Boas vindas

Que todos possam, como estou fazendo, espalharem pingos e respingos de suas memórias.
Passando para as novas gerações o belo que a gente viveu.
(José Milbs, editor)

9.8.11

MORRE EM MACAÉ JUCA ANDRADE MENINO QUE FEZ HISTÓRIA E DIGNIFICOU UMA EXISTENCIA COM O BELO HERDADO DE SEUS PAIS CENI E BRAULIO





A Noticia chega como sempre chega. Pessoas queridas sabendo das amizades falando de perdas que se sucedem no curso da tênua vida. Juca Andrade já vinha sofrendo as dores das doenças mais nunca se deixou abater. Sabia que, cedo ou tarde iria sair do Palco da Vida para habitar lugares que não sabemos onde nem como existe. Fato é que manteve a calma, conservou a beleza fisica, herdada de Ceni e Braulio e sempre estava ali para suas longas conversas e despedidas...
Juca era um dos últimos amigos de meu irmão Ivan Sérgio que ainda tinha o sabor do belo das amizades que somem no tunel do esquecimento.
Chamava-me de Milbinho e Ivan de Ivanzinho. Meus filhos gostavam dele. Especialmente o mais jovem Jose Paulo que sempre que era menino ainda gostava de ir lá se deliciar com seus Churrascos de Madalhão e seus cumprimentos ALEGRES E AFETIVOS...
Ceni e Bráulio perdem mais um de seus mais belos descendentes. Se foi a alegre Rita e o queridissimo Braulinho. Sei lá mais acho que tem algúem em algum lugar que gosta de levar as boas coisas aqui da terra para enfeitar e animar outros mundos distantes. Deve ser isso mesmo...
O REBATE sofre mais uma baixa em seus leitores e amigos. Sofre e se une a saudade de seus pais, da irmã Lalu e também da sua querida Lucia Helena Gama companheira e amiga que agora fica com a ausência fisica do belo amigo Juca...
A Saudade tem alguma coisa ligada com o Belo. A beleza que flui do carinho e do confortamento que brota em cada ato e em cada gota de lembrança.
Domingo, dia 7 de agosto, mais ou menos umas 11 hs da manhã eu passei pela Rua do Sacramento com o meu Fusca 72. Em frente da Casa de Ceni eu vi Carminha entrando pelo portão. Pensei cá comigo: - Vou mexer com ela. ia parar o carro, não fosse alguma moto que me fechava, pra brincar e dizer:
- Aí Carminha, já vai pegar a bóia de Ceni, né?...
No outro dia, ao conversar no Face com uma das filhos de Nelson Carvalhaes, Lia Marcia,soube da morte, na madrugada, de querido Juca Ferreira Andrade...
Transcrevo um texto de um livro que nem sei se vou publicar impresso mais que está, gratuitamente, no O REBATE. Falo das belas histórias do PINGUIN DA RUA DO MEIO e de suas vivências...

MEU QUERIDO IRMÃO IVAN SÉRGIO DE LACERDA GAMA, AMIGO DE JUCA E BRAULINHO...
Ivan disse...Caro Milbinho:
Ao ler "coisas da Rua do Meio" lembrei-me de outros personagens e fatos de minha infância que, quando você tenha espaço, poderiam ser citados :
- A chácara de Dr. Marques (roubávamos frutas e recebíamos tiros de sal grosso).
- Meu amigo Tadeu (irmão de elmo , Bibinho grandes jogadores de futebol).
- O MINA apelido do hoje importante Dr. Nelson filho de Elza e Sgto. Darci
- Dona Pequena e o seu filho que não me lembro o nome.
- A casa de Tio Jonas e Tia Ondina (quintal imenso e que Dinda guardava os lençóis etc. e que eu coloquei fogo tentando acender o nosso fogareiro JACARÉ de querosene queimando inclusive suas lingüiças que ficavam penduradas no teto da cozinha). (levei muitos cascudos de Djecila e Marly (mulher de Helan)).
- De Estela e Seu Gualberto (avô de Gualbertinho professor de karatê e Estelinha além de Área e Gualter (vinham do Rio de passar Férias)).
- Néinha que patrocinava as corridas entre nós os moleques da época. ((Não lembro o nome do pai e da irmã dela) moravam ao lado da casa de Rubens Patrocínio)
- Renata (Pelé) irmão de Rubinho Patrocínio e Rosilda)
- Sueli e irmãs filhas de D. Jacira e Pires
(A grande amiga e vizinha de Dinda - Dona COTINHA (eu visitava todas as vezes que ia a Macaé) mãe de Mariazinha, Hélia, Nenê etc.)
Dona Durvalina que furava nossas bolas quando caia no seu quintal.
A casa de Tia Doca , Zezinho, Tereza (nossa grande amiga e protetora das estripulias de todos os sobrinhos e primos. O Cuchicholo de Eliete (que sempre cabia mais um) de Antonio Fino , Eduarda e Clarinha)
De Dona Lalate seu Thiers (Mazinha . Cléa)
De Seu Celso (gato de botas) e dona Enedina (pais de Oberlã e Lourdinha)... As peladas, jogos de botão com Juca e Braulinho...
- De Renatinho (primo de Lúcia - filho de dona Nina e seu Renato) que passava carnaval em Macaé hoje dona da CARMIM em Sampa. (implicava muito com Duduzinho irmão de Lucia).
- (Das idas na praia da fazenda de Amphiilóphio Trindade) Lucia tinha a Chave.
- Dona Nizinha Prata que roubava na víspora.
- Tia Enedina Gama (que implicava com tudo) Tia Elça E Tio Salime Salomão (a bondade em pessoa) Badra
Alguns fatos e personagens fora da Rua do Meio mas, importantes na minha vida
Beijos
Ivan



