Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

27.7.09

Milcélio de Azevedo, um grande macaense, vive hoje no Bairro Aeroporto o revi neste Domingo frio de Final de Julho

Domingo sempre vou até os Bairros distantes da cidade. Em companhia do meu velho amigo Honório José da Silva, revejo alguns dos mais ditantes e novos bairros da Região de petróleo.
Ao comprar um Pão Mineiro e alguns doces, extintos das Padarias enfeitadas da cidade, olhe de soslaio e vejo uma linda vóz das antigas em harmonia com o vento frio que soprava no Bairro. Penso: só pode ser o meu velho amigo da Rua da Boa Vista e das velhas lutas políticas dos anos 70.
Era mesmo o Milcélio. Antes eu tinha visto o Almir Tucun carregando algumas sacolas. Gritei mais "Tucun" olhou para cima. Piquei matutando. Será por que o Almir Vieira Tucun tinha olhado para o alto quando gritei bem perto dele ns janela aberta do barro de Honório.
Milcélio atendeu meu chamado e foi logo me chamando de "Milbon" um apelido carinhoso que ele adaptou ao meu nome José Milbs. 1000 Célio era um dos mais ferrenhos defensores das renovações politicas de nossa região e teve um pequeno mandato de vereador nos bons tempos onde ser vereador era uma obra de maestros politicos que jamais vendia o seu voto...
Bons tempos...
Assim que nos afagamos num abraço ele foi logo dizendo ao amigo que lhe acompanhava; Estava falando em você, Milbon. Dizia ao meu amigo aqui que você é um dos mais inteligentes escritores que já li. E, o olhar de lado ao seu acompanhando, pedia e tinha a confirmação.
Que isso, 1000 Célio. È que somos amigos e ai você não sabe separar isso e me vê com esta inteligência que nasce no afetivo...
Milcélio é um dos mais sérios vultos desta região. Funcionário Público Municipal, ex Sargento do Exército Brasileiro e um cara que não se dá bem onde não existe o cheiro do POVO.
MUdou-se para o Bairro do Aeroporto assim que a cidade e muitos moradores se tornaram diferentes com a chegada do progresso. Preferiu ir morar junto aos moradores simples de bairros simples.
Disse que o Tucun, com ele também estão ficando surdos. È a proximidade dos 80 anos de Histórias, penso e lhe abraço sem deixar que veja minha emoção...
Milcélio leu meus escritos que seriam um livro com o Título O PINGUIN DA RUA DO MEIO e assim se espressou ao final da leitura:

COMENTÁRIO

MILCÉLIO DE AZEVEDO

Com este livro, José Milbs de Lacerda Gama insere-se na Galeria dos Historiadores Macaenses sólida e definitivamente.

Ele nos transporta para uma Macaé , à época provinciana e bucólica, com sua vida de pureza com seus habitantes formando uma grande e amiga família, onde o amor e o respeito recendiam.

José Milbs, com rara felicidade, conseguiu captar , e nos transmitir o clima das ruas e veredas , das classes sociais, a vivência entre as várias e atuais existentes, ao tempo em que Macaé, suas figuras folclóricas, seus educadores, seus formadores de opinião , a formação moral dos seus administradores que tinham na honestidade e no respeito ao erário público motivo do real e justo orgulho.

O Autor nos recorda paisagens com visual já hoje inexistente quando retrata os que foram os barracões da Leopoldina em Imbetiba, a praia, a rua da Praia, do forte, a praça da Luz e as ruas que o progresso modernizou. José Milbs demonstra grande preocupação com o verdadeiro e o humano tendo no existencial . Nos proporciona uma leitura amena, nostálgica para os que vivenciaram a época retratada e conhecimentos históricos para os que não vivenciaram.

Despeço-me de Milcélio, volto ao meu sítio, sento no PCu e escrevo sobre outros vultos de nossas histórias...



MACAÉ NO TEMPO QUE GUILHERME MUSSI TIRAVA UMA SONECA DEBAIXO DE UM FRANBOAYAN NA RUA DA PRAIA...

Pessoas, apelidos, afetos, coisas, vivencia de uma existência alegres de uma cidadezinha de interior RJ

José Milbs de Lacerda Gama.

