Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

3.11.11

Dona Elza Vieira dos Santos Machado, A Dama Negra que a todos encantava pela alegria, morreu no Novo Cavaleiro...



Uma mulher negra, franzina, sempre alegre e distribuindo sorrisos timidos e de grande penetração nas almas das pessoas, teve sua vida terrena interrompida no último fim de semana.
Uma das mais antigas moradoras do Bairro Novo Cavaleiro, onde "O REBATE" está desde 1970 com suas edições, ela sempre esteve presente em nossas Ruas e Pequenas e Mal Iluminadas Picadas. "Dona Elza" era muito feliz na criação de seus filhos, netos e sobrinhos. Seu maior encanto vinha de suas roupas, sempre lembrando, em cores, sua origem na querida Africa de tantos Reis e sofrimentos do POVO.
Mãe de Geraldo, o querido "Geraldinho", de Reginaldo, o simpático "Caial" e de Roselli, Genildo e Rosemere que sempre estavam em sua companhia nas presenças e andanças do dia a dia...
Meus filhos são amigos dos filhos desta descendente direta, acho eu, de algum Reinado Africano nos terríveis anos da Escravidão. Eu era seu amigo e admirador de sua luta na criação e aconchego que tinha com seus 16 netos e os 3 sobrinhos. Lembrava um pouco minha avó Nhasinha que me criou e criou os meus dois irmãos Djecila e Ivan Sergio. Ficava, muitas das vezes sem se alimentar para que nada faltasse aos seus filhos e dependentes...
Uma mulher guerreira que fará muita falta ao Bairro Novo cavaleiro que, nos velhos e bons tempos era conhecido como Bairro do Mulanbo...
Conheci dona Elza desde que vim morar por este Encantado e Mágico Bairro. Ela residia perto da casa de meu Amigo Otavianno Canella, grande Indio Goitcás que morreu com 100 anos e também teve o privilégio do conhecer esta Grande Dama...
Nesta época Dona Elza morava junto com Dona Madalena e meu amigo Honorato, um velho Negro que faleceu aos 98 anos e que me dava aulas de como era dura a vida de seus avós e da saudade que eles sentiam da Velha e Aguerrida Africa...
Ela sempre vinha ao Sitio Estância Vista Alegre, onde edito o jornal "O REBATE". vinha para levar alguns baldes com água e a gente conversava sobre a nascente do local. Talvés a única ainda limpa do Bairro. Falava de suas preocupações com Geraldinho, acho eu, seu filho predileto e do mundo violento que estamos vivendo com tantas diferenças social entre as pessoas. Dona Elza era uma pessoas super afetiva e de grande vivência.
Sua mãe, descendente direta de Negros de Africa, sempre viveu em Macaé. Dona Eugênia era queridissima no Morro do Carvão, amiga do ex-Prefeito Eduardo Serrano e que deixou um legado genético na vida dos moradores do Morro do Carvão...
Ultimamente Dona Elza morava na Rua Acadêmico Paulo Sergio de Carvalho Vasconcellos, uns 400 metros de "O REBATE" o que fez com que sua presença e seus filhos fossem algo quase que diário em minha casa.
A última vez que vi esta Dama de Olhar Tímido e vóz Suave foi dois dias antes dela falecer. Passou em frente ao jornal, com uma roupa linda que lembrava muito a Bandeira do Kênia e me saudou alegre.
Geraldinho foi quem me trouxe a noticia de sua morte. Deixa de bater um dos mais simples e sofridos coração de numa Grande Negra...
Nascida em 25 de Dezembro de 1954 ela não verá o Natal do ano de 2011 mais tenho certeza que seus filhos, netos e sobrinhos saberão honra seus ensinamentos de Mulher Guerreira e alegre...
José Milbs de Lacerda Gama editor de www.jornalorebate.com

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