Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

22.5.10

ESCOTEIROS DOS ANOS 50, VELHAS SAUDADES E UMA RODA VIVA NAS MEMÓRIAS QUE PASSAM DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO ATÉ OS ANOS 2010



(Clique nas fotos que elas serão ampliadas. São fotos do Arquivo pessoal de Dunga) Recebi do historiador e Amigo Luiz Cláudio Bittencort - Dunga - uma linda foto dos Lobinhos do ano de 1959. A bocólica Macaé, ainda "Princesinha do Atlântico", que seria eternizada pelo meu amigo Paulinho Mendes Campos, no ano de 1968, por ocasião de sua vinda ao O REBATE, "Macaé Cidade Pura". Esta foto vem carreguda de grandes emoções. Fui Escoteiro no ano de 1949. Tinha 11 anos e sei bem o que significa este email do Dunga:
"Zé, eu considero essa foto uma preciosidade - um tempo de inocência e ar mais puro. A dona Maria Helena era irmã de Fabiano do correio.
Só um não consegui reconhecer nesta fotografia.
Eternize-a, por favor. Dunga". Dunga sabe do convênio mundial que "O REBATE" tem o GOOGLE e já prevê que esta foto será acessada em toda casa que tenha um PCu e que queira saber do belo de ser Escoteiro...
Meus descendentes Filho e netos são Escoteiros. Zé Paulo, meu filho, é Pioneiro e meus netos Mariana, Manuella, Ana Clara e João Pedro já levam, no guardativo de suas jovens memórias,passagens por este mundo encantado de infâncias no Escotismo...
A Praça Veríssimo de Mello era nossa mais linda conquista no soltar de caminhar longe dos olhares maternos e paternos. Havia uma sintonia de liberdade que tomava conta de todas as crianças ao tocar com os pés descalços as gramas e sentir o frescor de suas frondosas árvores, em especial, os Pés de Oitís. A gente fazia "guerra de Coquinhos", alimentava as Peladas que eram jogadas numa de suas quadras nativas e ao ar livre. Jogávamos Bolebas; Papão; Chicotinho Queimado; íamos e vinhamos no Cais do Mercado de Peixes e arriscávamos alguns mergulhos.

Já escrevi um longo textos sobre minha vivência neste periodo em livros que estão on-line na internet para acesso de todos.
EIS O TEXTO QUE TRANSCREVO EM MEMÓRIA DE MUITOS QUE JÁ SE FORAM, COMO SERGIO QUINTEIRO, E ALGUNS, COMO ALEXANDRE HERCULANO DAS CHAGAS VARELLA, JUIZ DE DIREITO QUE CONTINUA NA LUTA.
SER ESCOTEIRO. VER CONCEIÇÃO DO MACABÚ VIRAR CIDADE ...

Criança perguntativa eu sempre fui aos 10, 11 e até aos 14 anos.. Hoje um menino pensativo aos 70 anos. Nas salas de aula sempre ouvia os professores dizer que rio é masculino. Ai eu me curiosizava: Então as cidade estão todas erradas. Barra de São João, que é oriunda da barra do Rio São João, deveria ser Barra do São João. E, Conceição de Macabú, que se origina do Rio Macabú, tinha que ser chamada de Conceição do Macabú. Ai tenho que parabenizar os Baianos que fazem da beleza de sua cultura e sotaque, o belo das inteligências. Lá, é Conceição do Coité, uma cidadezinha que teve um lindo córrego de nome Coité. Soa para mim muito feio ter que falar em Barra de Macaé quando na verdade seria,no meu fraco entender, Barra do Macaé.
Deixando de lado minhas loucuras gramaticais e erros e acertos das histórias da cidades para seus historiadores e vamos falar de meu tempo de Escoteiro e a alegria de ter sido participante, aos 11 anos, da fundação da Cidade de Conceição do Macabú...

