Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

4.8.09

Por um ninho que cai... ventos, ventanias, chuvas...


Muitos textos que fiz se foram nas ventanias da vida. Muitos foram publicados no velho e resistente O REBATE no decurso destes 50 anos. "POR UM NINHO QUE CAI foi um destes que deve habitar algum arquivo de alguém que gosta de guardamentos.
Neste uma falava as chuvas de inverno, ventos uivantes, balanceamento de árvores aqui do Sitio onde moro. Revia a luta de um casal de rolinhas que, aconchegados aos sews filhotes, fazia frente as trovoadas e relâmpagos que, abusando das forças maiores da natureza, objetivam jogar por terra os filhotes. Debalde, falei da luta das Rolas. Uma rajada de vento, que até molhou as lentes de meus óculos, levantou e atirou longe os filhotes.
Não sei se rolinhas choram. Eu praguejei a natureza. Por que que logo os filhotes? por que não foi, com seu vento forte e seus raios, atingir quem mata Nascentes, Cimenta Rios e matam animais indefesos?
Neste meu texto POR UM NINHO QUE CAI falei também das gotículas das chuvas criadeiras de Agosto e final de Julho que faziam brotar as mais lindas sementes que ficam no chão...
Entendia, neste texto, o que era de fato a transformação do vital. Desde lindo circulo natural de vida e morte...
Hoje, meu filho Luís Cláudio me diz que um ninho tinha caido da soleira da casa onde habitamos. Dizia que neste momento se lembrou deste que originou esta lembrança...




EU, POETA?

Foram se os Cabelos Negros, vieram os Brancos...

Foram-se as duvidas...

Vieram as certezas...

Na duvida do nascimento do amor... A certeza do seu nascimento....

A existência das dúvidas em verdades vividas...

Haveria certeza nas dúvidas puras das infâncias?

Ou seria a 'duvida a eterna das nossas incertezas? (31.12.00)

À tarde uma chuva fina, criadora cai sobre a relva seca do Sítio. É o último dia do tão falado e decantado milênio que achou um grande parceiro Ocidental para venda de fantoches e premonições imbecis mais que vendem na mídia. A televisão continua sua busca desenfreada em transformar crianças em robôs e os sons invadem as praias como se ela estivesse ali, não para receber o descanso dos seus habitantes mais para ser hospedeira de batuques, latas de bebidas, plásticos e corpos dançantes desengonçados e feios. Algumas belezas ainda teimam e se expor aos olhares do belo e às afrontas dos bebuns macaenses.

É o ultimo dia do ano...As prefeituras contratam os enlatados vendidos a troco de publicidade de seus prefeitos sorridentes e abobalhados... A inteligência cede lugar à imbecilidade global.

É a Teoria do Pão e do Circo revisada por mídias internacionais e empurrada goela a dentro para uma pobre geração pura que não sabe onde a estão levando e, imbecilizadas e massificadas levantam as mãos para lá e para cá saudando os malandros cantores, que nem olham a multidão. A massificação das mentes , via TV, é uma forma de alienação que precisa de uma forma de revisão sob pena de acabar de vez com a criação nativa da espécie humana.

Cantores enlatados embolsam seus milhões e partem para outra cidade do pacote fechado. Antes deixam os 30 por cento dos caixas dois que grassam em toda prefeitura e não tem quem conteste. Faz parte dia a dia e dos exemplos nacionais de João Alves, Collor, etc.

Alguns juizes ainda conseguem expor as vísceras destes senhores que, desavergonhada mente, roubaram ou deixaram roubar o erário público...

A chuva que cai no sitio faz bailar lindos brotos de gramas que respiram alegremente sentindo-se vivas e procriadas.. Sanhaços, Rolinhas, Pardais, Anus Brancos e Negros cruzam os céus do bairro Molambo hoje totalmente internacionalizados. God B ey e Bom Dia são misturados a festividades programadas pelas firmas que rodeiam este meu pedacinho de céu...