.............................................................................. Aos meus filhos como única herança material deixo estes relatos. A minha mãe Ecila - minha amiga- muitas saudades e a dúvida/certeza de um reencontro. Ao Euzébio Luiz a gratidão por ter vivido no meu tempo e por me ter proporcionado longas e belas horas de beleza e encantamento que brotavam de seu gargalhar de menino num mundo sempre adulto e tenso.

Aos netos pela curiosa presença e pela chegada num mundo que, ao sair dela, saio com o dever cumprindo de ter sido notado, criticado, amado, curiosamente entendido e no fundo uma feliz certeza que vivi. Vivi um mundo lindo apesar da crueldade de certos humanos...

Das árvores que vi crescer...

Dos amigos que vi deixar de viver...

Das saudades que tive ...e as que não pude ter.

As certezas do existir não sendo...

...È como dizia um jogador de carteados de nome "Zè Ceará" nas frias noites do bar Império: "Nada vale nada"...

É a afirmativa de Frota de que o" Homem é o que é por último" e a contestação de que o "Homem não é",coisas que só nascem e se escutam numa cidadezinha como esta velha Macaé, onde seus antigos moradores ainda ficam "de mal" por longos tempos sem se odiarem.

É a ausência de Lourinho da Telerj, saudades das frases infantis que falam das "agüinhas de chuva". Da tranqüilidade franciscana de Ricardo Madeira, que curte a vida, inteligentemente filosófica, se fingindo comerciante.

Do olhar puro de meu xará Pinguin Mello e suas histórias da Bicuda Grande e Cachoeiras de Macaé. As lendas de "Buzina" o Negro famoso dos anos 50. Do "Vamos ao jogo que trabalho é roubo," nas máximas sonoras que vibram das sinucas enfumaçadas dos cigarros Saratoga, Clarin e Astória, com ou sem ponteiras.

É caminhar pela Télio Barreto e cumprimentar a beleza pura de um senhor Pedrinho Hipólito dos Santos, pai de Wilson. Rever as famílias Midão, Santa Rita e Fundão e as travessuras de Ary de Daimon, falando alegremente das chuvas de pétalas caindo com o cair do teto em noite de medos e risos.

Dos poemas puros do irmão de Celso Mancebo em plena campanha eleitoral.

È poder compartilhar com a simplicidade de Bento, pai do mestre Ângelo e da meiga Ângela, que aos 90 anos, mais parecia um menino a contar histórias de Santa Maria Madalena.

É ver o nascimento de lojas como a de Ary Pozes e Nilda, bem como a chegada em nossa pequena cidade de Ailton, Niltinho e Wilson.

É familiarizar com nomes gigantescos para serem decorados mas que fizeram a história no Século que se foi, Amphilophio, Epaminondas, Lopelina, Diamantino, Philadelphio Aristóteles e tantos outros que deixaram as suas essências espalhadas por toda a comunidade

DUDU TRINDADE

Pode-se esquecer das longas conversas com Dudu Trindade, pondo em nossa presença o tempo de "A Construtora" e de tantas outras lides comerciais que se perderem no tempo mais que está avivado em sua retina aos 80 anos. Seu relato é o relato de uma existência nitidamente macaense e quando deixa escapar a emoção ela vem cheia de orgulho de seu tempo de caserna num tempo se foi nos anos 40 mais que permanece vivo no inicio do século de 2006 com o mesmo vigor que ornava sua existência numa cidade cheia de histórias para serem contada e ouvida.

A existeência de Seu Eduardo Trindade Coêlho é a presença vida de uma cidade Puramente infantil. Seus olhos brilham ao relato de andanças pelas matas em busca de caças, das pescarias e dos homens de bem de seu tempo. Deixa uma legião de filhos, netos, bisnetos e, teve a felicidade em vida, como poucos, de olhar um tataraneto. Ainda está de pé aos 82 anos, feitos, segundo ele, no Dia do Soldado, 24 de Agosto, quando abre o coraçao e relembra seus feitos como jugdor de futebol, nos Quartéis do Rio e de Macaé.