I

Foi uma grande festa, o primo de minha mãe Ecila , Milne Evaristo da Silva Ribeiro era vereador em Macaé e representava o distrito de Conceição da edilidade. Nessa época o distrito queria ser independente de Macaé e conseguiu.
Os detalhes técnicos, as vantagens e desvantagens de ser cidade e o que foi de história deixo para os críticos de Conceição de Macabú e seus possíveis historiadores.
Quero me referir a minha ida a essa cidade. Era, se não me engano, um lindo Domingo. A praça tinha uma grande orla de grama e tinha uns 10 anos. Era a 1a vez que deixava a cidade e ia num acampamento de Escoteiro fora de Macaé.
Conceição de(o) Macabú estava comemorando sua Emancipação e os Escoteiros, como eu, iamos lá para as festas. Alugamos caminhão, mães e avós nos preparávam com as roupagens e a gente ensaiava o SEMPRE ALERTA...
Acampamos nessa linda e doce Praça. Éramos uma novidade para as centenas de moradores. A gente ficava todos orgulhosos em conhecer as pessoas que nos vinham olhar. Fazíamos nosso café, ajeitávamos nosso cantil, mexíamos em nossas facas e fazíamos questão de que todos vissem, que “ sabíamos fazer nossa casa” nos paus do acampamento e que também tínhamos prática em lavar e cozinhar. Crianças Macabuenses, que hoje devem estar com minha idade, ficavam horas e horas olhando nosso trabalho e, acho, que muitos ainda estão lá vivos podendo repassar para filhos e netos este encantamento.
Ser escoteiro, estar numa cidade distante e sermos observados fazem parte da felicidade de qualquer ego infantil, ainda mais quando este massageamento no ego é feito por lindas e meigas menininhas, que hoje devem ser senhoras avós de novas e belas meninas Macabuenses.
O escotismo é algo que eterniza uma vivência. Marca de forma linda a idade onde se busca a adolescência num convívio mais livre e com descobertas novas para a vida. Com o tempo é que se pode aquilatar, no potencial das memórias, o quando este espaço tem significado na vida da pessoas. Por isso é que quem foi Escoteiro nunca deixa de SER. Fica no interior o aprendizado que embeleza a busca das curiosidades que nos são posta a prova.

II

‘Um sol meio morno começa a cair sobre a cidadezinha que se emancipara.
Prefeito. vereadores e autoridades são esperadas. Nós, Escoteiros, somos os primeiros a chegar e com isso essa marca infantil permaneceu em minhas lembranças.
Acho que Conceição de(o) Macabú tinha que continuar a habitar minhas memórias, já que desde pequenino ela foi palco de conversas em casa de Chico Lobo, Henrique Daumas, meu avô Mathias Lacerda, Pierre Tavares, e tantos outros que aprendi a ver nas minhas andanças infantis nas casas deles com minha avó Nhasinha (Alice Quintino de Lacerda). E, ainda mais quando ia nas Chácaras dos Almeidas e Pratas, parentes de meu avô Emílio, em Capelinha do Amparo, lugarejo que ficava bem perto de Carapebus que a gente tinha que ir à Cavalo ou em coloridas Charretes. Muitas destas andanças eram feitas com o primo Izolino Almeida...
Muito mais tarde pude conhecer Seu Henrique Daumas na casa de Enedina e Celso. Aí tive a certeza de que gente desse quilate ficam na história. Não se fabricam mais homens da grandisoidade de Henrique Daumas. Seu Henrique, por detrás de seus belos cabelos brancos e seu sorriso puro de menino de interior, me passou muita historia bonita dessa localidade. Com ele, aprendi a gostar mais um pouco de Conceição de(o) Macabú, onde já tinha muitas históorias contadas.
Curiosamente, no final do mês de abril de 2007, na convenção do PT, Partido que fundei em 1978, pude conhecer um de seus descendentes. Adelmo Daumas, médico, inteligente. Sentou-se ao meu lado da reunião. Conversa vai, conversa vem e ele se identicou. Uma feliz coincidencia a presença, 60 anos depois, ao meu lado, de um neto do Pilar da Dignidade Histórica de Conceição de(o) Macabú, Henrique Daumas...