Ao fundo, antes uma vale cheio de vaga-lumes, sapos e bacuraus, pisca uma enorme torre que faz mal aos olhos e faz comunicação de uma multi com seus barcos nas plataformas...

Macaé recebe pela TV as novelas tristes com mulheres bonitas expostas à sexualidade barata e imbecíl imbecil como se as cenas só fossem vistas em Ipanema, Morumbi ou Icaraí. Esquecidos que menininhas do interior do Amazonas, Alagoas e Morro do Côco ficam boquiabertos nos seus cândidos 7 ou 9 anos olhando o despertar da burrice sexual que tanto dinheiro e orgia trazem aos senhores dos engenhos cibernéticos.

Ontem mesmo os travestis da Av. Presidente Sodré eram vistos com as prostitutas do Cais do Mercado sendo presos e revistados pela Policia Militar. Dois pesos e duas medidas como diziam meus avós nos anos 40.

Era um exemplo claro que tudo se transformava em jocosas e hilariantes ações dos salvarguadores do Pudor Público da rua e dos conservadores das aulas de prostituição oficial na TV..

A chuva começa a criar valinhas brilhantes por entre pedrinhas amareladas duras pelo tempo de seca.

Flores sorriem e dançam de um lado para outro quase de beijando. É bailado natural que os três milênios conservam intacto na vida divina.

Trovoadas, que no dia anterior fez com que o meu Vasco não fosse visto entrar em campo, ronca nos céus e compassadas e suaves tonalidades transformando nuvens e pelo de seu sonoro tambor.

As mãos dos deuses da natureza fazem com que os mosquitos chatos, que até agora me mordiam a perna no computador que teclo, saiam e voltem às relvas... É o bailado da harmônica presença da natureza nesta linda tarde de calor deste dia de cheiro de mato.

Bem ao longe ainda se podem ver os apressados vôos dos pássaros do tarde rumo ao Morro do Forte Marechal Hermes, que felizmente guarda a ultima de nossas areias puras no centro da cidade. No alto do coqueiro dois anus ninham seus filhotes e a busca de alimento natural é seu único preocupar..

Em volta da casa, os cães dormem.

Galos pulam das árvores e entram na varanda deixando as manhãs com seus cheiros que dublarão novas relvas.

As últimas Acerolas, Pitangas, Cajus, Jacas, Jabuticabas e Goiabas, caídas no chão, esperam o Sol chegar para darem novos brotos que serão replanejados por meus filhos no início da Lua de Março.

Os caroços das Mangas já brotam e serão feitos plantas ainda neste janeiro do terceiro milênio. Volta a chover compasadamente e um gatinho preto e branco espreguiça do meu lado, e, um velho cão que entrou na porteira aberta flerta com Maluca.

As trovoadas fazem com que pássaros se entreolhem em busca de acomodações e vigamento de ninhos.

É o mês das chuvas que abrem espaços para novas vidas em torno de um mundo maravilhosamente divino. O pé de Araçá deixa cair suas flores brancas para a vinda do fruto.

No momento em que vem à certeza do belo experimental mistério. Sinto que se fixa na existência humana a emoção que fundamenta a verdade das artes e das descobertas humanas.

O mistério que vem de cada criança se perpetua na nossa adolescência e chega até à velhice sem que fenecemos. A busca do maravilhoso mistério com o sentimento do medo criou a religiosidade humana e nos impôs um Deus castigante que afirmo inexistir.

Ao olhar as got í í culas de chuvas que caem nas pequeninas folhas de uma grama seca e ver seu alegre rebolado de alegria por se saber dono da existência põe a mostra um criador bom, puro e natural que me fez sentir sua existência.

Nesta hora me senti extremamente religioso. O vôo alegre de uma rolinha que passa lépida em busca de seu ninho e a ida triste do Gavião que não pegou o pintinho. Protegido pela mãe, reforça o existencial divino.

Onde reside o saber do invisível ser?

Criando curiosidades nas minhas eternas dúvidas do vir a ser...

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