Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

10.12.08

Meus netos Manuella, João Pedro e Ana Clara, como toda criança gostam de cachorros...

Foto: Luis Claudio meu filho e Manuella minha neta)
A PAIXAO DE BOB POR MANNA E A MORTE, POR ATROPELAMENTO DE FLOQUINHO

José Milbs

Um tal de " seu João " que tem um bar na Lagoa, estava prestes a sacrificar quem viria a ser Manna. Luís Cláudio estava lá na hora e a trouxe para o sítio. Era uma cachorra bonita, de uma raça que chamam de Belga Alemão, e logo foi se adaptando a existência daqui. Magra, esquálida e com cara de ter sido muito escorraçada Mana estranhou o amor que lhe dedicava Zé Paulo, Manuella e Ana Cláudia que tudo faziam para que ela se sentisse em casa.

A velha " Mana " devia já ter muitos anos e foi uma surpresa geral sua gravidez havida com estes cachorros vagabundeiam as ruas do Molambo.

Perguntado Zé Paulo me disse que quem faturou Manna foi um cachorro Branco que eu até achava ser bichona, t T amanha sua arrogância e andar meio escantilhado para direita. Enfim o menino deve ter visto Mana rebocada em suas andanças pelo quintal a cata de frutas.

O fato é que Manna deixou no mundo um filha que foi logo sendo chamada, ao crescer, de Maluca devido seu modo louco de viver.

Manna sempre carinhosa coçava sua cabeça até quando já era mocinha e já cruzava com outro vagabundo e andarilho das noites da Granja dos Cavaleiros. Maluca deu a luz a 5 filhotes.

O velho Bob, também cansado, pelo tempo devia t T er uma idade também avançada e, sem dono, foi encostando no sitio. Que como bom aparato foi lhe fazendo sentir - se também habitante ilustre. Bob, Manna e Maluca faziam a trilogia animal da bondade nata.

Sempre atentos aos primeiros passos nas noites, eles olhavam a porteira que sempre fica aberta e espantavam as que olhavam. Morder, acho que nunca teriam coragem. Primeiro, porque eram extremamente mansos e , segundo, que sempre que alguém chegava ia ao encontro para ver se tinha algo para dar de comer.

Manna , Bob e Maluca tinham um viver que se podia dizer normal. Noites de latidos, dias de idas e vindas nas firmas multinacionais em busca de comida, vez ou outra um " espôrro esporro " humano por estarem deitadas na varanda exalando cheiro.

Enfim , uma vida comum de cachorro. Manna nem devia se lembrar de seu titulo burguês de Pastora Alemã.

Ela já havia se inserido no contexto das coisas boas das ruas do Molambo e já era mesmo uma normal. Era acariciada pelo Americano Kun da Brasbril com o mesmo afago de Peroba " e Jacaré, de Conceição de Macabú : o Edmar de Macabú, pedreiro que deu inicio ao prédio que Luis Cláudio construiu.

A frase criada por humanos que determina que o homem é produto do meio, serve também para cachorro. Manna não tinha mais as manias burguesas e não se preocupava em esperar ração, ia a luta com os nativos da região e até seu cio era igual aos cios das demais cachorras do Molambo. Aceitava as intermináveis filas de machos em seu redor e até jogava alguns " charmes " para alguns mais dotados da manta .

Era aquela fila de não acabar mais de cães de todos os tipos querendo, como dizia Zé Paulo, nos seus 10 anos de pura inocência, faturar....

Estava se sentindo como pinto no lixo. Alegre e bem faceira era uma espécie de R r ainha do Bairro. Tinha dia que até um pequinês, com cara de malandro tentava "umazinha" faturar . " Mana " , pacientemente se agachava. Ou o gancho do pequinês era pequeno ou ele não era bom de transa. faturamento . Fato é que quem ficava com ela era o velho Bob.

Bob, um destes dias de inicio de século, estava triste. Escanteado, olhar de peixe morto e nem latia muito quando eu saía com o carro.

Ele sempre ia até a porteiro latindo contra o Chevette que me levavaaté a cidade. .Um cheiro forte de coisa podre invadia o ambiente.

