, são alguns dos carinhosos apelidos de muitos pés que, não pisam mais nas nossas ruas empoeiradas mais que dançam formosamente elegantes nas nossas recordações e gestos de alegres reminiscências.

Das puras noites entardecidas...
Guardo as pequenas gotas em lembranças...
Que saídas uma a uma em forma de letras
Formam a imagem viva das sombras escondidas...
E porque elas refletem o nosso belo o nosso ser existente.

Que lindo ver, com a primavera que chega, meus filhos colhendo as jabuticabas, os araçás e as acerolas por mim plantadas num sítio que se encontra cercado de firmas e gente barulhenta. As amoras, as ameixas amarelas chegam com o brotar da primavera no mês de outubro se misturando as verdes flores que bailam ao vento de final de inverno. fazendo com que os galhos das amendoeiras se encostem nos pés de goiabas e cocos se encolhendo, aos troncos, a fim de virarem estercos no mês de janeiro.

6

As pipas, os namoricos, o primeiro beijo, tudo não muda. Nós é que mudamos por força de nossa própria burrice e embrutecimento.

Vamos encontrar nomes como "Mariazinha", "Cotinha" "Doca", "Tonho Lepra","Roulien Baliongo", "Elso Pudin", "Diabo Azul e Branco", "Tonito", "Dedéu". "Dodô Comedor de Pão", "Biriba", "Pingo", "Itinho Cabeludo", "Zé Mengão" e outros que bailam nas histórias das infâncias macaenses.

Quem não teve suas " Marias" e seus "Zé- do- Tostão" em formas tão afetivas e puras nas infâncias? Quem nega a existência alegre do "Professor Souza", "Papão" ou de "Patureba"? Esta trilogia genial e alegre marcou minha geração na "Rua da Estação", Velho Campos, "Rua do Meio", "Rua da Poça" e Cajueiros.

O Esbarramento numa esquina e poder ouvir de Armandinho Solon suas histórias quando jogava no Flamento, Racing, Vasco, Madureira e Penharol. Poder ver o velho desportista, já com quase 80 anos, deliciar-se nas contagens de seus gools feitos nos anos 30 com seus passes magistrais para Lulu e Sá. Armandinho, mesmo jogando nos maiores clubes do mundo nunca esquecia suas peladas na Praça da Luz onde iniciou sua vida no futebol.

Busco o real num mundo realmente adormecido em cada um de nós que, na busca do nada, num social que nos poe viseira tentando encobrir a existência pura nos jogando e arremeçando para o engodo do nada. Esquecemos que tudo não passa de um Por de Sol ou de uma Lua que sempre voltam apesar de nossas presenças distantes de seu mundo astral.

Não tenho e nunca tive pressa em colocar estes escritos no prelo. Penso ate que poderá ser colocado por meus filhos ou netos que o prefaciaria e o venderia como único bem deixado em toda a minha existência. Preferi po-lo no virtual, gratuitamente acessado.

Que bom se cada pai, que junto as conversas sobre carros, casas, terrenos e contas bancárias, deixassem para seus filhos sua própria existência forjada e cimentada em uma conversa dos quotidianos das infâncias vivida ou retratando-a numa cronica.

Pensei em deixar alguns espaços de páginas em brancos para serem escritas por quem gostasse de faze-los aos filhos e amigos.

Acho que deveria ser uma obrigação passar estes informes tão sutilmente vindos de dentro do nosso ser vivente.

Se alguma coisa for esquecida é porque se trata de minha memória. Que seja entendida como tal. Muitas pessoas serão repetidas outras esquecidas. Algumas delas, como dizia minha bisavó, quando faziam alguma estripulia, não merecendo os doces que vinham ao cheiro do fogão lenhado: "Você não fez por onde." Cai a frase em quem eu por ventura deixar de citar ou comentar.

E assim será com aqueles que não mereceram fazer parte destas memória. Foram deletados ou simplesmente "não fizeram por onde merecerem fazer parte dela".

7

A vida que pretendo revigorar nestes personagens falam de uma Macaé nossa. Acho até que pouco falarei de gente e personagens recentes. Até porque isso deve ficar para outros memorialistas que vivenciarem estes últimos anos e que por certo um dia estarão sendo retratados e apensados a este meu memorial.

A mistura dos ferroviários com os nativos que fizeram nascer vários bairros serão fortalecidos e retratados na mistura de petroleiros com nativos e descendentes de ferroviários. È deste sangue, forjado no amor entre as pessoas que vem a força desta cidade que perdoa as ingratidões e as maldades de uma elite que vai se esvaindo no decurso desta mistura. Os verdadeiros sangue vermelho do amalgamento ferrovia/nativos e petroleiro apaga de vez o sangue "azul" dos esploradores de pobres e escravos de triste memória na vida colonial de nossa velha Macaé.

Quero falar de uma cidade nossa e a que sempre achei existir apesar de ter viajado por outros lugares e tendo vivenciado outras realidades.

Não busco criar diferenciação de existências outras que não sejam a própria existência das ruas, dos becos e das praças onde pisei e vi pisar gente de minha gente.

Para mim a lembrança de Ruy Figueiredo Borges, meu amigo de noitadas, tem a mesma reflexão afetiva que Carlos Eduardo Motta, Levy Corrêa da Silva, Félix do Mercado, "Nensinho Cauby" "Dunga da Boa Vista", "Itinho Cabeludo", Marquinho Brochado, Zé Clímaco ou Aristóteles Mello.

Cada um teve a sua presença nas ruas empoeiradas de Macaé e se cumprimentaram um dia nas andanças que não fazem mais. Quem pode esquecer as gargalhadas de Ronald de Souza e Carlos Tinoco? A timidez de Amilton irmão de Amildes Andrade e o forte roncar da voz melodiosa e inteligente de Milcélio? E o andar tranqüilo de Ricardo, Roberto, Marlo e "Marquinho" Cure vindo dos papos alegres e exclusivamente macaense d a praça da Prefeitura?

Macaé tinha o sabor das noites mal dormidas em encontros esquinais com Humberto do Ônibus, Mário Barbosa, Arley e Andrade onde, sobressaia as piadas alegres de Marcos Cure e as curiosidades marcantes de Gilberto Curi. Onde poderá ter, senão por nossas historias, as gaitas naturalmente aprendidas de Humberto e Rosemar? Macaé morre e nasce a cada dia num redemoinho de fatos e histórias do quotidianos mil. As histórias e os resmungos de Milton Monteiro e o fim do Império que ele criou e viu desabar da "noite para dia". Ouvir suas lamúrias e faze-lo entender o progresso que chega é ver sair suas tristezas e voltar da senti-lo menino da rua do meio. Milton tem uma passagem curiosa com o autor. Quando do lançamento do meu primeiro livro "Cabelos Brancos" eu o procurei para adquirir um exemplar. No corre-corre de sua vida ele me disse que na tinha tempo pára ler. Hoje o tempo lhe sobra e pacientemente eu tive tempo para ouvi-lo e retrat-lo no livro. Faz parte da gangorra da vida estas estravagantes passagens.

Alguém ainda lembra de Alcione com sua pose e conversa longa? Que seria de nosso passado jornalístico sem a verbosidade inteligente de Elso Mussi com suas "Passadólicas" referencias a uma cidade que nasceu nas páginas do nosso "O REBATE"?

Gostaria de por este livro/cronica no ar nas antes que minha geração toda deixasse de fazer história. O meu objetivo que estes relatos servissem para recordações de quem tem 50, 60 ou 70 anos em alegres reflexos com netos e filhos, passando senão minhas histórias, mais outras que, esquecidas por mim, pudessem servir para abrir arquivos mentais empoeirados de velhos amigos, nas ausências sentidas das Cadeiras das Calçadas Macaenses.

Se "alguém quiser que conte outra" seria este meu objetivo principal.

Em cada um que se acharem citados ou esquecidos poderia por uma vírgula, um parágrafo, um texto que anexado a este, o tornasse alegre e desse um colorido as explicativas de cada um dos leitores com seus próprios descendentes. O contar de coisas que vi e que vimos nos dias de nossa existência nesta cidade que já teve bondes de burros, "ladrão de apenas galinhas", ruas empoeiradas e Cadeiras nas Calçadas na Avenida Ruy Barbosa. Vou deixar algumas páginas em branco para que sejam preenchidas e ampliadas por quantos se acharem no direito de fazê-los. Outorgar direitos a história de cada um é uma faculdade nativa a mente de cada escritor. As anotações se tornam voláteis na medida que escrevemos quando flui a determinação de fazer relatos.

.... Seria as memórias o filete das eternidades
Que rebuscadas, sentidas, revividas e lidas...
Colocassem a gente no entender de um tudo?
Seria a o Saber a bondade das eternas buscas esquecidas?

