Edito o jornal O REBATE desde 1968, buscando escrever as histórias e fatos que podem levar as pessoas ao caminho belo de suas lembranças. Faço isso como o objetivo de deixar para as gerações futuras textos que possam servir de encantamento e pesquisas de pessoas que viveram nos anos em que vivi.
Boas vindas
Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)
18.2.07
FILÓSOFO DAS RUAS EMPOEIRADAS: NENSINHO
As poeiras de certas ruas macaenses não existem mais. Cimentaram. Com isso os passos dos nativos ficaram mais lerdos, mais tristes. Todas as pequenas cidades do Brasil e, mas minhas andanças eu pude testemunhar, são cheias de vultos de sua história. São pessoas como o meu velho e bom a amigo Nensinho dos Santos Baptista. Nensinho era Comunista convicto. Sabia das coisas lindas que os Bolcheviques faziam para criar um mundo melhor. Mesmo vendo, como vimos, o acocoramento de alguns comunistas ao capitalismo, ele sabia que a "fase iria ter fim". Confiava no Comunismo e sabia que sua vinda ao mundo seria a vitória do Amor contra o ódio. Nensinho andava pelas nossas ruas, caminhava, pensava e pouco falava. Seus cabelos compridos, finos e caidos aos ombros era a figura marcante de quem sabia estar contestando.
Encostado aos bares, nas tardes noites do Centro de Macaé. ele tomava umas e outras com intúito de rever amigos, pessoas da velha-guarda. Sempre com o olhar atento no futuro e, sabedor das grandes histórias da vida do cotidiano, este meu amigo, não despertava nas pessoas o seu grande conhecimento literário. Poucos sabiam que, por detrás daquele vulto simples, metalúrgico/ferreiro, estava um auto-didata que lia grandes escritores e sabia entendê-los. Sua fala mansa, gaquejante e irônicamente provocante, com sorrisos escantilhados e bonitos, penetrava nos ouvintes e ele ia dando suas idéias de um novo mundo, um mundo socialista, puro, belo e fraterno.
Não tive tempo de lhe dizer sobre a NOVA DEMOCRACIA mais sei que leu várias crônicas minhas. Era um grande defensor das idéias do Presidente Mao e sabia que o mundo, embora, não estivesse nas suas metas ver em vida, caminhava para as verdades do Maoismo. As vêzes fico a imaginar que a natureza carimba certas pessoas que vivem sempre no carismático do existencialismo, humildemente feliz e distribuindo idéias. Era assim o Nensinho dos Santos Baptista.
Ontem acordei e soube que Nensinho tinha morrido. Gilberto, seu irmão me disse que tinha tido uma esquemia celebral. Não chegou aos 72 anos. Faria seu niver no final do mês, e as fotos que ornamentam o Blogger, foram tiradas num destes seus festivos eventos. Não viu seus cabelos ficarem brancos como o meu. Sua presença, sempre discreta e solitária, nas noites macaenses e na região do petróleo, era uma constante. Na Taberna da Praia, onde sempre chegava, pelos cantos, para não despertar atenção eu me encontrava com ele. Vinha para minha mesa e a gente comentava as últimas do Capitalismo em Agonia. A última vez que sai nestas tardes noites ficamos horas conversando. Fotografei ele com meu amigo e meu diretor Moctezuma Barbosa Pinto. Elegantemente ele passou as mãos pelos poucos cabelos de sua sábia cabeça e se deixou fotografar pelo "amigo Pinguin da Rua do Meio" que sabia ser seu amigo de grandes noitadas.
Hoje quero homenagear este grande socialista "que não tinha carteirinha" e que poucos sabiam ser um grande Comunista e Maoista. A região de Petróleo e as noites macaenses estão com um grande vazio. As músicas do velho Nelson Gonçalves "paletó de linho branco, que até pouco tempo era linho lá no campo" perde um filósofo das ruas e das noites. Nelzinho sabia de Kant, Marx e Lênin e poucos tinham acesso as suas máximas. Eu, felizmente pude participar e ouvir sua vóz de menino e de doutrinador nato.
Solteiro, passo as condolências aos seus irmãos e também meus amigos Salvador - O Dodô - e Gilberto dos Santos Baptista. Condolências do "O REBATE", em seus 75 anos de histórias. Era no" O REBATE" que o Nensinho sairia nesta foto com o Moc. Sai hoje em sua memória. Viva, como ele sempre dizia, A LUTA DOS OPERÁRIOS DO MUNDO. Descanse amigo e companheiro Nensinho, que a gente continua na luta e, como você dia rindo: "Pinguin, o capitalismo é um tigre de papel"...
FOTOS HISTÓRICAS DAS NOITES (2005) fto. 1) Salvador Santos Baptista (imão do Nensinho e o editor Milbs.
fto. 2) Eraldo Gomes da Silva - Eraldo Seresteiro - e o Editor Milbs
fto 3) Flavito, Anterinho e o editor Milbs
fto. 4) Nensinho e o diretor Mactezuma Barbosa Pinto
Todas as fotos foram tiradas na "Cantina da Praia" onde a saudade de Nelsinho é uma constante...
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Uma´pérola, quase uma narrativa poética, dado as nuances de saudade e utopia... Um sonho que foi de Nensinho, também fora meu, fora de Luis Carlos Prestes, que fora de Lamarca, de João Amazonas... De Jorge Amado, de Mario Lago e também de Niemayer... Nensinho, Lamarca, João, Luis, Mario, Jorge... Continuam sonhando em algum lugar do cosmos...Um lugar pintado de vermelho e vestidos com o branco da paz.
Lindo Texto.
Postar um comentário