COISAS DA RUA DO MEIO II UMA VIAGEM AO REDOR DA MENTE...
Domingo estive na Rua Doutor Bueno que, na minha infância tinha o nome de Rua do Meio. Quem criou este nome foram os velhos ferroviários nos anos 30/40 quando iam, pelas vielas e pequenos trechos feitos com picadas de pés e mãos, até a Estrada de Ferro de Imbetiba. Era ali, banhado pelo sabor dos ventos dos mares bravios da Praia de Imbetiba e soprada pelos frios aromas das marezias que entravam pelas narinas humanas e refrescavam as mentes.
Ventos que saiam das Ilhas Nativas e iam ao encontro dos humanos destes anos felizes de uma cidade alegre e dorminhoca...
Vai dai que relembro este texto:

Coisas da Rua do Meio II
Ruas: Poça, Igualdade e do Meio
José Milbs
A rua do "Meio" não tinha o nome de Dr. Bueno. Era do Meio porque só haviam duas picadas que levavam os moradores até a praia de Imbetiba.
Uma picada era pela rua da "Poça", hoje Luiz Belegard, homenagem ao engenheiro francês que projetou Macaé e a picada da rua do cemitério, hoje rua da Igualdade. Não havia ainda nenhum calçamento e as árvores abrigavam sombras até a praia.
Num livro que fiz de crônicas, afirmei que as ondas do mar vinham até nossas casas. Reafirmo. Ali onde hoje tem uns prédios de Atendimentos Médicos tinha formação de areias que o mar trazia nas lindas e românticas tardes de ressaca.
Thiers Pereira de Azevedo, Aluisio Andrade, Seu Oswaldo, Benildo Amado, José de Moura Santos, Benedito Gama, Celso Barbosa, Elso Froes (Pudim), Erotildes Monteiro, Darcy Pires, Lulu Pinto, Rubens Patrocínio, Sebastião da Silva Rosa, Tião, Sargento Pires(pai) , Seu Roberto. Simário, Meca, seu Demistoclates todos homens que faziam a história desta Rua com suas famílias e seus amigos. Digamos que estes são os verdadeiros pilares desta Rua...
Como não deixar que fixe na memória a doce presença de doutor Manoel Marques Monteiro e a sua dona Santinha Barreto Monteiro? Seus filhos "Alaydinha" e Geraldo que, estudando em Campos o segundo grau, vinha sempre em ferias e brincávamos na chácara que ia da Rua do Sacramento até a Rua do Meio.
E o negro "Pavuna" .que nos fazia as vontades em frutas colhidas sempre prontas e deliciosas?
Seu "Pavuna" era um remanescente das bondades humanas e residiu em Macaé nos meados dos anos 50 e 60. Poucas pessoas tiveram o divino prazer de conhecer sua figura arquejada e bela. A sua bondade, estraída do olhar cimentava se na gentileza da fala, que ao sair, entrava por nossa existência e deitava em nosso entendimento de criança como fórmula mágica de falas dos contos infantis, e noturnos, que tanto se diz nos Contos de Fadas. Pavuna era mesmo um mágico. Um Negro Mágico saído e vivido ...
Geraldo cresceu e se casou com "Alicinha", filha de Carlos Maia e Lucy e irmã de Beth. "Alaydinha" se casou com "Paulinho" Barreto filho de dona Hilda e seu José da Cunha Barreto. Uma mistura de Barretos que espalhou ainda mais estas duas famílias tradicionais de Campos e Macaé.
A vida nesta Rua tinha mesmo o frescor de brisa cheirada a rosa e peixe fresco. Vez ou outra uma ida a rua do Cemitério para jogadas de peladas no campinho em frente a casa de "Cabo Frio" de dona Sebastiana, perto onde mora hoje "Paulinho Ligeireza", Paulinho Cara de Vaca", "Calombo" e "Otinho". Outras vezes uns pulos e nados nos "Paus da Praia do Forte" nos fundos da casa onde morava Maday de seu Barbosa. Seu Barbosa ainda mantinha a simpatia no sorriso dos primeiros nordestinos vindos para cá. Mais tarde foi porteiro do Tenys Clube e fazia vistas grossas nas nossas entradas furtivas nos Bailes de Carnaval pulando pelos muros da "Vila São José"