APELIDOS

Onde a gente encontra um apelido como "Caco de Vidro" e, quando você pergunta, ao próprio da origem, ele diz que é por ser muito magro e transparente. Uma resposta que prova o afetivo carinhoso dos autores de tantos e muitos que se chamam, apelidamente, por toda a dimensão histórica da cidade.

AROEIRA

As gaiolas, feitas com docilidade vindas das mãos artesanais de Gadugê-da-Aroeira, pai de Mazinho Sapateiro. Poder ir na Pedreira de Luiz de Lima e molhar as mãos nas águas puras de Atalaia que tinha fila de gente pegando Moringas e levando para suas casas. Água que não corre mais nas nascentes deste lugar, sagradamente histórico, e que se acabou.

Ainda se pode conversar com gente que lembra de dona Carolina fundadora da Acadêmico da Aroeira onde as lembranças do bairro mais antigo de Macaé se esbarram em saudades de Alzemiro Rocha, tamanqueiro do Silvino Frota e em Álvaro Gordo que deixa dezenas de descendentes espalhados por todo seguimento dos Morros do Lazaredo e São Jorge.

IMBETIBA

A elegância do Aurélio Soares ainda reflete nos seus descendentes que conservam a magistrada da casa onde morou com dona Dolores da Escola Isolada I dos cajueiros. Era ali que eu, menino de calças curtas, aos 9 anos ia para os primeiros acordes de um conhecimento passada com soberba maestria. A vala ficou escondida por obra do Prefeito Cláudio Moacyr. A casa de seu Aurélio ainda esta lá com Dalva teimando em manter o belo apesar do feio esta rondando toda a região de Imbetiba.

O NORDESTE

Macaé tinha poucos nordestinos nos anos 50. Barbosa do Tenys. Doutor Djalma, Sergipe da Boa Vista, Os Peixoto do Valle, os Maias, Adonias, Sargento Pereira, Seu Pirys, sargento pai de Jacyra e Wilson na Rua do Meio e mais outros que, no decorrer do fuxicamento da memória, vou desfilando no desenrolar destes escritos.

O MUSSI DE SONO PURO

As pessoas tiravam madornas e longos cochilos em jardins, praças sem a preocupação dos terríveis assaltos chegados com o aumento da diferenciação social e o progresso.

Como brotava o fruto da cândida liberdade ao ver Guilherme Mussi caminhar até a "Rua da Praia", deitar-se no encostativo de uma figueira e tirar longa e roncoso soneca. Duas horas, depois Guilherme voltava a caminhar, cumprimentava Fanor, Manel do Rainha e, compassadamente como quem estivesse vindo de um sonho e, flutuando nos pensamentos distantes, abria o seu Bazar Esportiva "Dois Irmãos".

Guilherme e Luiz fizeram, com suas presenças vivas e saudosas muitas histórias nas tardes empoeiradas das ruas macaenses na metade do século passado. As poucas vezes que ainda me encontro com o grande Sebas ainda podemos saber das belezas destas recordativas presença no mundo que a Saudade Distancía...

DANIEL ALFAIATE

A inocência comercial de Ailton Silva, filho do mestre em alfaiataria Daniel Silva irmão de Honório, que criou uma firma de eletrodomésticos. Relacionou centenas de conhecidos e achou que ia tê-los como clientes. Doce sonho bairrista. Esquecido de que "santo de casa não fazia milagres," viu apenas uns 4 ou 5 amigos comprarem em sua loja. Mesmo assim não perdeu seu carinho por esta terra.

DONA LAURINDA

É Passar na Praça Veríssimo de Mello e ser reconhecido pela voz e saudado numa "boa tarde" ou "bom dai" vindos de dona Laurinda, esposa de seu João Clímaco, ou pela esposa de Filhinho Drumond com o mesmo reconhecimento de voz.

Dona Laurinda contava as viagens que ela fez com dona Deuzinha mãe de Jair e Jorge. Não havia tempo a ter corrido. O caminhar pelas ruas eram o campassado que vinha na própria existencia da natureza mornal, calma e devagar que habitava todo o conteúdo homem/naureza.