8

A felicidade que brotava da fala do Ricardo Salgado e sua simpática esposa dona Diomar nos levando para ver as condecorações de suas competições em torneios de Cavalos e a alegria de seus filhos Roberto, Renato Ricardo e Rogério ao vê-los contar as proesas fazem parte de uma historia de marcas jamais apagadas das mentes macaeses.

Que cada amigo meu, cada contemporâneo abra o seu próprio Livro e o faça ser lido por quem precisa saber de nossas histórias e vivências. Muitas coisas e "causos havidos" serão engraçados. Outros nos levarão a saudade como da morte de Sérgio Italiano", Iberê, Roldão, Ailton Silva, Miguel Felix, "Filhinho Monteiro", "Pedrinho" , Ereny, "Itinho Cabeludo", Flaubert Machado, Cláudio Moacyr, "Turrinha", Paulo Barreto, Beto Calil e outros. Mais tudo isso é pouco em razão do que objetivo.

Pretender voltar as Cadeiras nas Calçadas.. fazer voltar, mesmo que sejam na utopia das nossas interioridades, para contas as próprias existências vividas. Haveria no mundo coisa mais linda que as Cadeiras nas Calçadas das Ruas empoeiradas de Macaé? Revi esta beleza numa cidadezinha de Minas de nome Rio Preto onde morava minha filha Aninha. Pude sentir que a beleza existe igualzinha em Salvador BA relatada na pureza de uma voz suavemente compassada vindo de Ângela Rocha. Nas cidadezinhas da Bahia ainda existe estas belezas estendidas por ruas imensas de conversas longas e criativas.

Quando esbarro em gente que me lê em jornais e pedem que escreva algo a energia do ser determinante vem em forma de ordens e faz com que a volta ao computador
José Milbs de Lacerda Gama editor de www.jornalorebate.com

18.9.09

Lider ferroviário e ex vereador dos anos 60 morre na Região de Petróleo




Aos 74 anos de idade, levando um grande conhecimento de vida onde sempre esteve presente em vários setores da intelegência e da pesquisa, Jodyr Souto Corrêa morre em Macaé. Uma mente que pulsava muitas pulsações à frente de seus contemporâneos, foi músico, maestro, estudioso em alimentos naturais,artista plástico, poeta, aluno e professor do SENAI, grande pesquisador de artes, pintura e artezanato foi um ícone de minha geração.
Simples ao ponto de se espantar com sua biografia quando a gente falava sobre seus dotes. "Vocês acham que sou tudo isso? sorria e olhava de soslaio como se estivesse se procurando em tudo que ele era.
Plantou, com Tamires, sua filha, um galho de Ciriguela aqui no Sitio onde edito O REBATE...
Convidado por um grupo de ferrovários, aceitou ser candidato a vereador em 1966. Foi na Câmara que nos tornamos companheiros e amigos. Demos, juntos, suporte politico ao então Prefeito Cláudio Moacyr e passamos a discutir uma mudança radical na vida política de Macaé. Éramos muitos jovens. Eu com 28 anos e ele com 31. Criamos um forte grupo dentro do MDB e ganhamos a legenda do partido nas eleições de 1970. Eu indicado para Prefeito e ele como vice.
Jodyr lutou muito para manter unido o seu grupo politico de ferroviários que não achavam que era a hora dele ser candidato a vice e sim concorrer a reeleição. Como Jodyr, embora não acreditando na via parlamentar para as graves dificuldades do POVO, não queria e não quis esta via. Rachado em suas bases partimos para a eleição. Eu com grande apoio da juventude estudantil e ele com a base operária. Com uma pulsação política acima do normal do grupo, parecia que a gente,inconscientemente já antevia os anos 2000 com a perpetuação da elite no poder municipal.
A gente via, sem que alguém nos entendesse, o Revisionismo, o oportunismo e o acoramento de alguns setores da esquerda.
Partimos para a eleição e o MDB perdeu para ARENA por uma diferença de 200 votos. De lá para cá o meu amigo Jodyr ficou desgostoso com a política. Cansado de uma luta que ele achava perdida, procurou outros meios para sobreviver seu trabalho social.
Participou da eleição de sua irmã Iza Corrêa, como primeira mulher a disputar uma eleição para Prefeito no ano de 1982 e, por convite de outros amigos, entrou para o PT de onde eu sai...
Jodyr era um grande idealista. Sofreu muito com a perda prematura de sua filha Tamires, morta aos 17 anos e da perda de Jodymar que teve a vida interrompida por um motorista irresponsável que bateu em seu carro.
Um corpo frágil e uma mente forte não poderia habitar outro corpo humano e ter tantas amarguras. Jodyr passou por tudo isso e continuava vencendo as atribulações que o mundo lhe fazia passar.
O último contato que tive com este meu velho amigo foi a uns 30 dias. Me mandou um email, via sua filha e fiel companheira Iza, onde ele me agradecia o texto que fiz sobre a morte de seu amado Jodimar. Dizia da alegria de me ter como amigo e um dos poucos, da política antiga, que lembrava dele. Era a fala de um homem de bem que estava sentindo a falta de alguma das mais lindas presenças que o ser necessida: O reconhecimento.
Não sei se as pessoas seriam mais felizes se a gente tivesse vencido às eleições no ano de 1970. Sei que tinhamos alguma coisa muito mais a frente e que fariamos uma radical mudança. Perdemos? ou perdeu Macaé?
Hoje perde a Região de Petróleo e a familia Souto Correa, um dos mais ilistres ferrovários que conheci e pude vivenciar. Sempre que pudemos rever os tempos de nossas noites indormidas ele recordava a presença de um grande companheiro Waldyr Tavares que o iniciou nas leituras que fazia nos anos de sua militância. Jodyr foi uma liderança que o oportunismo e o revisionista dos anos 70 deixou escapar por erros históricos que jamais serão perdoados.../
Em nome de O REBATE, onde ele também publicou alguns textos e algumas charges, nos anos 60, desejo externar aos seus familiares, especialmente aos seus filhos Katia, Jodyr, Marcelo e Iza, os sentimentos e tristezas que passamos a ter com sua ausência...
(José Milbs de Lacerda Gama, memorialista e editor de O REBATE

16.9.09

A Loucura...




A Loucura resolveu convidar os
amigos para tomarem um café
em sua casa.
Todos os convidados foram.
Após tomarem o café, a
Loucura propôs:
-Vamos brincar de esconde-
esconde?
-
O que é isso?
(perguntou a Curiosidade)
Esconde-esconde é uma
brincadeira em que eu conto até
cem e vou procurar.
-O primeiro a ser encontrado será
o próximo a contar.
Todos aceitaram, menos o Medo
e a Preguiça.
1,2,3...,a Loucura começou a
contar.
A Pressa se escondeu primeiro, em
qualquer lugar.
A Timidez , tímida como sempre,
escondeu-se na copa da árvore.
A Alegria correu para o meio do
jardim;
já a Tristeza começou a chorar,
pois não achava um local
apropriado para se esconder.
A Inveja acompanhou o Triunfo e
se escondeu perto dele, debaixo
de uma pedra.
A Loucura continuava a contar e
os seus amigos iam se
escondendo.
O Desespero ficou desesperado
ao ver a Loucura que já estava
no noventa e nove,
cem...(gritou a Loucura):
-
Vou começar a procurar.
- A primeira a aparecer foi a
Curiosidade já que não
agüentava mais, querendo saber
quem seria o próximo a contar.
Ao olhar para o lado, a Loucura
viu a Dúvida em cima do muro,
sem saber em qual dos lados se
esconderia melhor.
E assim foram aparecendo, a
Alegria, a Tristeza, a Timidez ...
Quando estavam todos
reunidos, a Curiosidade
perguntou:
-Onde está o
Ninguém o tinha visto.
A Loucura começou a procurar.
Procurou em cima da montanha,
nos rios, debaixo das pedras e
nada do Amor aparecer.
Procurando por todos os lados, a
Loucura viu uma roseira, pegou um
pauzinho, começou a procurar
entre os galhos, e de repente
ouviu um grito.
Era o Amor, gritando por ter
furado o olho com o espinho.
A Loucura não sabia o que fazer.
Pediu desculpas, implorou pelo
perdão do Amor e até prometeu
servi-lo para sempre.
O Amor aceitou as desculpas.
Desde então e até hoje...

O Amor é cego e a loucura sempre o acompanha...

15.9.09

A Figueira Centenária das recordações de Santa, Nhasinha, Ruy Pinto e outros tantos da vida da RegIão de Petróleo...






Da Fuga de Mota Coqueiro,onde Lorinho da Telerj, dizia ser descendente; das Longas caminhadas dos velhos habitantes de nossa história. Texto do livro que fiz em SAGA DE NHASINHA
http://www.jornalorebate.com/nhasinha/intr.htm


CAPELINHA E PACIÊNCIA
"Voa, minha linda Borboleta. Voa, que a vida é tão boa. Qunado se tem Um Amor no Coração" (música que era cantalorada por minhã avó Nhasinha que eu ouvia quando de minha chegada em casa para o almoço, nos anos de 1950, vindo do Senai).