Falar nisso, será que ainda existem os famosos "Paus da Praia do Forte" que serviram no passado para amarração de barcos e que a meninada ia a nado contando os troféus de cada "pau" que se conseguia chegar em braçadas leves e pequeninas?
As vezes que tenho ido nas cercanias da Praia do Forte e passo pela verdadeira Rua de Pedra do Litoral do Estado, vejo dezenas de casas tampando o acesso aos saudosos "Paus" de nados infantis de centenas de contemporâneos. Será que ainda existe como inexiste, em seu formato e forma o "Farol Velho de Imbetiba"? Tinha vontade de saber, Talvez Cláudio Santos, que mora por perto ou mesmo os "Camolezes" me informem um dia.
Quem sabe os freqüentadores do "Bico da Coruja" possam dizer desta curiosidade cristalina.
2
'IVANZINHO
A memória e a tentativa de transpor o imaginário e faze-lo fluir para os dedos e, destes, formalizar algo que possa ser lido é a maneira que busco encontrar de uma forma especial sem me preocupar com detalhes de datas. Até porque nunca fui muito de guardar datas e números. Por isso é que quando me irmão Ivan Sérgio, que, atualmente mora em São Paulo, lembrava que a Rua do "Meio", no seu tempo de criança,, em época de ressaca, o mar jogava água na frente de nossa casa eu disse a ele que "no nosso quintal, se achava conchas e pedras brancas trazidas pelo esverdeado e puro mar de minha infância".
As ondas quebravam onde tem hoje um horroroso muro de cimento e vinha abrindo a sua passagem natural até onde a natureza lhe permitia ir. Passava ainda com força pela casa de Nascimento, ia se revigorando nas descaídas da Rua em frente a casa de Dona Maria de Seu Bráulio, pai de Icinho, Dalci, Décio e Delvan , fazia contorno em espumas, ainda moribundas e límpidas, na frente da casa de Titinha e Cecéia e ia morrer, lenta e graciosa na minhas casa e nas casas de Pequenino e seu Rubens. Podem perguntar a quem tem mais de 60 anos.
Hoje a Praia de Imbetiba não existe. Ou melhor se transformou num imenso cais onde se espera, a cada instante, um grande vazamento que a transformará mundialmente em mais uma destruição que a busco de algo que acabará em breve. Alguns milhares de dólares serão pagos ao município que, por sua vez se calará, terá um prefeito qualquer homenageado com jantar e passeios de Helicóptero e a cidade se esvaindo, esvaindo aos poucos do que lhe resta de belo.
O mar foi domesticado e nas águas teimosas, ainda esverdeadas, se pode ver cocos, óleos, estopas e cheiro de mijo em uma areia que, não recebendo as ondas do mar para lhe banhar, virou terra amarela e suja. Antes eram os Carangueijos, Ciris, Tatuis e larvas que lhe faziam o belo da existencia. Hoje são ratos, baratas, mosquitos que ornam a destuição humana neste lindo recanto de belezas antigas.
Ainda se pode ver alguns nativos corajosos se banhando nas águas de Imbetiba no inicio deste século.
Ivan Sérgio, meu irmão menor, brincava com "Fernandinho", Matheus, "Mundinho", "Nelsinho" de Irene e Darcilio , com "Nelsinho", "Beto", Eduardo de dona Elsa e Darcy, Hermínio e Enir de Seu Elias do Hospital, "Zé Pretinho" de seu "João Gordo", com "Manoel Juca" de seu Salvador, com "Braulinho", "Juca" de Ceni e Bráulio e vez ou outra com os maiores que eram de minha turma.
As peladas eram no "Campinho do Areal", no "Campinho do Cemitério", e no "Campinho da Cocheira" e muitas das melhores e animadas peladas eram em plena rua com tamancos servindo de traves e jogadas com "bola de meia".
