Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

23.4.09

Nilo Fabiano, em carta, relembra com saudade, uma cidade que ainda tem memória...


Foi com muita alegria que recebi e publíco no "O REBATE" este canto maravilhoso da memória macaense vivida por um de seus mais belos e ulustres filhos. Nilo Fabiano Castro, filho do inesquecível Faustino Marciano de Castro e dona Maria cujas presenças ainda bailam nas memórias de muitos ao lembrar suas presenças nas janelas de nossa Rua Principal vendo e aplaudindo os desfiles dos Carnavais dos anos 40 e 50. Sempre ao lado de figuras saudosas da bucólica Macahe. Amélia Pinto Brasil, Magdá Pereira Garcia e outras tantas memórias que batem nas paredes e caem ao sublime vento, que vindo das ilhas nativas, neste início de Outono de 2009 fazem com que as teclas do PCU transformam em frases e textos.
Bem vindo, Nilo, abraços em Therezinha e Rominho. Macaé ainda existe e vocês faxem parte desta história. Bjs Jose Milbs...
Que fale mais alto e mais sublime a carta do Nilo Fabiano:


Prezado amigo José Milbs
Fiquei feliz em fazer contato com você. Esta Internet é fabulosa.
Jadir encaminhou-me uma mensagem sua, na qual existe uma referência a Mathias, primo do famoso Gilson Pé de Pato. São pessoas muito queridas. Coracy, irmão do Gilson e do Levy, foi um dos meus mais queridos amigos. Ausentei-me cedo de Macaé mas os amigos de infância permanecem inesquecíveis e você é um deles. Conheci todos os Mathias, filho da querida Da Cici e olhe que foram 11 homens.
Morei com o Heleno, figura muito distinta e locutor da Rádio Relógio, quando morávamos em Niterói e fui muito amigo do Aderbal Mathias Neto, que ostentava orgulhoso tanto o nome do escritor, seu parente, quanto o uniforme de cabo do Exercito Brasileiro.
Bons tempos, meu amigo. Tivemos a felicidade de viver numa cidade linda, limpa e extremamente ordeira - lembra-se da cadeia, situada próxima do mercado de peixe ? acho que não tinha portas e era cuidada pelo Cabo Vulcão, o mesmo que tentava por alguma ordem na molecada que assistia às sessões Colosso nas 3as feiras no saudoso Cine Taboada, saboreando as balas e os biscoitos de polvilhos fabricados pela Da Nieta. E o sorvete de creme com calda de ameixas, na Sorveteria Vem Cá ? Formidáveis, saborosos, inigualáveis e até melhores que qualquer marca moderna como Kibon, Mil Frutas e tantas outras. Bons tempos, aprender a nadar na Praia da Concha, porque a Praia da Imbitiba era considera muito perigosa. E roubar frutas. Havia melhor programa do que roubar frutas e correr dos cachorros? Não sei como classificar nossa infância. Maravilhosa é muito pouco...E as serenatas com violões e flautas, com alguns artistas amadores e outros nem tanto, até famosos como Benedito Lacerda e sua divina flauta, a nos acordar pela madrugada e nos fazendo satisfeitos vir às janelas para agradecer tão pura e sincera homenagem. E o Bebé ? aliás "Seu" Bebé. Famoso e respeitado alfaiate, com atelier na Rua Direita e também exímio pescador a sacar junto com os seus filhos a maior parte dos robalos que se aventuravam próximos do cais na Rua da Praia. Muitas vezes ajudei ao Adelino, caçula entre os filhos homens, figura gentil e simpática e que nos deixou muito cedo, a pegar piabinhas para isca , nos valões próximos à Estação dos Trens. Diziam e era voz corrente entre nós naquela época, que não existia festa ou qualquer outro acontecimento importante na cidade em que não existisse pelo menos um dos Bebés presente. Estavam em todas e eram extremamente queridos. A Nova Aurora e Tinho tentando botar ordem naquela esforçada banda para alegria de todos e a sua rival , a não menos querida Lyra dos Conspiradores, enchendo o ar de melodias nas noites de ensaio, ali pelas bandas da Praça da Igreja, nas imediações da Casa de Caridade, hospital e ambulatório que a todos atendia com os seus dedicados enfermeiros, o grande Aloizio, grande e alegre, sempre com uma piada na ponta da língua e muito bom humor e o gentilíssimo Juquinha. E a Praça da Luz ? De onde partia célere , uma equipe para tentar descobrir e corrigir a falta de luz, que acontecia com freqüência, produzida por um bom vento ou um raio que insistia em cair próximo das linhas de transmissão. A praça da Luz que juntava tudo e todos, brancos, pretos, mulatos, cafuzos e japoneses se houvessem. Onde aprendemos sem saber, a não ter preconceitos de raças e outra bobagens . Todos aqueles meninos correndo atrás da bola, numa alegria enorme e difícil de se ver hoje em dia. Foi ali que aprendi que naquelas peladas, bola alta tinha dono, pois Pedro, irmão do Tinho, jogava com muleta e sua muleta subia aos céus e nas bolas altas, não tinha para ninguém. Querida figura, personagem inesquecível da minha adorada infância : Pedro Muleta.
Cada ano que passa a nossa família, aquela família educada pelo Ginásio Macaense à frente do Cine Isabel, diminui um pouquinho e nós que convivemos agora com esta nova geração, nos tornamos figuras preciosas, não só pela formação que Macahé nos proporcionou como seres humanos, mas ainda como álbuns vivos, depositários de épocas, momentos e recordações que se foram. Bons tempos, meu amigo. Momentos e recordações que são como águas do Rio Macaé que passaram por baixo da ponte antiga e de ferro e que não voltam nunca mais. Que bom que ficaram as lembranças, que bom que existem muitos de nós ainda vivos, daquela maravilhosa Família Macahense, que bom que existe a Internet.
Se cuida. Você é muito precioso e a cada ano que passa, mais precioso é. Deus lhe guarde.
Um forte abraço
Nilo Fabiano.

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