Mana foi achada morta. Foi expirar no fundo do Sítio, solitária e doente. Devia não querer entristecer Maluca nem Bob com seu sofrimento. Deste dia em diante Bob não foi mais o mesmo. Triste cabisbaixo procurava os cantos. Olhar de soslaio, às vezes, e muita tristeza no andar.

Não tinha mais aquele vigor aquele caminhar de atleta em musculação. Acho até que perdeu o prazer da sexualidade. Cachorras jovens no cio que passavam na rua nem era com ele. Elas olhavam, deviam saber de seus dotes. Cachorras devem falar uma com as outras.

Ele nem ligava. Era o amor que os humanos dizem ter. Acho que os homens também amam. Bob foi se esvaindo , esvaindo e fez companhia a sua amada Manna. Deixou este mundo por amor e apaixonado.

Maluca ainda vive. Ela, coitada, não tem muito a lamentar.È meia esbaforida. Avoada e totalmente desequilibrada , biruta e meio transloucada . dai seu nome. vive dando saltos para qualquer um que chega.

Diria uma espécie despersonalizada. Igual certos humanos, políticos principalmente, que em época eleitoral ficam lamendo um dando a mão a outros e se abanando em tapinhas nas costas.

A cabeça de maluca não atina. Vai levando a vida de cachorra sem saber, creio, .das existência que lhe deram existência.

Às tardes, não se vê mais as presenças de Manna e Bob. Às noites, silenciaram os latidos. Mana morreu no dia 6 de dezembro justamente um ano depois que perdi minha mãe.

Em janeiro de 2002, Manuella, minha neta de 5 anos, perguntou de Mana. Ela brincou com o neto dela que teima em morar no sitio.O mês de setembro começa a chegar no fim e as chuvas teimam em dizer aos humanos que ela vem por chamamento natural e que com a destruição das essências naturais podem um dia faltar.

As plantas rasteiras brotam e os galhos se encontram em reverencia ao vento que sopra frio.As arvores, os pés de cocos e de araçás continuam firmes apesar das ausências das águas.

Jabuticabas e amoras estão sendo comidas por sanhaços e Bentevis que encantam as manhas com pios e loucos cânticos.

O Tempo passa. Outro cachorro habita o Sitio. A Estancia Vista Alegre agora escuta outros latidos e o corre corre de outras crianças. Se antes era Manuella, minha neta filha de Luis Claudio agora sao tres netos. Mariana, Ana clara e João Pedro filhos de Aninha. Floquinho é um figitivo nato. Antes de completar 1 ano já vai para a rua e se arrisca entre carros e motos. Estamos no ano de 1006 e a vida aqui na regiao não é mesma nos bons tempos de Manna, Bob, Maluca . Floquinho, numa de suas fugidas morre sob as rodas de um dos milhares que passam aqui em frente. Se antes os velhos cachorros tinham que sair da rua devido as carroças e cavalos hoje é carretas e outros loucuras motorizadas.

Floquinho tebe morte instantanea e seu matador nem parou para ver. Uma tristeza para todos e um alerta que Mariana faz a todos que tem seu caozinho:

FLOQUINHO MORRE ATROPELADO E MARIANA ALERTA SOBRE PERIGO

Mariana esteve aqui na Redação do O REBATE para dizer do perigo de animais soltos e fazer um apelo às pessoas para que não deixem os seus cães soltos. No primeiro descuido eles podem morrer.

O Floquinho ainda nem tinha completado um ano e teve uma morte violenta na última segunda feira. Era um cachorro igual a todos. Crianças que gostavam dele e muita alegria e latidos. Mariana, Ana Clara e João Pedro faziam dele "gato e sapato", e as estripulias faziam bem a cabeça de Floquinho que vivia a espera deles.

O transito brabo da Rua do Sitio o pegou de surpresa e teve morte instantânea com uma pancada na cabeça.

Não sofreu muito, eu disse a Mariana e Aninha que esboçavam um contido choro ao saber da morte.

Mariana esteve aqui na Redação do O REBATE para dizer do perigo de animais soltos e fazer um apelo às pessoas para que não deixem os seus cães soltos. No primeiro descuido eles podem morrer. '

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