AS ESTRELAS DO MAR NA RUA DOUTOR BUENO, LUIZ BELEGARD, SACRAMENTO E IGUALDADE VINHAM DAS ONDAS BRAVIAS DE IMBETIBA....
Sempre, nos primeiros dias de Maio ou final de Abril, o cheiro vindo do mar esverdeado em Imbetiba, trazia para a cidade as essências, em cheiro, do nosso mar em ressaca, belamente maravilhosa e virgens. As ruas do Meio, “Rua da Poça”, “Sacramento” e “Igualdade” recebiam o final das ondas que repousavam em frente as nossas casas e quintais.
Quando as ondas, espumando, respirando ao Vento, ao Luar e ao Sol, vinham morrer, trazendo Pedras Brancas e Conchas nativamente puras, eram como presentes para uma criançada alegre e viril que as buscavam em revoadas matinais. Àrvores frondosas existiam em todas as Chácara das ruas citadas e a s crianças se misturavam com frutas nativas e pássaros existentes...
“Estrelas do Mar” de todos os tamanhos eram apanhadas onde hoje tem algumas casas de Atendimentos Médicos na Rua Dr. Bueno. Tinham conchas em frente da casa onde morou Cláudio Moacyr, na Luiz Belegard, no quintal de Otinho, “Piry”, “Paulinho” e “Costinha” na “Rua da Igualdade” e em frente a casa onde morava “Boca de Bagre” e “Zé Puleiro” “na Rua do Sacramento”.
Existe quem afirme, como “Zequinha” Andrade e “Juca” irmão de “Braulinho” que as conchas eram encontradas até na “Lyra dos conspiradores”, onde havia a Pharmácia Siqueira e a Padaria de Seu Celino...
Naquele tempo os nossos Prefeitos eram pessoas voltadas para o Social, moravam na cidade e não tinha casas em Balneários e nem se embebedavam com seus “assessores” com dinheiro tirados dos Cofres Municipais. Era mesmo uma Cidade Pura. Pureza que o meu amigo Paulinho Mendes Campos viu, escreveu no JB e no O REBATE...
O corre-corre, infantilizado pelo sabor das conquistas, tinha a conotação da beleza. Quando se via, ao longo das finalizadas ondas que, moribundas, iam ao encontro do aconchego das campinas da inexistente calçada destas ruas, as Estrelas do Mar, ainda vivas com seu cheiro de maresia e eram disputadas por toda a criançada. Estas Estrelas, assim como as grandes Conchas e as Pedras Brancas tinham o saboramento do belo achado. Quem corria mais, tinha o privilegia de pegar o tesouro.
As crianças menores, usavam a respeitada frase do “È minha que eu vi primeiro” e eram atendidas. Havia um código entre os adultos de respeito ao “Minha que vi primeiro” e “ai” de quem fugisse a estes respeitativo junto a uma criança. Vi muito marmanjo "entregar, na mão grande", lindas e grandiosas Estrela do Mar para alguns menininhos no grito de “È minha, que eu vi primeiro.
O vento que batia nas faces infantis fazia tremular os Encarolados de nossos Cabelos misturam a areia fina vindas com o frescor da maresia que exalava natureza.
As ondas se encontravam com as que voltavam. As que vinham traziam um Branco de Brilho que invejaria as doArcos-Irys das tardes que apareciam no Morro do forte Marechal Hermes. Somente a tela de uma Artista podia expressar este encantamento colorido e natural.
A onda que voltava era meia amarelada porque ia misturada com o lindo amarelo das areias grossas que se renovava com brilho das que vinham do fundo do mar em ressaca.
As pequeninas Monazíticas davam o colorido negro que transformava esta beleza anual na mais linda e pura representação da Praia de Imbetiba de infâncias que não morrem.
Onde foi que o homem recebeu autorização da Natureza para destruir tudo isso. Por que demesticaram e aprisionaram as mais belas das belezas de Minha Cidade?
A Renovação da areia era a forma natural que a natureza encontrava para levar ao Fundo do Mar as que foram pisoteadas e usadas pela população no Verão que ia embora para dar lugar ao Ameno Outono.
As areias de Imbetiba eram brilhantes, eram vivas e se renovavam na formatação natural e eram acompanhadas,brilhantemente por centenas de Conchas, Estrelas do Mar, Caracóis e Pedras Brancas Brilhantes.
