Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

29.4.11

Texto que fiz no resgate da memória do Theatro no Rio de Janeiro....

Foto:Dulcina e dr. Odilon contemporâneos de Odila Machado nos Anos de Ouro do Theatro Brasileiro
MORRE DONA ODILEA, MAE DE RUY JORGE, CARLOS ARTHUR E JULIO ARAUJO MACHADO

Aos quase 90 anos, morre a macaense e mulher de nossa historia, Dona Odiléa Araújo Machado. Soube educar seus filhos e acompanhou a transformação de nossa cidade da Ferrovia ao Petróleo mantendo a mesma meiguice quando de sua juventude em nossas ruas empoeiradas e belas.

A fragilidade corpórea não podia esconder a fortaleza espiritual que a desnudava no olhar e nos pequenos gestos com as mãos. Sempre atenta às transformações sócias do mundo, soube entender todos os momentos na vida de seus filhos e sempre sabia entender as coisas da maneira mais simples possível e de pouco entendimento para a maioria das pessoas de sua idade. Enquanto outras mães berravam, gritavam, chamavam aos cantos e ventos as coisas quando de algum acontecimento diferenciado do dia a dia, ela usava o afago que vinha da sua voz baixa e que penetrava no interior de quem ouvia, ressoando forte e tomando conta do ser. Ela sabia usar as palavras, embora "de poucas palavras".

Convivi com ela um bom tempo de minha juventude. Ia em sua casa, sentia o calor e afeto dela com Eurico Machado, seu companheiro, gráfico e comerciante de nossa história. Eurico trabalhou no tempo em que jornal era feito, letra por letra, apanhadas em grandes caixas de dezenas de escaninhos e, estas letras, colocadas num tal de Compunidor. Às vezes ele me falava no tempo que trabalhou no O REBATE com Milton Madureira, pai de Milmar e com Eraldo Mussi Rocha, irmão de Margarida. Estes momentos eu observava dona ,

Seu olhar admirativo para o velho companheiro e o gesto suava com as mãos indicando a mim e ao Ruy, a mesa posta onde tomávamos o café. Era deste encantamento que pude rever quando da ultima vez que pode estar com esta senhora lindamente doce e sempre feliz...

Orgulhosa de sua irmã Odila ela nos contava das andanças dela e dos encantos que tinha quando dos anos doirados.

DONA ODILÉA E ODILA

Pouca gente sabe que temos uma dama que fez história no Teatro Brasileiro. Era mesmo uma macaense que saindo de Macaé, brilhou nos conhecimentos da vida teatral no Rio de Janeiro. Dona Odila Araujo mãe de Cordely. Esta talvez mais conhecida por ser jovem e habitar Macaé. Cordely como sua mãe também fez Teatro. Eu sempre ouvia falar em dona Odila por Tutuca, Jojó e pela dona Odiléa. A gente andava junto desde os tempos de estudante e sempre Ruy me falava de suas tia, irmã de sua mãe. Odila foi correr mundos e Odiléia ficou em Macaé sempre a espera da irmã o que aconteceu na velhice das duas.
O teatro veio para a macaense Odila como para a maioria dos grandes em suas várias profissões. Chegou a ela como vendedora de ingressos e projetou-se no palco pelo talento que soube desenvolver na filha Cordely.

O Rio de Janeiro nos anos 40, mais preciso em l943 viu chegar alguns valores do interior que fizeram historias. Dona Odila foi uma delas. Trabalhando no antigo Rex e Capitólio esta mulher nascida na Rua Alfredo Backer numero l em Macaé mudaria sua historia e se firmaria com brilho na vida do Teatro Brasileiro.

Teatro Gloria na Cinelândia perto do Amarelinho fazendo bilheteria e secretariando os mais famosos artistas da época ela foi se firmando e formando sua história. Do tempo em que se selava os ingressos e se conheciam os freqüentadores por nomes e por cadeiras o teatro do Rio engatinhava.

No Fênix como secretária de foi com Dulcina e Odilon para o Teatro ginástico da Graça Aranha e sempre que se refere ao Odilon ainda usa o doutor Odilon.

Assim esta pequenina mulher macaense foi sendo pilar na teatrologia nacional onde sua filha Cordelly trabalhava nas peças de Nelson Rodrigues amigo pessoal de dona Odila de quem fala que era uma pessoa muito perguntativa. Nelson gostava de secar as pessoas com pergunta. Fala isso e sorri. Por 12 anos ficou com Dulcina e o Dr. Odilon.

Dona Odiléia se oregulhava dos feitos de sua irma dela bibligrafava os textos que faço público.

Depois Meson de France. Diza com orgulho, Eva Tudor sempre veio até Macaé visitá-la e ela ainda tem saudades do Rio, de sua casa em Copacabana e Lido onde se reuniam os seus amigos de teatro. Rodolpho Mayer, Floriano Faissal, Iara Cortes, Dayse Lucidi, Jece Valadão. Agildo Ribeiro, Paulo Nosling são alguns dos seus amigos recordativos. As vezes estas memorias que as duas guardavam nas paredes da mente que está prestes a completar 90 anos, eram misturadas pelas falas das duas ao mesmo tempo. E ai, assume o ambiente Odila que lembra com voz embargada pela emoçao de um grande ator que sempre a visitava. Fala com sensibilidade especial sobre Sérgio Cardoso e relata que foi com Sérgio, que Tarcísio Meira teve seu primeiro papel no teatro.

"Acho que o mais lindo do teatro é quando a companhia viaja". Interrompia a nossa conversa a Odila quando dona Odiléia nos erve um café.

Conheceu o Brasil todo nas companhias que trabalhou. Cordelly trabalhou em 7 gatinhos de Nelson Rodrigues e ela fala com orgulho de seu neto Cláudio José Araújo Motta que ela criou e hoje é um dos mais renomados químicos do Pais e que leciona mestrado nas Ufrj.

Odiléia se orgulha de jojó, Tutuca e Julinho e elas esquecem um pouco as lembrnças e voltam-se para seus descendentes.

Odila continua falando no Neto e Dona Odiléa em Paulinho, Mirna e os outros filhos de Ruy Jorge (Jojó). Fala no Ruy e na Poliana.

O Dila diz que seu neto é um dos mais importantes expoente do mundo em sua formação profissional . Estudou no Luiz Reid nos anos 70.

Orgulha se de ter sido amiga de Agildo Barata e Ney Braga. Dona Odiléia de ter conhecido muita gente atraves dela. Estas duas almas macenses se seperaram na existencia que tiveram aqui. Dona Odiléa, a quem me inspirou rever este diálogo morreu a poucos. Dias. Soube pelo seu filho Jojó, meu velho amigo de lides estudantis dos anos 70 e um grande Artista na arte do pincel.

O REBATE homenageia em sua ediçao on -line estas figuras de nossa história, abre com elas a página de THEATRO e agradece ao Eurico Machado por ter sido um dos responsáveis pela formação de um genética que nos honra ser contemporâneo...
(jose Milbs de Lacerda Gama)

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