Capelinha bailava nos meus sonhos infantis de uma maneira bela, afetiva , amada. Sabia detalhar até suas frondosas árvores tão deliciosamente descritas pelo meu avô. Emilio era Irmão mais velho de uma grande prole.Tinha ele os irmãos Ló, Leôncio e Bernardo Tavares todos nascidos em Capelinha do Amparo e Paciência no final dos anos l970 e inicio de l800.

Ló teve uma filha de nome Landa que deu origem ao ramo da família de Juquinha Caetano e Bernardo que era pai de Adelina Silva Tavares conhecida na família por tia Santa/. Santa, como Nhasinha filha de Emílio. ficaram marcadas pela sutileza e pela bondade que delas irradiavam.

Santa , nos anos de l913 foi uma das primeiras educadoras de Macaé ali, na região da ponte que vai para a Barra do rio Macaé, bem perto onde dona Maria tinha uma peixaria e dona Honorina lecionava piano. Havia ali, uma escola, única da região. Tia Santa ministrava aulas .

Era um lindo local banhado pelo fresco e límpido rio Macaé onde o mar, a uns 500 metros de distância vinha beijar suas entranhas numa Pororoca bravia e livre.O Ronco da Pororoca, no seu encontro com o Mar, onde hoje temos o Mercado Municpal, fazia tremer os poucos moradores da região da Barra do Rio Macaé e o que é hoje o centro da cidade. Alguns casebres de pau a pica formava este horizonte universalmente belo desta cidade de passado genuinamente macaense e nativo. Ainda não tinha chegado o "segundo time da monarquia" representado por portugueses, espanhóes e grande latifundiários ligados a corte em ruinas...

A PRECATÓRIA DE MOTA COQUEIRO

Ainda foi Ruy Pinto da Silva, filho de Luiz "Lulu" Silva, que relata a Precatória distribuída para prisão de Mota Coqueiro. Passou pelas mãos de seu avó, um dos pilares dos Silvas, quando chegou no sítio deles alguns cavaleiros pedindo água ou alimentos.

Um homem chamou atenção por estar com um pano enrolado na face em forma de contusão ou ferida. Desconfiado o velho Silva pediu que ele retirasse o pano e viu a marca de um chamuscado, era relatado como sinal que tinha o procurado.

Mota foi preso, fugiu da cadeia e foi recapturado no sul do Estado. Segundo Ruy este relato foi feito de pai para filho o que corresponde a fato verídico. O chamusco em Mota era uma verdade crua de sua participação no assassinato que lhe deu a condenação.

Ultimamente Ruy tem andado triste. Me confidenciou sobre a venda da casa que ele e Carmem construíram na rua Francisco Portela. Nos seus 90 anos deixou cair algumas lagrimas. Poucas vezes um Índio Urutu se deixa flagrar no sentimento e nas lágrimas. Ruy estava abrindo seu coração e falava da tristeza de ter que deixar a casa que tem, em cada canto de sua dimensão territorial, o seu dedo de mestre em jardinagem. Talita sua irmã e Edson seu sobrinho me confirmaram as mágoas do velho Ruy. O casamento de Edson com Beth veio trazer a beleza de novos seres que habitam a nossa Praia Campista. Beth é mestre em Reiki e faz de sua existência uma maneira sublime de ajudar o próximo.

4.9.09

Uma foto de Cláudio Moacyr e José Milbs há 70 anos guardada...



Texto na foto feito por minha avó Alice Quintino de Lacerda: "José Milbs e seu amiguinho Cláudio. 23 de Setembro de 1940". Escrita em Bico de Pena).

Cláudio morava uns 200 metros de minha casa na Rua Doutor Bueno que era conhecida como Rua do Meio. Meio devido a ter mais duas que davam acesso à Praia de Imbetiba. Ele morava na rua Curindiba de Carvalho, conhecida como "Travessa" devido ser uma picada que levava para Rua da Igualdade.
Nos ano de 1940, Cláudio tinha uns 3 anos e eu 1 ano e seus mêses mais ou menos. A foto foi tirada por minha mãe Ecila que converssava com Zelita, mãe de Cláudio no corredor Este corredor levava até à Sapataria nos fundos onde meu pai, Djecyr Nunes da Gama, trabalhava como Sapateiro. Zelita sempre acompanhava o Cláudio onde quer que ele fosse. Uma grande mulher, protetora e fiel aos filhos. A cidade era calma neste tempo de grandes àrvores em torno das casas e todos se conheciam.
Crescemos juntos. Jogamos bolebas, papão, soltamos pipas, barquinhos em nossa Rua depois das chuvas de verão, fomos juntos com outors meninos as Sessões Colosso dos Cines das antigas, torcemos para os bandidos nos faroestes do USA, criamos e caçamos passarinhos em todas as casas que nos faziam chegar até o "Campinho da Cocheira" que ficava no final da Rua do Meio.
Pela manhã todos saiam de suas casas. Alguns para o trabalho na Estrada de Ferro e outros para o Centro da Cidade para trabalhos. O pai de Cláudio, seu Alvaro Bruno de Azevedo, ia para o Centro trabalhar na confecção de caixões de madeira. Era um dos poucos homens corajosos que se dedicavam a esta tarefa...
Nos anos 60, ainda mantendo um grande afeto, participamos da politica estudantil. Cláudio como Presidente da União Fluminense dos Estudantes ( UFE Universtário) e eu união Fluminense dos Estudantes Secundários (UFES secundarista).
Partimos para a politica partidária. Fui para o PTB de Jango e Roberto e Cláudio para o PDC de Joaquim Alberto Brito Pinto e Alvaro Paixão Jr.
Com o Golpe Militar e a criação dos dois partidos Arena e Mdb, objetivamos um "conxavo" para assumirmos eleitoralmente, o comando da politica macaense. Ele eleito prefeito e eu assumo um cargo de vereador.
Vieram as eleições de de 1970. Após 4 anos de mandato e com apoio de O REBATE que estava sob minha direção, procuramos uma maneira de unir as lideranças locais dos ex-partidos que não tinham outra opção que não fosse os dois partidos permitidos existirem. Era, e hoje ficou mais claro, um partido do Sim e outro do Sim Senhor...
Eu e Cláudio tinhamos a maiora do Diretório do MDB. Ele saiu candidato a Deputado e eu como candidato a prefeito. Tinhamos menos de 32 anos e usamos nossa experiência no Movimento Estudantil para formar as bases da eleição.
Carapebus e Quissamã pertenciam a Macaé. Corremos na frente da Arena e negociamos o ingresso de Alcides Ramos no MDB e fechamos com Mirandinha do ex PTB. Aplicávamos, na politica adulta, nossas experiências na liderança estudantil.
A Arena apresentou 3 candidatos e o MDB idem. Eles vinham com Antonio Benjamin, tendo como vice o lider Quissamaense Amilcar Pereira da Silva, Manoel do Carmo Losada e Edwin Waytt, todos com vasta e atuante presença na vida politica da nossa região. Benjamin, ex prefeito, Manel do Carmo, grande médico e humanista e Edwin advogado e eficiente diretor da então EFEE (hoje Ampla).
Tivemos uma reunião espécial. Eu, Cláudio, José calil Filho e mais oito dos 17 vereadores.
Natálio Salvador Antunes, presidente da Câmara, embora sendo da Arena, simpatizava com a candidatura de Cláudio e a gente tinha o carinho de Dona Berta que gostava muito de como dona Zelita brigava pelo filho.
Alcides exigia a legenda, já que eu tinha ganha ela no voto. Claudio me pede para abrir mão da legenda para Alcides e ficaria eu com a 1a. legenda e Mirandinha com a 2a. Como os votos seriam somados em cada legenda, venceria quem tivesse mais votos na soma. Conversei com meus amigos Jodyr Souto Correa, Armando Barreto, Lealdino Magalhães, Edson Luiz, Honório José da Silva, Otoniel Gomes(Taeco), Roberto Garrido de Souza, Paulo Rodrigues Barreto, Agildo Soares, Zamir Silva, Euzébio Luiz da costa Mello e outros que brigaram comigo para vencer a Convenção do MDB, e aceitamos o apelo de Cláudio. Havia o perigo de Alcides, perdendo a Legenda, deixar de ser candidato e com isso perdermos o pleito municipal e Cláudio a deputação estadual.

Alcides aceita e partimos para o voto popular. Infelizmente não tivemos como superar a votação da Arena que venceu com uma pequena diferença de 200 votos. Meus guase 2 mil votos, todos obtidos na cidade, não foi o bastante para a vitória...
Cláudio se elege deputado, faz uma linda carreira politica eleitoral e eu sai para fundar o PT em 78.
Embora distanciado em partidos diferentes sempre mantivemos uma amizade fraterna que nasceu no ano de meu nascimento em 1939 com a amizade que já existtia entre nossos pais e avós... (
José Milbs de Lacerda Gama, jornalista desde 1966 e memorialista)
.

30.8.09

A Gurumbumba de meu bisavô Emilio sumiu na Rua do Meio

Uma relíquia que meus antepassados guardavam nos Baús de nossa casa que ficava na Rua Doutor Bueno, 180, no Bairro de Imbetiba, na cidade de Macaé, Estado do Rio de Janeiro. Havia várias gavetas com muita coisa que vinha de pai para filhos e avós para netos. Picinêz de aro dourado era também uma das coisas que sumiram. taboleiros antigos, jarros, tudo foi sendo levado do local. Desconfio de muita gente mais não tenho como provar. Depois que minha avó Alice Lacerda faleceu em 1962 a casa ficou muito vázia e era frequentada por muitos amigos meus. O sumiço se deu numa destas vindas e vindas deles em minha casa.
Num canto de um quarto que ficava à esquerda da sala tinha uma velha porta onde ficavam vários paus. Para mim de pouco valor mais guardavam as recordações de um tempo havido na cidade dos meus bisavõs. Meu bi, Emílio Tavares da Silva deixou um Gurumbumda de cor avermelhada com um lindo final onde se podia colocar os dedos. Era uma espécie de Bengala. parecia que tinha sido envernizado. Não era não. Era a própria Vara de um Cipó de nome Gurumbumba que brilhava nas noites enluardas de imbetiba quando meu velho amigo e bisavô, fazia suas caminhadas soturnas.
Paralelo a Vara de Gurumbumba tinha uma outra de cor acizentada que parecia uma cobra. esta, segundo minha bisavó Adelayde Bastos Quintino da Silva, era para as cavalgadas que haviam de Macaé, Carapebus, Quissamã, Rio Dourado e Bicuda Grande. Nestas cavalgadas todos tinha suas varas de Gurumbumba e alguns apetrechos tirados das matas de Macaé.
O Cipó de Gurumbumba era o mais cobiçado pelos Ciganos dos Sertões de Carapebús, Roadagem e capelinha do Amparo. Vovô Emilio era Cigano e irmão do pai de Aristeu Ferreira da Silva e de Luiz Pinto da Silva. Aristeu foi Prefeito de Macaé e luiz Pinto foi pai de Ruy Pinto da Silva, Edith, Alice, Horodice e talita.
Quando eu dei pelo sumiço da Vara de Gurumbumba danei a pensar em quem teria sido que tinha levado esta relíquia. As jóias da familia, tudo bem, eu sabia que foram levadas para São Paulo pela minha mãe Ecila, herdeira natural. Pricurei em todos os cantos da casa e não encontrei esta Vara.
Hoje, aos 70 anos estou relembrando este fato para que, quem sabe, alguém que tenha supupiado, da Rua Doutor Bueno, 180, nos anos 70, este Picó de Gurumbumba que virou uma linda Bengala que meu avô Emilio usou nos anos de 1800, tenha a gentilieza de fazer a devolução.
Preciso urgente desta Vara de Gurumbumba.

10.8.09

2013... FUTURA PREFEITA E 1A. MULHER A ASSUMIR ESTE MANDATO FALA DO TEXTO DO BI-CENTENÁRIO


Macaé poderá ter em 2013, ano de seu segundo centenário uma Prefeita Mulher que, por coincidência histórica, faz parte ativa, através de seus pais, avós e bisavós, dos festejos do Primeiro Centenário. Os Pereiras de sua mãe Magdá e de seu Tio e meu amigo Roldão, se juntaram ao sangue do saudoso Carlos Augusto Tinoco Garcia formando este elo de humanismo que veio desembocar na presença jovem de Guto Garcia que honra e dignifica esta sequência de valores.
Recebi hoje e publíco um texto de Marilena Garcia, professora, mulher, simbolo de uma tenaz resistência fisica, várias vezes vereadora e atual vice-prefeita de Macaé.
Ela deixa fluir o de mais belo pode sair de uma mente que viveu a bocólica cidade dos anos 60 e a vigososa mega-metrópole dos anos 2000. Suas palavras, dirigidas a mim como Companheiro faz com que toda a simplicidade natural de uma amiga de lides escolares e de momentos felizes que vivemos na companhia de meu velho e corajoso Antonio Carlos de Assis que deixou este mundo cruel mais semeou muitas das ações educacionais que tenho visto brotar na cidade.
Antonio Carlos era um sonhador que imaginava os Trilhos do Trem servindo ao POVO pobre dos Bairros: distribuia flores e com elas seu sorriso matreiro de mineiro desconfiado e alegre: falava em Cursos Profissionalizantes que Guto, como bom tricolor e seguidor de seus conselhos, ai está pondo em prática: sonhava, sonhava, vivia, falava e pensava o Velho Capitão que sabia que Marilena ainda viria vencer mais e mais batalhas e chegaria onde chegou...
Assim como viveu sonhos, sonhos e sonhos o Carlos Augusto Tinoco Garcia, que no gargalhar das noitadas alegres do Belas Artes disse um dia: Vou construir um Hospital Moderno na Casa de Caridade. Rindo e se desafiando o construiu com seus recursos e com apoio de amigos...
Com muita emoção e com a certeza de que 2013 vai chegar e, com ele uma Nova Macaé nascerá dos escombros de uma politica personalista e ultrapassado, é que faço público o emails que recebi hoje de Marilena Garcia...

" Companheiro:

O nosso OBELISCO dos 200 anos terá cara da Macaé dos pescadores,
ferroviários,das belas mulheres nas praias despoluidas, do LAR de
MARIA,com caldo de cana feito na moenda tocada à mão , do Belas
Artes,do Imperatriz. Caso possível,com o cheiro da maresia, apito dos
trens , buzio das 11 horas do SENAI,bicicletas rodando a cidade.
A petrobrás,sim......a Petrobrás .Aparecerá como determinante num
ciclo PREDATÓRIO que nos fez sofrer e ensinar que somos um povo
guerreiro, que não sucumbiu. E aí estaremos iniciando o CICLO DO
SABER, do CONHECIMENTO. (Marilena)

Beijos





No Centenário de Macaé, homenagens, pessoas, a arte do Obelisco que foi, estrategicamente colocado no central de uma das mais antigas e famosas Praças da Região de Petróleo do Rio de Janeiro.

Esse obelisco foi instalado em 29 de julho de 1913, como parte das comemorações do 1º centenário de Emancipação Política do município. O projeto de execução de artistas portugueses que formam escolhidos pela sociedade da época.

Numa grande obra que tem ao seu fundo a presença de Documentos, jornais que eram editados no início do Século, fotos de muitos homens que faziam e fizeram a história desta região. Macaé era uma cidade, neste ano de 1813 com vocação agrícola e cercada por casas de pescadores. Meu avô Mathias Coutinho de Lacerda, Juiz de Paz, nomeado Pelo Presidente Sodré, e, na época do Primeiro Centenário, era proprietário da Fazenda do Airys, falava da importância deste Obelisco. Em 1924, juntamente com Júlio Olivier, Miranda Sobrinho, Custódio da Silva e outros da edilidade macaense, foi determinado que este Obelisco deveria ser aberto,em sua base, quando a cidade completasse 200 anos o que se dará no ano de 2009.

Neste dia deverá, segundo ficou assentado nos anais do Legislativo de Macaé, ser aberto, em sua parte inferior, uma gaveta com dados e coisas dos anos de 1813 e anteriores. Moedas, coisas de valores inestimáveis, deverão fazer parte do Museu dos Centenários de Macaé.