DUBOC FILHO

E as loucuras de Luiz Fernando Duboc, com sua inteligência aguçada e sua participação nos carnaváis debaixo do "Boi Pintadinho"? Quem seria, senão o alegre Duboc, que pararia o Boi por alguns minutos em frente ao Palanque Oficial e, enquanto os carnavalescos gritavam: "boi.... boi.... oaoaaaa, uoaaa... boiii... Duboc calmamente fazia o "boi andar" deixando, para quem quisesse sentir, o cheiro de um cocô verdadeiramente contestativo e inteligente. Dubuc Filho estava dando sua resposta aos desmandos oficiais dos anos 70.

ALGAS OU BALSEDOS?

Educado que fui nas minhas andanças pela Praia de Imbetiba sempre pensei que, aquela cor esverdeada que ornava a pedra em frente ao Hotel, era balsedo PodeM perguntar a todos os estudantes dos anos 50 e 60 e os ex- alunos do SENAI. Eles confirmarão a existência deste verde lindamente escorregadío e fofo. Era uma Bacia que se formava onde as mães podiam bricar com as crianças e estas, escorrgavam neste esverdeado lindo e de fofura iniqualável que nos estrava mente a dentro e adormeçe em todas que podem ainda pensar e viver.

Soube por Milcélio que o nome é Alga Verde e que balsedo é outra coisa. Ao seu lado "Zé Caraca", atento as conversas, confirma o fato. Fica, no entanto, "Balsedo" como apelido das saudades lindas de ondas que nunca mais virão molhar a velha pedra e a f eia Imbetiba dos anos 2006.

SORRISO DOS CAJUEIROS

Como dizia o sorridente Zé Macaco, irmão de Celma, Helinho Cabral e filho de seu Anselmo Cabral."Nunca teremos na vida o sorriso puro de "Sorriso" que ornamentava as ruas dos Cajueiros com seus passos largos num pé 46".Pode alguém se esquecer do olhar meigo e que trazia abraços e afagos energéticamente mornado pelo amor, vindo do negro "Zé Macaco"?

AZAR DE PONTA E LILICO

E "Azar de Ponta"? Onde andará? As idas e vindas de Lilico no Belas Artes sempre em busca de uma roda de pontinho ou do carteado campista? São personagens de uma cidadezinha de interior que, sempre afirmo, existe em todas deste Brasil a fora. Com outors nomes e apelidos, mais esão vivificados nas mem´rias. Olhe os leitores que apelido: Azar de Ponta. Pode? Mais existiu msmo.

CIRROSE"s BAR

O nome de "Cirrose's Bar" a um "point"que ficava perto da Estação de Trens, perto da casa de Rosane, Renê e que os ditos portadores da dita cirrose eram habituês . Sim. tinha isto tudo nesta cidade . Pior que os frequentadores jamais imaginavam que o nome voava de boca em boca e os olhares sempre vinham carregados de irônica/tristeza.

BENÇA MAMÃE

E "Benção Mamãe"? o meigo "Curuja"? E o velho "Patureba"? E a inesquecível dona Alice Salgado com sua sobrinha rota e de negritude cor que a acompanhava fizesse sol ou chuva?

"Zé Poleiro", "Cobra D'Água", "Pé de Pato", "Cabeça de Bagre", Vicente "Barra-Lagôa", "l001", "Diabo Comendo Mariola", "Walter Talhadeira", "Martelinho" estão ai para que um folclore, dos mais chegados, possam avaliar os sobre postos aos verdadeiros nomes que seriam forma mais fiel do chamamento nas ruas e o atendimentos por quem estes apelidos eram tidos.

Apelidos que eram uma espécie de cara/vista por quem os punha de uma forma artísticamente moldada na forma de rostos e gestos no dia a dia do cotidiano.

Ver e olhar o "Diabo Comendo Mariola" e olhar para o andar "de l5 pras 3" e saber o quanto a certeza do parecimento se concretizam na forma e no chamamento que o dono atende.

