Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

25.11.08

quando se chega os 70 e lembra dos 11 anos.



Era a cidadezinha de Macaé um lugarejo dorminhoco. Manhãs e tardes noites com repetivo soar do tempo que andava lento. Pescadores, que nas madrugas cunhavam seu sustento, vinham, pelas 7 horas ate as 9, anunciando seu produto. Minha mãe Ecila, que vinha do Rio de janeiro para nos visitar, gostava de um peixinho de nome Gordinho e dos Siris acizentados que eram capturados na Lagoa de Imboacica. Os vendedores traziam em suas cabeças grandes cestas que continham os bichos encapados por folhas de matos. Não havia a abundância dos gelos que, nestes anos de 1949, eram privilégios de gente abastada. Geladeira? apenas alguns ferroviários tinham. Assim mesmo de 2a. mão...
Na foto meus netos. Manuella 11 e João Pedro 7. Filhos de Luis Cláudio e Ana Cristina no banco em frente a Instância Vista Alegre onde resido e escrevo estes textos.
Novos Tempos

A rua do Meio tinha e tem uma forma de entendimento diferenciado Nos Fiapos de minha memória. Ali teve cimentada e forjada toda a essência que fixou a infancia e o início dos caracteres da minha existencia.

Por isso ela tem um significado nunca igual as outras ruas, conquistado no dia a dia do crescimento de uma criança. A conquista de novas ruas, de periferias para qualquer menino de 4 ou 5 anos é algo que transcende ao entendimento adulto.

É como o primeiro assobio treinado com luta, tentativas e conquistas. É algo que marca a vida no segumento da vida que brita em cada um nos dias do que se denominou chamar velhice. O belo infantil, que é lembrando no primeiro tombo da bicicleta emprestada por amigos mais ricos, ou do ganho feliz de uma boleba num papão ou num triângulo “ a vera.’’. Coisas que todos temos guardados nas esquinas tortuosas da memória e que vão sendo cotejadas, como pongos de uma chuva criadeira, quando se quer passar isso para os amigos e pessoas...

A vida de uma criança tem sementes que não morrem. Por isso é que, a cada passo que se conquista no mundo geográfico em que habitamos, abrimos trincheiras que se cognominar-se a “ guerra linda da existência humana”.

Fiz-me nas poeiras dessa rua esburacada e santaficada pelo que aprendi, na década de 40, numa Macaé ainda virgem de maldades humanas e progressos loucos e destrutivos.

Ainda se balbuciavam, carinhosos e afetivos, os bom Dia, Boa Tarde e Boa Noite.

Vocês perguntarão. E as outras ruas, as outras cidades, as outras vilas por este mundo afora? Não seriam e teriam o mesmo formato divino? Confirmo que sim. Creio que estas minhas recordaçoesrecordações servem ao meu mundo o que não o diferencia dos demais mundos existentes em todas as infâncias do universo humano.

Acho que toda a criança, por mais longe do real que esteja, vivenciou mundos maravilhosos e divinos. Quem negará o sonho, o belo pesadelo infantil? Só que eu vivenciei esta realidade e me é outorgado o direito de revelar seus encantamentos com o desejo que outros também os faça para que sirvam de recordações e motivos para longas conversas com filhos e netos.

Como esquecer as estripulias de seu Aluisio do Hospital que tão sabiamente seu filho Zéquinha lhe representa em alegrias e brincadeiras? Do afeto de Dona Durvalina por seus “milhares de filhos”, que vieram ao mundos poe suas mãos? Quando falo em dona Durvalina e repito sua existência neste Fiapo de memória, é porque ela faz parte de milhares de universos infantis de uma Macaé que teima em esquecer suas entranhas para fazer uma historia de bijuterias e falsas existências. Onde se encontra a pura essência do olhar de Iromar uma existência viva e recordativa de uma cidade pura?

Iromar foi me colega de Senai e habitou, em seus últimos dias de vida, o Bairro do Porto do Limão. Sem a visão do mundo exterior ele me conhecia pela vóz e demos lindas gargalhadas de infinito prazer e felicidade quando nos viamos.

Como esquecer as noites de encantamento nas mesas do PINGÂO, REIZINHO, DONA DADÁ E SILVIC? Bares que pipocavam as belezas das nossa ruas nos anos 50 e 60 onde podiamos rever velhos notivacos das noites e das serestas?