Neste mesmo dia em que se Inaugurou o Obelisco do Centenário de Macaé a Praça Veríssimo de Mello foi agraciada com um Moderno Chafariz que até hoje está ali para pesquisa dos artistas que se quedam ao seu valor arquitetônico.
http://www.jornalorebate.com.br/181/1_clip_image002.jpg

Preciosa peça, inteiramente confeccionada em ferro fundido. Seu burilamento conta com motivos marinhos vegetação, concha e peixe. Data do século XIX e tem autoria de célebre artista plástico Sérnes. Inaugurado em 29 de julho de 1913

9.8.09

Morre Aloisio Franco. O bicudense que foi fiel a natureza e aos pássaros





Aloisio Franco é um dos mais antigos habitantes de nossa região. Braço da Família Franco que habita e habitou os distritos e Bicuda, Bicuda Pequena e Cachoeira de Macaé. Nascido lá nas serras, "onde as águas correm sempre limpidas ao encontro de seus puros e alegres moradores", Aluisio veio menino para a cidade de Macaé. Sempre com seu olhar de meditação interior e um sorriso de concordência com tudo que venha a ser bom para as pessoas, ele conheceu a minha amiga e fundadora do PT no ano de 1978, Maria das Graças Franco.
Quando o PT precisava de ter quorun para se firmar como partido, quando poucos tinham coragem se se petista, lá estva o velho amigo votando, levantando seus braços e, corajosamente espunhar a bandeira. Hoje é fácil ser PT. Inchado, descaracterizado em sua essencia e caminhando mais e mais para o lixo da história, é bom reverenciar pessoas como Aloisio...
Aloisio era um homem que se identifica com a natureza. Gostava de dar vida a centenas de Canários Belgas por que sabia que soltos eles não resistiriam. Fazia da familia, de seus amigos e filhos, a continuação de seu mundo belo. Fomos visinhos e amigos. Quando ainda militiva no PT sempre o via apoiando com sua presença os moments iniciais do Partido. Poucos acreditavam na trajetória e chegada ao poder. Ele fazia parte dos poucos que sabiam que tudo iria acontecer...
Maria e Aloisio fizeram uma harmoniosa presença na vida de nossa Região de Petróleo. Criaram seus filhos como poucos o fizeram. Na luta de um dia a dia cruel, com poucos recursos mais nunca se dobrando aos poderosos eles foram cimentando o que de mais lindo um casal pode cimentar e deixar para as sua geração.
Hoje soube de sua morte e que seu supultamento se dará na Bicuda. Um bom filho a casa torna.
Os Francos fundaram a Bicuda e se espalharam por este mundão a fora. A volta de Aloisio às suas raizes e seu supultamente é a certeza de que seu sorriso, seu olhar e sua vóz de amigo, continuará vivendo nas mentes de todos que tiveram o privilégio de o conhecer em vida.
Maria das Graças, esta amiga guerreira e audaciosa que sempre esteve nas melhores lutas da trnsformaçao desta ingrata sociedade, não teria sido o que foi, é será, sem a presença de seu companheiro que a ombreava e apoiava em todas as lides.
Em nome de O REBATE, que nos seus 77 anos de Histórias sempre esteve ao lado das transformações da Região, envio as condolência a seus familiares e, em especial a sua velha companheira e Amiga Maria das Graças Franco. ( José Milbs de Lacerda Gama editor de www.jornalorebate.com )

4.8.09

Por um ninho que cai... ventos, ventanias, chuvas...


Muitos textos que fiz se foram nas ventanias da vida. Muitos foram publicados no velho e resistente O REBATE no decurso destes 50 anos. "POR UM NINHO QUE CAI foi um destes que deve habitar algum arquivo de alguém que gosta de guardamentos.
Neste uma falava as chuvas de inverno, ventos uivantes, balanceamento de árvores aqui do Sitio onde moro. Revia a luta de um casal de rolinhas que, aconchegados aos sews filhotes, fazia frente as trovoadas e relâmpagos que, abusando das forças maiores da natureza, objetivam jogar por terra os filhotes. Debalde, falei da luta das Rolas. Uma rajada de vento, que até molhou as lentes de meus óculos, levantou e atirou longe os filhotes.
Não sei se rolinhas choram. Eu praguejei a natureza. Por que que logo os filhotes? por que não foi, com seu vento forte e seus raios, atingir quem mata Nascentes, Cimenta Rios e matam animais indefesos?
Neste meu texto POR UM NINHO QUE CAI falei também das gotículas das chuvas criadeiras de Agosto e final de Julho que faziam brotar as mais lindas sementes que ficam no chão...
Entendia, neste texto, o que era de fato a transformação do vital. Desde lindo circulo natural de vida e morte...
Hoje, meu filho Luís Cláudio me diz que um ninho tinha caido da soleira da casa onde habitamos. Dizia que neste momento se lembrou deste que originou esta lembrança...




EU, POETA?

Foram se os Cabelos Negros, vieram os Brancos...

Foram-se as duvidas...

Vieram as certezas...

Na duvida do nascimento do amor... A certeza do seu nascimento....

A existência das dúvidas em verdades vividas...

Haveria certeza nas dúvidas puras das infâncias?

Ou seria a 'duvida a eterna das nossas incertezas? (31.12.00)

À tarde uma chuva fina, criadora cai sobre a relva seca do Sítio. É o último dia do tão falado e decantado milênio que achou um grande parceiro Ocidental para venda de fantoches e premonições imbecis mais que vendem na mídia. A televisão continua sua busca desenfreada em transformar crianças em robôs e os sons invadem as praias como se ela estivesse ali, não para receber o descanso dos seus habitantes mais para ser hospedeira de batuques, latas de bebidas, plásticos e corpos dançantes desengonçados e feios. Algumas belezas ainda teimam e se expor aos olhares do belo e às afrontas dos bebuns macaenses.

É o ultimo dia do ano...As prefeituras contratam os enlatados vendidos a troco de publicidade de seus prefeitos sorridentes e abobalhados... A inteligência cede lugar à imbecilidade global.

É a Teoria do Pão e do Circo revisada por mídias internacionais e empurrada goela a dentro para uma pobre geração pura que não sabe onde a estão levando e, imbecilizadas e massificadas levantam as mãos para lá e para cá saudando os malandros cantores, que nem olham a multidão. A massificação das mentes , via TV, é uma forma de alienação que precisa de uma forma de revisão sob pena de acabar de vez com a criação nativa da espécie humana.

Cantores enlatados embolsam seus milhões e partem para outra cidade do pacote fechado. Antes deixam os 30 por cento dos caixas dois que grassam em toda prefeitura e não tem quem conteste. Faz parte dia a dia e dos exemplos nacionais de João Alves, Collor, etc.

Alguns juizes ainda conseguem expor as vísceras destes senhores que, desavergonhada mente, roubaram ou deixaram roubar o erário público...

A chuva que cai no sitio faz bailar lindos brotos de gramas que respiram alegremente sentindo-se vivas e procriadas.. Sanhaços, Rolinhas, Pardais, Anus Brancos e Negros cruzam os céus do bairro Molambo hoje totalmente internacionalizados. God B ey e Bom Dia são misturados a festividades programadas pelas firmas que rodeiam este meu pedacinho de céu...

Ao fundo, antes uma vale cheio de vaga-lumes, sapos e bacuraus, pisca uma enorme torre que faz mal aos olhos e faz comunicação de uma multi com seus barcos nas plataformas...

Macaé recebe pela TV as novelas tristes com mulheres bonitas expostas à sexualidade barata e imbecíl imbecil como se as cenas só fossem vistas em Ipanema, Morumbi ou Icaraí. Esquecidos que menininhas do interior do Amazonas, Alagoas e Morro do Côco ficam boquiabertos nos seus cândidos 7 ou 9 anos olhando o despertar da burrice sexual que tanto dinheiro e orgia trazem aos senhores dos engenhos cibernéticos.

Ontem mesmo os travestis da Av. Presidente Sodré eram vistos com as prostitutas do Cais do Mercado sendo presos e revistados pela Policia Militar. Dois pesos e duas medidas como diziam meus avós nos anos 40.

Era um exemplo claro que tudo se transformava em jocosas e hilariantes ações dos salvarguadores do Pudor Público da rua e dos conservadores das aulas de prostituição oficial na TV..

A chuva começa a criar valinhas brilhantes por entre pedrinhas amareladas duras pelo tempo de seca.

Flores sorriem e dançam de um lado para outro quase de beijando. É bailado natural que os três milênios conservam intacto na vida divina.

Trovoadas, que no dia anterior fez com que o meu Vasco não fosse visto entrar em campo, ronca nos céus e compassadas e suaves tonalidades transformando nuvens e pelo de seu sonoro tambor.

As mãos dos deuses da natureza fazem com que os mosquitos chatos, que até agora me mordiam a perna no computador que teclo, saiam e voltem às relvas... É o bailado da harmônica presença da natureza nesta linda tarde de calor deste dia de cheiro de mato.

Bem ao longe ainda se podem ver os apressados vôos dos pássaros do tarde rumo ao Morro do Forte Marechal Hermes, que felizmente guarda a ultima de nossas areias puras no centro da cidade. No alto do coqueiro dois anus ninham seus filhotes e a busca de alimento natural é seu único preocupar..

Em volta da casa, os cães dormem.

Galos pulam das árvores e entram na varanda deixando as manhãs com seus cheiros que dublarão novas relvas.

As últimas Acerolas, Pitangas, Cajus, Jacas, Jabuticabas e Goiabas, caídas no chão, esperam o Sol chegar para darem novos brotos que serão replanejados por meus filhos no início da Lua de Março.

Os caroços das Mangas já brotam e serão feitos plantas ainda neste janeiro do terceiro milênio. Volta a chover compasadamente e um gatinho preto e branco espreguiça do meu lado, e, um velho cão que entrou na porteira aberta flerta com Maluca.

