Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

27.10.11

Sou Vasco desde os 5 anos e não me arrependo de ter passado para filhos e netos...


Morava na cidadezinha de Macaé, Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, mais precisamente na Rua Doutor Bueno, 180, a uns 956 passos largos das areias grossas e lindas de uma Praia de nome IMBETIBA...
Nas horas e dias em que o mar ficava revolto, com suas ondas que mais pareciam espumas e cores de Caldo de Cana Caiana, as crianças gostavam de brincar de catar Conchas, Estrelas do Mar, restos de cascos de Mariscos, pequenos e pobres Cirís Brancos que morriam, nos encontros das ondas com algumas pedras maiores...
Nesta época, a cidadezinha era apenas habitadas por gente que se conhecia, muitos Ferroviários, centenas de Pescadores, um tênue Comercio de Vendas a Varejo com anotações das compras dos Fiados...
Ao cair das tardes, quando o Sol já se punha dando lugar ao anoitecer, a gente brincava com os Pirilampos e Vagalumes que eram aos milhares com seus pisca-piscas a dar sentido claro as mentes criativas que os caçavam para esfregar seu corpo morto e indefeso em nossas camisas para que as mesmas ficassem reluzentes ao primeiro contacto com a escuridão da linda noite que se avisinhava...
As manhaes eram de acordar bem cedo, nas épocas das Férias dos Colégios Isolados, e
se ir para as coisas comuns a todos meninos de 5 anos ou 6. No meu caso, batia a saudade do meu Bisavô EMILIO TAVARES DA SILVA que, até pouco tempo me levava num carrinho feito de madeira de Mercadinhos e com rodas artezanais, para o Banho de Mar em Imbetiba. Meu bisavô tinha sido Cigano e chegou na Região nos anos de 1850 com seus pais. Foram habitar o Sertão de Carapebus/Quissamã onde moraram por anos e anos e até foi Sitiante em Capelinha do Amparo onde doaram terras para que fosse feito o Cemintério e a Capela da Comunidade. Vô Emilio teve vários irmãos de sobrenome Silva que habitaram Quissamã e Carapebus. Já minha Bisavó Adelayde era da familia dos Almeidas, Ribeiros e Bastos que habitavam Conceição de Macabú...
Nesta Rua Dr. Bueno que tinha o apelido de Rua do Meio por ficar centralizada nas únicas que davam acesso a Praia e a Leopoldina, tinha um lindo Pé de Mija-Mija, com seus robustos troncos e uma florzinha que dava uns cachos que a gente tirava um pequeno pedaço em seu início meio parafusado e espirrava nas outras crianças. Dai o sujestivo nome de Mija´Mija. Nunca mais soube desta àrvore que, como as Tamarindas devem estar extintas...
Pois é, num destes troncos que varavam até a Rua, meu querido guardião e amigo Bi, levou um tombo. Nunca mais me levou as csminhadas em em busca do Nascer do Sol na Praia de Imbetiba. Antes de completar seus 90 aninhos este homem rude, pele enrrugada, mãos calejadas, olhar de menino e coragem de um Indio Guerreiro, deixou esta vida...
O olhar azulado de minha Bisavó sempre estava lacrimejante e nem sabia o porquê. Caminhava para os 100 aninhos, mascava seu Fumo de Rola, Pitava seus Cinco Pontas e lavava seus paninhos que ficavam embaixo de seu travesseiro. Contava suas histórias de Moura Torta, da Baratinha, Do Boi Bumbá, dos Indio que Comia Brancos em sertões...
Não entendia muito de Saudade e só fui sentir isso quando vi a ausência de meus seres queridos em minha infância e adolescencia...
Nos intervalos das Manhães para as Tardes Amenas, como toda criança de 5 anos, começavamos os jogos de Botão pelas Varandas. Sempre Menor de que os outros meninos que viviam neste Encantado Mundo de minha Infância, não tive outras alternativa em escolher o Vasco da Gama como meu time do coração. Era o prenúncio de um amor grandioso pelo time Preto e Branco...
Meus amigos de Jogos de Botão, todos mais velhos eram todos, ou Fluminense como Cláudio Moacyr e Levi Corrêa, ou Flamengo como Telmo e acho o Anterinho...
Neste tempo de mágicas recordações a gente fazia os Botões de Casca de Coco ou pegava os chamados "feitiços" nos paletós grossos e importados de nossos avós e tios...
Meu Goleiro, de Caixa de Fósforos bem colada com cores do Vasco, era o Barbosa, meus beques eram Augusto e Wilson e a linha-média Ely - Danilo e Jorge. Na linha, todos com as carinhas coladas nos Botões, estavam Sabará, Maneca, Ademir, Ipojucan e Chico. Ainda alguns reservas como Heleno de Freitas, Tesourinha e outros que fogem a meméria que já caminha para os 100 anos em 13 de Agosto de 2039...
Dai em diante começou minha alegre descoberta do Grande Vasco da Gama. Minha avó Nhasinha Lacerda foi a 1a pessoa que fiz a cabeça. Outras Vascainas apareceram por ver minha felicidade em ouvir o Jorge Curi e, com o rosto colado no Rádio Rabo Quente. criar os Goools de Ademir e vibrar com as defesas do Grande Barbosa...
Foi fácil fazer a cabeça de minha mãe ecila. Minha irmã Djecila não consegui. Ela quis ser Flamengo...
Veio mais uma cabeça Vacaina na pessoa de meu querido irmão Ivan Sérgio de Lacerda Gama.
Tempo passando e a alegria, aos 9 anos de conhecer o EXPRESSO DA VITÓRIA que tomou conta de todo o Brasil com as vitórias de Querido Vasco da Gama...
Hoje, aos 72 aninhos, depois de muitos altos e baixo, consegui fazer outras Cabeças Vascainas. Meus filhos Luis Cláudio, Ana Cristina e José Paulo. De todos os netos, apenas a Mariana é Vascaina. Os outros seguem a idéia do neto João Pedro que é Flamengo e está sofrendo com a chegada no novo EXPRESSO DA VITÓRIA DOS ANOS 2000...
José Milbs, editor de O REBATE www.jornalorebate.com
Foto:
Galã:

Maneca fazia o gênero galã e gozava de muito prestígio entre as mulheres, tendo vivido, ao que contam, um grande romance com a cantora Olivinha de Carvalho, vascaína ferrenha que fazia imenso sucesso na época cantando músicas portuguesas e integrando o “cast”, como se dizia, da Rádio Nacional (a Globo daquele tempo), do qual participavam os maiores nomes do rádio.

FICHA:

Nome: Manuel Marinho Alves
Data de nascimento: 28 de janeiro de 1926
Local de nascimento: Salvador - BA, Brasil
Falecido em: 28 de junho de 1961
Posição: Meia / Atacante

Nenhum comentário: