Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

17.10.11

Uma viagem no interior da mente escura....

Uma viagem ao redor da mente.
Saber de sua abertura e existência...
Olhar o velho mundo se distanciar.
Saber do belo ...
Ouvir a voz do vento...
O murmúrio do passarinho...
Viver.
Saber da vida...
(José Milbs)




Praias, lagoas, rios de águas claras, montanhas com verdes alegres e muitos pássaros voando por toda a parte. Apenas este misterioso mundo sombrio permanecia com seus desusos e preguiça. Nas esquinas pessoas humanas falam. Gritam. Impõem ordens. Falam e gesticulam. Hora com vozes com palavras feias, ininteligíveis, outras parecendo carinho mais sempre impondo normas e deveres. Ao longo da misteriosa escuridão, homens falam em leis, condenam, prendem, roubam e andam de um lado para o outro sem ir nem vir para lugar nenhum. Pregadores berram. Crianças e flores se olham com espanto como se não entendessem nada daqueles seres grandes e faladores. Alguns até com gravatas e talões de cheques.

‘A planta e o passarinho que voava entre seus galhos param para olhar o espanto da criança e da flor. A cor esverdeada dos olhos da criança faz harmonia com a flor avermelhada que, com o cair dos raios de sol, se torna da cor do vinho. O passarinho e a árvore esquecem por instantes o espanto que via para olharem estarrecidas as falas brutas dos engravatados e seus amigos.

Mulheres também gritam uma com as outras fazendo com que outros passarinhos e outras flores fiquem boquiabertos e espantados. A escura visão da mente continua sendo bombardeada por luzes e mais luzes. Algumas verdes, outras cinzas e a maioria delas de cor azul. Esta combinação faz com que o desuso dos olhos comece a ver turbilhões.

A misteriosa vida nas escuras muralhas sombrias e tortuosas da mente escondida, por anos e anos de solidão, tende a resistir a qualquer tentativa de furar este bloqueio que faz bem a ela.

Como os peixes que vivem na escuridão das cavernas marinhas, como os Cambotás que turvam as águas límpidas ao tentarem brincar na superfície, estas sombras evitam a claridade. As misteriosas e barulhentas censuras ainda forçam a continuidade na vida triste de um mundo opressor. Ainda este bem claro para esta mente sombria e misteriosa, os ensinamentos religiosos, a certeza de uma eternidade corpórea. Esqueceram de dizer a ela que a vida continua mais a sua morre. Ela ainda escuta os milhares de olhares maldosos da vida que lhe obrigou a retrair-se. As noites e os dias se confundem numa névoa existente. Pensamentos ainda podem ser conectados a desejos mais estes estão limitados a sua volta e não abrem horizontes. Apenas pensa existir e a certeza do sim esbarra nos milhares de naos que a sociedade, a civilização lhe outorgou conhecer. "Mistérios que se pode desvendar", dizia as sombras repetidas no espelho da vida. Além de algumas que já começam a desaparecer muitas sombras estão em desafio e não querem abrir as portas. O Inconsciente o Espírito e a Alma se confundem na incerteza da abertura das sombras existentes.

O lado obscuro da sua cabeça começa a lhe fazer ver alguns reflexos. Alguns brilhos vagueiam na escuridão e um ponto luminoso se pode ver, ao fechar os olhos, no lado sempre fechado do misterioso mundo da escuridão. A luz se faz presente de forma longe, como se estivesse olhando para o céu aberto em noites de Lua e Estrelas. Se parece com algum ponto estrelar, ou quem sabe, alguma coisa que pode ter ficado em aberto ao fechar os olhos. A cor começa a se mover e formar alguns tênues seres. Muda de cor. Agora é uma cor de vinho. Uma linda cor vinho que faz o ponto central de sua cabeça.

Como se fosse um "Olho longe", muito longe mais lindo de saber possuir. Seria o terceiro olho dos antigos Livros Orientais? Será que o OLHO central que dizem existir nas histórias Orientais existem ao se abrir o Lado Obscuro da Mente?

Este ponto azul, ao abrir os olhos forma-se como um pontinho negro que acompanha sua visão aberta. Vai e volta em torno de seu contorno facial e some. Nas praias , quando a misteriosa mente se deita e se distrai, esta pequena partícula negra se torna cinza e vagueia também em torno de seu rosto moreno, queimado pelos anos de verões que sua existência tem.