As trovoadas fazem com que pássaros se entreolhem em busca de acomodações e vigamento de ninhos.

É o mês das chuvas que abrem espaços para novas vidas em torno de um mundo maravilhosamente divino. O pé de Araçá deixa cair suas flores brancas para a vinda do fruto.

No momento em que vem à certeza do belo experimental mistério. Sinto que se fixa na existência humana a emoção que fundamenta a verdade das artes e das descobertas humanas.

O mistério que vem de cada criança se perpetua na nossa adolescência e chega até à velhice sem que fenecemos. A busca do maravilhoso mistério com o sentimento do medo criou a religiosidade humana e nos impôs um Deus castigante que afirmo inexistir.

Ao olhar as got í í culas de chuvas que caem nas pequeninas folhas de uma grama seca e ver seu alegre rebolado de alegria por se saber dono da existência põe a mostra um criador bom, puro e natural que me fez sentir sua existência.

Nesta hora me senti extremamente religioso. O vôo alegre de uma rolinha que passa lépida em busca de seu ninho e a ida triste do Gavião que não pegou o pintinho. Protegido pela mãe, reforça o existencial divino.

Onde reside o saber do invisível ser?

Criando curiosidades nas minhas eternas dúvidas do vir a ser...

2.8.09

SUPER-MULHERES QUE FIZERAM NOSSA HISTORIA DESDE 1830


Mulheres de Nossa História

SUPER-MULHERES QUE FIZERAM NOSSA HISTORIA DESDE 1830

José Milbs
Muitas destas pessoas são frutos de memória. Algumas ausências ficam creditadas no esquecimento normal a qualquer mentte humana.

Se toda cidade tivesse a obrigatoriedade de registrar em sua trajetória histórica as mulheres que deram sua existência em prol da própria existência das cidades, acho eu que tudo seria mais belo em suas memórias. Elas, através dos tempos fizeram com que a sociedade e coisas se presenteassem nas suas lembranças e ações através dos tempos. Bibliografar suas presenças, impor sua lembrança, tentarei, ao nomeá-las.

Nesta crônica, falo em muitas destas figuras e nunca é demais retornar ao assunto porque, afinal se não fossem essas mulheres nenhum de nós estaria aqui para escrever ou ler.

QUE CADA UM FAÇA SUAS BIOGRAFIAS

Sula, Zizinha Moura, Titinha, Nhasinha (Alice Lacerda), Ilda Ramos, Jacyra Durval, Myrsys, Thereza Pereira da Silva, Anita Parada, Lia Koop, Sonia Rocha, Delza, Santa Lobo, Cici Mathias Netto, Honorina, Arlete Pinto, Dioneia, Dinorah, Eleosina, Cirene, Flavinha, dona Senhora, Inês Patrocínio, Etelvina Quinteiro, Dolores Soares, Santinha Marques Monteiro, Carmen Sólon, Inezita Garrido, Consuelo, Julita, dona Afifi e dona Fifi, dona Elisa, Durvalina, Detinha, Amelia Brasil, dona Cota, parteira dos Cajueiros e mãe e Tinho Pedro Muleta, Letícia Peçanha e Letícia Carvalho, Albertina, Ecila Lacerda, Brandina, Pastora, Noca, Lala e Lilinha, dona Ermita. Zilda Aguiar, Angélica, dona Dega, Nilza Mello, Berenice, Elea Tatagiba, Lopelina, Henriquieta Marotti, Iza Franco, dona Delzinha, Maria K, dona Zélia da Bicuda Pequena, dona Oscarina, Santinha Santos,Zilda Glória Sardinha, Suraya, Zenita e Zelita, Maria Drumond, Aracy Pareto, Iracy e Erecê, dona Lola, Estelita Lima, dona Maria Castro, Ilda Barreto, Marieta Peixoto, Maria Jose e Emilia Peixoto, dona dada, Wanda Gil e dona Rita, Irene Santos, Dalila Colares Quitete, Anita Franco, Totinha, dona Cota, dona Pequena Almeida, Alvina Prata, Conceição Prata, Carmem Quaresma, dona Concy e dona Duia, Ivone Manhães Coelho, Maday, dona Nefta, Judith Cabeleleira, Maria Lucia Piersant, Izaura e Conceição Ramos, dona Domingas, mãe de vovô, Palmira, Lucia Magalhães, esposa do nosso Lealdino do Morro do Viaduto, Maria Jose Guedes, dona Iracy Quaresma, Zezé, mãe de Ducha da J. Koop, Pepenha Sueiro, Luiza Parteira da Barra, Altina Parteira do Centro, Adelayde Bastos da Silva -a mãe dona- que nasceu em l830, morrendo em l947 sendo raiz dos Silvas, Tavares, Ribeiros e Almeidas que habitaram e formaram as raízes desta cidade.

Dona Carmelinda Mattos, Maria Oliveira, mulher de Constancio que todos os ferroviários dos anos 40 sabem de quem falo, Neuza da Silva França do Miramar, Dona Artemia, Léa Macedo, Zezé Madureira. A busca por tentar tornar eternas as presenças destas mulheres na história de Macaé não tem sido fácil.

Embora suas presenças vivas tenham sido, em sua maioria nos anos onde a cidade tinha poucos habitantes, longe de facilitar a minha busca, se torna uma missão muito desconfortável porque muitas senhoras podem ficar no fundo frias no meu esquecimento. Se algumas não forem citadas que sejam debitadas mesmo ao esquecimento porque não me move nenhum objetivo que não seja contribuir para a história que vivi no convívio com elas ou ouvindo delas por outras pessoas que me foram afetivas.

Tentarei, no entanto, ao invés de nomear com bibliografias estas mulheres históricas, na medida do possível apenas colocar seus nomes na evidência de suas passagens na vida da comunidade macaense.

Se alguma não for descoberta quero que seja entendido como esquecimento do autor, que, afinal, trabalha com sua própria mente e fatos que vivenciou ou que lhe foram passados ao longo de sua vida.

A continuação das nominações futuras e merecedoras das novas mulheres que estão forjando a vida da cidade, nos últimos anos, com a chegada do desenvolvimento(?) fica para outros memorialistas.
As parteiras

Macaé, até final dos anos 60, engatinhava uma vida pacata, com idas e vindas de seus poucos habitantes. Ruas desertas, poeiras, cadeiras nas calcadas, " bom dia, boa tarde e boa noite" faziam parte do cotidiano. Muitas mulheres formavam as nossas raízes. Muitas vindo de cidades e vilas vizinhas como Conceição de Macabu, Carapebus, Quissama, Glicério, Frade, Sana, Trapiche, Cachoeira de Macaé, Bicudas, Airys, iam se juntando as famílias que aqui residiam.

Parentescos eram comuns à grande parte dos habitantes. Além do que as parteiras, em grande número nesta época, recebiam da maioria dos moradores as beijadas nas mãos em forma de benção. Era uma maneira afetiva das crianças cumprirem ordens maternas na identificação de quem os fez chegar ao mundo.

Parteiras da Barra do Rio Macaé, do Centro da cidade, de Imbetiba, da Aroeira e da Boa Vista eram reverenciadas afetivamente, da forma mais linda que uma cidade pode oferecer a quem o fez nascer.

Com o crescimento da cidade e a chegada de enfermeiras e médicos, elas foram se tornando extintas na ação de seu trabalho, mas jamais deixaram de estar presentes nas memórias de todos que tiveram o doce privilégio de conhecê-las. É o caso de dona Durvalina, dona Elisa, dona Altina, dona Luiza e outras tantas que habitaram esta cidade de curta memória.

Usar os ternos de linho branco, passados e lavados por Pepenha, negra esposa de Sueiro, era um orgulho para os senhores comerciantes dos anos 40 e 50. Que os diga seus descendentes. E o orgulho de ser abençoado por alguma das nossas parteiras? Que falem quem tem mais de 50 anos.

'Educando, sorrindo, ensinando, educando....

A luta dos ferroviários por melhores condições de vida e trabalho tinha sempre lado a lado, ombro a ombro, mulheres como Neuza França, Maria de Constâncio, Carmen de Walter Quaresma, e outras que, com a memória aberta, relatarei.

O trabalho árduo de alfabetizar dezenas de homens rudes, saídos das fornalhas e fornos de Imbetiba, depois de um trabalho subumano nas garras do capitalismo inglês era feito pelas professoras que se dedicavam a ensinar a estes homens um pouco de leitura e carinho. E era dona Calmerinda Mattos que abria junto com seus cadernos, lápis e borracha o seu coração informando a todos estes bravos homens rudes dos anos 40 e 50 que havia um mundo também para quem soubesse ler e escrever.