O mais interessante é ver, estes portadores de nomes apelidados, atenderem o chamamento como se deles fossem donos reais. E "Sorriso" o negro dos Cajueiros que atendia como tal.?Podia existir tanta beleza e alegria ao saudá-lo? E "Cata Quiabo" do "Morro do Carvão"? sempre atento as políticas e a família que se espalhou por todo o "Alto dos Cajueiros" e se estende por toda a cidade.

É desta Macaé, que vi em minhas andanças, que busco retratar da forma mais real que puder. Até porque estes fazem ou fizeram parte viva de vivencias que ainda guardo nas lembranças de infâncias e adolescências revividas.

(texto do Pinguin da Rua do Meio)

COMENTÁRIO

MILCÉLIO DE AZEVEDO

Com este livro, José Milbs de Lacerda Gama insere-se na Galeria dos Historiadores Macaenses sólida e definitivamente.

Ele nos transporta para uma Macaé , à época provinciana e bucólica, com sua vida de pureza com seus habitantes formando uma grande e amiga família, onde o amor e o respeito recendiam.

José Milbs, com rara felicidade, conseguiu captar , e nos transmitir o clima das ruas e veredas , das classes sociais, a vivência entre as várias e atuais existentes, ao tempo em que Macaé, suas figuras folclóricas, seus educadores, seus formadores de opinião , a formação moral dos seus administradores que tinham na honestidade e no respeito ao erário público motivo do real e justo orgulho.

O Autor nos recorda paisagens com visual já hoje inexistente quando retrata os que foram os barracões da Leopoldina em Imbetiba, a praia, a rua da Praia, do forte, a praça da Luz e as ruas que o progresso modernizou. José Milbs demonstra grande preocupação com o verdadeiro e o humano tendo no existencial . Nos proporciona uma leitura amena, nostálgica para os que vivenciaram a época retratada e conhecimentos históricos para os que não vivenciaram.

MACAÉ NO TEMPO QUE GUILHERME MUSSI TIRAVA UMA SONECA DEBAIXO DE UM FRANBOAYAN NA RUA DA PRAIA...

Pessoas, apelidos, afetos, coisas, vivencia de uma existência alegres de uma cidadezinha de interior RJ

José Milbs de Lacerda Gama.

.............................................................................. Aos meus filhos como única herança material deixo estes relatos. A minha mãe Ecila - minha amiga- muitas saudades e a dúvida/certeza de um reencontro. Ao Euzébio Luiz a gratidão por ter vivido no meu tempo e por me ter proporcionado longas e belas horas de beleza e encantamento que brotavam de seu gargalhar de menino num mundo sempre adulto e tenso.

Aos netos pela curiosa presença e pela chegada num mundo que, ao sair dela, saio com o dever cumprindo de ter sido notado, criticado, amado, curiosamente entendido e no fundo uma feliz certeza que vivi. Vivi um mundo lindo apesar da crueldade de certos humanos...

Das árvores que vi crescer...

Dos amigos que vi deixar de viver...

Das saudades que tive ...e as que não pude ter.

As certezas do existir não sendo...

...È como dizia um jogador de carteados de nome "Zè Ceará" nas frias noites do bar Império: "Nada vale nada"...

É a afirmativa de Frota de que o" Homem é o que é por último" e a contestação de que o "Homem não é",coisas que só nascem e se escutam numa cidadezinha como esta velha Macaé, onde seus antigos moradores ainda ficam "de mal" por longos tempos sem se odiarem.

É a ausência de Lourinho da Telerj, saudades das frases infantis que falam das "agüinhas de chuva". Da tranqüilidade franciscana de Ricardo Madeira, que curte a vida, inteligentemente filosófica, se fingindo comerciante.

Do olhar puro de meu xará Pinguin Mello e suas histórias da Bicuda Grande e Cachoeiras de Macaé. As lendas de "Buzina" o Negro famoso dos anos 50. Do "Vamos ao jogo que trabalho é roubo," nas máximas sonoras que vibram das sinucas enfumaçadas dos cigarros Saratoga, Clarin e Astória, com ou sem ponteiras.