Ivan teve uma linda infância como todas as nossas. Hoje ainda volta as nossas ruas e, em busca de seu passado, corre as casas das ruas que lhe viram menino nas ruas empoeiradas de Macaé. Assim como o autor ele conserva o Sitio que nossa mãe Ecila nos deixou com a recomendação de que "todos seus descendentes façam suas moradas e que nenhum de seus netos e bisnetos fiquem sem algum pedadinho de terra para plantar e morar". Desejo que estamos mantendo...
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AS NOITES DE LUAR
Um dia quando se fizer a história do belo das ondas bravias da praia de Imbetiba, teremos que dizer do pecado que foi transformar essa linda praia, única de areia grossa no litoral, em píer de petróleo.
A beleza das noites de luar de Imbetiba e seus vaga-lumes deram lugar aos pisca-pisca de barcos multinacionais.
O voar -livre de tesoureiros e gaivotas foram substituídos por helicópteros, cocôs de gringos e plásticos que passaram a boiar tranqüilamente nas ondas domesticadas por enormes pedregulhos. Seria este o fim do amaldiçoamento de Coqueiro ou o verdadeiro começo do amaldiçoamento?
Imbetiba de tardes de verão e aconchego belo não existe mais. Ë um amontoado de lamas, plásticos e gente que nem "Bom Dia", "Boa Tarde" e "Boa Noite" sabem existir . As casas onde moravam os primeiros veranistas vindo de Campos, como o simpático Pereira Pinto, com sua elegante roupagem e bengala de madrepérola, não existem mais. É um amontoado de guetos, prostíbulos e barracas de mal gosto. Aquele correr de casas que ficavam fechadas durante o ano e que se abriam nos meses de novembro até março e que nos trazia lindas e belas campistas estão abarrotadas de lixo e a espera da abertura do novos rend_vous que, mansa e delicadamente vai sendo feito sob os olhares "complacentes" das autoridades políticas e policiais.
É final de anos 2007 e inicio de 2008 onde as historias contadas na Orla da Praia são outras diferentes das contadas por nossos pais e avós. São historias misturadas com AIDS, Drogas e corrupção de menores que se amalgam a gringalhada maluca que desce nos navios ancorados ao longo da ilha do papagaio.
É a Praça Mauá bem ao modo Tupiniquins com cheio de óleo, coco e mijo internacionalizado...
Estava este texto pronto para enviar para publicação quando recebi de meu querido irmão, Ivan Sergio de Lacerda Gama, o e-mail que publico abaixo. Ele tem 12 anos a menos que eu. Nasceu no Bairro de Jacarezinho, no Rio de Janeiro onde morava eu com minha mãe. Claro que ele não se lembra mais foi muito paparicado no bairro. A gente morava num casa de esquina, perto do morro, com uma praça em frente. Era um bairro calmo mestes anos de 1950. Todos os moradores se cumprimentavam como qualquer cidade de interior. O Rio de Janeiro era um lugar feliz de se viver nestes anos. Nossa mãe trabalhava na Escola Nacional de Musica, na rua do Passeio e na Universidade de Brasil na Urca. Quando Ivan ai, na Escola de Musica era uma festa. Ivonildes Sodré e outras mestres desdes anos de luz e paz faziam passeatas com ele mo colo. Subia e descia a linda escada de "Pinho de Riga" que ornava o local. Quando ele era levado para Escola de Educação Fisica e Desportos na Urca a alegria era a mesma. Desde Pelegrino Jr a Pedro Calmon era uma só alegria. Claro que eu ficava meio de lado nestas homenagens. Tinha já 12 anos...
Ivan veio morar em Macaé e vim junto. Ele tinha 8 meses e nossa Dinda, minha avó Alice Lacerda, a meiga Dona Nhasinha, criou a gente... Texto de livro O PINGUN DA RUA DO MEIO em construção) José Milbs de Lacerda Gama editor.




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