As noites , quando o sono vem, à escura mente brinca com a mente que vê pintas negras. Sonhos lindamente claros, lugares que, a mente deixa-se vê, pontos nunca habitados são jogadas como bola de ping-pong. Se de um lado a mente escura joga seus conhecimentos, a mente que vê pontinhos, lhe informa de suas visões. Lugares proibidos de ir ou medo de não voltar?

Estas partículas de bolinhas de cores maravilhosas e misturadas formam colares de mil cores, entrelaçados uns aos outros. Como as tiras que as bailarinas usam em suas apresentações. Só que estes colares são de vários formatos e cores deslumbrantes. Cores que nunca existiram na mente que existia antes.

As noites de sonhos são como belezas novas. Cores, idas e vindas em lugares bem distantes da terra, vôos lindamente feitos e se sentindo pássaros. Em alguns momentos não consegue ver onde esta. Não vê onde está mais confia que estará de volta sempre que assim seja permitido. Seria a ida a mundos novos?

Camadas de sonhos, profundezas da mente escura ou algo que ainda não é permitido ver, turvam as manhãs que fazem a mente escura recordar alguns meandros das noites.

Pensa: como seria o sonho de um ser humano cego de nascimento? Ele sonharia as cores ao deitar-se na profundeza de sonhos? Ou seria a mente escura que lhe forneceria as belezas deste lado desconhecido na vida que leva na escuridão da cegueira? Perguntas sem respostas e as duas mentes começam a emitir informações entre si.

A misteriosa mente pede que volte ao espelho e olhe onde estão as sombras que ficavam em círculos ou em paralelos . Olha o espelho. Muitas sombras sumiram.

Algumas que estavam em círculos estão desfiladas, paralelas ao fim do seu corpo. Ainda existem muitas sombras a serem extirpadas. A misteriosa mente escura começa a ver pontos abertos de luzes. Azuis, verde, brancas, avermelhadas. Quase um arco-íris de formato reto. Como se as luzes fizessem seguimento com a dimensão geográfica dos paralelos das sombras. Algumas piscam como piscam as Árvores de Natal e as que as pessoas colocam nas árvores para enfeitar os fins de ano. São centenas de luzes que, quase no paralelo, formam uma longa fila.

A mente escura sente que existem olhos e este pode ser usado. A turvulência que via começa a se clarear. Braços e dedos são levados à região do rosto e, uma pequena esfrega na região dos olhos lhe faz ver em redor. Já sente que existem olhos e estes podem ver. Estaria cego e voltava a ver ou esteve sempre numa escuridão e nunca tinha visto a luz?
As duas mentes agora estão mais livres.

A que nasceu aberta, agradece a que voltava a ver. Era como lhe dizendo que toda a repressão, todos os “naos” da sua vida, toda mentira que foi obrigado a dizer ser verdade, todo o amor negado, pedido, dado, rejeitado, tudo era absorvido pela misteriosa mente que ia se fechando, se fechando e ficado sem nada ver. “Uma forte luz cai sobre as duas mentes e, uma voz longe, suave lhe diz:
-” Vocês duas nasceram livres. Uma dentro da outra. Viveriam sempre juntas vendo tudo que uma vê e outra via. Só a misteriosa mente teve que optar por receber da outra mente toda carga que viesse de forma agressiva e má. Daí que ela foi ficando assim, como um grande fardo pesado puxado sem poder lhe dar os conhecimentos que agora vocês duas vão ter”.

A luz se torna mais forte. Como um clarão, fixa-se nos olhos das duas mentes. Seria este clarão que os epiléticos recebem e não conseguem absorver e caem em retorcidas e loucas atitudes? Seria este clarão que as pessoas falam nas manifestações nas Mediunidades Kardescistas?

Seria este clarão que fez o Mestre Jesus, refugiar-se no mato. e chorar vendo coisas lindas? Seriam este clarão as visões de João Batista? Ou seria este clarão que fazia mexer com a mente de Francisco Candido Xavier na privilegiada e sofrida cabeça deste homem simples de Uberaba?
José Milbs de Lacerda Gama, editor de O REBATE www.jornalorebate.com

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