É caminhar pela Télio Barreto e cumprimentar a beleza pura de um senhor Pedrinho Hipólito dos Santos, pai de Wilson. Rever as famílias Midão, Santa Rita e Fundão e as travessuras de Ary de Daimon, falando alegremente das chuvas de pétalas caindo com o cair do teto em noite de medos e risos.

Dos poemas puros do irmão de Celso Mancebo em plena campanha eleitoral.

È poder compartilhar com a simplicidade de Bento, pai do mestre Ângelo e da meiga Ângela, que aos 90 anos, mais parecia um menino a contar histórias de Santa Maria Madalena.

É ver o nascimento de lojas como a de Ary Pozes e Nilda, bem como a chegada em nossa pequena cidade de Ailton, Niltinho e Wilson.

É familiarizar com nomes gigantescos para serem decorados mas que fizeram a história no Século que se foi, Amphilophio, Epaminondas, Lopelina, Diamantino, Philadelphio Aristóteles e tantos outros que deixaram as suas essências espalhadas por toda a comunidade

DUDU TRINDADE

Pode-se esquecer das longas conversas com Dudu Trindade, pondo em nossa presença o tempo de "A Construtora" e de tantas outras lides comerciais que se perderem no tempo mais que está avivado em sua retina aos 80 anos. Seu relato é o relato de uma existência nitidamente macaense e quando deixa escapar a emoção ela vem cheia de orgulho de seu tempo de caserna num tempo se foi nos anos 40 mais que permanece vivo no inicio do século de 2006 com o mesmo vigor que ornava sua existência numa cidade cheia de histórias para serem contada e ouvida.

A existeência de Seu Eduardo Trindade Coêlho é a presença vida de uma cidade Puramente infantil. Seus olhos brilham ao relato de andanças pelas matas em busca de caças, das pescarias e dos homens de bem de seu tempo. Deixa uma legião de filhos, netos, bisnetos e, teve a felicidade em vida, como poucos, de olhar um tataraneto. Ainda está de pé aos 82 anos, feitos, segundo ele, no Dia do Soldado, 24 de Agosto, quando abre o coraçao e relembra seus feitos como jugdor de futebol, nos Quartéis do Rio e de Macaé.

APELIDOS

Onde a gente encontra um apelido como "Caco de Vidro" e, quando você pergunta, ao próprio da origem, ele diz que é por ser muito magro e transparente. Uma resposta que prova o afetivo carinhoso dos autores de tantos e muitos que se chamam, apelidamente, por toda a dimensão histórica da cidade.

AROEIRA

As gaiolas, feitas com docilidade vindas das mãos artesanais de Gadugê-da-Aroeira, pai de Mazinho Sapateiro. Poder ir na Pedreira de Luiz de Lima e molhar as mãos nas águas puras de Atalaia que tinha fila de gente pegando Moringas e levando para suas casas. Água que não corre mais nas nascentes deste lugar, sagradamente histórico, e que se acabou.

Ainda se pode conversar com gente que lembra de dona Carolina fundadora da Acadêmico da Aroeira onde as lembranças do bairro mais antigo de Macaé se esbarram em saudades de Alzemiro Rocha, tamanqueiro do Silvino Frota e em Álvaro Gordo que deixa dezenas de descendentes espalhados por todo seguimento dos Morros do Lazaredo e São Jorge.

IMBETIBA

A elegância do Aurélio Soares ainda reflete nos seus descendentes que conservam a magistrada da casa onde morou com dona Dolores da Escola Isolada I dos cajueiros. Era ali que eu, menino de calças curtas, aos 9 anos ia para os primeiros acordes de um conhecimento passada com soberba maestria. A vala ficou escondida por obra do Prefeito Cláudio Moacyr. A casa de seu Aurélio ainda esta lá com Dalva teimando em manter o belo apesar do feio esta rondando toda a região de Imbetiba.

O NORDESTE

Macaé tinha poucos nordestinos nos anos 50. Barbosa do Tenys. Doutor Djalma, Sergipe da Boa Vista, Os Peixoto do Valle, os Maias, Adonias, Sargento Pereira, Seu Pirys, sargento pai de Jacyra e Wilson na Rua do Meio e mais outros que, no decorrer do fuxicamento da memória, vou desfilando no desenrolar destes escritos.

