O GRUPO ESCOLAR MATIAS NETO
UM TRECHO DA MINHA VIDA – IZIO ENCO (04/11/2002)
O Grupo Escolar Matias Neto - Ontem, passando em frente ao Matias Neto, olhei por uma das frestas do portão e vi o local onde nos organizávamos em filas para depois irmos para as salas de aula. Imediatamente vieram lembranças de um tempo em que lá passei a estudar e brincar, ainda tão vivo em minha memória e separado do dia de hoje por apenas 44 anos. Olhei as escadas de pedra que dão acesso ao interior do colégio, a grade onde ficavam os professores na hora de cantar o hino apropriado ao dia, as belas janelas herdadas da colônia portuguesa, e me vi! Camisa branca de mangas curtas, com as iniciais do colégio gravadas no bolso e com um fino laço azul que fechava a parte de cima, calça curta, de cor preta ou azul, com sapatos também pretos, pasta de couro ou embornal, isto dependendo da situação financeira de cada um, para guardar os cadernos e uma cheirosa merendeira ou um modesto embrulhinho. Mas, as diferenciações ficavam restritas ao material, pois, o ensino era igualzinho para todos, e muito bom! E lá estávamos prontos. Todos enfileirados por turmas, em posição de sentido, separados pelo espaçamento de um braço esticado, silenciosos e respeitosos para a execução de uma solenidade que se repetia todos os dias antes de entrarmos nas salas de aula. Normalmente eram escolhidos dois alunos com bons currículos escolares, um menino e uma menina, que ali iriam cumprir orgulhosamente a tarefa de hastear a nossa bandeira ao som do hino. Até hoje consigo me lembrar do respeito que tínhamos por todos que formavam o corpo daquele colégio, fossem professores, inspetores de alunos, zeladores, diretoras ou qualquer uma outra pessoa que também fizesse parte daquela administração, ou que ali estivesse realizando algum trabalho. Não sei se era pelo império do medo ou da educação, mas, que havia bem menos agressividade do que nos dias de hoje, isto, sem dúvida, era um fato. Uma coisa interessante que também acontecia naquele tempo, era a visita de funcionários da MALÁRIA que iam ao colégio e distribuíam latinhas metálicas para que, no outro dia, as trouxéssemos com nossas fezes para exame de verminose. Era feito gratuitamente e, alguns meninos que se enrolavam com os pequenos depósitos, acabavam trazendo o seu produto de evacuação em latas maiores, e isto causava RISOS & RISOS. Havia também as vacinações. Normalmente era no braço e com seringas que causavam uma dor bem incômoda. Aí entravam em cena os mais medrosos ou, quem sabe, os mais espertos! Optavam pela agulhada na popa e, para isto, o local escolhido era atrás da porta, sem plagiar o nosso grande Chico Buarque. E tome mais risadas! E o que parecia sofrimento, acabava virando diversão! Outra coisa que sempre mexe muito com as minhas lembranças é o cheiro da sala de aula, uma enorme mistura de odores formada por merendas como: pão com um ovo frito, ovo cozido, pão com banana, pão com goiabada, banana, laranja, rapadura, pão com manteiga e açúcar, refrescos e uma caneca de leite, servida pelo colégio, e que vinha dos Estados Unidos da América com o nome de ALIANÇA PARA O PROGRESSO. Havia também o cheiro do material escolar, dos perfumes e de tantas outras coisas que também ficaram bem guardadinhas em minhas recordações. As pichações eram modestas, bem pequeninas e escritas a lápis nos cantos das paredes, e ai de quem fosse pego fazendo isto! E a nossa primeira professora do curso primário?!!! A dona Maria do Carmo! Uma mãezona! Ainda consigo me lembrar da doçura de sua voz e do carinho com que ela cuidava da nossa educação, mas, já está na parte de cima da vida, e torço para que esteja fazendo exatamente a mesma coisa que aqui fazia, ela era muito boa com os pequeninos! Outra grande lembrança que também guardo em meu coração e com muito carinho, é a de dona Elmira. Por várias vezes recebi morangos de presente, colhidos pelas suas mãos, em canteiros que existiam no colégio e eram cuidados por ela. Também era muito boa no trato com crianças, todos a adoravam! No Matias Neto havia um enorme espaço para atletismo, com campo de futebol e pistas em tamanhos oficiais. Era uma área de lazer e tanto! Utilizada para aulas de educação física e torneios que se realizavam entre os colégios todos os anos, e como isto era saudável e festivo! O colégio também era quase todo cercado por enormes eucaliptos que faziam um sombreado muito agradável, e ali a garotada divertia-se em dias de aulas, folgas e férias. Mas, com a chegada do progresso, precisou-se de mais espaço para edificações. E a grande área de esportes começou a ser recortada até que um dia nada mais restou, e ficaram só as lembranças! Naquele tempo, para entrar para o ginasial, era preciso fazer uma prova de admissão, era um pequeno vestibular que mexia muito com os nervos da gente e dos nossos pais. Mas, existiam professores que nos preparavam para essas provas e, o motivo de eu ter passado tão facilmente e com tão boas notas, devo a dona Irecê, dona Iraci, e as suas devidas competências. Os sons de suas vozes ainda ressoam vivos em minhas recordações, eram tão duronas quanto responsáveis pelo que faziam, e foram muitos que passaram por aquelas educadoras mãos. Quanto de carinho e saudade tenho por todos os meus professores, sem mágoa alguma, e com enorme admiração, respeito e gratidão por tudo que fizeram por mim e por tantos.
Izio enco - um aluno levado, que tirava boas notas, era querido, e sempre detestou parágrafos !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Edito o jornal O REBATE desde 1968, buscando escrever as histórias e fatos que podem levar as pessoas ao caminho belo de suas lembranças. Faço isso como o objetivo de deixar para as gerações futuras textos que possam servir de encantamento e pesquisas de pessoas que viveram nos anos em que vivi.
Boas vindas
Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)
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