II

Não se faz história de uma cidade com 30 anos ou 40 de vivencia nela. Se não se pode fazer parte dela que não se assanhe em faze-la. Se não a fizer , seus filhos farão. Por isso é que me revolta ver as pessoas tentarem dar um branco na vida de Macaé como se a história se pudesse comprar como qualquer titulo de clube ou com nomeações de presidências de clube de serviço. Uma vida genética tem suas raízes na verdadeira essência. Que eles façam as suas histórias nas suas cidades de origens e deixem para seus filhos fazer a nossa.

È muito triste a gente abrir determinados jornais, escritos por debéis historiadores, escreverem mentiras sobra o passado. Locuras que póderia enganar a centenas de crianças indefesas que possam ter acesso a seus textos. Soube que um desses “historiadores de plantão em algum orgão público municipal, disse que ‘Mota Coqueiro tinha sido Prefeito de Macaé. Ainda bem que o Armando Barreto, que está na militancia da imprensa local, desmentiu o ocorrido.

Quem pode esquecer Zacarias Ferreira de Moraes, “Zeca” e sua bela mãe? Como ficar no esquecimento as noites de plantão do PU com Floro, Célio Ferraz, Paulinho Borges. que era na verdade Ivair Borges?

A poucos dias fui numa festa num colégio do Bairro do Aeroporto e quem estava lá como diretora era a filha de Zequinha de seu Zacarias. Maria Inês retratava sua história que era a própria história de nossa comunidade. Falamos do O REBATE do tempo de seus pais e avós e ela ficou feliz em saber que estamos on-line mundialmente acessados.

Sua presença era a presença de parte viva da história e sua fala se confundia com tudo que diz respeito a existência da cidade. Inês falava de sua formação, de sua luta para chegar ao Magistério.

Vi em seus olhos o passamento de toda uma vida que, no bairro simples que ela ministrava aulas, era a representação da própria história de MACAÉ que se espalhou por toda a extensão territorial. Era como que estivesse esticado a Rua da Poça, onde ela nasceu e fincasse esquinas no Bairro Aeroporto...

São coisas que ficam cimentadas nas mentes e que são transferidas para o consciente de uma Macaé que capenga no esquecimento de sua verdadeira história.

III

O Fiapo da Memória caminha para a região onde é hoje o Banco do Brasil. Ali perto morava Celso Terra um dos primeiros práticos em Odontologia. Sempre preocupado com o mundo social e Walter Belmont pai de Regis e Rosana. Eles davam um toque diferenciado dos macaenses nativos já que vinham de outras cidades. Eles incorporaram a vida social em nossa comunidade nos anos 50.

Barrica, meu colega de primário e Gin dos Cajueiros ainda lembram da Escola de Dona Dolores. Era escola Isolada 1.Tinha Indaiá. Sylvio, Elmo, Marlécio e Moacyr Prata. Barrica sempre está nas peladas na Pedra dos Cavaleiros e bate bola com outros senhores. Caminha alegre para os 70 anos de histórias vividas e havidas em nosso região. Parodi que o diga...

IV

Arquimedes França, o pioneiro em tudo que dizia respeito a modernidade, fazia com que a cidade tivesse um tom mais moderno e atual. Zilminhaa, Iolanda, Orlando e. Edgar .........não imaginam como o seu pai, Arquimedes, tinha a visão a frente dos moradores da época. Falar com ele era falar com uma alma alegre e que viajava em redor das falas para a busca do futuro. Hoje quando existe alguma referencia a Arquimedes França as pessoas olham e reverenciam sua memória como um homem que pensou a cidade 100 nos na frente. Uma espécie de Mota Coqueiro ao inverso.A primeira TV veio de suas mãos e muitos outros meios de uso e tecnologia que a cidade viu e tomou conhecimento.

V

As pipas, os campinhos de peladas, as bolas de gude, os namoricos furtivos, as esperas das tardes no jogo de Bola de Meia podem significar e significam a capa protetora das infâncias macaenses, que, as noites de historias contadas à luz de velas, forjam a passagem de existências de vidas com que os avós nos presenteavam em saudosas falas carinhosas e puras.

Histórias dos sertões de Carapebus e seus índios nativos, vivências em Quissamã e suas fazendas gigantescas, caminhadas a Rocha Leão, Macabú e Rio Dourado.