III

A tarde desfilamos, fomos aplaudidos, nos sentimos importantes por estarmos fazendo parte deste momento da historicidade desta linda cidade. A tarde? A tarde/ noite vimos o bonito Sol, que dormia em suas colinas desaparecer suave e feliz.
Pela manhã despedimos de Conceição de(o) Macabú. Era o início dos anos 50, final dos 40. Orlandinho, neto de Sizinando de Souza, Alexandre Herculano, filho do Varela, Orlacy de Dona Oriolanda, Elmo de Pepeu, Francisco Prata Mancebo, de Lacerda Agostinho, Claudio Azevedo de Dona Tita e seu Veira, Bijuca Tinoco, de seu Tinoco da Imbetiba e da Rua do Meio, Sylvio, irmão de Bonga, Sergio de dona Etelvina, Manuelito, que foi para Cedae, Henrique, de seu Arthur, irmão de Marquinho Brochado e Gerusa, Cadinho de dona Mirsis Scheller e Ralf de Adyr, faziam parte desse grupo de escoteiros, que comigo, além, é claro de Paulo Emílio e Marquinho Cauna de seu Alcebiades Azevedo.

IV

Sei que a gente formava um grupo unido e sempre juntos vivemos uma fase boa de uma Macaé que, se eu não se fizer este relato, morre como cidade sem memória. Se não me falha, tinha, na Praça de Conceição. além das casas antigas e bonitas, um bar de nome “Spantemka”, onde um educado senhor tchecoeslovaco, de olhar fixamente infantil e belo, nos atendia com sotaque, para nós curioso e bonito.
Era um desbravador, sempre alegre, nos atendia feliz. E olhe que eram crianças super curiosas. Ele, a todos, dava atenção e carinho. Marcou nossa presença na emancipação de Conceição de(o) Macabú...
AQUI UMA HOMENAGEM AO ESCOTEIRO SERGIO QUINTEIRO CORDEIRO
"MORRE O ESCOTEIRO SERGIO QUINTEIRO DOS ANOS DE 1950

COLUNISTA DO O REBATE NOS ANOS 70 E ESCOTEIRO NOS ANOS 50...
Acabo de saber, por minha amiga Tânia, que o Sérgio Quinteiro Cordeiro acaba de falecer no Rio de Janeiro, vitima de uma aneurisma. Fomos amigos em nossos infâncias, nas ruas empoeiradas e saudosas de uma cidade que está triste.

Sérgio, poeta, cantor, colunista social deste jornal nos anos de 1960, ex Sargento do Exército Brasileiro, solteirão assumido e um dos mais belos exemplos de simpatia e beleza. Sua presença, na Prefeitura Municipal, como funcionário era uma das mais alegres presenças que a todos cativava e fazia brotar o sentimento de solidariedade e amor.
Sérgio Quinteiro tinha dentro de si a sublimação das pessoas carimbadas pela criação. No camdomblé é muito comum estes seres se manifestarem em humanos. Em Sérgio, esta manifestação era no seu dia a dia. Sua fala era a fala do carinho que sonorizava afeto. Perdi um grande companheiro de recordações e de alegres saudades. Sobre ele, escrevi, a alguns meses, este texto que transcrevo:

ODE AO MEU AMIGO E COMPANHEIRO DE ESCOTISMO SERGIO CORDEIRO QUINTEIRO

José Milbs

“Cercada de zinco, cercada de telhas, esta cidade onde todos trabalham....”