Dona Calmerinda marcava sua existência de uma professora, não formada, na formação de gente que deu origem a várias descendências de Macaé. Como ficar fora da lembrança o trabalho social e humano que dona Zezé, mãe de Ducha, fazia no anônimo de sua vida? Ela, Neuza, Carmem e Maria de Oliveira estavam sempre ombro a ombro com seus companheiros na batalha por melhores condições de trabalho e vida.

O sacerdócio na educação deve ter suas origens no trabalho carinhoso de dezenas de mulheres que cimentaram a vida da comunidade de Macaé. Hilda Ramos, Letícia Carvalho, Dona Madalena de seu Chisto, Jacyra de seu Paulino Durval, Lia Koop, Dionéa, Dolores Soares, Letícia Peçanha, Berenice, Elea Tatagiba, Henriqueita Marotti, Iza, Zélia, Angélica, Santa Lobo de Cacheira de Macaé, Dalila Colares Quitete, Nefla ou Maria José de seu José Carlos formavam, com outras dezenas de mulheres professoras, o áureo cultural que ornavam as mentes de milhares de jovens macaenses nestes anos de alegres encantamentos. Sucessoras de outras mestras como Thereza Pereira da Silva, Anita Parada, Lucia Gama, os pilares da educação de nossa cidade sempre estiveram fortalecidos pelos dotes humanos destas mestras que, no esquecimento de algumas, deixo para outros reescreverem fatos não relatados.

Pequenas escolas isoladas, outras em casas das próprias mestras, era o comum nestes anos que precederam o progresso (?). Os acordes do piano de dona Honorina, de Inês Patrocínio, de Carmen Sólon, Maria Jose Borges Guedes ou de Flavinha de seu Manduquinha, ainda devem sonorizar sonhos em muitas cabeças macaenses embranquecidas pelo sereno da vida. Feliz seria toda cidadezinha de interior que pudesse passar para seus filhos as histórias que busco fazer vivas neste meu livro. Era hora de desligar as televisões e sentarem nas saudosas cadeiras nas calcadas e desfilar o cotidiano lindo dos imaginários vividos. Mulheres Raízes que derem uma cidade de quase 200 anos merecem ser imortalizadas e reverenciadas longe das homenagens frias do social. Apenas pelo esquentamento de trabalhos com o social de suas existências.

Delza, Terezinha Loureiro, Noca, Sila, Santinha de doutor Marques Monteiro sobressaiam nas esquinas da vida desta cidade com atendimentos sociais e afetivos que suas presenças faziam fluir. Detinha, a fiel companheira de nosso Tonito, a baiana de Salvador que nas nossas ruas ainda caminha com sua altivez e beleza.

Onde poder deixar de fazer vivas as presenças destes vultos que nunca morrem? Mulheres que fizeram nossa historia como dona Zezé Madureira do Jorge Costa do O REBATE que tive a honra de suceder num tempo em que jornal se fazia letra por letra. Gente anônima. Mulheres felizes e que nos eram apresentadas como antecessoras de outras que fizeram tantas outras vivências. Dona Dega, Delzinha, Oscarina, Pastora, onde se podia ver a estampa da fidelidade e do afeto familiar no transbordamento de seus olhares e cumprimentos.

Gente que passeava em nossos corações e nem sabia que estava formando a essência de uma geração forte e decididamente macaense. Inezita , Amélia, Magda, Etelvina,Zilda Aguiar, Albertina, Brandina, Lala e lilinha, Cici Mathias Netto, Gilda Correia, Arlete Pinto jamais poderiam imaginar-se essência de uma cidade que ficaria pequena nos anos 2000, mas que jamais deixaria que as suas raízes ficassem encobertas no subsolo de uma terra não fértil. Embora regadas com poucas águas, algumas até com o suor ou as lágrimas das saudades, estas senhoras se juntaram a tantas outras na formatação de uma cidade que nunca deveria ter saído de sua pureza e beleza.

Nos acordes da Lyra dos Conspiradores e da Sociedade Musical Nova Aurora, ainda ressoam nas mentes as imagens de mulheres que souberam sobressair-se numa época de puro machismo e paternalidades. Dona Lola, Marietta Peixoto, dona Cota, Alvina e Conceição Prata se juntavam à dona Pquena Almeida, a mãe de Bonga e a esposa de seu Murteira para a formação de novos elos na corrente desta cidade que ainda não tinha chegado ao seu Sesquicentenário. Morgadinha de Benedito Lacerda, Ondina Lacerda, Doca, dona Nefla, Domingas Almeida e Domingas, mãe de Vovô e Arthur faziam o caminhar diário por nossas ruas sem se aperceberem que estavam fazendo história, que estavam espalhando à genética que iria viver e reviver-se no desabrochar do século do progresso. Dona Palmira, Dona Irece Meirellis, Judite Cabeleireira, Sara de seu Selino, pilares de famílias inteiras de descendentes faziam parte deste pequeno grande mundo de uma cidade de pouca lembrança.

Oneida Terra, na busca de entender uma luz maior que vibrava na mente de seu filho, criou uma instituição que honra toda uma comunidade. Usou o nome do consagrado Pestalozzi e presta, com seu trabalho um lindo favorecimento a centenas de pessoas carentes. A década de 80 primou-nos deste belo trabalho de Oneida.

E Beth Neves que transformou o aprendizado do Reik em maneira de levar a doutrina do amor e da fraternidade em seus toques sutis de uma luminosidade que só pessoas dotada destas energias podem irradiar e fazer se presente. Mulheres mães, companheiras como Edith, Alice e Talita, trilogia de uma genética de mulheres que deixam sua marca na presença de atos que dignificam qualquer passado e fazem brotar saudades nas lembranças.
Elas também são artistas

As telas de Sônia Rocha, Anatalia, Rozanea Pimenta, Maria K., Carmen Lygia e Consuelo jamais deixarão de existir no formato de suas representações do belo sem que se possa esquecer que foram feitas no calor das energias que sempre existirão em Macaé desde os primórdios da nossa arte. Aqui repousa as manifestações artísticas de Takaoca, Olive, Waldemar da Costa, Nilton Carlos, Jojo, Renaut e tantos outros que, ao sol de nossos verões e ao vento das ilhas souberam colocar nas telas, como estas senhoras o privilégio que poucas cidades pode oferecer no belo de sua geografia. Feliz o Belegard por ter visto na nossa geografia este singular belo. Raízes, mulheres e senhoras de uma cidade Pura como bem o disse meu amigo Paulinho Mendes Campos, quando de sua vinda atendendo ao chamamento do O REBATE . Paulinho, Jose Carlos Oliveira, Olga Savani, Jaguar, Alberto Reis, Egberto Ginsmont, Geraldinho Carneiro, faziam parte do júri do 1 o .Festival de Música que, no final dos anos 60, o jornal O REBATE realizou.

O ano era mesmo de 68. O olhar de Paulinho foi lhe dando a dimensão da cidade que ele nunca tinha visto. Como todo escritor que se ilumina, mesmo estando na presença de multidões, a mente de Paulo Mendes Campos lhe clicou, quando de seu comentário em jornais do Rio de Janeiro, a visão de Macaé como cidade pura. Esta pureza ele foi vendo ao olhar as ondas mansas de imbetiba, ao contemplar as bravias dos Cavaleiros e, ao fitar com recordações de sua própria infância em Minas Gerais, o caminhar de moças e rapazes no centro da cidade, quando tomava café no Belas Artes com Ary Duboc, seu velho amigo de boemia, nas ruas também calmas de Ipanema. A visão de cidade pura que Paulinho retratava tinha e tem muito a haver com estes relatos de gente dos anos 40, 50 e 60 nesta cidade.

Progenitora

A respeitável presença de dona Ermitã Ferraz nas nossas ruas, seu vulto, alto, caminhando pela rua do meio, indo e vindo no comércio fazia desta senhora o que de mais belo se podia esperar. Responsável pela criação e mãe de outros tantos ela nos deixou o legado de uma vida e uma genética que espalharam por toda a comunidade sua descendência. Macaé nos anos de 60 ate final de 70 se podia mesmo se considerar uma cidade Pura. Mesmo com a destruição de imbetiba, berço de nossas historias e alegrias, vulto de mulheres continuavam a bailar nas mentes de historiadores e amantes do belo. Jane Martins Marialva Neto, Maria Helena Pereló, Lenice Sucena, Dagnar Pereira (Mazinha) se faziam presentes nos desfiles como nossas pirmeiras " Miss Macaé ". Sonia Rocha, miss Bahia, sucessora de Marta Rocha, ainda não tinha chegado em Macaé quando estas senhoras desfilavam. Era mesmo uma cidade pura esta Macaé, hoje capital nacional de petróleo (?).