A verdadeira história de Mota Coqueiro, passada por bisavós que o conheceram em Macabú e não tem nada haver com as informações passadas ao meu amigo e escritor March de tão pura intenção envolvido por historiadores mal intencionados. Mota matou mesmo a familia sim, afirmavam eles em suas certezas por que eram visinhos dele em Macabuzinho...

VI

Era sempre uma Macaé verdadeiramente macaense em essência e vidas. Creio que existe uma ideologia nos dias atuais de gente que deseja, por força ou por não terem a paciência histórica de esperar que a historia os reverenciem ,esconderem as verdades verdadeiras. Pensam e querem que a história comece com eles. Eu noto que nestes últimos 20 anos, não sei se com a chegada da Petrobrás ou se de fato, essas pessoas pensam que podem “passar um apagador” na historicidade real. Muitos estão ai afoitos em se perpetuarem numa mentira histórica, textos que não passarão despercebidos por que tem muita gente ainda viva e atenta a esses engodos.

Não se colhe frutos sem que as raízes estejam fincadas na terra. Assim deve ser a vida de uma cidade. Governar a cidade voltada para sua verdadeira essência cultural e genética deveria ser o que eles deveriam fazer. Até por que não existe meias verdades na historicidade de um povo. Ou é ou não é.

VII

A Rua do Meio tinha frondosas árvores e as areias grossas das ressacas de Imbetiba ladeavam as entranhas das ruas e faziam se fazima de picadas nas casas. Um emaranhado de conchas e restos de mares antigos. O velho Benoni conversava nas esquinas com “Geraldinho” de Zelita Rocha. Sobre algumas jogadas do Time do Americano e falavam dos dibles de Venicio de Oliveira que tinha sido convidado por Gintil Cardoso para ser reversa de Garrincha no Botafogo. A gente ficava ouvido estas conversas dos “mais velhos” e ficavamos sabendo disse fato inédito na vida do esporte de Macaé. Venicio, um menino saido das poeiras de nossas favelas iria ser reserva do fabuloso Garrrincha. Venicio, na timides de um menino dos anos 40, não foi. Sua timides impediu que passasse para a história do Futebol Mundial. Perdeu a cidade...

Pedrinhas brancas, cacos de Mariscos e ostras eram comuns nas cercanias. Elas se misturavam nas terras pretas dos jardins da rua Dr. Bueno com belas Dálias, Roseiras e pés de Laranjas, comuns nas frentes das residências nesse início da década de 50.

Na rua Júlio Olivier além de Custódio, Tinoco, Seu Manoel, tinha seu Sebastião Crespo com seu caminhão que nos dias de carnaval desfilava cheio de crianças pelas ruas do centro. Lucas e Zilda ainda embalavam os meninos Guto e Toninho.

Era comum as puras aparições de carros, alegremente carnavalescos, passando pelas ruas. No Carnaval, seu Sebastião era visto seus filhos Edevan, Edson, Celinha, Cacilda e Edy que se jundavam a turma da Rua do Meio, Igualdade e Praça para as comemorações. Os caminhões se enchiam de crianças e mini adultos e desfilavam na Rua Principal, antecedendo os desfiles dos Cajueiros e Independente.

Ainda não havia as Bandas Marciais do Luiz Reid nem a do Polivalente que viriam a ser osquestradas por Jamil e José Geraldo no CELR e pela abnegação de Angela, esposa do meu amigo Mozart e mãe do nosso reporter esportivo Léo Lima, no Colégio Polivalente.

VII

Havia uma Vala ( que nos anos 60, quando Cláudio Moacyr manilhou), que era onde a gente brincava muito. Eu, Cláudio, Levy, Telmo, Rubinho, Nelsinho de dona Pequena e outros meninos.

Do lado de lá da Vala, hoje uma rua que dá acesso a casa de Míriam de Dona Pequena, morava alguns mitos das hitórias macaenses. “Titinha” DO INDEPENDENTE, Seu Roberto do Bar e o Seu Xará de Dona Pequena, Thiers, Dona Olga Patrocínio, Aloísio do Hospital, Mãe Durvalina de Braulio, Zequinha e Hilário de Hilarinho, Custódio, Gilda, Seu Manuel de Anterinho, Celinha irmã de Devan e seus belos e bondosos pais, Lalate, Dona Cotinha, Nelson, Clyce, Theresinha, Eliete, Darcílio, Irene, Doca e Zezinho, Mathias, Catuta, seu Oswaldo, Benicio, Marinildo Amado e suas meigas irmãs, Benildo, Dona Zinha de Syldai e Neinha, Elias e sua irmã, de doces lembranças de Seu Rubens Patrocínio, Sucena, Pimpão, Lenice, Clea, Mazinha.

