Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

31.7.09

Filho de Lorinho - Odalci Mota - me escreve fico emocionado e transcrevo texto sobre este meu grande amigo...


Tivesse eu, como jornalista e contista, poder homenagear todos os vultos de minha passagem de existência. As memórias batem, se esparramam no túnel alegre do tempo e podemos rever, em vida e em feliz vózes, as pessoas que nos marcaram bons momentos. Odalci teve esta fenomenal presença.
Em 1958, quando eu tinha 18 anos e fui lançado a vereador pelo PTB de Jango, sob o apadrinhamento de Luiz Gonzaga da Paiva Muniz, meu grande amigo e um valoroso brasileiro, tive meu primeiro contato com Odalci. Fomos, eu, Paiva Muniz, Ruy Moutinho de Almeida, meu primo Aristeu Ferreira da Silva, Jacy Moreira, Gerson Maciel de Miranda (filho do então Senador pelo PTB Tarcisio de Miranda, Waldyr Azevedo numa Papelaria que tinha na Rua Direita. "PAPELARIA O REBATE". Um lindo menino, aloirado e muito feliz, atendeu a gente. Paiva e a cúpula do PTB iria fazer as cédulas de nossos candidatos a vereadores. Paiva, olha para mim e diz: "Pinguin, que menino esperto. Não deve ter mais de 13 anos. Trabalhando, se desembaraçando das missões. Gostei dele". (Paiva Muniz era famoso no PTB por descobrir lideranças. Roberto Silveira e Jango sabiam disse e ele tinha destaque no partido nacionalmente).
Quando Odalci voltou de dentro da Oficina de O REBATE, como os modelos de cedulas, perguntamos o seu nome. Ao dizer que se chamava Odalci, eu e Paiva fomos, quase ao mesmo tempo dizendo: Vamos te chamar de Lorinho. Ok? O menino riu e dai para frente, no Colégio Luiz Reid, no PT, na Telerj e em toda a cidade, Odalci era o nosso Lorinho...
Hoje recebi de seu filho Fabrício Mota um emocionante email que transcrevo:
Boa noite Jose!

Estive lendo a reportagem escrita por você no Jornal o Rebate em 2007 sobre meu tio Manfredo e meu Pai Odalci, e gostaria de lhe agradecer as palavras escritas, confesso que em certos momentos me emocionei, e pude reviver momentos de alegria com meu pai, quando criança sempre ouvi ele falar de sua pessoa, um amigo que ele guardava no coração. Com certeza ja nos conhecemos quando eu era mais novo porém o tempo me apagou da memoria e gostaria muito de uma dia lhe agradecer pessoalmente pelas palavras e quem sabe ouvir de você outras historias que tiveram na compahia do meu pai como por exemplo as reuniões para fundação do PT. Deixo aqui meu contato para podermos conversar melhor um dia. Tel: 22-78353619. Abraços Fabricio Mota...
Transcrevo o texto que fiz em 2007.


Lorinho, o nosso Odalci

O ano era de l979 e era muito difícil formar o PT em Macaé. Além do temor de participar de um partido que se ensaiava como de esquerda, Macaé, historicamente, tinha suas raízes de esquerda num modelo diferente onde os anos de lutas tinham no PCB a hegemonia.

Tínhamos uma missão difícil. Fomos à luta para fundar o partido. Euzébio Mello, Honório José, Omir Rocha, Odalci Motta e Eu. Estava feita a primeira comissão do Partido dos Trabalhadores do Estado do Rio de Janeiro. Depois se fundou no Rio e o PT se espalhou. Hoje é um partido gordo bem nutrido e, em alguns de seus membros com cara de PSDB e PSD. Bem distante das origens mais ainda com cheiro de PT apesar dos perfumes importados que alguns usam nas noites macaenses. Mais ainda tem a teima dos que, iguais a Lorinho, Euzébio e Omir, sabem que a mentira tem pernas curtas e que a fantasia tem que sair após as festividades do Poder.

Nós fundadores sabíamos disso por essência ideológica. Euzébio se foi. Omir idem e agora perdemos o nosso Lorinho em triste desastre de automóvel.

Odalci sempre esteve à frente das lutas políticas de Macaé. Na Telerj, onde trabalhou por anos e anos, sempre esteve ao lado das justas lutas de seus companheiros preferindo as poeiras das ruas ao refrigerados da diretoria. Era sempre com seu olhar brejeiro e sorriso tímido que a gente o via nas ruas de Macaé onde sempre esteve. Lorinho vem de uma história nitidamente macaense. Na Rua 7 de setembro onde morou com sua mãe com Ceil e Ilse seus irmaosirmãos ele começou trabalhando no O REBATE com Milton Madureira com quem aprendeu o valor do trabalho profissional. Estudando no Luiz Reid foi para a Telerj onde saiu para o trabalho particular. Fiel a família tinha grande carinho por seus filhos e era deles o seu orgulho quando se tinha tempo para conversar. Sua coragem nas lutas ele sempre que podia me confidenciava vir do sangue dos Motas. Havia uma quase certeza que era descendente de Motta Coqueiro. Lourinho é mais um pilar da história das nossas ruas que se vai prematuramente como foi Euzébio e Omir. Parece que o destino tinha que fazer uma das suas e ceifado a vida deste bravo companheiro. Morreu trabalhando o bom e puro Lorinho da Telerj.

As lagrimas que corriam da face do amigo Izaac de Souza e a tristeza do olhar meigo de Mazinho Rocha,no momento que comunicavam a morte de Lorinho, eram a demonstração do afeto que eles tinham por este bravo companheiro...

Com Lorinho se podia conversar sobre as belezas de uma velha cidade que teima em esquecer os verdadeiros valores de suas ruas empoeiradas e alegres...(José Milbs de Lacerda Gama editor de "O Rebate" www.jornalorebate.com

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