As praias ainda tinham ondas com cheiro de maresia no Forte e na Imbetiba. Os cocos que boiavam eram de algum mergulhador gozador que defecava enquanto se sentia só no nadar solitário. A defecação multinacional, saída dos navios ancorados em Imbetiba turvou as límpidas ondas e jogaram para o fundo da lembrança o fim triste de uma linda praia. As aulas de dactilogria, muito antes do computador que escrevo, deleto gente e crio imagens, eram ministradas no velho casarão do seu Gastão. Dona Myrss, dona Nancy eram as presenças em nossas horas de aula no asdfg....;lkjh...

Bons tempos da Hemintgon. Enquanto elas iam fiscalizar outros alunos a gente olhava furtivamente, nos enganando, por debaixo da viseira afim de sair logo do asdfg e Passar para outros exercícios. Mulheres vivas em lembranças, como dona Dioneia de Jorginho Itaperuna, seu filho gênio que nos deixou saudades.

Cidade de mulheres à frente de seu tempo. Contadoras, comerciantes, companheiras, mulheres. Nice Moura, Guiomar, Luiana, Conceição, Mary Jacaré, Iolanda França, Estelita Lima ou dona Senhora. Mulheres que iam á luta e voltavam para a luta da casa com filhos e companheiros. Merendeiras, professoras, enfermeiras, comerciantes, vendedoras de sonhos como a meiga e doce Julita, sogra do meu companheiro Waldyr Tavares. Mulher líder como dona Elmira, nossa eterna mãe maior. Enfim, vou rebuscar esta minha cabeça e tentar escrever mulheres de nossa historia, desde Adelaide Bastos da Silva em 1830, passando pelas aulas de Santa Lobo e Alice Lacerda em Cachoeira, até os dias que antecedem a chegada do Petróleo. Alice Lacerda depois iria abrir em sua residência aulas juntamente com Pierre, onde Angélica, Ecila e Moacyr do Carmo dariam os primeiros passos no abc de suas vidas. Beirava o ano de 1920 estes últimos fatos. Os Muros, os Lins e os Francos eram educados, nesta mesma época, em Cachoeira de Macaé, Bicuda e Areia Branca por Santa Lobo.

Mais tarde chegaram Iza, Zélia e outras para dar seguimento a esta linda missão educacional. Ana Benedita, Irene Meirellis, dona Cirene, Déa Coelho, Ivonildes Souza, Leda Marques e Vanilde, pacientemente iam fazendo de suas vidas as histórias de nossa vivência educacional.
Curando chagas

Sula Vieira nestes anos 60 e 70 fazia de suas madrugadas uma profissão de fé e amor ao próximo. Das pernas de homens simples possuidores de chagas incuráveis ela, com o divino manejo de dedos docemente leves iam transformando em amor às horas de descontração de tantos quantos destas chagas eram portadores. Gases, água e uma voz saída de seu interior com preces ajudavam a mais um dia de caminhada pelos que iam, em filas, ao Centro Pedro, em busca de afeto. Sula cantarolava, fazia preces, brincava com estes pobres navegantes humanos, lindos em seus olhares de gratidão por esta santa senhora. Sula não morreu, ela VIVE ainda em todas as mentes que tiveram o privilégio de vê-la neste planeta de sofisticadas loucuras e de poucas caridades reais.
Acolhedoras

Abrigando gente, se fazendo por mãe de todos e com a divisão de seu alimento com tantos quantos iam em sua casa, lá estava dona Santinha Marques Monteiro. Foi ela que presenteou a cidade de Macaé com a queridíssima Waltina, companheira de Cezar Jardim. Waltiva era tão linda em seu interior e tinha um olhar tão meigo que aí por toda a cidade você pode se esbarrar com seus descendentes. Chicão que o diga, não é, meu velho amigo? Macaé deveria mesmo fazer algum histórico de suas mulheres, principalmente de senhoras como Santinha e Waltiva. Abrigou dezenas de jovens solitários por algum período de suas existências como o próprio autor que escreve esta longa crônica. Maria Helena Salles e Ana Maria, para não falar de outros tantos que eram misturados com seus filhos, Geraldo e Alicinha, e abraçados como filhos também. A história de uma cidade se faz com gente deste quilate e não com fantasias ocasionais em matérias pagas em jornais de épocas. A verdadeira história de uma cidade, não se escreve com 30 ou vinte anos de existência. Ela está cimentada na busca de atos e fazeres que romperam os 50 anos e ficaram gravados nas mentes de forma indelével.

Por isso é que mulheres, companheiras e contemporâneas se sobressaem de forma livre, cristalina e doce quando se procurar referir-se a estes vultos femininos da historia de Macaé. Que outros façam suas historias daqui 40 anos. Estas, no entanto é a nossa história.
Jacyra, a guerreira

Sempre alheia ao que lhe pode ocorrer, mulheres se sobressaem em vários setores do mundo macaense. Um dos muitos exemplos foi o de Jacyra Campos. Deixou de lado, casa, visinho, parentes e um grande círculo de amigos em São Gonçalo, RJ. Pegou a filharada, um montão de crianças, colocou tudo debaixo de braço e disse : "Vou começar tudo em Macaé" . Aprendeu bater foto, abrigou uma imensidão de criança, seus e os que criava e veio fazer a cabeça de seu companheiro Lívio, que se empenhava em lutar pelo povo como jornalista e fotógrafo. Guerreira, Jacyra espalhou sua saga de mulher e os frutos ela colheu ainda em vida com netos e bisnetos.
Ajudando aos explorados

Quando o médico Julio Olivier atendia os humildes nos anos 20, ele o seu irmão, também médico, Nelson Olivier, por detrás deles estava uma forte mulher, dona Marietta Olivier, companheira de Julio que dizia aos seus ouvidos: " vai, Julio, atenda a todos . São tão pobrezinhos, nem dinheiro pro remédios eles têm" . Num destes atendimentos à pobreza de Macaé. Nos anos 20, Julio, foi encontrado sentado num banco de jardim da Praça da Igreja Matriz. O padeiro, pensando que ele descansava, tentou acordá-lo. Estava morto o "Medico dos Pobres de Macaé" tentando ser acordado por um simples padeiro de nossas ruas.

Era assim com Maria Aparecida Costa com o Humanista Manoel do Carmo Lozada nos anos 60. E com dona Santinha com o Sanitarista Marques Monteiro nos anos 60. Mulheres macaenses sempre no empurrão das ações sociais de seus companheiros.
Embaixadoras da cidade

Mulher, companheira, amiga mulher. Nicle, esta mulher macaense que impulsionava o escritor Luiz Lawrie Reid em suas beneméritas ações caritativas. Nicle Reid um nome desconhecido na historia de Macaé. Também pudera. Ela nunca quis aparecer. Nem quando seu marido, o macaense Luiz Reid fez doações para a construção de nosso maior estabelecimento, ela quis deixar sua presença. Apenas dizia que em cada mãe que tivesse visto o filho estudar num colégio amplo arejado e, de preferência gratuito, ela estava presente. Dona Nicla participava de nossa história no dia a dia da paulicéia, onde morava. Mesmo depois de Luiz Reid ter deixado este mundo ela mantinha contato com Macaé através de cartas e lembranças desta terra, que ela amava e fazia questão de citar sempre em suas andanças pelo mundo. Nicla Reid, uma mulher de nossas histórias. Uma mulher esquecida por tantos e muitos que deveriam lembrar. As poucas vezes que os Reids vinham em nossa cidade procuravam se deliciar com as belezas de nossa culinária que ela, Nicla, não se fartava de elogiar em São Paulo. Ela e Ecila, minha saudosa mãe, pareciam até representantes da cidade em São Paulo, de tanto que falavam em nossos doces e pessoas. Manjar de pudim com laranja da terra, de goiaba, de carambola, catada no quintal, batatadas de batata doce, Pernambucano, Rocambole, Bombocados, os cristalizados de Abacaxi, morango, abóbora, enfim eram estas belezas que, chegadas em São Paulo eram servidas nas mesas dos amigos e escritores que iam visitá-las em suas casas. Doces de mamão, jaca, caju, amendoim e fruta pão completavam todo o ornamento macaense nas tardes da paulicéia.
OS ANOS 70, O CHALÉ DE VERONICA PIERSANT
Chagou à região de Petróleo, vinda do Rio de Janeiro, Verônica conquistou a cidade. Alegre e comunicativa mantinha um vasto conhecimento e a todos recebia em seu Chalé da Verônica. Herdeira da elegancia e sobriedade de sua mãe, ela nos deixou muito jovem. Ficaram seus 3 filho. Ema grande mulher...

Para que não se percam


Nota: Estas mulheres, pinçadas nas memórias do autor, estão presentes na vida da cidade e seus descendentes competem biografá-las para a história. Minha parte estou fazendo e, repito o que escrevi no corpo da matéria: se alguém esqueci e sei de que o fiz com muitas, que sejam debitadas a memória. Que alguém se lembre e faça como eu o fiz...