O MUSSI DE SONO PURO

As pessoas tiravam madornas e longos cochilos em jardins, praças sem a preocupação dos terríveis assaltos chegados com o aumento da diferenciação social e o progresso.

Como brotava o fruto da cândida liberdade ao ver Guilherme Mussi caminhar até a "Rua da Praia", deitar-se no encostativo de uma figueira e tirar longa e roncoso soneca. Duas horas, depois Guilherme voltava a caminhar, cumprimentava Fanor, Manel do Rainha e, compassadamente como quem estivesse vindo de um sonho e, flutuando nos pensamentos distantes, abria o seu Bazar Esportiva "Dois Irmãos".

Guilherme e Luiz fizeram, com suas presenças vivas e saudosas muitas histórias nas tardes empoeiradas das ruas macaenses na metade do século passado. As poucas vezes que ainda me encontro com o grande Sebas ainda podemos saber das belezas destas recordativas presença no mundo que a Saudade Distancía...

DANIEL ALFAIATE

A inocência comercial de Ailton Silva, filho do mestre em alfaiataria Daniel Silva irmão de Honório, que criou uma firma de eletrodomésticos. Relacionou centenas de conhecidos e achou que ia tê-los como clientes. Doce sonho bairrista. Esquecido de que "santo de casa não fazia milagres," viu apenas uns 4 ou 5 amigos comprarem em sua loja. Mesmo assim não perdeu seu carinho por esta terra.

DONA LAURINDA

É Passar na Praça Veríssimo de Mello e ser reconhecido pela voz e saudado numa "boa tarde" ou "bom dai" vindos de dona Laurinda, esposa de seu João Clímaco, ou pela esposa de Filhinho Drumond com o mesmo reconhecimento de voz.

Dona Laurinda contava as viagens que ela fez com dona Deuzinha mãe de Jair e Jorge. Não havia tempo a ter corrido. O caminhar pelas ruas eram o campassado que vinha na própria existencia da natureza mornal, calma e devagar que habitava todo o conteúdo homem/naureza.

DUBOC FILHO

E as loucuras de Luiz Fernando Duboc, com sua inteligência aguçada e sua participação nos carnaváis debaixo do "Boi Pintadinho"? Quem seria, senão o alegre Duboc, que pararia o Boi por alguns minutos em frente ao Palanque Oficial e, enquanto os carnavalescos gritavam: "boi.... boi.... oaoaaaa, uoaaa... boiii... Duboc calmamente fazia o "boi andar" deixando, para quem quisesse sentir, o cheiro de um cocô verdadeiramente contestativo e inteligente. Dubuc Filho estava dando sua resposta aos desmandos oficiais dos anos 70.

ALGAS OU BALSEDOS?

Educado que fui nas minhas andanças pela Praia de Imbetiba sempre pensei que, aquela cor esverdeada que ornava a pedra em frente ao Hotel, era balsedo PodeM perguntar a todos os estudantes dos anos 50 e 60 e os ex- alunos do SENAI. Eles confirmarão a existência deste verde lindamente escorregadío e fofo. Era uma Bacia que se formava onde as mães podiam bricar com as crianças e estas, escorrgavam neste esverdeado lindo e de fofura iniqualável que nos estrava mente a dentro e adormeçe em todas que podem ainda pensar e viver.

Soube por Milcélio que o nome é Alga Verde e que balsedo é outra coisa. Ao seu lado "Zé Caraca", atento as conversas, confirma o fato. Fica, no entanto, "Balsedo" como apelido das saudades lindas de ondas que nunca mais virão molhar a velha pedra e a f eia Imbetiba dos anos 2006.

SORRISO DOS CAJUEIROS

Como dizia o sorridente Zé Macaco, irmão de Celma, Helinho Cabral e filho de seu Anselmo Cabral."Nunca teremos na vida o sorriso puro de "Sorriso" que ornamentava as ruas dos Cajueiros com seus passos largos num pé 46".Pode alguém se esquecer do olhar meigo e que trazia abraços e afagos energéticamente mornado pelo amor, vindo do negro "Zé Macaco"?