Tinha um velho Pé de Mija-Mija instalado em frente a Chácara onde morava Alencar e dona Bentinha. pai de Elcinho. Esta árvore tinha um pequeno fruto que, ao ser cortado, expedia um liquido. Dai este nome. Confirmei, com Naná Ferroviário, este fato e ele se lembrou desta árvores. Ela, como o Pé de Tamarindo que existia na Praça Veríssimo de Melo, suniram do real mais repousam suave e docemente nas nossas memórias.

VIII

Nessa Chácara, onde Alencar morava, ao lado de minha casa, na Rua Doutor Bueno, 180, tinha dezenas de jabuticabeiras e uma pedra de umas duas toneladas, que as crianças diziam ter um tesouro enterrado debaixo.

Elsinho e seu outro filho Alencar eram nossos colegas de bolebas e a gente discutia sobre o tesouro debaixo desta pedra. Dona Bentinha tinha uma filha linda que revi neste início de século quando de uma ida a Cerj para ligar uma luz. Estava na sala de Guto filho de Lucas e pai de Luquinha. Sorria com o mesmo sorriso franco e puro que tinha os 6 anos. Rever histórias e passar para este Fiapo é salutar.

‘Não sei nem contar as vezes que ficava torcendo para crescer e remover aquela pedra pedra dos tesouros. O pior é que todas as crianças tinham o mesmo desejo. Interessante, está coisa de mente humana. Quando descrevo estes fatos vejo perfeitamento a Pedra que ficavs uns 15 metros da trave de nossas peladas com bola de meia ou de borracha...

IX

No final da rua morava “Nelsinho de Dona Pequena” e “Manuelito”. Do lado da casa de Dona Maria de Seu Bráulio pai de “Icinho, Lelei, Delvan. Décio e Dalci. Vizinhos de “Seu João Gordo”, pai de “Zé Pretinho”, isso tudo perto do campinho de peladas (campinho da Cocheira) em terreno da Prefeitura.

Nas noites os batuques do ensaio de carnaval do “Independente” de “Titinha” , João Pinto, pai de João Batista Pinto e de Monclar de “Dodge” , Luiz Geraldo e Ana Pinto. As crianças se misturavam com os mais velhos em busca de repiques de tamborins e pandeiros. Sempre escrevi e repito que os tamborins eram de couro de Gato...

Ainda não havia luzes nos postes de madeira os pirilampos davam a dimensão do belo e nos proporcionavam momentos de ligamentos no real existente.

Sentados em torno do fogão de lenha da casa de Titinha esquentávamos os Tamborins para os ensaios na busca de vencer os Cajueiros, nosso tradicional concorrente no carnaval dos anos 40. A música que o independente cantou em sua Escola, eu e Cláudio Moacyr relembramos quando ele era Prefeito e eu Vereador na década de 60. Era assim:

Sai, fui buscar lá na vila uma baiana pra dançar...Na minha escola, este samba eu fiz pra ela cantar. Agora, quero ver cajueiros dançar...(já naquela época usávamos o termo dançar como forma de fazer dançar... etc.

Acho que neste ano o Cajueiros dançou de fato. O meu independente venceu o carnaval de l949.Qualquer dúvida pergunte a Meca, Simário, “Badu”. Miguel, Wilson Pires, Nagib e outros remanescentes. João Pinto, Wilson e Monclar sempre estavam com suas presenças simpáticas nos ensaios da Escola de samba do Independente da Rua do Meio.

Quem tem mais de 60 anos e morou nas imediações desta monumental Rua de Macaé, deve lembrar, por certo, de mais detalhes. Esta ai que termino são as que veio no meu Fiapo aos quase 70 anos...

Eu era um menino de 11 anos.(José Milbs de Lacerda Gama)
www.jornalorebate.com
Coment

Um comentário:

Anônimo disse...

É com inusitada alegria que contemplo sua fotografia em companhia de seus caros netinhos Manuela e João Pedro, filhos de Luiz Claudio e Ana Cristina em frente a Instância Vista Alegre.

J.Salvador da Silva Andrade
Editor do Jornal CORREIO MACAENSE
e-mail:correiomacaense@yahoo.com.br