Este foi o meu primeiro texto aos 11 anos. Foi no Escoteiro, atendendo o “pedido do chefe”. Não havia rima. Foi a minha primeira visão jornalística de Macaé no final dos anos de 1940. Casas que existiam nas ruas Dr. Bueno (Rua do Meio), Luiz Belegard (Rua da Poça), Sacramento, Agenor Caldas e Rua da Igualdade. Foi de fato à primeira vez que me senti importante. Alguma coisa que eu estava fazendo e que ia sendo repetida pelos meus colegas de Escotismo. A visão das casas dos habitantes de Macaé nesta época veio a minha memória e eu falei escrevendo as casas dos primeiros ferroviários, cercadas de zincos e outros de telas arredondadas. Claro que não agradei ao Chefe dos Escoteiros que, ligado por laços familiares a elite macaense queria algo ligado ao que seus olhos viam e sua mente retratava, Fiquei, daí para frente com uma grande vontade de escrever e por os fatos simples que via para as pessoas lerem. Ao ir para o SENAI, fiz parte do Grêmio Cultural Bruno Lobo e, novamente meu espírito contestador mexia com o poder da Escola. Tinha 13 e, no mural da Escola Ferroviária 8-l Senai, vi meus textos serem lidos pelos meus colegas de turma e ser criticado pela direção do educandário. Fazia=me bem ver isso. Pensava: Como é bom escrever as coisas que a gente sente e as pessoas “diferentes” da gente ficar contra. Devia ser destas experiências no modo de escrever que nascia em mim a vontade de escrever o que o POVO gostaria de escrever. Pensava: Alguém tem que retratar as coisas puras que nascem e vivem no imaginário das pessoas que falam, contam suas experiências e não são lidas. Aos anos foram passando e, a cada dia ficava mais feliz em escrever e me ver sendo lido. Era como se eu estivesse conversando com as pessoas através do que eu escrevia e elas iam lendo e falando. Nas aulas do colégio não entendia o porquê de escrever textos cheios de erros gramaticais, com falta de acentuação e sem pontuação. “Tirava sempre nota alta nas minhas redações e, um dia tomei a liberdade de perguntar as minhas pacientes professoras Thereza Pereira da Silva e Anita Parada: Elas responderam com a certeza de quem sabia tudo e muito mais sobre as nossas vidas:” Você de fato, José Milbs, precisa estudar mais as coisas da língua portuguesa. “
Mais não posso deixar de lhe dar as melhores notas por que você tem o dom da dissertação nata” Confesso que até hoje não consigo me adaptar as coisas do português correto e seus meandros gramaticais. Penso até, quem sabe, com o tempo procurar um copidesque que possa me fazer ficar mais inteligente nos textos e sem erros. Até lá vou fazendo assim mesmo e me desculpe os que vivem catando erros em meus velhos e novos textos.
A Fala do POVO é o que me seduz e a ele eu quero ser fiel. “Como se diz : Dexa está Jacaré, a lagoa um dia há de secar...”
A vida foi me levando e acabei tendo que assumir alguns textos em outros tempos. Hoje, com 56 anos de experiências no trato com a escrita, tive a alegria de ver meu trabalho ser colocado nos lares das pessoas através da INTER-TV. O reconhecimento de uma existência na busca das verdades e do não acocoramento ao Poder me foi útil. Centenas de amigos que comigo convivem no dia a dia da Internet fizeram e-mails felizes por me terem visto e mandaram incentivos. È a certeza desde dever que se cumpre o melhor dos prêmios. Vou continuar escrevendo. Hoje vendo outra Macaé: Cercada de prédios, cercada de galpões, esta cidade....
Pois é Sergio Quinteiro Cordeiro. A gente viveu uma época diferente numa cidade que cresceu muito. Uma cidade que sua avó Etelvina fez histórias, seu pai o simpático Cordeiro, sua alegre mãe Ilce que a gente sempre encontrava sentada na máquina fazendo suas roupas de menino, sua de Soninha e de Selminho.. Esta cidade, meu velho e querido ex colunista social do O REBATE, ainda existe em muitas mentes empoeiradas e felizes. Basta que a gente de uma balançada nas paredes que estas pétalas em forma de letras caiam e fiquem ai expostas a quem gosta de ler.
Ontem a TV me elegeu o mais antigo dos jornalistas e escritores da região de petróleo. Sabe como que venci este lindo concurso? Com o texto que você transformou em canção. Texto que a gente nem sabia que um dia iria fazer parte deste O REBATE e lido mundialmente no www.jornalorebate.com Está é a vida...
Que Sérgio Quinteiro esteja sendo recebido pelas vozes dos anjos que eles soube representar em sua vida. Breve todos nós estaremos ai, meu velho Escoteiro.SEMPRE ALERTA"...

José Milbs editor de O REBATE...


(José Milbs de Lacerda Gama editor de O REBATE, www.jornalorebate.com )

Um comentário:

rebecca disse...

estou pesquizando uniformes escoteiros dos anos 60... vc pode me ajudar? obrigada
rebecca.figurino@gmail.com