Os Raios de Sol que, timidamente rompiam as nuvens negras do mês de maio, formavam filetes que faziam reluzir a mais pura representação do mar na linda e sonhadora Praia de Imbetiba.
Quando que o Poder Judiciário, do qual sou um grande admirador e seu ex Acadêmico de Direito, irá punir estes destruidores do belo e que ainda ostentam riquezas com os desvios de verbas? Como Escritor e participante da história desta cidade, não “vou deixar baixo” esses políticos que riem do Poder Judicário e que ainda passeiam, elegantemente em Praias da região, como se a impunidade fosse um grande bem que se pode e deve ser passado de Pai para Filho. s
Neste início de milênio não se renova mais as areias de Imbetiba. Elas estão reprimidas por recifes artificiais que deram ao local um cartão postal diferenciado do divino. Parece a Praça Mauá do Rio de Janeiro com o fedor que se sente ao caminhar na Orla de Niteroi e adjacencias. Suas belezas foram pisoteadas pela internacionalização do local e sufocadas pelo tambores oleosos que as rodeiam.
Apenas o Morro do Forte e sua laje ainda recebem o beijo natural das ondas vindas das ilhas. Ali o repouso natural do Mar nao foi destruido. E ainda existe quem queira transformar este Forte
Atualmente, a Espuma Branca e o Som Harmonioso que saía dos encontros das Idas e Voltas nas correntezas só pode ser sentido na “Praia Campista” e “Cavaleiros”, ainda mini- entocadas da destruição da busca do Petróleo. Os destruidores nao estão nem ai para estas belezas. Curtem em Balneários o mesmo murmurar do Mar. Só que lá, onde gastam o dinheiro fácil, as autoridades previram que tudo isso passaria e não deixaram que o progresso destruisse o belo.
O borbulhar sonoro que nos fazia recordar as Pororocas da Rua da Praia ainda repicam nas ondas bravias dos “Cavaleiros” e “Campista”. Até quando não sei. No inicio do milênio ainda eram ouvidas e sentidas por quem, como o autor, foi ver a manifestação natural do mar em sua renovação no inicio de maio do ano 2006.
As areias das praias “Cavaleiros “e “Campista” ainda podem ser levadas e trazidas para a renovação anual. A de “Imbetiba” morreu, virou entulho, apodrecida e sem brilho nas cercanias iluminadas por barcos, fluorescentes e gente de língua enrolada .
Nossa sorte é que Cabo Frio e Búzios, onde estamos sempre visitando as suas lindas Casas de Pescadores e Simples Moradores Nativos se prepararam contra a destruição. Embora cercada de Mansões e de gente que gasta, o que nem sabe como ganhou, as pessoas simples de nosso litoral estão de olho aberto e atendo. E nóix aki tmb... Se cuidem...
(José Milbs de Lacerda Gama, escritor Neto do Velho Mathias Coutinho de Lacerda, nascido das terras de Cabo Frio e Araruama nos idos de 1800)...
2 comentários:
Que Deus o ilumine e preserve Caro Milbs, e também a sua memória, um arquivo do mundo que já foi mundo antes de ser tomado pelas ambições de feras tranvestidas em seres humanos.
Não mais consigo, sózinho, buscar as imagens dos meus tempos de criança, das belezas do meu habitat, da convivência comunitária sem limites de idade, raça ou sexo, um conviver harmonioso e fraterno, gente que era gente e agora virou bicho, vida que era dádiva e hoje é o inferno.
Obrigado por me lembrar que já fui feliz, limpando o espelho das minhas lembranças.
Amigo Zé: Numa das minhas idas à Macaé depois que os meus filhos começaram a brincar e entender mais as coisas, levei-os para que conhecessem a ruela que existia atrás do mercado de peixes, toda feita em cima da rocha, e que saía na praia do Forte.
Para minha surpresa, não existia mais a rocha aparente, esconderam-na dentro de toneladas de asfalto e, para deixar-me mais supresa, tiraram todo o seu ondulado, descaracterizando o formato primitivo da rocha, o que tornava a ruela uma verdadeira atração.
Roubaram várias alegrias minhas, as quais siquer pude apresentar aos meus filhos, tudo em nome de uma progresso que vai matando, desde plantas,animais e, inclusive, rochas.
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