AZAR DE PONTA E LILICO

E "Azar de Ponta"? Onde andará? As idas e vindas de Lilico no Belas Artes sempre em busca de uma roda de pontinho ou do carteado campista? São personagens de uma cidadezinha de interior que, sempre afirmo, existe em todas deste Brasil a fora. Com outors nomes e apelidos, mais esão vivificados nas mem´rias. Olhe os leitores que apelido: Azar de Ponta. Pode? Mais existiu msmo.

CIRROSE"s BAR

O nome de "Cirrose's Bar" a um "point"que ficava perto da Estação de Trens, perto da casa de Rosane, Renê e que os ditos portadores da dita cirrose eram habituês . Sim. tinha isto tudo nesta cidade . Pior que os frequentadores jamais imaginavam que o nome voava de boca em boca e os olhares sempre vinham carregados de irônica/tristeza.

BENÇA MAMÃE

E "Benção Mamãe"? o meigo "Curuja"? E o velho "Patureba"? E a inesquecível dona Alice Salgado com sua sobrinha rota e de negritude cor que a acompanhava fizesse sol ou chuva?

"Zé Poleiro", "Cobra D'Água", "Pé de Pato", "Cabeça de Bagre", Vicente "Barra-Lagôa", "l001", "Diabo Comendo Mariola", "Walter Talhadeira", "Martelinho" estão ai para que um folclore, dos mais chegados, possam avaliar os sobre postos aos verdadeiros nomes que seriam forma mais fiel do chamamento nas ruas e o atendimentos por quem estes apelidos eram tidos.

Apelidos que eram uma espécie de cara/vista por quem os punha de uma forma artísticamente moldada na forma de rostos e gestos no dia a dia do cotidiano.

Ver e olhar o "Diabo Comendo Mariola" e olhar para o andar "de l5 pras 3" e saber o quanto a certeza do parecimento se concretizam na forma e no chamamento que o dono atende.

O mais interessante é ver, estes portadores de nomes apelidados, atenderem o chamamento como se deles fossem donos reais. E "Sorriso" o negro dos Cajueiros que atendia como tal.?Podia existir tanta beleza e alegria ao saudá-lo? E "Cata Quiabo" do "Morro do Carvão"? sempre atento as políticas e a família que se espalhou por todo o "Alto dos Cajueiros" e se estende por toda a cidade.

É desta Macaé, que vi em minhas andanças, que busco retratar da forma mais real que puder. Até porque estes fazem ou fizeram parte viva de vivencias que ainda guardo nas lembranças de infâncias e adolescências revividas.

(texto do Pinguin da Rua do Meio)

COMENTÁRIO

MILCÉLIO DE AZEVEDO

Com este livro, José Milbs de Lacerda Gama insere-se na Galeria dos Historiadores Macaenses sólida e definitivamente.

Ele nos transporta para uma Macaé , à época provinciana e bucólica, com sua vida de pureza com seus habitantes formando uma grande e amiga família, onde o amor e o respeito recendiam.

José Milbs, com rara felicidade, conseguiu captar , e nos transmitir o clima das ruas e veredas , das classes sociais, a vivência entre as várias e atuais existentes, ao tempo em que Macaé, suas figuras folclóricas, seus educadores, seus formadores de opinião , a formação moral dos seus administradores que tinham na honestidade e no respeito ao erário público motivo do real e justo orgulho.

O Autor nos recorda paisagens com visual já hoje inexistente quando retrata os que foram os barracões da Leopoldina em Imbetiba, a praia, a rua da Praia, do forte, a praça da Luz e as ruas que o progresso modernizou. José Milbs demonstra grande preocupação com o verdadeiro e o humano tendo no existencial . Nos proporciona uma leitura amena, nostálgica para os que vivenciaram a época retratada e conhecimentos históricos para os que não vivenciaram.

Um comentário:

FRANCISCO OTAVIO disse...

era uma Macae tranquila amena, onde uns conheciam os outros mas tudo passa. Com o progresso Macaé transformou-se em uma cidade estranha.
Estive nesta cidade n oano passado valeu a pena o passeio matei as saudades, reviver muito amigos e vizinhos.